Descobri que meu marido era bipolar quando ele teve um surto, após nossa primeira separação dentro do casamento, porque nos cinco anos de namoro foram inúmeras. Ele estava na fase de mania: andava irritado, falando coisas ao mesmo tempo, com o humor lá nas alturas, querendo curtir a vida loucamente, gastando exageradamente com coisas banais, bebendo muito e dirigindo alcoolizado. A busca por ajuda médica nem passava por nossa cabeça (minha e da família dele) que não sabíamos que se tratava de um transtorno mental. Além disso, ele tinha uma resistência muito grande para consultar médicos, imagine ter que ir a um médico PSIQUIATRA. Tínhamos também a falsa ideia de que a bipolaridade trazia mudanças repentinas de humor (do dia pra noite) e isso não acontecia com ele. Apesar de eu ter percebido que ele vivia em ciclos, nunca imaginei que teria Transtorno Bipolar, achava que suas mudanças eram relativas à sua personalidade e jeito de ser.
Certo dia, nós brigamos por ele ter saído na noite anterior para curtir. Ele me agrediu com palavras, extremamente nervoso, quebrando coisas à volta. Fui embora para a casa da minha mãe. No terceiro dia ligaram-me dizendo que ele estava mal, surtado, sem dormir, perdendo-se nos lugares e sem conseguir trabalhar. Queimou algumas roupas minhas, quebrou coisas dentro de nosso quarto e o levaram ao psiquiatra que lhe deu o diagnóstico de bipolaridade e 15 dias de atestado, além de prescrever medicamentos. Ele precisava fazer um exame de sangue para saber se prescreveria já o Lítio, mas ele não quis fazê-lo e nem continuar o tratamento. Tínhamos uns 10 anos juntos, entre namoro, noivado e casamento. Aquele diagnóstico fazia todo sentido.
Meu ex-marido sempre tinha uma desculpa para não fazer o tratamento. Dizia que não aceitava ser bipolar e que o médico estava enganado no seu diagnóstico. Tempos depois, por estar extremamente depressivo e irritado, aceitou ir a uma médica que lhe passou remédios para controlar o humor, a irritabilidade e o sono (ele tinha fases de muita insônia e pesadelos). Porém, alguns dos medicamentos, a princípio, pioraram os sintomas e ele quis parar, não quis voltar à médica, colocando vários defeitos nela. Possivelmente estava passando pelos efeitos adversos, além disso, os medicamentos são também testes, sendo que cada pessoa tem uma reação diferente que precisa ser comunicada ao médico para que ele faça mudanças, quando necessárias.
Os ciclos pelos quais passava meu ex-marido eram bem longos: meses com uma mania leve, meses ou semanas com uma mania mais forte e meses ou semanas com depressão que, curiosamente, era sempre nos últimos meses do ano para os primeiros do ano seguinte. Na época de festas, férias e verão, ele estava sempre triste, calado, sem querer ver ninguém. Havia começado terapia devido à depressão, mas sempre parava… Quando ainda não sabíamos do que se tratava, e ele se encontrava na fase de mania leve, ficávamos todos felizes, torcendo para que isso durasse. Nossa maior preocupação era com a depressão, porém, após o surto e o diagnóstico de bipolaridade, a mania mais severa começou a nos preocupar muito.
Tivemos cinco anos de namoro entre muitas idas e vindas. Por muitas vezes, ele pôs fim no nosso relacionamento por estar confuso, querendo curtir a vida, sem limites para nada; noutras porque estava triste e qualquer coisa a mais seria um peso, pois nascera para viver sozinho; noutras vezes eu terminei por infidelidade dele, o que curiosamente acontecia na fase da mania, porém, era sempre previsível ele se arrepender e pedir para voltar, chorar, sofrer, emagrecer. Muitas vezes voltei por eu estar sofrendo; noutras por pena dele; algumas vezes por acreditar que mudaria. Ele sabia ser convincente e, por fim, criei uma dependência emocional. Eu tenho TAG que leva ao pânico e num dos nossos términos tive crises muito fortes de ansiedade, o suficiente pra criar dependência emocional. Achava que se não estivesse com ele iria sofrer sempre de pânico, porque eu não tratava bem esse transtorno mental, pois confundia os conflitos da mente com os sentimentos.
Graças a Deus não tivemos filhos. Até tentamos, porém, é complicado, porque na fase depressiva a comunicação é péssima. Ele não falava comigo, não tinha libido. A essa altura, eu era mais mãe do que esposa dele, tentando animá-lo, fazê-lo caminhar, tomar sol, abrir-se. Marcava médicos, tentava fazê-lo tomar a medicação, sempre buscando saber o porquê de alguém, que não tinha o costume de fumar e beber, consumir vários cigarros e beber muito. Além de me preocupar com meus problemas psicológicos, com os trabalhos de faculdade, com a organização da casa, etc., e ainda me preocupava o tempo todo com ele. Meu maior medo, na fase depressiva dele, era um dia chegar em casa e dar de cara com uma cena traumática para minha vida. Quando ele pediu para se separar de mim, tirou um peso das minhas costas. Eu já estava tratando minha TAG com psicóloga e medicação e consegui passar muito bem pela separação.
É difícil, hoje, um homem (ou mulher) bipolar não ser “ex-” de alguém, quando não faz o tratamento. Chega uma hora em que não se aguenta mais. Comigo foi assim na última vez em que nos separamos. Já saturada de tantas idas e vindas, eu não quis voltar mais. Estava cansada das indefinições, incertezas e sofrimento. Os problemas maiores são os conflitos e também o fato de você fazer parte de um ciclo vicioso que parece não ter fim. Conheci inúmeras ex-mulheres de portadores do Transtorno Bipolar. Elas me relataram parte de suas vidas com seus ex-maridos que não aceitaram o diagnóstico e tampouco o tratamento, ou não deram continuidade ao mesmo. Eles interrompem o tratamento porque não têm paciência com os efeitos ruins de sua fase inicial. As mulheres são bem mais fáceis de aceitar o transtorno e de se tratarem. Elas podem tomar medicação a vida inteira e viver muito bem em família e em sociedade.
Deixo aqui um alerta aos homens com este transtorno. Se quiserem ser felizes com a família, trabalho e amigos precisam aceitar o tratamento. Não adianta se arrepender depois de ter perdido a pessoa (namorada, noiva ou esposa) que amava. Quando aceitam o tratamento, a mulher compreende sua doença, tem mais paciência e passa a redobrar seus cuidados com ele. Caso contrário, o único caminho é a separação.
Nota: Amizade, obra de Pablo Picasso.
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Em certas crises meu marido torna-se compulsivo e deslumbrado.
Melissa
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Beijos,
Lu
Estou passando pela mesma situação com meu esposo. Estou gestante de quase 5 meses e meu esposo tem bipolaridade. Faz uso de medicações, lítio, sertralina, quetros… Chegou a ir pro psicólogo na sexta dia 03/06. Sempre estou sendo uma esposa que incentiva, companheira, amiga, carinhosa. Mas é muito difícil.
Meu esposo sempre que é contrariado perde a noção. Ele se acha o homem mais importante do mundo, quer virar as costas e dizer que deseja se separar. O pior de tudo é que bate no nosso cachorro sem precisão alguma. Ele joga toda raiva do nada no animal, já chegou a espancar o cachorro em um surto que teve, que levei-o pra urgência em um hospital psiquiátrico. Mas sempre que é contrariado o humor dele muda, ele se isola, fica frio, esquece que me ama, toma atitudes de homem perverso e machuca nosso cachorro várias vezes. Depois age como se nada tivesse acontecido. Não sabe pedir perdão, ou ter empatia.
Ele não está conseguindo ter relações comigo, já tinha problemas de ereção e agora nas medicações ele não tem mais libido. Ele se afunda na pornografia, e isso me dói tanto, tanto. E seu relatar pra ele que isso está errado e que ele precisa parar, ele me machuca com palavras ofensivas e atitudes de quem não ama a família. Eu não sei mais o que fazer, ajudem-me. Estou grávida, isso tá acabando comigo. Eu queria muito que isso não existisse em nossas vidas e não sei o que fazer.
Victória Maria
Vou lhe passar vários links para ler sobre o assunto. Leia também os comentários, pois ajudam muito. Mas, por favor, tire o cachorro de casa. Leve-o para a casa de um amigo, de um parente. Eu até chorei ao ler o seu comentário. O bichinho não tem culpa alguma, é inocente. Se seu marido for denunciado, poderá até ser preso, pois maltrato a animais dá cadeia hoje. A lei é severa hoje. E você seria conivente. Mas, se ama seu bichinho, salve-o, antes que ele o mate. Ele está descontando no animalzinho sua raiva incontida irá matá-lo. Leve-o para a casa de alguém ou entregue para um grupo que acolhe animais abandonados. Conte o seu caso. Amiguinha, por favor, faça isso com urgência.
Quanto ao seu problema, nós iremos ajudá-la. Continue vindo aqui.
Abraços,
Lu
Meu marido é bipolar, mas se um dia ele maltratar qualquer animal, será um bipolar morto.
Eu me chamo Nath, tenho 32 anos, estou com o meu marido desde os 17, e o nosso relacionamento beirava à perfeição!
era tanta parceria, tanto carinho, cuidado e amor que eu sempre ficava imaginando como isso seria possível e o quão grata eu era por ter algo tão especial!
Natália
Seu depoimento será transformado num poste.
