Autoria de Lu Dias Carvalho
É fato que nem todos os homens gostariam de ser James Bond, um herói que tem como compromisso salvar a humanidade, derrotando vilões de sonhos megalomaníacos, sedentos de dinheiro e poder. Ao contrário, muitos escolheriam, de bom grado, o lugar dos canalhas, se é que no lugar deles ainda não se encontram. Contudo, os jovenzinhos, ainda puros no trato com a gulodice humana pela busca de dinheiro e poder, adorariam ser o charmoso agente 007, que combate os sórdidos, utiliza aparelhos eletrônicos inimagináveis e se encontra sempre alerta para salvar o planeta. Também são admiradores da forma irreverente com que James lida com seus superiores, não obedecendo às suas ordens, quando sente que a Terra corre perigo. Ao chegar ao fim da empreitada, o herói é sempre perdoado, pois o serviço prestado é completo e perfeito.
James Bond não é um herói qualquer. É um homem charmoso, culto, inteligente, com controle absoluto sobre suas emoções. É capaz de fazer piadas diante da morte iminente. Talvez porque saiba que o seu santo é forte e, na hora H, o auxílio chega, ainda que de uma forma inimaginável. Todos os fãs sabem que James tem permissão para matar e não morre nunca, embora apanhe bastante.
O cinema foi pródigo em heróis no século XX, mas nenhum sobreviveu até os dias de hoje com tanto vigor e charme como 007. É claro que não podemos nos esquecer do inteligente Sherlock Holmes, que se imortalizou nas telas, e de Tarzan, herói que povoou a infância de muitos de nós. É bom que o leitor observe que me refiro a filmes que possuem um único herói e que têm uma estrutura de tempo contínua. Não vamos misturar aqui séries como Guerras nas Estrelas, etc.
James Bond é um agente do serviço secreto inglês, treinado para não revelar nenhum segredo, mesmo sob a mais violenta tortura, que recebe ordens de M., que, a partir dos últimos filmes da série foi substituído por uma mulher. Moneypenny, a secretária do órgão, morre de amores por James e é cortejada por ele. Os filmes não trazem longas cenas de sexo, apenas prelúdios e epílogos, com cortes rápidos. O sexo é insinuado através de jogos de palavras inteligentes. Apresentam mulheres atraentes que nunca aparecem inteiramente despidas. Quem não se lembra da bela Úrsula Andres saindo do mar em O Satânico Dr. No?
O escocês Sean Connery é o responsável pelo papel de James Bond nos primeiros filmes, o que lhe alavancou uma sólida carreira no cinema. O seu desempenho fantástico ofuscou todos os outros atores que vieram a seguir. O crítico Roger Ebert comenta:
Connery tinha autoconfiança e a sagacidade necessárias para o papel, um dom para não demonstrar emoções e para o duplo sentido. Mas possuía algo mais que faltou a todos os outros, exceto talvez a Dalton: a dureza do aço. Quando Connery apertava os olhos e retesava o corpo, o espectador já sabia que a diversão terminara e que o derramamento de sangue estava prestes a começar.
Segundo vários críticos de cinema, a longevidade de James Bond entre os heróis de séries deve-se, sobretudo, ao controle de qualidade: quase todos os filmes possuem a mesma equipe de produção, mantendo o mesmo padrão de qualidade, em que Bond é reconhecidamente o mesmo herói de 1962, quando estreou com O Satânico Dr. No. Sem falar que o cenário é sempre maravilhoso, levando o espectador a várias partes do mundo. A apresentação de cada filme é um show à parte.
007 Contra Goldfinger (1964) é considerado o melhor filme da série por alguns críticos de cinema, por conter todos os ingredientes da fórmula Bond funcionando seguidamente. Trata-se de um elo entre os dois primeiros filmes, O Satânico Dr. No e Moscou contra 007, que são bem modestos, feitos com orçamentos pequenos, e os filmes que o precedem, cheios de extravagância, pois são feitos com orçamentos milionários.
James Bond já foi interpretado por seis atores na série oficial:
1. Sean Connery (1962 – 1967; 1983 cujo filme não faz parte da saga)
2. George Lazenby (1969)
3. Roger Moore (1973 – 1985)
4. Timothy Dalton (1987 – 1989)
5. Pierce Brosnan (1995 – 2002)
6. Daniel Craig (2006 – presente)
Curiosidades
• James Bond, também conhecido pelo código 007, é um agente secreto fictício do serviço de espionagem britânico MI-6, criado pelo escritor Ian Fleming em 1953.
• O personagem foi apresentado ao público em livros de bolso na década de 1950, com a novela Casino Royale, tornando-se um sucesso de venda e popularidade entre os britânicos e, logo a seguir, entre os países de língua inglesa.
