Filme – CLUBE DA LUTA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

LUTA Somos subprodutos de obsessão por um estilo de vida. (Tyler)

Tyler pode lidar com os conceitos das nossas vidas num modo idealista, mas não tem nada a ver com os compromissos da vida real tal como o homem moderno os conhece. O que se traduz em: Você não é necessário para grande parte das coisas que se passam. Está construído, só precisa funcionar agora.”(David Fincher)

 Clube da Luta é uma metáfora para a necessidade de abater as muralhas que colocamos à nossa volta e simplesmente arriscar, para que pela primeira vez possamos experimentar a dor. (Brad Pitt)

Penso que há um mecanismo de autodefesa que afasta a minha geração de ter qualquer conexão ou compromisso honesto e real com os nossos sentimentos verdadeiros. Estamos a torcer por equipes da bola, mas não entramos no campo para jogar. Estamos tão preocupados com fracassos e sucessos – como se estas duas coisas fossem tudo o que nos irão resumir no final. (Brad Pitt)

O filme Clube da Luta (1999), gênero drama, que tem por base o romance homônimo do escritor Chuck Palaniuk, é uma obra do diretor americano David Fincher. O final do livro difere do roteiro que foi reescrito cinco vezes, num período de um ano.

O narrador (Edward Norton) é um personagem que não tem nome, presente em todo o filme. Trata-se de uma pessoa de classe média, que trabalha como um investigador de seguros de uma montadora de automóveis. Mesmo vivendo em um bom apartamento e se vestindo bem, mostra-se frustrado com a vida que tem, possivelmente seja esse o motivo de sua insônia crônica. Ao procurar um médico, esse o aconselha a buscar grupos de ajuda terapêutica, compostos por pessoas com as mais diversas doenças, nos quais ele se passa também por doente. Através desse contato, consegue dormir, ficando viciado nesse tipo de ajuda. Numa dessas reuniões, em meio a tantos sofredores, o narrador fica conhecendo Marla Singer (Helena Bonham), uma mulher devassa, viciada em drogas e com tendências suicidas.

O contato do misterioso narrador com Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabonetes, dá-se através de uma viagem de avião. Seu futuro amigo é bonitão, expansivo e carismático, qualidades que lhe faltam. Esse primeiro encontro parece não passar de uma mera casualidade, porém, ao voltar da viagem, o obscuro personagem tem a ingrata surpresa de encontrar seu apartamento destruído por uma explosão. Desnorteado, opta por ligar para Tyler, de quem recebera um cartão de visitas. Os dois encontram-se num bar. O narrador é convidado a morar na casa de seu novo amigo, um casarão danificado, que por pouco se mantém de pé. E ali descobrem algo em comum: botar para fora a inquietação e a belicosidade que carregam em si através de lutas corpo a corpo, dando vida ao Clube da Luta, onde os sócios, na tentativa de preencher o vazio que carregam, batem e apanham sem que haja limites para a violência.

O Clube da Luta que começa apenas com o narrador e Tyler, ainda que obscuramente, vai ganhando cada vez mais fama e atraindo seguidores. O porão já não mais comporta o número de adeptos do esporte. Tyler então passa a ensinar táticas de violência: explodir lojas, quebrar carros, puxar uma briga, etc. As coisas começam a tomar um novo rumo e o Clube da Luta vai se transformando numa organização terrorista, contrária à sociedade de consumo, que culmina com o Projeto Caos, que é a desordem e a selvageria disseminadas por todo o país.

 O mais interessante é que o narrador e Tyler parecem ser a mesma pessoa. Ao explicar como será a destruição de alguns prédios, o narrador diz: “Sei disso porque Tyler sabe.”. Em outro momento ele comenta: “Às vezes, Tyler fala por mim.”. Nos seus contatos com Marla também fica implícito que narrador e Tyler são a mesma pessoa. O final do filme fica ao encargo dos leitores, agora que foram repassadas algumas dicas.

A raiva e a confusão vivenciadas pelo narrador pode ter feito com que ele criasse uma segunda identidade? Seria Tyler o seu ideal de homem, totalmente o oposto de si mesmo? Teria Tyler Durden originado-se do próprio narrador, sendo projetado mentalmente? O Clube de Luta seria uma maneira de ele se sentir poderoso?…

Curiosidades:

  • Após o término do filme, a Fox não aprovou a produção em razão do excesso de brutalidade, já esperando um fiasco nas bilheterias. Até os críticos, em sua maioria, presentes no Festival de Cinema de Veneza, onde o filme foi lançado, abismaram-se com tanta violência.
  •  O fato é que, como previam os executivos da Fox, o filme não teve muito sucesso nas bilheterias, mas tornou-se um sucesso ao ser lançado em DVD, e passou a ser muito estudado nos meios acadêmicos.
  •  O filme pode ter influenciado, nos EUA, o universitário Luxe Helder que colocou diversas bombas em caixas de correio e, no Brasil, o estudante de medicina Mateus da Costa Meira que, durante a exibição do filme em um cinema paulista, atirou nos telespectadores, matando três deles.
  • A sequência dos créditos de abertura que representa a rede de neurônios do cérebro foi desenhada com a ajuda de uma ilustradora especializada em temas médicos.
  • Um membro do clube cumprimenta o narrador como se ele fosse Tyler. Marla também acha que ele é Tyler.
  • Tyler explica ao narrador que eles são personalidades dissociadas dentro do mesmo corpo.
  • Tyler controla o corpo do narrador quando esse está dormindo.
  • Palavras de Tyler ao narrador: “Você precisa esquecer o que você pensa que sabe sobre a vida, amizade e, especialmente, sobre eu e você.”.

 Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja/ Abril Cultural
Wikipédia

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2 comentaram em “Filme – CLUBE DA LUTA

  1. jor

    Grato de novo!
    Já tinha ouvido falar desse filme, mas como quem tinha me dito era meio suspeito, acabei me desinteressando. Depois dessa sua descritiva, concluo que é imperdível, só não lamento por não ter visto antes porque, tudo tem seu tempo.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Jor

      Eu adoro cinema, mas tenho dificuldades em assistir a filmes muito violentos.
      Mas alguns deles não há como não deixar de ver.
      E este é um deles.
      Como você disse, “tudo tem o seu tempo”.
      Agora você o verá com outros olhos.

      Grande abraço,

      Lu

      Responder

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