Beijos,
Lu
Lu,
nós nos conhecemos faz quase dois anos…. Foi tudo muito rápido. Tenho, sim, contato com a família dele. Mas, assim como ele, sua mãe acha que ele não precisa passar pelo psiquiatra pois, já passou em dezembro quando esteve aqui no Brasil. Ele já teve crises piores de até tentar o suicídio 2 vezes, antes de nos conhecermos, quando ele se separou da ex-mulher. Foi quando foi diagnosticado com bipolaridade. Mas desde que o conheci ele não havia tido nenhuma crise depressiva ou maníaca.
Paula
Não há como prever quando essas crises acontecem. Pelo visto a mãe dele anda fora da realidade. Quem vive com uma pessoa bipolar precisa estar sempre de olho nela.
Amiguinha, diante de tudo isso, só lhe resta esperar. Aconselho-a a ficar quietinha, centrada em si mesma, tocando a sua vida para a frente, sem depressões. Chega de choros e lamentos. A culpa não é sua e tampouco os problemas gerados. Agora tudo é questão de tempo. Outra coisa, quanto mais forçá-lo ou exigir dele uma postura, mais ele entrará em parafuso. Há momentos em nossa vida em que é preciso sairmos de cenário. Penso que seja este o momento para você ficar no seu canto.
Fique preparada para, quando ele a procurar novamente, ter que decidir se o acompanha ou não, sempre se lembrando que conviver com um bipolar é também abraçar a sua doença. Ame-se primeiro! Tenha a certeza de que ele voltará a procurá-la. É assim que tudo acontece.
Um beijo no seu coração,
Lu
Lu
Ele já morou fora, sim. Inclusive no ano passado moramos juntos na Itália. Nosso plano era ele voltar pra Holanda, pois ele morava lá e quando veio passar férias no Brasil não conseguiu voltar por causa da pandemia.
Ele me disse no começo do relacionamento que era diagnosticado como bipolar. Em janeiro voltou pra Holanda com planos de alugar um apartamento e ajeitar as coisas para que eu pudesse ir. E cada dia que se aproximava do dia da viagem era só alegria e planos. Mas tudo mudou um dia antes. Ele me disse: “Não sei, estou com medo… Nao me sinto seguro”. Até que chegou o momento em que ele terminou comigo, alegando querer um tempo.
Ainda nos falamos, já pedi para que ele entre em contato com um médico para ver a medicação, mas ele disse que não precisa.
Eu fui pro fundo do poço. Tudo pronto, malas prontas, passagem comprada, vida nova com a pessoa que amo. Eu me senti como se tivessem puxado meu tapete. Estou mto mal sim, depressiva, à base de remédios. Ele diz que o problema não é comigo, mas com ele, com os seus pensamentos.
Paulo
Eu imagino, sim, o que está passando, pois, através dos depoimentos que lhe enviei, poderá saber como é difícil a vida de alguém que convive com uma pessoa bipolar. Com pessoas vitimadas por tal doença é impossível manter os sonhos, pois a inconstância delas rouba a paz de qualquer um. Todos dizem ao parceiro que o problema é com eles. E é mesmo! Você nada pode fazer até que ele recupere um pouco do equilíbrio e aceite rever a medicação. Não adianta naufragar na depressão, fazendo mal a si mesma. As respostas estão com ele e não com você. Não mostre a sua vulnerabilidade para ele. Não permita que sinta pena de você. Paute por conversas sérias, sem apelo dramático. Mostre que é capaz de gerenciar a própria vida. Quando ele sentir que está perdendo você, virá atrás. Lembre-se que é a parte equilibrada da relação. Ele necessita de um tempo para sair da fase em que se encontra. Cuide-se bem, amiguinha. Veja os links sobre a doença.
Paula, vocês se conhecem faz quanto tempo? Casaram-se legalmente e onde? Tem contato com a família dele? Quero saber mais.
Estou num relacionamento com um bipolar há quase dois anos.
Foi muito intenso tudo o que aconteceu com a gente. Em um ano nós nos casamos e nos mudamos pra Itália, para depois começar nossa vida na Holanda. Viemos embora final do ano passado e ele foi pra Holanda em janeiro para arrumar apartamento e eu pudesse ir depois. Era tudo um sonho pra gente. Enfim, minha passagem comprada, e um dia antes, sim, um dia antes do voo ele me liga e me diz que acha que seria melhor eu não ir, pois tem duvidas sobre tudo. Terminou comigo, quer o espaço dele, depois disse que compraria outra passagem. Que teríamos uma chance. No outro dia, diz que já não sabe mais nada. Entrei em uma crise depressiva. Ao mesmo tempo que ele diz não sei se quero um relacionamento, diz que se importa comigo. Ele é diagnosticado com bipolaridade, faz tratamento certinho com remédios. Mas essa fase realmente é muito complicada.
Paula
Não é fácil a vida com uma pessoa bipolar, pois ela viver ao sabor das crises, principalmente quando não se encontra diagnosticada. No caso de seu marido, seria melhor rever a medicação, pois pode estar deixando de fazer efeito. E não será fácil a vida para ele por lá sem a sua companhia, pois é a sua fonte de equilíbrio. Logo estará pedindo que vá com urgência. Portanto, acalme-se, deixe as coisas entrarem nos eixos. Nada de depressão. Precisa enfrentar a situação com coragem, pois muitas outras surgirão. Fortaleça-se, menina!
Pelo que pude sentir, ele já morou fora do Brasil. É isso mesmo? Mas onde? Dê-me mais detalhes. Você já sabia, antes de se casar, que ele era bipolar? Envio-lhe links para ajudá-la. Continue conosco, não se sinta só!
Beijos,
Lu
Antônio José
Lendo os comentários, deles e delas, vejo o quanto a relação dentro de um diagnóstico de TAB é sofrida.
Antônio José
Seu generoso comentário foi transformado num texto.
Abraços,
Lu
Eu me relacionei com um bipolar por 1 ano e 3 meses.
Rebeca
Seu comentário foi transformado num post. Aguarde!
Abraços,
Lu
Sou bipolar!
Depois de 8 anos casados, ao todo 10 anos juntos, meu marido e eu tivemos nossa filha. Todo o processo da gravidez, parto e vivência com um bebê foi exaustivo para mim. Cheguei ao estado de esgotamento.
Quando conheci o meu ex-marido, ele não acreditava em problemas físicos e químicos da mente, eu estava em tratamento e ele convenceu-me de que não precisava. Deixei de tomar os medicamentos.Durante todos os anos juntos houve muitas crises de depressão, uma ou outra de euforia, coisas que tiveram impacto na nossa vida, mas sem realmente a afetar por completo.
Há um ano atrás, entrei numa fase mista, deprimida, esgotada física e emocionalmente, mas como nunca me permiti ajuda, acabei por sair com a ajuda da euforia. Eu já não era eu, tido estava misturado, foi piorando. Fui eu quem acabou com o casamento, arranjei mil e uma desculpas e o fiz sofrer muito, embora sempre tenha continuado a amar aquele homem.
Durante uns meses eu me sentia livre, podia fazer tudo, sem nunca me preocupar com os danos. Mas depois voltei a mim com o tratamento que mantenho e quero manter sempre. Agora lido com o homem que amo, completamente afastado de mim, já tem outra pessoa. Não sei como o recuperar, se isso é possível. Gostaria de saber se há casos felizes de retomar a vida normal com o companheiro.
Maria
Achei o seu depoimento comovente, principalmente quando diz: “Quando conheci o meu ex-marido, ele não acreditava em problemas físicos e químicos da mente, eu estava em tratamento e ele me convenceu de que não precisava. Deixei de tomar os medicamentos”.
Se temos problemas mentais, fica ainda mais difícil quando convivemos com pessoas que não acreditam na veracidade de nossa doença, achando se tratar de chiliques ou fricotes. O comportamento anticientífico de seu marido só fez ampliar os sintomas de sua doença mental. O que deve fazer agora é cuidar de sua saúde e mostrar para ele que deu a volta por cima, apesar de tudo. Saiba, amiguinha, que precisamos nos amar primeiro para depois amar o outro. Sem isso, nenhum relacionamento é capaz de durar. Cuide-se bem, fortaleça sua estrutura emocional, faça uso dos medicamentos receitados pelo psiquiatra e toque a sua vida para frente. Não tenha pena de si. Assim agindo, abrirá caminho para encontrar alguém muito especial.
Maria, gostei muito da seu desabafo corajoso e sincero. Gostaria muito que me contasse um pouco de sua vida, de modo a ajudar mulheres como você, espalhadas pelo mundo todo.
Um grande abraço,
Lu
Eu era casado com uma bipolar e a convivência era extremamente difícil, pois ela não queria seguir à risca o tratamento.
Renato
É realmente impossível conviver com uma pessoa bipolar que não aceita seguir o tratamento. Você fez bem ao se separar, caso contrário viveria um inferno junto a ela.
Abraços,
Lu
Lu
Para falar a verdade, quem pediu a separação foi ela. Havia algumas questões em mim que ela não aturava e algumas incompatibilidades, de acordo com ela. Enfim, diz ela que acabou o amor e tentou até onde poderia. Mas, continuo apegado a ela emocionalmente.
O triste nisso tudo é que ela é uma pessoa com diversas qualidades que admiro muito em uma mulher e poderíamos ter um futuro lindo. Quando a conheci, ela tinha crises 1x na semana, não conseguia ir a entrevistas de emprego, ir a locais com muitas pessoas ou sequer ter expectativas de futuro. Após muito apoio, tanto meu quanto da minha família, ela conseguiu resolver essas questões e hoje faz faculdade, consegue trabalhar, etc.
