Autoria de Lu Dias Carvalho
A China é vista como a princesa do grupo BRICS (formado por cinco países emergentes que possuem características comuns: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mas nem tudo são flores no país dos palitinhos, quando se leva em conta a distribuição da riqueza que vem sendo gerada nos últimos tempos. E a distância entre ricos e pobres é cada vez mais acentuada, principalmente se levarmos em conta que se trata de um país comunista. O mais intrigante é que, antes das reformas, a China era bem mais homogênea na distribuição de riquezas. Vejamos:
• As benesses do crescimento econômico atinge apenas um pequeno grupo, enquanto a maioria nada viu mudar em sua vida de pobreza. Assim sendo, a China dos excluídos é imensamente mais volumosa. E esta distância entre ricos e pobres só faz aumentar.
• Os camponeses, moradores dos distritos e vilas rurais, continuam no mesmo estilo de vida de seus antepassados: usando o arado de madeira, puxado por búfalos; fazendo uso de buracos como privadas e possuindo pouquíssimos bens de consumo, como geladeiras e telefones celulares, se comparados com os usados pelos moradores das cidades.
• Na China, não existe uma rede de proteção social para ajudar a população pobre tanto do meio rural quanto da cidade. A imensa maioria da população chinesa não recebe aposentadoria ou dispõe de assistência médica gratuita.
• Ao contrário do que muitos imaginam, o ensino fundamental, embora seja obrigatório, é pago. Ao ter que pagar pela saúde e pela educação, as pessoas são obrigadas a fazer poupanças, o que coloca o país como o mais poupador do mundo, pois, como aqui, os chineses preocupam-se com a saúde, com os estudos dos filhos e em possuir um lugar para morar.
• Os trabalhadores migrantes são os chineses que percorrem o país em busca de trabalho temporário, fugindo da penúria da vida rural. São eles os principais responsáveis pelas construções no país e montagem das fábricas. Impossibilitados de carregar a família, visitam-na uma vez por ano, no Ano Novo chinês. A bagagem que possuem é carregada num saco jogado às costas, sendo facilmente reconhecidos. São também discriminados.
• Os operários migrantes não recebem o salário tratado mensalmente, mas apenas o necessário para sobreviver. Somente ao final do contrato de seis meses ou um ano é que vão receber, descontados os gastos.
• Os trabalhadores itinerantes não contam com o descanso semanal remunerado e, tampouco com assistência médica. Em caso de acidente de trabalho, arcam com 50% do valor do tratamento. Além disso, não são protegidos pelas leis, e muitas vezes não recebem o que foi combinado. Não têm a quem apelar.
• Não existe liberdade religiosa na China. Somente igrejas registradas pelo governo podem atuar, debaixo de fortes restrições, como a de respeitar os interesses do Estado. Os cultos reconhecidos são: budismo, taoismo, islamismo, catolicismo e protestantismo. Mas, se não rezarem na cartilha dos mandatários do país, serão expulsos. Por sua vez, os membros do partido não podem seguir nenhuma crença, pois o Partido Comunista é ateu.
• O budismo tibetano não é aceito. Há também um violento combate aos muçulmanos, principalmente aos grupos considerados extremistas que, segundo boatos, queriam criar o Estado do Turcomenistão do Leste.
• A voracidade dos chineses é assustadora, similar ao provérbio que reza que “quem nunca comeu mel, quando come, lambuza”. Eles estão buscando viver o sonho americano do consumismo. O desperdício e a demanda por carrões são preocupantes. Milhares de toneladas de lixo são produzidas diariamente, em detrimento do meio ambiente. E pior, a maior parte não é reciclada, criando lixões por todo o país.
• A China ultrapassou os Estados Unidos na emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, com estimativa de que tem muito ainda a crescer, com o aumento do consumo. O país é hoje o segundo consumidor de petróleo do mundo.
