Autoria de Lu Dias Carvalho
Estas paisagens refletidas tornaram-se para mim uma obrigação que ultrapassa as minhas forças que são as de um velhote. Mas mesmo assim, eu quero chegar ao ponto de reproduzir aquilo que sinto. E espero que estes esforços sejam coroados de êxito. (Monet)
É na água, entre as flores, todo o céu que se filtra, todo o ar que se joga através das árvores, todos os motivos das horas, todos os matizes das horas, todas as graciosas imagens da natureza circundante. (Gustave Geoffreoy)
Sou muito difícil comigo mesmo, mas é preferível isso a apresentar coisas de valor mediano. (…) Nada me impede, ao contrário, de conservar meu zelo e minha confiança para realizar obras ainda melhores. (Monet)
A casa de Giverny foi a última morada de Monet. Após comprá-la, assim como os terrenos próximos, criou no local, com a ajuda de seu jardineiro-chefe japonês, um exótico jardim com lírios, álamos, céspedes, bambus, salgueiros e uma variedade de plantas aquáticas. O que mais fascinou o artista foi o grande lago com ninfeias (ou nenúfares) vindas do Japão. Havia um jardineiro só para cuidar de suas plantas exóticas que exigiam uma temperatura mais quente. Paixão à qual o artista se dedicou por mais de meio século de vida. Chegou a produzir cerca de 250 quadros individuais com suas exóticas flores.
O jardim foi cuidadosamente criado, segundo as ideias de Monet, de modo que as formas e as cores das plantas se transformassem numa obra-prima. Monet mergulhou fundo no seu universo pictórico em busca de contrastes que seu olhar captava através da luz. A cada repetição acrescentava um novo efeito à sua pintura, captado através do acasalamento entre a luz e as cores.
A ponte de madeira em arco, construída em estilo japonês, foi colocada sobre a lagoa de ninfeias como uma passarela que ligava um lado ao outro. Acima dela, a vegetação é densa, destacando-se os salgueiros chorões. Abaixo da ponte está a água, quase que inteiramente tomada pelas folhas e flores das majestosas ninfeias. Como não se vê o céu, o olhar do observador é direcionado para a superfície da água.
Ao contrário de outros quadros que o pintor viria a pintar sobre o tema, é possível ver na parte superior de O Tanque das Ninfeias as copas suntuosas das árvores. Posteriormente os quadros sobre ninfeias limitaram-se à superfície da água e às flores, sob diferentes perspectivas, vistas de bem perto. Quadros de paisagens sem horizontes eram uma inovação na pintura. Os reflexos possibilitavam abrir mão do horizonte, responsável por estruturar o espaço.
Cerca de cinco meses após a morte do pintor, oito composições, somando 22 enormes painéis sobre ninfeias, passaram a decorar dois salões ovais de Orangerie, no Jardim das Tulherias em Paris. O local foi chamado pelo pintor André Masson de “a Capela Sistina do Impressionismo”. Monet gastou 12 anos de sua vida em tais composições.
Na primeira sala, dedicada às ninfeias, encontram-se os painéis: Sol Poente, As Nuvens, Manhã e Reflexos Verdes. Na segunda, dedicada às ninfeias e aos salgueiros estão os painéis: Reflexo das Árvores, A Manhã dos Salgueiros e Os Dois Salgueiros. É surpreendente como o artista conseguiu trabalhar com o mesmo tema durante tantos anos. Cada quadro trazia algo novo, quer no cultivo dos matizes quer na captação da luminosidade.
Nos seus últimos anos de vida, Monet não gostava de sair de sua casa. Isolava-se em seu jardim aquático com suas inúmeras plantas, dentre elas as suas amadas ninfeias. Ao contrário do que muitos podem pensar, o artista não era um pintor de flores, ou seja, o seu interesse não se encontrava na pintura dessas maravilhas. O que de fato ele procurava era o resultado do conjunto: água, flores e luz e outros motivos.
Os pintores surrealistas viram na série Ninfeias um prelúdio da abstração lírica de Wasily Kandisky, grande expoente do expressionismo abstrato, e de Kasimir Malevich que confessou ter recebido a influência de Monet e da série sobre Ninfeias em sua criação artística.
Ficha técnica:
Ano: 1899
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 89 x 93 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França
Fontes de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol
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Lu,
Este quadro é um clássico mundial. Muito bonito! A natureza faz-se presente com toda a sua grandeza.
A ponte atua como um sinal da existência do humano, conduzindo pessoas. Não há interferência negativa da ponte, ao contrário, ela compõe o ambiente, sendo parceira.
Parabéns pela escolha!
Abraço,
Alfredo Domingos.
Alf
Este quadro é maravilhoso, como toda a obra de Monet.
As ninfeias em meio às grandes árvores, a ponte e as cores.
Tudo se complementa.
Tem razão… a ponte é uma ligação da natureza com o homem.
Abraços,
Lu
Amo as ninfeias… amo-as com matizes mais fortes que os das demais plantas, também amadas!
Penha
Também amo as ninfeias.
Elas são maravilhosas.
Agradeço a sua visita.
Volte sempre,
Lu