No início foi muito difícil, pois ela tinha ciúmes obsessivos de “fuçar” o meu celular de todas as formas possíveis, interpretar as coisas que eu ou alguém da família falava de forma errada e até me agrediu fisicamente. Além disso, por ser uma pessoa muito rancorosa, não perdoava todas as discussões ou desentendimentos que tínhamos. Em momentos de nervosismos jogava tudo novamente.
Para falar a verdade, ainda a amo, mesmo após tantas tentativas de ir embora e eu me humilhar para ela ficar (padrão que percebi em outros casos daqui) e isso realmente cansa. É sempre a gente lutando para a pessoa ficar e nos sentimos culpados, pois é a pessoa que quer sair, parece que estamos fazendo várias coisas erradas. Mas, como ela mesma afirmou que o amor acabou, tento seguir em frente com terapia e medicamentos.
Renato
Nada como dar tempo ao tempo, para que as coisas se acalmem e tomem um rumo que não prejudiquem você ou ela. Amar uma pessoa é também submeter-se a um afastamento, para dar tempo ao outro de colocar sua vida no eixo e promover as mudanças necessárias. Não acredito que o amor tenha se acabado, trata-se apenas de um momento de conflito pessoal por parte dela. Dê um novo rumo à sua saúde fazendo o tratamento necessário. Acredite que a vida irá preparar para você o melhor.
Abraços,
Lu
Me identifiquei com esse relato. Meu ex marido tem epilepsia e essa doença pode desencadear outras, como a bipolaridade.
Fernanda
Seu comentário será transformado num texto, para que possa ajudar outras pessoas. Aguarde!
Abraços,
Lu
Também estou passando e preciso muito de palavras de ajuda e entender um pouco. Sabemos o quanto é difícil ser cônjuge de bipolar.
Rafael
Para segurança de seus leitores, nosso blogue não passa contato. Você poderá contatar as pessoas aqui, através dos comentários.
Abraços,
Lu
Feliz por ter encontrado este espaço com tanta informação, esclarecimento e relatos, mas triste por fazer parte dos que sofrem com o companheiro.
Aline
Seu comentário será transformado em um texto na página principal do site.
Abraços,
Lu
Muito obrigada pelo seu tempo e carinho. Estou escrevendo um pouco sobre essa montanha russa que é minha vida e se tiver coragem, mandarei mais um pouquinho da convivência com um portador de TBA.
Tem meu total consentimento para publicar meu desabafo.
Aline
Agradecemos a sua confiança. Não se sinta só, conte conosco.
Beijos,
Lu
Pessoal
Meu ex é um homem bonito, inteligente e estabilizado profissionalmente. Tivemos um relacionamento e ele estava em tratamento.
As crises começavam aleatoriamente, sendo uma convivência difícil. Descobri o problema pelas crises e os episódios de términos repentinos. Quando conversamos ele me explicou que seria melhor separarmos, pois ele não queria me fazer sofrer. Sobre a medicação ele me disse que tem um super foco no trabalho e a medicação o deixava lento.
Reatamos algumas vezes no período de 7 anos, quando nos separamos em definitivo. Tive um problema grave e tive que fazer uma cirurgia. Quando ele soube veio me ver e disse que tinha medo de me perder, foi insistente. Reatamos e foi um período bom. Ele voltou à medicação, teve uma crise. E entre tanto desarranjo perdi amigos e clientes (atuamos no mesmo nicho de mercado) por conta dos escândalos durante as crises. No limite terminamos e ele pediu que nunca o procurasse. Passados 3 anos ele se casou. Há 2 semanas me procurou para “informar” que está tratando da separação e que quase não dormia pensando em mim, que até falou para a ex mulher sobre isso (nunca tivemos contato nesse período em que ele se casou) Eu ouvi e fiquei abalada com isso. Quando me lembro das crises que eu levava de boa, minimizando as coisas, não sinto segura para voltar.
Mary
No seu caso eu pensaria três vezes antes de voltar. Não existe relação que suporte uma vida com tanto estresse. Você seria uma eterna vítima desse relacionamento, principalmente se ele não viver medicado, pois a bipolaridade ainda não possui cura.
Abraços,
Lu
Amigos
Achei incrível todos os comentários, pois assim, não estou me sentindo o único que passou por tudo isso.
Terminei a relação com uma mulher que é diagnosticada com o transtorno bipolar, realmente a que mais amei na minha vida, com muita intensidade.
Tudo o que dizem os relatos eu passei. Ela era uma pessoa incrível, mas a relação sempre estava por um fio. À noite falava que me amava e no outro dia queria terminar tudo. Foi muito difícil para mim, pois tentei fazer de tudo para ela, e realmente fiz. Ficava preocupado com os seus medicamentos e até parei de tomar aquela cervejinha na eventualidade, pois sabia que o álcool para um bipolar é uma arma que faz explodir. Sofri muito com xingamentos absurdos que envolviam até a minha família.
Realmente é muito triste passar por tudo isso, pois ela voltava atrás para voltar a relação e tudo. Já se passou um mês que decidi que não queria mais, eu já estava precisando de antidepressivos e remédios para dormir. Lendo cada situação que todos passaram, fiquei mais aliviado, pois quando ela terminou comigo sempre me falava que eu não a ajudava. Estava carregando este peso, mas com todos os comentários, vi que não sou eu o problema. Hoje fico mais tranquilo, estou parando com os antidepressivos e me sinto mais em paz, voltando a focar a minha vida, pois não podia comprar uma roupa para mim que já havia brigas no meu dia.
Realmente agradeço de coração a todos que relataram e tudo, pois me ajudaram muito.
É o normal do bipolar sempre culpar o outro, ouvi muito coisas do tipo da minha ex, até mesmo coisas simples, como lavar roupa. Houve vez em que ela me acusou de lavar apenas as minhas roupas. Tive que mostrar roupa por roupa, era a maioria dela. Também me senti assim, achando que eu era o problema. Durante muito tempo estive prestes a cair numa depressão, quando ela terminou comigo durante uma crise eufórica. Hoje me sinto em paz, penso nela mas não como antes e consigo me controlar e não ir mais atrás.
Olá.
Me envolvi com um homem quando eu tinha 15 anos e ele 25. Era um rapaz muito charmoso na época, muito inteligente e muito excêntrico, o que eu gostava. Tinha fama de beber e fazer uso de drogas, mas ao meu ver isso fazia parte do charme dele, pois na época eu era tão nova. Foi amor a primeira vista!
Eu espero ter forças para sair desse ciclo tóxico definitivamente.
Marcella
Você terá forças, sim. Conte conosco!
Beijos,
Lu
Marcella
Seu depoimento será transformado em texto para publicação. Aguarde!
Beijos,
Lu
Olá, amigos, eu sou a Telma.
Meu marido sofre de bipolaridade. Estamos juntos faz 9 anos e até então ele nunca havia tido crises, mas este mês teve uma e pra mim foi e está sendo muito triste. Ele havia se separado de mim, quando resolveu sair, beber e curtir a vida. Ele está internado devido à crise e nos primeiros dias em que falei com ele só eram elogios, falava que me amava, agora tudo mudou. Já diz que não sou mais a esposa dele, e só fala coisas que me machucam. Estou muito triste e não sei o que fazer. Isso é normal para quem está em crise?
Telma
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, conviver com alguém com bipolaridade não é uma coisa fácil, como demonstram os depoimentos aqui expostos. E se a pessoa não faz uso de tratamento isso se torna impossível. O vai e vem das crises machucam todas as pessoas que vivem em torno do doente. Normalmente ele tende a machucar as pessoas que mais ama, portanto, isso é normal, sim. O excesso de elogios externados numa fase e raiva noutra fazem parte do quadro. Você precisa aprender a conviver com isso e não levar muito a sério as palavras dele, sabendo que tudo é fruto da doença. É também muito perigoso conviver com um bipolar que não esteja sendo medicado. Quanto à sua tristeza, ela é compreensível, mas se você analisar que tudo é fruto de uma mente que não se encontra funcionando bem, tornando-se ele um joguete dela, esse sofrimento diminuirá muito. Procure ver o comportamento dele como fruto de sua doença, de modo a não jogar a culpa em si mesma. Vou lhe passar uns links que a ajudarão muito a entender o que ora está vivendo.
Telma, venha sempre conversar conosco. Não se sinta só.
Abraços,
Lu
Lu
Estive casado durante 14 anos com uma mulher maravilhosa, professora universitária com doutorado, mas que sempre apresentava irritabilidade, impaciência e, às vezes agressividade, mesmo nos pequenos problemas do dia a dia. Além disso, em certas ocasiões, não queria sair de casa e sentia muitas dores pelo corpo, o que atribuía ao fato de ter que ficar de pé durante as aulas.
A partir de 2019 ela, aos 41 anos, iniciou uma mudança radical em seu comportamento. Passou a comprar muita roupa (que nem usava), mudou seu estilo de vestir, usando roupas sensuais, passou a se enfeitar como nunca antes, a beber (mesmo moderadamente), aumentou o ritmo de trabalho, envolvendo-se em grupos variados. Até que no inicio do ano de 2020 ela procurou um psiquiatra devido a uma depressão. Ela foi medicada e ficou muito melhor (até esta data continua com os mesmos medicamentos). Embora o psiquiatra tenha diagnosticado posteriormente como TAB, ela não aceita e continua apenas com os medicamentos para depressão.
