Autoria de Celina Telma Hohmann
A depressão e a ansiedade sempre existiram. Delas se origina uma sequência desavergonhada de outros transtornos que nos tolhem e massacram. Fazem-nos sentir a vida, quando nos encontramos nesse turbilhão, como sendo um grande tormento. A religião, quando nos culpabiliza, ao atravessarmos essa supliciante batalha, em nada nos ajuda. Ao contrário, aumenta o nosso suplício. E nos cobramos ainda mais, piorando um quadro que já está absurdamente fora do normal. Deus não nos desampara, mas sejamos sinceras, crer num Ser Superior é facilitador para respondermos aquilo que nunca saberemos com exatidão. Não estou, em absoluto, questionando a existência de Deus, pois isso poria fim a uma única certeza que tenho e sinto. Deus existe! Olhemos ao redor e não há como não sentir que Essa Presença é a Maior e mais passível de ser real. Demos-lhe um nome. Sentimos Deus em todos os instantes, mesmo nos mais complicados. Ainda, assim, nós precisamos buscar os meios de ajuda que temos ao nosso redor.
O extremismo dos que julgam que só estamos passando por crises existenciais, porque nos afastamos de Deus, com toda certeza, trata-se da mais pura ignorância. Essas pessoas têm a sorte de não terem um gene que floresceu, não num repente, mas em anos de idas e idas… Fora que nós, os que cobram a perfeição, senão dos outros, mas de nós próprios, somos os que mais caminham para desenvolver síndromes que afetam nossa mente. Inicialmente, elas aparecem apenas como um vento forte prenunciando tempestade. Depois vem aquele olhar para o tudo e não ver nada mais adiante. Estacionamo-nos na espera de que seja só um momento ruim. Na verdade é! Mas é um momento tão malandro que toma muitos de nossos dias e noites, deixando-nos péssimos.
Quando a tempestade chega, nós nos desesperamos de todas as formas: a paralisia, a aparente preguiça, a sonolência excessiva, depois a insônia que nos impede de dormir, e aquela tristeza que só quem a sente sabe a dimensão que tem. O sorriso, se existir, será um rasgo, um faz de conta. O olhar fica meio perdido, como se buscasse uma solução que não vem assim tão rapidamente, e lá se vão nossos dias. Perdidos, com certeza, mas que depois, recuperamos, pois, afinal, na vida tudo passa. E o transtorno mental com suas recidivas, num dia também se vai e aí, olhamos de volta para a beleza de um pôr do sol, a maravilha que é o desabrochar de uma flor, a deliciosa sensação de que Deus esteve sempre conosco. Compreendemos que não nos encontramos sob a sujeição de uma obra maligna, como pensam os estúpidos ignorantes.
O medicamento é necessário e o profissional que o prescreve, idem. Aqueles, que nunca sentiram o sofrimento trazido pelos transtornos mentais, poderão até nos julgar quando estamos no meio de uma crise, mas precisam saber que nos fazem sentir piores do que já nos encontramos, o que é uma grande falta de amor ao próximo. Esquecem-se de que somos apenas seres humanos que atravessam períodos de extremo desconforto. E precisamos muito de amor, ou, pelo menos, respeito. Precisamos nos fortalecer na fé de que se estamos no caminho da dor e que ela passará. O Criador sabe que somos capazes de suportar e sair disso melhor do que entramos.
Não desistamos, nunca! Todos nós somos vencedores!
Nota: O Grito, obra de Edvard Munch
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Celina
Excelente postagem. Retratou exatamente o que sente um depressivo em crise.
Obrigado pelo texto. Parabéns! Que Deus continue te iluminando.
Um abraço
José
Seja bem-vindo a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinho, temos inúmeros textos sobre o assunto. Será muito bom contar com a sua presença. Aguarde que a Celina irá lhe responder.
Abraços,
Lu
José
Como faço parte do time dos depressivos, hoje já assumidamente, fui descobrindo caminhos, atalhos, qualquer meio para diminuir o terror que a tal traz. Temos que ter um cuidado conosco, com os outros e seus julgamentos, sem nunca, em hipótese alguma, esquecer que existe “Algo Maior” e que não nos desampara!
Em meio às crises, por vezes, nós nos deixamos levar pela descrença; noutras, pelo exagero na crença, e isso, lógico, se bem dosado é um alívio, mas quando exagerado, aumenta ainda mais o descuido com o real problema.
Deus está próximo, mas Ele nos deixou as agruras, e nos dá as fórmulas para que encontremos a saída. Tudo meio complicado quando a depressão bate forte, e aí, nos pegamos meio sem rumo, mas a estrada está à frente e cabe a nós percorrê-la! Ninguém fará caminhos que são nossos, então, vamos, com fé, com medicamentos e com esperança, que mesmo que pareça longe, está sempre à mão!
Boa sorte em sua caminhada e que Deus nos abençoe em todos os nossos dias!
Miss Celi
Quem ler o meu artigo, aqui no site, intitulado A LOUCURA NA IDADE MÉDIA, poderá ter uma noção do que passavam as pessoas vitimadas pelos transtornos mentais. O que é uma prova de que “A depressão e a ansiedade sempre existiram.”. Podemos dizer que vivemos hoje a caminho do “paraíso”.
Seu texto, como sempre, além de mostrar os percalços pelos quais passam as vítimas de transtornos mentais, fala da importância do tratamento e também da fé, alertando-nos para o fato de que tudo passa. O que não podemos é cruzar os braços e contar apenas com a fé, pois, apesar de importante, ela faz parte do tripé, composto por tratamento, otimismo e fé.
Um grande abraço,
Lu