Autoria do Dr. Telmo Diniz
Cadê o clínico?
Sabe aquele médico da família que atendia a todos os membros, desde as crianças até os mais velhos? Era realmente bom poder contar com uma pessoa que conhecia todos os membros da família e que, além de médico, era um amigo e confidente. Saudosismo meu, mas acho que esses tempos não voltam mais. Espero estar errado e gostaria que meus filhos tivessem o que eu pude vivenciar em tempos de criança.
A evolução da ciência médica leva nossos médicos recém-formados a já procurarem por uma especialização. Hoje, os alunos buscam uma especialização precoce e não podem ser condenados por isso. Eles sabem do aviltamento dos salários do médico que não é especialista. Sabem que a consulta médica é injustamente trocada, e mal remunerada, pela complexidade da alta tecnologia. Os professores que deveriam iniciá-los na arte da clínica médica são cada vez mais raros.
Claro que necessitamos dos especialistas, pois com o crescimento do conhecimento e da ciência de forma tão rápida, não temos como acompanhar e estudar tudo como se fazia em um passado relativamente recente. Na minha época de faculdade, o pessoal brincava que o clínico geral é aquele que sabia tudo e não resolvia nada, enquanto o cirurgião era aquele que não sabia nada, mas resolvia tudo. Uma mera brincadeira de estudantes de medicina, claro. Era uma procura danada pelas especialidades cirúrgicas. Alguém vai ser clínico? Poucos eram os que se anunciavam. Isso não mudou agora.
A impressão que se tem é que os alunos de medicina imaginam que um clínico geral sabe pouco sobre muita coisa e, por isso, se sentem inseguros e optam pelas especialidades. É um paradoxo, pois as necessidades da população e do mercado de trabalho pedem médicos generalistas. O generalista é a porta de entrada para a pesquisa diagnóstica, tratamento e, quando necessário, fazer a triagem para o especialista.
Vejo que este problema passa, necessariamente, pelas escolas médicas. O padrão do ensino médico de atuação, onde o foco é a doença e não a prevenção, e a promoção da saúde devem ser revistos. O clínico, antes de tudo, antecipa problemas futuros de forma preventiva.
Percebo no dia a dia que o paciente que procura o médico não quer só falar da sua doença ou da queixa clínica que o levou ao consultório. Ele quer ser ouvido. Quer ouvir palavras de conforto e de estímulo. Ser tranquilizado e orientado em relação a sua saúde. Este é o papel não só do clínico, mas de todos os médicos. Quem sabe um dia nossos generalistas, ou quem sabe alguns deles, possam se tornar aqueles bons e velhos amigos da família.
(*) Imagem copiada de www.oestadoce.com.br
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Olá, Lu!
Recentemente vivi uma situação bastante traumática. Fui submetida a uma cirurgia de emergência com um laudo de apendicite aguda, mas, quando o cirurgião iniciou o procedimento por vídeo não conseguia ver absolutamente nada. Então teve que partir para a cirurgia de barriga aberta e, para sua surpresa, tratava-se do meu ovário esquerdo. Era um cisto que havia estourado e minha cavidade tórax estava repleta de sangue, visualizando um outro cisto no meu ovário esquerdo, tirou o meu ovário esquerdo.
A intenção dessa história é que embora meu problema seja cirurgia, porém como médico deveria ter sempre a curiosidade do HISTÓRICO DO PACIENTE, e quando há duvidas investiga-lo para um diagnóstico preciso, embora não seja matemática exatas(argumento usado pelo diretor do hospital para justificar o erro). Obrigada
Maria do Livramento
Não entendi bem o porquê de seu comentário. O responsável pelo laudo de apendicite foi o mesmo médico que a operou?. O que sei é que, uma vez constatada a possibilidade de ser apendicite, a operação deve ser rápida, para que o apêndice não venha a supurar, levando a septicemia e, em consequência, à morte. Acho que o médico foi extremamente sábio, ao perceber que não se tratava de apêndice e abrir sua cavidade abdominal e procurar o problema, exterminando-o. Gostaria de saber o que você acha foi o erro médico, pois cistos uterinos e ovarianos são muito sérios. Volte a escrever-me.
Abraços,
Lu