Como eu sempre a alertava sobre esses fatos (mudança de comportamento e compras) passamos a brigar constantemente. Por fim, ela pediu o divórcio, pois segundo ela, queria ser livre para viver a vida.
Antes da nossa separação passou a se envolver com outra pessoa, às escondidas. Ela viajou no Natal e retornou no dia 13/01/2021 e disse que estava namorando por aí… Mas não com a pessoa com quem se envolveu anteriormente. Tínhamos uma vida equilibrada e amorosa, apoiando-nos sempre, mas que essa síndrome destruiu. Se ela aceitasse o tratamento para TAB talvez tivéssemos uma chance de retornar ao nosso casamento, pois várias vezes ela me fala que me ama e que eu sou o homem de sua vida dela, mas que não me vê mais como seu marido e ela mesma não entende isso.
O que devo fazer? Já moramos em casas diferentes e não temos filhos.
Sérgio
Seja bem-vindo a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinho, não são poucas as pessoas que têm vindo aqui desabafar sobre o fato de viverem com uma pessoa bipolar. Realmente não é pouco o sofrimento que esta síndrome traz tanto para o doente como para seus familiares, sobretudo companheiros e filhos que muitas vezes se veem perdidos, sem saberem o que fazer.
Sérgio, quando a pessoa aceita a doença e, em consequência, também aceita o tratamento, a convivência torna-se possível. Ainda assim faz-se necessário que o companheiro (ou companheira) esteja sempre atento às crises, pois muitas vezes há a necessidade de mudar de medicamentos, uma vez que o nosso organismo tende a acostumar-se com alguns. O acompanhamento médico é de fundamental importância.
Amigo, enquanto a sua ex-mulher não aceitar se tratar, não há como ter uma retomada de vida a dois, pois as crises tendem a ser cada vez mais fortes, deixando-a vulnerável e também você. Logo se daria o rompimento novamente. Somente um tratamento especializado será capaz de levá-la ao equilíbrio de antes. Fora disso é chover no molhado. Não pense que “conversas” resolvem essa síndrome que vem acometendo um número cada vez maior de pessoas.
Como vocês ainda se falam, você deve continuar insistindo para que ela faça o tratamento. Diga-lhe que mesmo como amigo você deseja o bem dela e estará sempre ao seu lado. Dê-lhe suporte emocional, mas sem se deixar levar pelo descontrole dela, pelas manias que serão cada vez mais fortes. Caso tenha ligação com a família dela, converse com pessoas de confiança para incentivá-la a fazer o tratamento. Quanto aos filhos, ainda bem que não os tem, pois a barra seria duplamente pesada.
Vou lhe enviar uns links que poderão ajudá-lo. Continue em contato conosco aqui no blogue. Não se sinta sozinho.
Abraços,
Lu
Olá amigo, Sérgio!
Você não esta sozinho, pois eu me vi inteiramente no seu relato. Imagino que até tenha mais detalhes, pois comigo foi quase idêntico, porém com mais coisas ainda ocorrendo que eu não entendia.
Minha ex-companheira é uma profissional genial, artista na área dela. Única coisa que não vi dela foi infidelidade, mas o restante: compras desenfreadas (primeiro roupas e calçados, depois decoração, etc.). Ao longo do relacionamento notei que a parte financeira influencia muito no bipolar. Quando ela gastava, se eu dizia sim ela me amava e me elogiava, porém quando eu pedia pra se controlar ou alertava com mais firmeza (atpe porque usamos meu nome e acabei me prejudicando), passava a me tratar diferente.
Na fase de euforia, sempre se vestia de maneira mais destacada, maquiagem, ficava mais intensa em tudo. Sei que sempre que terminava um relacionamento já engatava outro. Hoje entendo que quando a conheci provavelmente ela estava num fim de crise eufórica, pois foi tudo muito rápido e intenso entre nós, com ela muito ativa e entusiasmada.
Eu me preocupo muito pois sei que o bipolar não mede os riscos, e ela é assim. Quando começou brigar comigo para terminar, dizia coisas como: “vou cuidar de mim porque ninguém cuidou”, “ninguém se importa comigo”. Ela culpa sempre todo mundo. Ela terminou comigo em novembro ultimo, mas sempre tento estar por perto pra ajudar com algo, falo com algum familiar pra saber como ela está, se ela não se tratar é impossível tentar algo.
Sérgio, pense que você não tem culpa, amigo, infelizmente é uma doença complexa e que muda a pessoa sem que ela queira, pelo que vi. Tente ler outros relatos aqui do site e leia o que a Lu posta, pois é tudo como ela diz, sem tratamento as crises vão ficando piores, mais agressivas. Tem me feito muito bem entrar aqui e ler tudo.
Abraço
Meu pai era bipolar e a casa vivia um horror. Perdemos muitos bens por conta disso e entrei numa depressão horrível por conta das coisas que aconteciam por aqui.
Hoje ele não é mais vivo, mas dou um conselho: FUJAM de pessoas com essa doença, porque a pessoa pode matar a outra no período de surto. Eu gostava dele, mas tinha medo que fizesse algo com alguém. Ele morreu de diabetes e própria doença o fez se matar de tanto comer doces e tomar coca-cola. Mesmo fazendo tratamento, essas pessoas nunca ficarão totalmente boas.
Helena
Realmente não é fácil conviver com uma pessoa com bipolaridade. O pior é que ainda levam aqueles que convivem com elas à depressão. Você não nos disse se seu pai fazia tratamento.
O bipolar, quando sob o efeito de medicamentos, consegue levar uma vida razoavelmente tranquila, permitindo que os outros vivam bem ao seu lado, mas, quando recusam o tratamento, é realmente impossível a convivência. Há sempre a probabilidade de que entre em crise e cometa algo muito ruim. Não é fácil conviver com pessoas com as quais você tenha que pisar em ovos o tempo todo. O desgaste emocional é muito grande de quem com elas convive.
Amiguinha, agradeço a sua visita e comentário. Será sempre um prazer tê-la conosco.
Beijos,
Lu
Lu
Estou em um relacionamento com um bipolar.
Conheci-o no Tinder….
Gislane
Seu texto vais se transformar numa postagem. Já recebi seu consentimento.
Beijos,
Lu
Oi, Pessoal!
É muito bom ler os relatos aqui postados. Obrigada a todos por compartilharem.
Conheci um cara no Tinder e passamos um mês inteiro juntos, foi muito intenso, ele parecia apaixonado, falava coisas lindas e fazia coisas lindas. Eu realmente me entreguei e senti coisas que nunca havia sentido em tão pouco tempo. Tenho 40 anos e ele 30.
Ele me disse que só teve uma namorada e estava há sete anos solteiro. Nós nos entregamos totalmente. A gente se falava todos os dias, eram várias mensagens e ele sempre me chamando de “linda, gata e princesa”. Eu o achava um príncipe (isso é cafona, eu sei). Ele era tudo o que sempre quis. Às vezes vinha com uns papos meio depressivos, indagando sobre o porquê de nos encontrarmos aqui na Terra e tal…
Ele me contou seu histórico de vida: perdeu o pai há 5 anos, a mãe tentou suicídio na frente dele, quando tinha uns 17 anos, morou com a avó e a irmã mais velha e não tem nenhum relacionamento com a mãe. Não tinha rede social até então.
Convidou-me para viajar junto com ele e mais dois casais amigos dele, mas na semana da viagem começou a ficar estranho, mais distante e impaciente. Praticamente não interagiu comigo. E quando voltamos, ele sumiu. Eu não fui atrás, porque já desconfiava que ele tinha algum transtorno. Até que resolveu se manifestar depois de três semanas. Foi me visitar no hospital, pois operei o joelho e ele se dizia preocupado. Como é médico, operei o joelho no hospital em que trabalha, inclusive por recomendação dele.
Disse-me que queria conversar. Eu abri meu coração, dizendo-lhe o quanto gostava dele, sem cobrança alguma, fiz isso por mim. Falou que me adorava, mas que não sabia o que estava rolando com ele, que gostava de mim, mas não estava se sentindo bem. Disse que precisava de ajuda, sentia dores no peito e que seria um peso e que eu era a única pessoa com quem conseguia se abrir. Chorou muito e disse que nem sabia que era capaz de ter sentimentos, mas que comigo ele conseguia sentir.
Decidimos tentar ficar juntos. Durou uma semana entre me chamar de namorada e dizer que não estávamos em sintonia. Não demos certo. Muito instável. Ao mesmo tempo que falava que me adorava, logo já mudava o humor. Muito confuso. E tem o agravante da droga: fuma muita maconha como uma fuga mesmo.
Eu estou realmente muito triste com isso tudo, porque gosto dele e ele de mim (disse isso quando terminou comigo). Mas ao mesmo tempo percebo que seria uma maratona, que não sei se aguentaria, porque ele não se trata e fuma muito. É como se fossem duas pessoas no mesmo corpo.
A fase agressiva dele é usada com ironia. Eu identifiquei isso com clareza. E após ler todos os depoimentos aqui, tenho certeza que o caso dele é esse. Vai ao céu e ao inferno.
Eu queria muito estar ao lado dele, mas respeitei sua decisão de se afastar. Disse-lhe que podia contar comigo e que entendia e respeitava a decisão dele. Ele tem um coração enorme, e eu sinto toda a agonia pela qual passa. Só me resta orar por ele.