• Depois que o presidente Kennedy declarou que sua leitura de lazer preferida eram os romances de James Bond, os livros de Ian Fleming transformaram-se em grande sucesso nos Estados Unidos.
• Na década seguinte, os livros viraram uma grande franquia no cinema, a mais duradora e bem sucedida financeiramente, com um total de vinte dois filmes oficiais, começando com O Satânico Dr. No, em 1962.
• O filme, O Satânico Dr. No, feito com apenas um milhão de dólares (orçamento ridículo, até para a época), estourou nas bilheteiras de todo o mundo, transformando Connery num ícone dos anos 1960, que com a sua grande popularidade internacional fez surgir uma nova histeria mundial: a bondmania.
• Alguns dos fatores de maior empatia da série com o público, além do carisma e do charme de seu personagem principal, têm sido sem dúvida os mirabolantes vilões, os gadgets mortais e de alta tecnologia, as suas canções-tema e as suas maravilhosas bond-girls.
• Bond também não seria o espião invencível que é, se não fossem os brinquedos tecnológicos que o acompanham desde o início, e que por tantas vezes lhe salvaram a vida, todos produzidos no laboratório de pesquisas do MI-6 pelo irascível “Q”, o gênio inventor da agência de espionagem.
• As sempre inovadoras vinhetas de apresentação na abertura dos filmes, criadas pelo artista gráfico Maurice Binder, tornaram-se uma atração à parte dentro do próprio filme e revolucionaram o design cinematográfico nos anos 1960 e 1970.
• As famosas canções-título também marcaram época, como Goldfinger, Diamonds Are Forever e Moonraker, na voz da cantora britânica Shirley Bassey. Nobody Does It Better, tema de O Espião que me Amava, cantada por Carly Simon e líder de todas as paradas de FM do fim dos anos 1970, ou Goldeneye, com Tina Turner. Ajudaram os filmes de Bond a se tornarem os mais populares filmes de aventura e espionagem em todo o mundo.
• Em Viva e Deixe Morrer (1973), Paul McCartney interpreta uma canção tema com o mesmo título da película.
• Ian Fleming, Sean Connery, Roger Moore e Pierce Brosnan foram todos agraciados com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II, uma grande fã dos livros e filmes do agente 007.
• O estilo refinado, o gosto pelo jogo, a incapacidade de resistir às belas mulheres, a astúcia e a inteligência de James Bond foram inspiradas num personagem da vida real, Dusko Popov, um iugoslavo que atuou como agente duplo durante a Segunda Guerra Mundial.
• Daniel Craig, o atual James Bond, foi bastante criticado pela imprensa e pelos fãs-clubes por ser loiro e baixo para o papel, mas, com o sucesso de Cassino Royale, seu trabalho passou a ter uma boa recepção.
• Algumas características de James Bond, como o gosto por vodka martini batida, não mexida, por carros, aviões e velocidade foram baseadas no príncipe alemão-neerlandês Bernardo dos Países Baixos, com quem o autor Ian Flemming conviveu durante a guerra.
• São considerados filmes oficiais de James Bond todos os filmes produzidos pela produtora EON.
Filmes “oficiais”, produzidos pela EON:
Título no Brasil/ Ano/ Ator principal
O Satânico Dr. No 1962
Sean Connery
Moscou contra 007 1963
Sean Connery
007 contra Goldfinger 1964
Sean Connery
007 contra a chantagem atômica 1965
Sean Connery
Com 007 só se vive duas vezes 1967
Sean Connery
007 a serviço secreto de Sua Majestade 1969
George Lazenby
007 – Os diamantes são eternos 1971
Sean Connery
Com 007 viva e deixe morrer 1973
Roger Moore
007 contra o homem com a pistola de ouro 1974
Roger Moore
007 – O espião que me amava 1977
Roger Moore
007 contra o foguete da morte 1979
Roger Moore
007 – Somente para seus olhos 1981
Roger Moore
007 contra Octopussy 1983
Roger Moore
007 na mira dos assassinos 1985
Roger Moore
007 marcado para a morte 1987
Timothy Dalton
007 – Permissão para matar 1989
Timothy Dalton
007 contra GoldenEye 1995
Pierce Brosnan
007 – O amanhã nunca morre 1997
Pierce Brosnan
007 – O mundo não é o bastante 1999
Pierce Brosnan
007 – Um novo dia para morrer 2002
Pierce Brosnan
007 – Cassino Royale 2006
Daniel Craig
007 – Quantum of Solace 2008
Daniel Craig
Filmes “não oficiais”:
Título no Brasil/ Ano Ator
Cassino Royale 1954 – televisão
Barry Nelson
Cassino Royale 1967
David Niven
07 – Nunca mais outra vez 1983
Sean Connery
Fontes de pesquisa:
Grandes Filmes/ Roger Ebert
Wikipédia
Views: 1