Filme – A SEPARAÇÃO

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Autoria por Lu Dias Carvalho

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O iraniano “A Separação” é um desses filmes excepcionais que só de muito em muito tempo surgem – e põem a nocaute. (Isabela Boscov)

Eu gostaria de agradecer à Academia e a Sony Pictures Classics e a meus queridos amigos Michael Barker e Tom Bernard. Neste momento muitos iranianos em todo o mundo estão nos assistindo e eu imagino que devem estar muito felizes. Meu povo não está feliz só por conta de um importante prêmio, ou filme, ou diretor, mas porque em um momento quando discursos de intimidação de guerra e agressões são trocadas entre políticos em nome de seus países, o Irã é falado aqui através de sua cultura gloriosa, uma cultura rica e antiga que vem sido escondida sob a poeira da política. Eu orgulhosamente ofereço este prêmio para o povo do meu país, o povo que respeita todas as culturas e civilizações e despreza hostilidade e ressentimento. Muito obrigado. (Asghar Farhadi)

A Separação (2011), filme iraniano do cineasta Asghar Farhadi, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, em 2012, depois de ter recebido o Urso de Ouro no Festival de Berlim e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro é realmente imperdível tanto por seu roteiro excepcional quanto pelo trabalho dos atores e pela direção competentíssima de Asghar Farhadi.

O filme, que é um drama, traz como enredo a história da médica Simin (Leila Hatami) e seu marido, o bancário Nader (Peyman Moadi) que conseguem um visto para sair do país, levando a filha Termeh (Sarina Fahadi) de 11 anos. Eles querem dar melhores oportunidades para a garota que é muito inteligente. Tudo vai muito bem até o momento em que Nader descobre que é impossível partir, deixando seu pai que está com Alzheimer. A única opção que resta ao casal é se divorciar para que a mulher e a filha possam partir. E Simin tem pressa de sair do país com a garota.

A primeira cena do filme mostra o casal num tribunal, diante de uma câmara, que faz a vez do juiz, para resolver o problema do divórcio. Contudo, Nader volta atrás quanto a permitir que a garota parta na companhia da mãe. Sente que não lhe é possível ficar longe da filha, tamanho é o seu amor por ela. Por sua vez, Simin não entende a grandeza desse amor, incapaz de dar à filha tão inteligente e crítica um futuro melhor, mesmo que no estrangeiro.

Assim, o que era apenas uma separação simulada, vai se tornando real, com o casal totalmente dividido quanto ao futuro de Termeh. Outras questões mais delicadas vão sendo trazidas à tona, como se tivessem o intuito de ajudar o espectador a tomar partido na trama: Simin, a mãe, amedronta-se com facilidade, enquanto Nader, o pai, é quem estimula a filha a ser ela mesma. Mas, por outro lado, a postura da mãe não seria um reflexo da cultura de seu país, onde a mulher vive em estado permanente de submissão? E o pai estimulador não o é pelo poder que, como homem, recebe num país islâmico?

Vivendo num clima de grande conflito, Simin acaba se divorciando do marido e vai morar na casa da mãe, deixando sua filha Termeh com o pai. Nader, sem a esposa, precisa contratar alguém para cuidar de seu pai doente. É nessa parte da trama que entra Razieh (Sareh Bayat), a empregada e o pivô dos acontecimentos que virão.

Razieh, extremamente radical em relação ao islamismo que professa, já assume o emprego amedrontada com a possibilidade de que seu marido Hodjata (Shahab Hosseini), que se encontra desempregado, venha a descobrir que ela está trabalhando na casa de um homem praticamente solteiro. Amedronta-lhe também o fato de que possa estar se desvirtuando dos caminhos de sua fé. Ela se encontra numa situação de tanto medo e insegurança que tem dúvidas até quanto a dar banho ou trocar as calças do pai de Nader, tendo que ligar para um líder religioso para obter sua anuência.

Como se já não bastassem os problemas de Nader com sua família, ele acaba se atritando com Razieh, a empregada, ao encontrar o pai sozinho e amarrado à cama. Ele a coloca para fora sem saber que ela está grávida, empurrando-a. Acaba sendo processado como agente responsável pelo aborto de sua empregada. É quando o mundo desaba sobre as duas famílias, que se veem às voltas com um julgamento moral e religioso, em que Somayeh (Kimia Hosseini), filhinha de Razieh que a acompanha ao trabalho e Termeh, ingênuas em relação ao mundo que as rodeia, são as duas únicas testemunhas do fato.

Fontes de pesquisa:
Revista Veja/ 25 de janeiro de 2012
Wikipédia

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