Camila
Pela sua descrição, é bem provável que ele seja uma pessoa bipolar, assim como pode ser também que toda essa sua inconstância seja ocasionada pelo uso da maconha. Também é possível que esteja a fazer uso de drogas mais pesadas. As estatísticas mostram que a imensa maioria dos usuários de maconha em razão da ineficácia da erva, depois de certo tempo de uso, recorrem a drogas mais fortes. E, como você sabe, toda droga ilícita é depressora do sistema nervoso central.
Amiguinha, pelo que leu nos relatos, é muito difícil ajudar alguém que não aceita tratamento. E, por ser médico, isso se torna ainda mais difícil, até mesmo em função da profissão exercida, pois tem medo de sujar o nome, querendo sempre ficar no anonimato, achando que sozinho dá conta de resolver a situação. Se ele é bipolar e ainda usa drogas, como mostram muitos relatos aqui, você teria um problemão pela frente. E não pense que o amor (ainda mais tão breve como o de vocês) segura qualquer barra. Isso é ilusão, como mostram as pessoas neste espaço, ao relatar seus problemas. Se ele se propusesse a fazer o tratamento, tudo bem, mas fora disso sua vida se transformaria num pesadelo. E, se ele se afastou de você, o problema é mais grave do que imagina. Talvez não queira que você saiba de sua real situação, inclusive sobre o uso de drogas pesadas.
Amiguinha, todo o meu comentário é em cima de suposições, calcadas nos dados que me repassou. Sugiro que busque um amigo dele em comum (um dos casais da viagem), para entender melhor a situação. E jamais pense em se transformar numa super-heroína, achando que irá modificar a vida dele, pois essas são imaginárias. Somente um tratamento sério poderá ajudá-lo. Você é jovem, inteligente e irá encontrar alguém muito especial na vida. Apenas dê tempo ao tempo.
Continue nos dando notícias.
Beijos,
Lu
Estou me separando de um bipolar…
Fátima
Seu comovente comentário foi transformado num texto e posto na página principal do blogue.
Abraços,
Lu
Vanessa, eu te entendo totalmente.
A gente chega em um ponto que não tem mais condições emocionais de suportar a convivência com o bipolar, negando a doença e oscilando de humor até pelas coisas mais simples do dia a dia.
Eu me separei há alguns meses justamente por viver em risco constante, como disse a Lu. Já começo a me sentir melhor, viver a minha vida que estava resumida a trabalhar e cuidar do doente que não aceita sua condição e se isola do mundo.
Chegou a hora de você se priorizar! Se cuide, se ame e se preserve. A dependência emocional que eles (maridos bipolares) criam com as esposas é muito tóxica. Com o passar do tempo, essa angústia passa e uma nova fase da vida te espera.
Um abraço,
Zoraide
Zoraide, que querida é você!
Obrigada por me dizer isso, ainda mais por estar mais à frente nessa fase de separação. O meu finalmente saiu de casa há 2 dias. Depois de pedir o divórcio, ainda insistiu para ficar mais tempo em casa até se recompor emocionalmente e ver um lugar para ficar com calma, afinal de contas é um procrastinador. Nisso foram quase 2 meses e ele só foi mesmo porque passei a falar claramente que ele precisava ir.
Mais uma inconstância: quer se separar, deixa de viver vida de casal, mas não vai embora. Estou muito machucada por tudo o que vivi ao lado dele. E também por vê-lo piorar ao invés de melhorar no decorrer dos anos. A gente alimenta tanto a ideia de que os tratamentos vão dar certo, né? Eu amei muito o meu marido. Tudo o que eu queria era vê-lo bem. Amei tanto ele que deixei de me amar.
Agora estou encontrando o caminho de volta para reparar isso, porque eu quero muito viver uma vida plena: com os amigos de quem acabei me afastando por causa dele, com alegria no meu trabalho, que eu adoro, mas fazia no automático por estar totalmente sem energia. Vida nova! E quem sabe até encontrar uma relação mais leve e feliz, que me mostre que dá para amar sem sofrimento.
Amigas
Estou me separando do meu marido bipolar.
Ficamos casados por 8 anos. É uma pessoa ótima, quando não está em crise. Mas, infelizmente, são cada vez mais raros os momentos em que o vejo bem. Durante a quarentena, continuou com medicação e terapia, mas não cuidou de fazer atividades físicas, pegar sol e se alimentar adequadamente. Já não fazia bem isso antes, pois não se comporta como se convivesse com um transtorno mental tão sério.
Resultado: ficou ainda mais inconstante e irritadiço. Eu precisava pisar em ovos o dia inteiro, pois qualquer contrariedade era motivo para uma briga séria. Passava o dia a bufar e revirar os olhos, falando mal de tudo e de todos. Não tinha energia para nada. Há alguns anos, ele se relaciona somente comigo: não fala com a família, não procura amigos, então tudo ficou mais difícil porque ele passou a me ver como a única pessoa que o critica e que aponta comportamentos destrutivos. Acha que minha visão é que está adoecida. Não se percebe.
Nunca tinha falado em divórcio, mas numa briga simplesmente gritou na minha cara que o queria, depois de me dizer coisas horríveis por eu estar pedindo mais respeito. Na semana anterior, estávamos puro amor, mas um acidente doméstico que ele teve o jogou de volta na crise, acho que pelo trauma. É muita loucura. Estou uma pilha por ter lidado com tanto estresse e ansiedade por todo esse tempo. Preciso agora cuidar de mim. Sinto que a gente tenha perdido para a bipolaridade, pois há amor entre nós.
Apesar do rompante, ele saiu da hipomania e foi bastante carinhoso durante essa fase de separação. Eu também. Vamos manter a amizade. Estou triste, mas aliviada.
Obrigada por poder me expressar neste espaço e reconhecer minha vida em tantos depoimentos.
Vanessa
Há momentos em que é preciso tomar uma decisão drástica em prol de nossa própria vida, mesmo que isso seja muito doloroso.
Ainda que seu marido seja “uma pessoa ótima, quando não está em crise”, você chegou à conclusão de que tais momentos não compensavam o restante do tempo, quando ele “ficou ainda mais inconstante e irritadiço” e, como diz, “são cada vez mais raros os momentos em que o vejo bem”. Tudo tem um limite, pois não há ser humano capaz de viver sob constante estresse. Não há amor que perdure. Ter que pisar em ovos é tido como um dos fatores mais estressantes, pois a pessoa passa a viver sob constante ameaça. E o fato de ele relacionar apenas consigo, torna sua carga ainda mais pesada, enquanto alivia a dos parentes próximos. Precisava mesmo botar um fim nesse ciclo vicioso. Talvez agora ele seja capaz de enxergar que é ele quem está adoecido e precisa de um tratamento mais eficaz.
Você diz:
“Estou uma pilha por ter lidado com tanto estresse e ansiedade por todo esse tempo. Preciso agora cuidar de mim. Sinto que a gente tenha perdido para a bipolaridade, pois há amor entre nós.”
Não é para menos, minha querida. Quando temos alguma pessoa chata e cansativa na família já nos desgasta muito, imagine quando se trata de alguém muito íntimo, com o qual dividimos a maior parte de nossa vida diária! Você agiu corretamente. É bom que ainda haja amor e não apenas desgosto, o que tornará a possibilidade de serem amigos mais efetiva e a separação menos traumática.
Conte com o nosso amor e carinho. Continue em contato com este cantinho.
Beijos,
Lu
Lu, muito obrigada pelas suas palavras, pelo seu apoio.
Eu preciso ficar me repetindo que estou fazendo a coisa certa o tempo inteiro, porque, como ainda há amor entre a gente, tudo se torna ainda mais difícil. Mas eu tenho certeza que meu limite foi rompido há anos e que daqui para a frente seria apenas ladeira abaixo, com consequências terríveis para a minha saúde emocional, psicológica e até física, pois eu somatizo muita coisa. E ele também que precisa de um ambiente calmo e não de uma esposa estressada, pressionando. A conta jamais fecharia. Nenhum dos dois teria suas necessidades atendidas. É muito triste. Mas também há aspectos muito positivos e prevejo um futuro com muito mais paz e saúde.
Vanessa
Conte sempre com o meu apoio.
Beijos,
Lu
Sou casada há 20 anos com um bipolar. Muito sofrimento, humilhações; percebi seu comportamento inquieto, até o confundi com TDA, mas quando decidi que tinha que procurar um psiquiatra, logo veio o diagnóstico de bipolaridade.
Logo deu início ao tratamento, porém nunca aceitou o problema. É um homem generoso, trabalhador, honesto. Sua bipolaridade não tem ciclos, mas alterna de humor várias vezes ao dia. Antissocial, ele se isola até da família, discute com todos até no trabalho. Não sei se é ciúme, mas adora me humilhar perto dos meus colegas de trabalho. Temos uma filha de 15 anos, que às vezes diz que não é sua filha. Antes parou de fumar e beber (sinceramente era meu orgulho). Quando abandonou o tratamento retornou a fumar e a beber. O problema é que tomei uma decisão de não sofrer mais com isso. E não aceito mais um homem que fuma e bebe, até porque fica descontrolado e compulsivo. E sinceramente esse retorno pra mim, é como se voltasse à vida antiga, de abandono e mais sofrimento.
