DEMÊNCIA: PROBLEMA SÉRIO E PRIORITÁRIO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

As demências estão aumentando a passos largos no decorrer das últimas décadas. Não vejo, no Brasil, políticas públicas voltadas para o tema e um plano de enfrentamento para o problema, como ocorre nos casos de obesidade, nas epidemias virais, nas doenças cardiovasculares, etc. É como se nada estivesse acontecendo. A cada dia surgem mais casos de demência e as famílias simplesmente não sabem como lidar com o drama.

A publicação americana Alzheimer’s Disease International estima que 135 milhões de pessoas em todo o mundo estarão vivendo com demência até 2050. Essa previsão já é 17% acima das previsões anteriores e tende a aumentar, em grande parte, pelo aumento na expectativa de vida da população. Se de um lado está sendo bom viver mais, por outro, a qualidade está deixando a desejar – demência à vista. O  impacto das demências na sociedade atual e num futuro bem próximo será muito amargo e difícil para as famílias que lidam ou venham a lidar com o problema.

O Mal de Alzheimer é a causa mais comum de demência, e seus sintomas incluem perda de memória, mudança de humor, problemas com a comunicação e de raciocínio. O relatório norte-americano diz que a doença de Alzheimer e outras formas de demência representam “uma epidemia global”. Você, caro leitor, deve ter um parente ou conhecido portador desta doença. E se vivenciou um pouco, sabe dos transtornos e dificuldades que os familiares enfrentam.

Os atuais tratamentos são caros e pífios. Observa-se uma melhora com as medicações no início da doença, entretanto, nos casos moderados a graves, a situação pode ficar caótica para os cuidadores no dia a dia. É essencial que nos preparemos. Na verdade, o Brasil já está atrasado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já encara o problema como “sério” e o tem como prioridade. Segundo a britânica Alzheimer’s Society, a demência é a maior crise na área de saúde que o mundo enfrenta atualmente. Um alerta para governos mundo afora sobre a urgência de investir mais em cuidado e apoio.

Amanhã poderemos ter um ente querido portador de demência em casa, confuso, perdido no tempo, com falsos reconhecimentos e às vezes agressivo. Até que tratamentos efetivos venham à tona, pesquisadores do King’s College de Londres sugerem que, à medida que a população envelhece, o sistema tradicional de cuidar, feito de maneira informal pelas famílias, amigos e comunidade, precisará de um apoio muito maior. Inclusive do Estado, o que, no Brasil, é falho e feito com descaso.

Segundo a pesquisa, pouco mais que uma em cada dez pessoas acima de 60 anos precisa de cuidados de longo prazo, como ajuda diária em tarefas como tomar banho, alimentar-se, vestir-se e usar o banheiro – as chamadas atividades da vida diária (AVDs). Isso pode ser um fardo para a família, já que muitos dos parentes que cuidam do idoso precisam deixar o trabalho e outros afazeres do dia a dia. Também sugere maior profissionalização dos residenciais para idosos, o que pode ser uma opção de escolha em tempos de famílias pequenas e atarefadas.

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