Dalí – O GRANDE MASTURBADOR

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Autoria de Lu Dias Carvalho dali6

A inspiração do artista para a composição de O Grande Masturbador nasceu ao observar, em Paris, uma litografia do final do século XIX, onde uma mulher aspirava o cheiro de um lírio. E, como o próprio pintor não conseguia atingir o clímax sexual com outra pessoa, tendo que se valer da masturbação, como ele próprio dizia, tal visão foi o bastante para que sua mente complexa desse vida a esta composição, onde ele expõe suas atitudes conflitantes em relação ao ato sexual.

O artista, cuja personalidade era narcisista e exibicionista, ao pintar esta obra, expunha a público sua vida particular, ou seja, suas patologias. Para muitos especialistas em Dalí, a obra acima trata-se de um autorretrato, onde ele se mostra como “o grande masturbador”, assim como o conflituoso relacionamento que travava com a figura feminina.

Na composição, um enorme rosto petrificado de perfil apoia-se no solo, através de um gigantesco nariz fálico. Os olhos com imensos cílios estão semicerrados, lembrando o sonho. O cabelo está repartido ao meio. Um anzol pinça o couro cabeludo, arqueando-o. O masturbador não possui boca. Em seu lugar está um gafanhoto cheio de formigas, que estão sempre relacionadas com o medo e o putrefato.

Da cabeça do masturbador eleva-se uma mulher de perfil, nua e de cabelos revoltos, possivelmente Gala. À sua frente encontra-se uma estátua com os genitais bem delineados, debaixo de uma bermuda colante, o que leva o observador a presumir que a mulher esteja prestes a realizar um coito bucal. Ela traz consigo um lírio, símbolo da pureza, embora o pistilo tenha uma forma fálica. Pode querer dizer que o pintor considerava a masturbação, tão condenada à época, como a forma mais pura, que ele tinha para chegar ao ápice do gozo sexual.

Encontram-se na obra elementos que amedrontavam o pintor: formigas, leões e gafanhotos. A tela também lembra a infância de Dalí, ao mostrar elementos de seu medo infantil, como conchas e plumas coloridas, assim como a afigura diminuta de um menino acompanhado de seu pai.

A cabeça do masturbador é também um peixe preso no anzol. O gafanhoto e o peixe são bissexuais. O objeto depurado no anzol também tem conotação fálica. Abaixo da cabeça, um homem abraça uma rocha, que possui a forma de uma mulher. Talvez essa figura petrificada represente a impossibilidade de uma mulher levá-lo ao orgasmo.

O gafanhoto está ligado à infância do pintor, que tinha pavor do inseto. Na tela, a sua posição lembra o louva-a-deus, que tem a cabeça cortada pela fêmea, após o coito. A cabeça do leão, semelhante à da Medusa, com uma língua fálica e vermelha de fora, simboliza o desejo sexual mais selvagem. E um pequeno homem vai se afastando da sombra do nariz em direção ao horizonte. Sobre a cabeça do masturbador pedras, uma rolha e uma concha do mar equilibram-se em meio ao delírio da tela. Seu grande rosto está presente em outras obras do pintor.

Uma das declarações de Dalí era a de que nem mesmo ele entendia o que pintava, pois gostava de confundir e provocar. Portanto, podem ser muitas outras as explicações para cada elemento de suas obras ou coisa nenhuma.

Ficha técnica
Ano: 1929
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 110 x 150 cm
Localização: Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções

Views: 370

20 comentaram em “Dalí – O GRANDE MASTURBADOR

  1. Thomas Hector

    Eu gosto bastante do seu blog, vou deixar o e-mail aqui novamente! Devo ter me confundido na hora de digitar.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Thomas Hector

      Eu também gosto muito de contar com a sua presença querida neste espaço. Será sempre um prazer recebê-lo aqui.
      Quanto ao e-mail, ele veio, sim, mas somente eu tenho acesso a ele, até mesmo para a sua proteção.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Thomas Hector

    Olá, Lu!

    Adoro o seu blog e as análises são incríveis. Parabéns pelo trabalho!

    Sobre essa análise específica, olhei 3 vezes à procura pelo lírio, até que percebi que a flor, na verdade, é um copo-de-leite, elas são da mesma família, mas, na análise em questão, creio que seja relevante observar o significado desta outra. O espádice amarelo que se destaca no interior da flor branca pode simbolizar felicidade e iluminação espiritual, ao mesmo tempo ela é tóxica, o que revela um dilema moral do autor, pois aquela sensação de felicidade momentânea depois é sucedida pela dor.

    Abraços!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Thomas Hector

      Muito obrigada pela sua visita e comentário. É sempre bom saber que vem a este espaço com frequência, pois faço tudo com muito carinho para os meus leitores. Agradeço seu elogio ao blogue.