Disse a ele que não quero mais continuar casada, não dormimos mais juntos e falamos só o necessário. Outro dia me peguei perguntando a Deus. Sei que o casamento foi escolha minha, mas continuar sofrendo assim, não é normal. Tenho 45 anos, não posso receber ninguém na nossa casa. Tenho carro, mas não saio com ele pra evitar as humilhações. Ele não aceita o fim, ou não acredita, age de forma natural. Não sei mais o que fazer.
Desculpe o desabafo!
Ivone
Depois de tanto sofrimento, sem a possibilidade de ver luz no final do túnel, a única alternativa é realmente o afastamento. Você fez tudo que era possível, mas agora é preciso pensar em si mesma, pois ainda é muito jovem e merece ter uma vida nova. Se conviver com um doente bipolar já traz tanta dor, imagine quando esse abandona o tratamento e joga-se na bebida e no cigarro. Ninguém merece!
O casamento foi uma escolha sua, realmente, mas você não escolheu viver em meio a tanta humilhação e descontrole. Todo ser humano necessita de paz para existir. E, a vida entre vocês, como está, acabará também afetando sua filha. Penso que só lhe resta a separação, uma vez que ele abriu mão do tratamento.
Você diz: “Ele não aceita o fim, ou não acredita, age de forma natural. Não sei mais o que fazer”. Talvez porque você vem falando isso há muito tempo e nunca cumpriu. Busque alguém no campo jurídico para que possa aconselhá-la no que diz respeito à separação e sobre seus direitos e os de sua filha. Agora é hora de agir, não fique esperando que o tempo resolva por você. Ainda é muito jovem e tem uma longa vida pela frente. Não carregue uma carga que não esteja aguentando.
Aguardo novas notícias suas.
Beijos,
Lu
Obrigada, Lu!
Sua resposta me trouxe um pouco de alento. É muito bom conversar com quem entende a gente. Por muito tempo carreguei a tal culpa cristã. Mas agora chega, não aceito mais nenhum tipo de desculpa. Nos momentos em que mais precisei ele sempre me deixou sozinha, logo aprendi a viver assim. Minha história não é muito diferente dos relatos aqui. Cada um que leio me faz sentir uma dor na alma, porque sei bem o que é essa convivência. Tudo é muito difícil, nunca pode ser contrariado, eu me sinto mais mãe dele do que esposa. Muito difícil. Tenho que ser forte por mim e minha filha.
Muito obrigada pelo carinho.
Ivone
Nada a agradecer, minha querida. Conte sempre com este cantinho.
Abraços,
Lu
Lu
Depois da situação criada pelo meu ex, começo a retomar o rumo da minha vida. Ele retornou para a família no dia 28/06 e eu voltei para minha casa. Fiquei uma semana ainda muito ansiosa, meu cabelo caiu bastante, tive muita insônia, além do sofrimento causado pelo fim do casamento.
Apesar da saída dele, ficaram muitos livros que “deveriam” ser vendidos e eu faria a entrega. Entretanto, ele não anunciou nada e nem me passou os valores. Além disso, percebi que a postura dele em negar a doença e o tratamento continuam.
O que farei agora é continuar minha vida, trabalhar e me cuidar. Continuo na terapia, vendo o psiquiatra e tomando a medicação para depressão e ansiedade. Começo a ver novo sentido em viver sozinha, sendo responsável somente por mim.
Muito obrigada pelo apoio e carinho.
Grande abraço,
Zoraide
É muito bom saber que as coisas estão entrando no eixo. Parabéns pela sua tomada de atitude e não ter se permitido viver no sofrimento. A dor que agora sente é passageira. Ponha-se agora como centro de sua vida e cuide bem de si. Também não se afaste de nós.
Você é um exemplo de vida!
Beijos,
Lu
Lu
Resolvi me separar,pois meu ex-marido é bipolar e seu estado de negação com a doença ficou insuportável para mim.
Em março eu o mandei de volta para a família, pois moro em outro Estado. Daí em diante, fui conversando com ele e mostrando como o casamento ficou desgastado com a gangorra emocional da depressão e mania. Diminuí a frequência das mensagens e fui me afastando, deixando claro que era o fim.
Na sexta-feira 12/06, eu recebo um e-mail enviado as 04:53 da manhã. Era ele fazendo uma declaração de amor, parecida com as do início do casamento em 2013. Minha impressão foi a de que estava congelado num passado e não entendeu que eu não sentia o mesmo. Respondi horas depois reafirmando que não existia casamento e que ele teria que seguir sua vida, se tratar, buscar emprego, viver. E o dia continuou… por volta das 16:00h, escuta chamar meu nome. Era ele!
Pegou um voo e veio de “surpresa” me visitar como se fôssemos o casal apaixonado que morre de saudades e faz uma loucura para se rever. Fiquei chocada, paralisada. Além de vir sem aviso, também não tinha dinheiro para voltar. Confesso que a vontade era de mandar se virar, porém entendo que a doença estava dominando seus pensamentos e ações. Ele agora está aqui em casa como se fosse um hóspede que mal conheço. Distorceu os fatos, a fala da psicóloga que o atende, afirmando que ela o apoiou totalmente a vir de surpresa. Conversei com ela e soube de sua tentativa de fazê-lo mudar de ideia, porém em vão. Tal é o desligamento da realidade.
Resolvi agir. Comprei uma passagem e ele retorna para a família em 10 dias. Os familiares não têm dimensão da gravidade do adoecimento e delírio dele. Liguei, expliquei, porém não deram atenção. Eu não sinto segurança em passar mais uma semana com ele e, casa. Por isso, acionei minha rede de apoio e ficarei em outro lugar. Estou despedaçada, tudo isso parece um pesadelo…
Zazá
Todos nós entendemos perfeitamente o que você está passando. Enquanto seu marido não levar a sério o tratamento, conviver com ele se torna um risco. Você está agindo corretamente em todos os pontos, inclusive ao mostrar para ele que não estão vivendo juntos mais. Nenhum “amor”, por maior que seja, é capaz de viver sendo torturado diariamente e cheio de medo. Amor é na verdade confiança e compartilhamento. Comprar a passagem e mandá-lo de volta foi uma decisão muito sábia, pois, pelo que tem escrito, a gravidade do problema dele acentua-se cada vez mais e você não pode esperar para ver em que ponto será capaz de chegar. Precaução nunca é demais. Não adianta fechar a porta depois que foi arrombada.
Amiguinha, avise à família que em razão do estado dele, você não pode abrigá-lo, cabendo a ela arcar com tal responsabilidade, inclusive a de incentivá-lo a fazer o tratamento, antes que um mal maior aconteça.
Fico tranquila ao saber das medidas tomadas por você. Continue me escrevendo.
Beijos,
Lu
Li todo o texto e todos os comentários.
Estar se relacionando com um bipolar seja no namoro, noivado ou casamento é muito, mas muito difícil. Sou casada com um e estou sofrendo muito. Ando bastante angustiada e triste. Em alguns períodos nos quais ele teve crises, passei por várias situações constrangedoras e ruins. Atualmente ele está fazendo o tratamento de maneira correta e também psicoterapia para ajudar nos períodos das crises.
Alguém aqui sabe me informar se existe algum grupo ou canal de comunicação para cônjuges e familiares de pessoas que convivem com bipolar poderem trocar experiência informações?
Viviane
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, conviver com pessoas com bipolaridade não é realmente fácil, pois a doença também acaba afetando as pessoas em derredor do doente. Ainda bem que o seu marido aceitou o tratamento, o que o ajudará muito e, por tabela, você também. Não conheço nenhum espaço que preste auxílio aos familiares e cônjuges de tais doentes, mas poderá vir aqui sempre que precisar. Não sofra sozinha. Vou lhe enviar alguns links de textos que a ajudarão.
Abraços,
Lu
Vendo estes relatos, me faz ter mais certeza que meu marido é bipolar, várias vezes já disse que ele é doente e precisa se tratar, mais hj tenho que certeza que ele é bipolar, estamos juntos a 13 anos e desde o começo ele já dava indícios, pois ele é o homem bom trabalhador, gosta de ajudar as pessoas, mais do nada ele surta e vira outra pessoa, (principalmente se for contrariado), fica agressivo, quebra tudo que vê pela frente…
Márcia
Achei o seu depoimento muito interessante. Servirá de ajuda para muitas mulheres que passam por fatos como os seus. Eu acabo de publicá-lo como texto.
Beijos,
Lu
Lu,
olhando os relatos sobre bipolaridade de companheiros, eu me identifiquei muito.
Amanda
Seu comentário dará origem a um texto. Aguarde!
Boa noite… Li alguns comentários e estou pasma. Estou procurando ajuda psicológica, pois sei que sozinha não vou conseguir.
Bom, sou enfermeira e namoro uma pessoa maravilhosa há um ano. Porém, há um mês meu namorado (ou ex) não parece mais a mesma pessoa que conheci e com quem me encantei.
Fernanda
Transformei o seu comentário num texto em razão de seu valor, pois servirá de apoio para outras pessoas com o mesmo problema.
Beijos,
Lu
Oi, Lu!
Nossa, muito obrigada! Eu realmente me senti à vontade para escrever depois que vi tantos casos parecidos com o que vivo/vivi.
Nós não tivemos filhos, pois quando pensávamos em adotar, ele entrou em mania. O alívio que estou sentindo já me ajuda a ver mais adiante.
Estarei sempre que possível por aqui interagindo.
Beijos,
Zo
Zo
Será sempre um prazer recebê-la neste espaço!