• Os chineses não usam o garfo. Mas o uso de palitos descartáveis vem trazendo grandes danos ecológicos, pois milhares de árvores são derrubadas para produzi-los. Dois outros problemas aliam-se aos muitos já existentes: as sacolas plásticas e as fraldas descartáveis. Imaginem a quantidade de palitos, sacolas e fraldas numa população tão gigantesca, que corresponde a 20% da população mundial.
• Quanto mais cresce o Dragão chinês, maior é o impacto ambiental, incluindo a contaminação da água e do ar, contagiados com substâncias tóxicas, criando as chamadas “vilas cancerígenas”, que proliferam por todo o país.
Portanto, não adianta um crescimento tão acelerado, como o que se vê na China, à custa do sofrimento dos pobres e da devastação do meio ambiente, e, que só vem a beneficiar a classe rica. É preferível um crescimento moderado, que tem como preocupação principal as classes mais sofridas e a natureza. Diminuir as disparidades sociais e o impacto no meio ambiente deve ser o compromisso dos governantes, em qualquer lugar do mundo.
Fontes de pesquisa:
China, o Despertar do Dragão/ Luís Giffoni
Os Chineses/ Cláudia Trevisan
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Lu Dias
E o número de bilionários também cresce muito por lá; veja o exemplo do que aconteceu hoje:
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/09/19/acao-do-alibaba-fecha-em-alta-de-38-a-us-9389-em-sua-estreia-nos-eua.htm
Como pode tanta diversidade, superstição, consumismo, capitalismo “comunista” selvagem. Passado, presente e futuro numa mesma linha temporal. Que ópera bufa.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Vi a reportagem.
Realmente é muito bizarro por se tratar de um país comunista.
Acabei de ler um livro sobre a China. Que horror!
Se Mao ressuscitasse, ficaria louco com o que estaria a ver.
O pior é que estão destruindo o país, com essa gana de serem os melhores.
Abraços,
Lu
Lu Dias
O empreendedorismo é um dos maiores responsáveis pelo crescimento dos chineses; esse cidadão que criou o Alibaba, Sr. Ma (que ontem passou o Facebook em valor de mercado) era pobre há 10 anos atrás. Sei não se Mao ficaria triste de ver o Dragão dominar o mundo, como deverá acontecer em breve.
Quanto à destruição do país, ambientalmente falando como especialista, tenho acompanhado as ações chinesas para controle de poluentes e eles estão se enquadrando em protocolos internacionais com projetos voltado para a reciclagem, controle de resíduos sólidos, tratamento e reaproveitamento recursos hídricos.
Como sabemos, a China hoje é o parque industrial do mundo, sua construção civil cresce absurdamente e inteligentemente o governo investe em saneamento básico até para evitar gastos futuros com previdência, logo, os projetos de construção são voltados para uma responsabilidade socioambiental sustentável.
Sabemos que lá existe terríveis problemas como bem citados em seu texto, mas com a evolução que se deu através da globalização, os direitos de seu povo estão entrando na pauta do PC chinês antes que causem transtornos incontornáveis como revoluções civis, principalmente a trabalhista.
Quando citei que a China parece uma Ópera Bufa, foi por causa da “surrealidade” que parece o país, pois o ocidente (incluo-me) tem uma visão feudal do Dragão que acordou com fome de Leão e não é bem assim, dominam tecnologias que assustam até as Indústrias mais avançados do mundo, e que serão disponibilizadas num momento apropriado. Não é à toa que a Sra. Merkel (atualmente dona da Europa) está querendo sair da Otan e se aliar aos BRIC´s.
Desculpe cansá-la com o longo texto.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Pelo que tenho lido, a China está indo com muita sede ao poço.
Existem cidades no país, onde a população precisa usar máscara, tamanha é a poluição do ar.
Acho que o país irá pagar um preço muito alto, pela rápida transformação.
E pior, os pobres continuam mais pobres ainda.
Principalmente os camponeses.
Penso eu que a transformação com responsabilidade é o melhor caminho.
Abraços,
Lu