Autoria de Lu Dias Carvalho
O artista austríaco Raoul Hausmann (1886–1971) mudou-se para Berlim em 1905, onde estudou numa escola de artes particular. Produziu pinturas expressionistas e escreveu artigos contra as autoridades artísticas. Foi companheiro de Hannah Höch durante sete anos, embora fosse casado. Fundou o Clube Dadaísta de Berlim juntamente com o arquiteto Johannes Baader e o escritor Richard Huelsenbeck. Quando o Dadaísmo começou a fenecer, ele migrou para a fotografia, criando retratos, nus e paisagens. A fim de fugir da perseguição nazista mudou-se para a Espanha e depois para Tchecoslováquia. Durante a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a França. Criou fotomontagem satíricas em 1918, como protesto contra as convenções e os valores de uma sociedade burguesa.
A composição intitulada O Crítico de Arte é uma obra do artista em que satiriza jornalistas que vendiam suas críticas de arte ou eram influenciados pelo dinheiro, como mostra um pedaço de célula presente atrás do pescoço do crítico. Trata se de uma fotomontagem, através da qual Hausmann faz uma crítica ferina às autoridades do mundo da arte. A nota de 50 marcos alemães, cuidadosamente dobrada em forma de um triângulo, está inserida no colarinho do crítico, levando à suposição de que ele não é imparcial e justo, mas que age em conformidade com o dinheiro que lhe é oferecido.
As linhas pretas rabiscadas sobre os olhos do crítico — simbolicamente escurecendo sua visão — é um indicativo de que seu julgamento, assim como o de qualquer instituição, é sempre falho. Seu terno elegante e completo mostra que se trata de uma pessoa muito mais chegada ao materialismo capitalista do que à arte. Embora a figura seja anônima, recortada de uma revista, o carimbo presente em sua vestimenta identifica-o como sendo o artista alemão Georges Grosz.
A boca do crítico e seus olhos estão cobertos por garatujas infantis. Os olhos estão vendados, a língua volta-se para uma dama da sociedade à direita. Suas bochechas avermelhadas repassam o entendimento de que seu julgamento será lesado pelo excesso de bebida e, que no fundo, ele não passa de um chauvinista alemão. O artista inclui seu cartão de visitas na obra, onde é descrito ironicamente como “Presidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)”. Trata-se de uma ridicularização feita às classes políticas na briga pelo poder, com a renúncia do Kaiser Wilheim em 1918. A silhueta de um sujeito bem vestido à direita é feita de notícias impressas em jornal e traz a palavra “Merz” em negrito, numa referência ao artista Kurt Schwitters e suas colagens.
Ficha técnica
Ano: c. 1919
Técnica: litografia e fotocolagem em papel
Dimensões: 32 cm x 25,5 cm
Localização: Tate Collection, Londres, Reino Unido.
Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Views: 326
O “crítico de arte” é uma pintura ácida, que traduzia bem o movimento ao qual pertencia. Ela é a 38° obra homenagem em um período de arte para sua vida
Renato
Agradeço muitíssimo a sua visita e o seu comentário, trazendo-nos novas informações. Será sempre um prazer recebê-lo. Volte mais vezes.
Abraços,
Lu
.
Raoul Hausmann (Viena, 12 de julho de 1886 – Limoges, 1 de fevereiro de 1971) foi um artista plástico, poeta e romancista austríaco. Com o pseudônimo Der Dadasophe exerceu um destacado papel como dadaísta, participando dos grupos de Zurique e posteriormente de Berlim. Foi crítico às instituições da Alemanha durante os anos transcorridos entre as duas guerras mundiais [1]. Raoul Hausmann foi o membro central do Dadaísmo e era conhecido pelos integrantes como o “dadósofo”, porque também realizava escritos teóricos sobre o movimento. O Crítico de Arte é uma pintura ácida, que traduzia bem o movimento ao qual pertencia. Ela é a 38ª obra homenageada em “Um Pouco de Arte para sua Vida”.
Taynara
Agradeço muitíssimo a sua visita e comentário. É sempre bom contar com leitores que acabam agregando mais informações ao texto, enriquecendo-o. Será sempre um prazer contar com a sua presença. Volte sempre!
Abraços,
Lu