Abraços,
Lu
Amigos
Lendo muitos dos depoimentos, eu me identifiquei com eles.
Meu (ex) marido foi diagnosticado com transtorno bipolar há 3 anos. Eu comecei a perceber uma mudança muito grande no comportamento dele. Começou a gastar demais, comprando muitas roupas que nunca usou, livros, cursos online que não cursou. Passei por um período muito difícil de recaída da depressão associado com crise de fibromialgia no final de 2017. Nesse período não consegui trabalhar e como ele era muito organizado com as finanças até então, não me preocupei.
Quando melhorei, comecei a ver vários boletos guardados sem pagamento. Olhou o saldo da conta e, três dias após meu pagamento, já não tínhamos nenhum dinheiro. Fiquei desesperada, angustiada. Ele já fazia acompanhamento psiquiátrico, mas sem um diagnóstico fechado. Conversei com a psiquiatra e contei os fatos. Então ela me confirmou que ele tinha transtorno bipolar. Passei noites sem dormir, angustiada. Porém pensei: tenho que saber como é esse transtorno e o que fazer para melhorar. Apesar de todas as minhas tentativas, ele ia aos psicólogos e ficava calado; passou um ano negando o diagnóstico e dizendo que os médicos estavam errados. Além disso, ele tentou suicídio duas vezes e a última foi ano passado em agosto quando estava sozinho em casa.
Decidi mandá-lo ficar com a família um tempo em outro Estado, porque eu já não aguentava mais e adoeci. Lá ele se enganava com o tratamento, dizia estar melhor. Apesar de desconfiar dessa melhora, resolvi recebê-lo e tentar mais um vez, pois estávamos casados há 5 anos e não ele sempre foi um marido carinhoso, cuidadoso.
Em dezembro do ano passado, fiz uma viagem para descansar um pouco, renovar as forças. Mantive contato com ele, mas queria conversar o tempo todo, o que não fazia em casa. Quando retornei, estava transtornado, entrou em mania, medicação foi ajustada, mas ele continuava em negação. Com uma nova psicóloga, achei que ele poderia melhorar e mudar o comportamento. Infelizmente isso não aconteceu. Diante de tanto estresse e angústia, resolvi me separar.
Conversei com ele sobre terminarmos o casamento, mas ele sequer me ouviu. Pedi que voltasse a morar com a família, mas ele acredita que em alguns meses estará bem. Estou decidida a não reatar pelo bem da minha saúde mental.
Zoraide
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, não são poucas as pessoas com cônjuges com tal doença e em razão dos surtos de mania acabam destruindo a relação, principalmente quando o companheiro (ou companheira) nega-se a aceitar o diagnóstico, sendo o que mais acontece. A pessoa responsável pelo doente passa a viver uma vida muito difícil. Caso não se cuide, acabará doente, pois a barra é muito pesada para suportar.
Zoraide, no seu comentário você não diz se tem filhos, o que tornaria a relação ainda mais complexa numa separação. Penso que você agiu bem ao separar-se, depois de ter tentado fazer com que ele assumisse a própria enfermidade. A separação fará com que ele leve o tratamento a sério, caso queira voltar para você. Talvez a pressão da família tenha uma força maior. O que não podia mesmo era continuar fazendo mal a si mesma. Sua saúde mental é seu bem maior, capaz de ajudá-la a tomar decisões corretas, não abra mão dela, pois, como diz, já passou por uma recaída de depressão. Quanto à fibromialgia, há um artigo de um médico neste site em que ele fala da importância dos lactobacilos para quem tem essa doença.
Amiguinha, saiba que tem neste espaço pessoas que convivem com problemas semelhantes aos seus. Não se sinta só. Mantenha contato conosco. Vou lhe enviar uns links que poderão ajudá-la. Estamos todos torcendo por você.
Beijos,
Lu
Há 3 anos meu marido teve um surto visível e notável pra qualquer pessoa. Nós conseguimos convencê-lo a ir ao psiquiatra e ele foi diagnosticado com tipo 1, faz o tratamento até hoje com lítio e exames de sangue periodicamente, por um tempo também fez psicoterapia que o ajudou muito a encontrar os gatilhos para possíveis crises.
As crises dele nunca foram agressivas, pelo contrário, sempre foi uma pessoa do bem, de coração bondoso. Ele começou a dar nossos bens e a maioria das loucuras que fazia era para ajudar as pessoas de quem ele gosta: passar nossa casa para o nome da irmã, querer comprar com nosso CNPJ 4 carros (pra irmã, pro meu irmão, pra ele e um para um tio nosso). Apesar de tudo são coisas boas, nunca me encostou um dedo em mim; percebi que ele ficava mais nervoso, levantava o tom da voz e logo saía de casa, mas agressão física nunca houve.
O problema dele é a libido que fica aflorada; começa a cantar as mulheres pelo zap ou pelo face, nunca cara a cara, mas já até chegou mandar mensagens indiscretas para a sogra do meu irmão que já é uma senhora, para uma prima e uma vizinha; sempre flerta com mulheres e depois se sente envergonhado e tal, mas não demora muito e faz tudo outra vez. Eu não entendia que isso poderia ser parte de um ciclo dessa doença e muitas vezes me sentia humilhada, pois conheço essas pessoas e com muitas delas tenho certa afinidade.
Ele começa a se distanciar dos filhos (ele sempre foi muito presente e fez de tudo por eles); começa ficar quieto; deixa de querer trabalhar pra ficar em casa e passar a mão em algum celular que esteja de bobeira pra começar seus joguinhos. Depois da psicoterapia, por desejo dele mesmo, ele se desfez do celular e pediu que todos em casa colocassem senha. Disse que celular e computador pra ele é o mesmo que um drogado passar na frente de uma boca de fumo (palavras dele). Ele ganha nossa confiança e começa a pedir o celular pra falar com os pais que moram em outra cidade e tal; quando percebo, depois de um longo tempo, digo meses, ele volta com os mesmos problemas.
Isso é uma questão dessa doença ou é algum outro problema, pois às vezes não entendo, na verdade cheguei a um ponto que nem penso muito mais… Nessa última crise pelo menos ele só ficou nas mensagens de sexo e quando descobri, ele me escreveu um bilhete dizendo arrependido, que tinha culpa, mas que não tinha entrado em faces e nem falado com outras mulheres; Detalhe: só descobri porque ele pegou no celular da minha amiga e ela me contou.
Ellen
A sua vida, assim como a de todas as pessoas que convivem com entes queridos que possuem bipolaridade, não é fácil. Por mais equilibrada que sejam, tais pessoas necessitam também de um acompanhamento psiquiátrico e o que mais o profissional indicar para conseguir conviver com bipolares. O doente bipolar transforma as pessoas que vivem ao seu redor em vítimas de sua doença. E elas, se não buscarem ajuda médica, necessitarão se afastar, antes que caiam numa depressão profunda. É por isso que lhe pedi para buscar um psiquiatra e contar-lhe como anda sua vida.
Pelo que me disse, os medicamentos não têm surtido efeito com o seu marido. Ele tem voltado ao médico com regularidade? Saiba que, com o passar dos anos, o corpo vai se acostumando com esse ou aquele medicamento, sendo necessário mudá-lo, pois não faz mais efeito. Talvez seja esse o problema de seu esposo.
Fico feliz ao saber que ele não a agride fisicamente. Tudo o que você relatou faz parte do ciclo da doença, sim. Não se trata de outra doença. É desequilíbrio no cérebro dele. É importante que a família (irmãos, tios, primos…) tomem ciência do problema dele e não aceitem a
“generosidade” excessiva dele, ou seja, não o explorem. É preciso contar para eles. Outra coisa, consulte um advogado no sentido de que seu marido não possa fazer nenhum negócio sem a sua anuência em razão da doença que possui. Faça a pesquisa no fórum de sua cidade.
Amiguinha, venha sempre falar conosco.
Um beijo no coração,
Lu
Não sabia que essa questão da pessoa fazer besteira, pedir perdão, mudar por um bom tempo e depois fazer tudo outra vez fosse um sintoma da bipolaridade. Outro dia estava pesquisando para ver se era um outro transtorno psiquiátrico, um desvio de caráter ou algo assim, não associei à bipolaridade.
Sou casada há 16 anos e descobri que meu marido é bipolar há 3 anos atrás, quando ele teve um surto master, muito alucinado. Até então achava que algumas coisas eram da personalidade e tal, mas fui analisando alguns fatos e vendo o quão surreal eram aquelas coisas que ele fazia e eu sempre ali disposta a perdoar. Ele era convincente e relamente mudava a ponto de me fazer esquecer os momentos ruins, tornava-se o cara mais romântico, como na época de namoro…
Eu lutei pelo que acreditava ser amor, pelos nossos 3 filhos, mas estou esgotada, tento terminar esse relacionamento mas ainda assim me pego pensando em como ele vai ficar, porque não tem familiares que se importam com ele; já cheguei a achar que eu estou ficando louca…essa doença é brutal, terrível para um cônjuge. Preciso me afastar dele; eu me casei aos 17 e hoje aos 34 me sinto acabada, sem ânimo, sem alegria por conta dessa doença.
