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PROVÉRBIOS POPULARES E ERUDITOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Não existe nada mais bem distribuído no mundo do que o bom senso, pois todo mundo julga estar tão bem dotado dele que, mesmo os mais difíceis de contentar em outras coisas, não costumam desejar dele mais do que possuem. (Descartes)

No estudo dos provérbios torna-se necessário diferenciar bom senso de senso comum, pois, enquanto o primeiro trabalha com a razão, o segundo nem sempre está de acordo com ela. O senso comum nasce do saber simples, da observação empírica, sem qualquer base científica, o que muitas vezes leva ao erro, principalmente quando se trata de uma verdade mais complexa, ao contrário do bom senso.

Os provérbios podem ser divididos em populares e eruditos. Os populares são os ditos, ditados, rifões e anexins. Os eruditos costumam ser chamados de aforismos, axiomas, apotegmas, máximas, sentenças, adágios, etc. Os provérbios populares são sempre anônimos, nascidos em meio à gente comum, embora observadora e sagaz, que cai no agrado do povo e vai viajando mundo afora. A maioria deles origina-se da vida rural. Embora sejam uma expressão da sabedoria popular, muitas vezes arguta e inteligente, é natural encontrar alguns nascidos de experiências superficiais, desprovidos de virtudes. Portanto, é natural encontrar neles tanto o bom senso quanto o senso comum, ou os dois misturados. Com a saída do homem rural do campo para a cidade, os provérbios populares foram também migrando para as grandes cidades. Hoje é comum encontrar um tipo e outro, aonde quer que se vá.

Os provérbios eruditos, ao contrário dos populares, são urbanos, embora nem todo provérbio urbano seja erudito. Eles trazem o nome do autor e são revestidos de uma filosofia culta, muitas vezes inacessível às pessoas comuns, ou mesmo impopular, onde costuma predominar o bom senso, contrariando o senso comum. As sentenças proverbiais populares são quase sempre bem-humoradas e irônicas, pois o povo costuma rir da própria desgraça. Mesmo nos provérbios eruditos, nós encontramos escritores bem-humorados como Voltaire, Rousseau e Descartes.

Exemplos de provérbios eruditos:

  1. Ninguém promete tanto quanto quem não pretende cumprir. (Francisco de Quevedo)
  2. Nada se deve imputar aos dementes e aos namorados. (Machado de Assis)
  3. Eleva a tal ponto a tua alma, que as ofensas não a possam alcançar. (Descartes)
  4. Ultrapassar o alvo é tão ruim quanto não atingi-lo. (Confúcio)
  5. Não desejes, e serás o homem mais rico do mundo. (Cervantes)
  6. Toda ambição deveria ser feita de pano mais resistente. (Shakespeare)

Exemplos de provérbios populares:

  1. Em grota de surucucu não desce nem urubu.
  2. Antes burro que me leve que cavalo que me derrube.
  3. Urubu quando é azarado, o de baixo suja o de cima.
  4. Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.
  5. Quem anda com perereca tem que aprender a pular.
  6. Quando a esmola é grande o santo desconfia.

Fontes de pesquisa:
A Sabedoria Condensada em Provérbios/ Nelson Carlos Teixeira
Provérbios e Ditos Populares/ Pe. Paschoal Rangel
Nunca se Case com uma Mulher de Pés Grandes/ Mineke Shipper
Entre Palavras/ Nereu de Cesar Moraes

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