      Amiguinho, o lírio é realmente muitas vezes confundido com o copo-de-leite. Nas pesquisas que fiz, os autores nomeiam a flor como sendo lírio, no entanto, após suas explicações, concluo que você está com a razão. Continue trazendo suas observações, o que só enriquece este espaço.

      É uma pena que seu e-mail esteja incorreto, pois lhe mandei um link muito importante.

      Abraços,

      Lu

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  3. Adevaldo Rodrigues

    Lu,

    Brilhante sua exposição sobre a obra de Salvador Dalí. Será que o problema sexual dele estava no pavor por insetos? E o medo do louva-a-deus cortar seu pênis após o ato sexual? Fico imaginando como seria uma autopintura do Hitler.

    Abraço,

    Devas

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      Sei lá, às vezes fico pensando se tudo não passava de jogo de marketing de Dalí.
      Sabe que há pessoas que necessitam de holofotes e ele era uma delas.
      O louva-a-deus era bem perigoso… risos.

      Se não me engano Hitler também pintava.
      Deve ter feito uma… vamos pesquisar.

      Abraços,

      Lu

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  4. Pedro Rui

    Fico maravilhado com as obras de Dalí. Lu, agradeço-te por me estares a mostrar as obras dele. dizes que, por vezes, nem Dali sabe o que desenhava, eu sei o que isso é. O que vem ao meu pensamento eu passo para o papel ou tela.
    Um abraço,
    Rui Sofia

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Pedro Rui

      Fico feliz ao saber que está gostando dos textos de nosso blog.
      Vou trazer obras de muitos outros pintores.
      Sou eu quem agradece a sua presença no blog.

      Abraços,

      Lu

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    2. Francisco Antonio

      Gala tinha pompoarismo, e isto me desperta grande inveja deste gênio, Dalí, era ninfomaníaca. Poxa, esse cara acertou na maior megasena do mundo, mulher inteligente, nobre.Todos os problemas que o Dalí tinha foram absolvidos pela gloriosa Gala. É totalmente impossível adjetivar Gala/Dalí.

      Responder
      1. LuDiasBH Autor do post

        Francisco Antônio

        Ela foi realmente uma grande mulher na vida dele. Infelizmente, no final da vida, o casal estivesse junto apenas para manter as aparências.

        Muito obrigada por sua visita e comentário.

        Abraços,

        Lu

        Responder
  5. Patricia

    Lu, estou me sentindo uma completa ignorante. Isto é que dá admirar uma obra sem conhecimento. Eu leiga, jamais interpretei a pintura desta maneira. O melhor é saber a ficar na ilusão. Como a verdade é difícil.

    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Você se assustou?
      A gente, muitas vezes, nem faz ideia do que está vendo, uai.
      Agora já sabe… risos.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  6. Julmar M. Barbosa

    Será que existe aí a possibilidade de Dalí ter sido vitima de uma mãe castradora?
    Na contramão do que dizem, existem mães que não conseguem ser felizes e descarregam todas as suas frustrações nos filhos mais fragilizados, devido à sua incapacidade ou medo de se defender.
    Isso é um desabafo!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ju

      Eu penso que sim, principalmente pelo fato de ela ter perdido o primeiro filho, antes de Dalí.
      Deve ter jogado nele seus medos e anseios, embora tenha morrido cedo.
      Também o protegia em relação ao pai, que era bom, mas severo.
      Isso é muito comum acontecer.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  7. Mário Mendonça

    Lu Dias
    Mais uma obra que Dali fez para escandalizar o mundo das Artes e isso em 1929; o cara vivia no mundo futurista, acho que vivia chapado. No meu entendimento (porque surrealismo cada um tem o seu), O Grande Masturbador era o flerte que Gala lhe proporcionou, mas como era comprometida ele inseriu na obra seus medos e desejos enrustidos como se tímido ou celibatário fosse. Será que viajei!? Acho que não, porque Dali era surreal, suas obras eram de outro mundo.

    Abração

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Era isso mesmo, sua obras pareciam pertencer a uma outra dimensão.
      Ele não ligou com o fato de Gala ser casada, cantando-a na frente do marido assim que a conheceu.
      E nunca mais se separam.
      Era doidão mesmo.

      Abraços,

      Lu

      Responder
    1. Paulo Zschaber

      LuDias, foi um prazer conhecê-la naquela loja de molduras. Gente que gosta de arte é gente de coração bom. Parabéns pelo blog. Vamos trocar figurinhas, envio-lhe um causo legal em breve, para você publicar.

      Abraços

      Paulo Zschaber.

      Responder
      1. LuDiasBH Autor do post

        Paulo

        É um grande prazer recebê-lo aqui neste espaço.
        A casa é sua, entre e fique à vontade.
        Também convide os seus para virem juntos.
        Estarei aguardando seu texto.

        Abraços,

        Lu

        Responder

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