Magritte – A VIOLAÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Neste quadro, o rosto de uma mulher é feito com os elementos essenciais de seu corpo. (René Magritte)

 Minha pintura é feita de imagens visíveis que não escondem nada; evocam mistério e, de fato, quando se vê uma de minhas fotos, nós nos perguntamos: “O que isso significa?” Não significa nada, porque o mistério não significa nada, é incognoscível.

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898 – 1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que ele criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

A composição intitulada A Violação é uma das obras do artista e também uma das mais famosas imagens do surrealismo. Uma obra com a mesma temática – O Estupro – já havia sido criada anteriormente (1935) pelo artista. Magritte subverte a função de algumas partes do corpo humano ao formar o rosto de uma mulher num torso feminino. Assim, os seios formam os olhos e seus bicos dão vida às pupilas; o nariz é constituído pelo umbigo; a boca é formada pela púbis. Os cabelos longos e dourados formam a moldura do rosto. O pintor repassa a ideia de que as mulheres, através do olhar, podem repassar ao observador a sua sexualidade.

A pintura que atrai pela sua comicidade é também introspectiva e repulsiva. A maioria dos críticos de arte interpreta-a como sendo o modo como a sociedade – mais precisamente os homens – vê a mulher, objetivando-a. Ela não possui os órgãos dos sentidos, portanto, não possui voz. Sua existência é representada unicamente pelo seu corpo, pelos desejos que desperta e que satisfazem o homem. Seria esta a mulher ideal para o macho humano?

Obs.: Alguns veem na obra uma referência ao corpo da mãe do artista que suicidou quando ele tinha 14 anos. Ela foi encontrada com o rosto coberto por sua camisola, mas apresentando o corpo nu. Presume-se que ele tenha assistido à cena.

Ficha técnica
Ano: 1948
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 17,2 x 14,4 cm
Localização: coleção privada

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://www.renemagritte.org/rape.jsp
https://www.sartle.com/artwork/the-rape-rene-magritte-1934

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