Ellen
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, a primeira coisa que gostaria de saber é se seu marido já teve o diagnóstico de bipolaridade confirmado, pois as doenças mentais são muitas vezes parecidas. E se já foi diagnosticado, encontra-se em tratamento? Caso isso ainda não tenha sido feito, providencie para que ele vá ao psiquiatra e seja medicado, pois os surtos dessa doença são muito perigosos. Pesquisar na internet e basear-se apenas na sua observação não darão ao seu marido um diagnóstico preciso, o que é muito importante. Faça isso rapidamente! Há bons medicamentos no mercado.
Realmente é difícil sair de um casamento com três filhos, ainda mais quando o outro, doente, não tem quem cuide dele. Ainda assim, se ele tem partido para a agressão física (fato comum ao bipolar), é preciso que você tome medidas mais sérias para o seu bem e o de seus filhos. Antes de levar o seu marido ao médico, procure marcar uma consulta com um psiquiatra para você. A Delegacia de Mulheres também poderá ajudá-la, orientando-a e encaminhando-a para um tratamento, pois o companheiro (ou companheira) de uma pessoa com bipolaridade também acaba adoecendo, tornando-se, principalmente depressiva. Veja isso com uma certa urgência.
Ellen, saiba que não se encontra sozinha. Venha sempre aqui conversar conosco.
Abraços,
Lu
Boa noite, Carlos!
Olha, meu ex marido me traiu muito, também. Sobretudo no namoro e não vejo isso como impulso sexual aflorado, porque comigo o impulso era normal, até meio baixo, se tem que ser questão de impulso sexual aflorado seria comigo também, mas eu entendi como questão de ego. A pessoa fica egoísta, inconsequente e com ego inflado, nada a coloca pra baixo, bem o oposto da fase depressiva mesmo.
Eu o perdoei várias vezes sem mesmo saber da doença, mas no casamento eu resolvi pensar um pouco em mim… Afinal era eu que passava noites em claro, pensando em tudo que ele já fez, enquanto ele dormia tranquilinho. Veja o que é melhor pra você, o que lhe dará paz e fico feliz que ela queira se tratar.
Que Deus os abençoe.
Abraço
Magdaline
Obrigado por abordar o tema do transtorno bipolar do ponto de vista do cônjuge. Trata-se de uma doença terrível que traz consequências terríveis tanto para a pessoa doente quanto para aqueles que a amam.
Sou casado há 23 anos e tenho três filhas. No início de 2019 descobri que minha esposa me traía com várias pessoas online e com alguns encontros furtivos com diferentes homens. Meu mundo caiu. Descobri que ela fazia isso desde 2015, com intervalos de meses e depois recaindo no mesmo tipo de comportamento. Descobri que em 2005 ela também me traiu num caso isolado que durou cerca de 1 mês. Como nada fazia sentido, nem pra ela mesma, fomos a dois psiquiatras que a diagnosticaram com o transtorno bipolar. Nos últimos anos, portanto, ela teve crises maníacas que a faziam me trair.
Controle pobre dos impulsos e hipersexualidade são sintomas terríveis da bipolaridade. Ela está completamente consciente da doença, aceitou o tratamento e está muito bem. Pra mim, no entanto, ficou o trauma de lidar com as coisas que ela fez quando maníaca. Estou tentando prosseguir com o relacionamento, mas não é tarefa simples.
Li vários relatos aqui hoje…
José Carlos
Seu relato será publicado como texto na parte principal do blogue.
Estou aqui a deixar um comentário pela segunda vez, como uma forma de desabafo da minha parte.
Estou vivendo um inferno com meu marido bipolar (não aceita tratamento). São 7 anos de relacionamento é 4 de casamento. Tenho uma filha de 11 anos. Ele está em mania desde o final de novembro, bebendo exageradamente. O pior é que vi uma pequena melhora depois de uma longa conversa que tive com ele e me permitir acreditar que seria diferente, que a normalidade se instalaria depois disso.
Antes da conversa eu havia agendado uma viagem para mim e minha filha, após três dias dele fora de casa, queria sumir um pouco, esfriar a minha cabeça. Eis q ele insistiu para ir… fui para cair um pouco fora do problema e o problema foi junto. Surtou de vez agora na viagem… simplesmente ficou 4 dias sem me encontrar e falar comigo.
A família agora me ataca, jogam a responsabilidade em cima de mim… de um problema que vem de anos. Parece-me que não posso ter uma vida, não tenho esse direto, sabe?! Tudo gira em torno dele. Ele transforma as crises em problema conjugal. Essa é a terceira vez que “participo”! Estou muito triste e revoltada, sempre fui dedicada ao casamento e uma parceira e tanto. Isso não é justo. Chegou ao insustentável… tenho amor por ele, mas acredito que este inferno será pela vida inteira. Estou exausta e não tenho mais esperança.
Rafa,
eu te entendo perfeitamente! Nossa história é muito parecida mesmo, só não tive filho… Infelizmente se ele não quer se tratar não há esperanças. Ele tem que querer e infelizmente a tendência é piorar. Você pode notar que ele não dava crises antes, agora dá.
Infelizmente em alguns momentos na vida temos que ser egoístas. Na verdade não é egoísmo, é amor próprio, precisamos nos amar e não podemos ser obrigadas e viver nesse ciclo deles, se não querem se tratar. Dificilmente um bipolar que não se trata tem um casamento duradouro.
Você sabe o que é melhor pra você.Tudo de melhor pra sua vida, minha linda!
Seja feliz!
Beijo
Nossa… descreveu 90% do que estou vivendo com meu marido pela terceira vez.
Nosso relacionamento é de 7 anos e 4 de casamento. Acho que agora vai acabar de vez… ele está completamente surtado. Não aceita o diagnóstico, o tratamento… nada. Eu me sinto emocionalmente e psicologicamente exausta, já não estou dando conta mais… a palavra que encontrei para definir os comportamentos dele nesse período (que é o de mania, mais fortemente) é SURREAL! Estou muito triste!
Rafa
Sei que não é fácil. Quando a pessoa não aceita o tratamento, a relação não tem como continuar, pois o parceiro sofre muito. Aqui no site temos muitos relatos sobre bipolaridade que poderão ajudá-la. Além disso poderá contar conosco. Sempre que precisar, venha conversar com a gente.
Abraços,
Lu
Nossa, gente, que bom ler tudo isso!
Eu acabei de sair de um relacionamento com uma bipolar, mas no caso, eu quem terminei 3 vezes porque eu acabava ficando doente. Aí passava um tempo, ela vinha atrás de mim com um discurso lindo e voltávamos.
Nós namoramos 2 anos e moramos juntas 1 ano e meio. Enquanto namorávamos, ela já tinha me falado que era bipolar, mas eu não entendia do transtorno e achava que era só uma depressão devido a dificuldade e cobrança dos últimos anos da faculdade de medicina. Com 1 ano de namoro eu também entrei pra faculdade de medicina e mudei de Estado. Continuamos o namoro à distância, mas eu era sempre muito cobrada por tudo. Dizia que eu não cuidava dela, não dava atenção, depois começou a reclamar da cama, sendo que quem tinha problema era ela, enfim, inúmeras projeções, inúmeras palavras que eu não merecia ouvir.
Quando ela se formou, passou na residência e veio morar comigo. No começo estava tudo lindo, mas com uns 6 meses começou a reclamar de mim. Mandou eu ir a um médico porque estava doente. Fui e ele me disse que eu não tinha nada, era só cansaço da faculdade mesmo. Depois ela sugeriu que fôssemos a uma terapeuta de casal. Ela foi a 2 sessões e não quis ir mais, eu ainda fui em mais umas duas, mas não achava sentido ir sozinha a uma terapia de casal. Depois mandou eu procurar um psicólogo, comecei a fazer terapia, mas ela nunca fez. E sempre eu que era a errada de tudo. Ela brigava por coisas mínimas e sempre me fazia sentir culpada pela briga.
Bom, eu fiquei saturada, ela me agredia com palavras, me fazia sentir a pior pessoa do mundo e insuficiente pra ela. Eu comecei a somatizar tudo: era dor de cabeça que não parava com nada, fadiga, insônia, vômitos, sem contar que eu já ficava tensa só de pensar que tinha que ir pra casa, pois não sabia como iria estar o humor dela, até que decidi me separar, mesmo me sentindo culpada por ela ter vindo morar comigo em outro Estado.
Quando terminei, senti um grande alívio, parecia que eu tinha saído de uma prisão, pprque já tinha me afastado da minha família (eles começaram a reclamar da cara fechada dela na casa deles), afastei dos meus amigos, pois ela nunca gostava de nenhum, não saía mais, ela nunca queria ir aos lugares, não viajava mais, sempre que combinamos uma viagem, chegava na hora ela não queria ir.
Ficamos 5 meses separadas e ela veio atrás de mim, dessa vez consciente da doença, estava fazendo terapia, tomando os remédios (isso ela até sempre tomou, mas não bastava). Acho que eu negava pra mim também, acabei acreditando que ela tinha amadurecido e muita coisa era pela imaturidade dela. Mas com 1 mês de relação, ela veio me dizer que estava entrando em depressão comigo e me culpou por ter saído da residência médica pelas dívidas dela (comprava muito quando estava em mania), disse que eu tinha que ser firme com ela e que eu não era, e meu perfil não servia pra ela, além disso estava meio dividida entre eu e outra pessoa, que já não me amava como antes.
Ah, não aguentei! Terminei o relacionamento e falei pra ela ir viver com essa pessoa que talvez tenha o perfil que ela quer e consiga viver nessa instabilidade emocional. Eu ando sofrida, com a autoestima lá em baixo. Eu conscientemente sei que não tenho culpa de nada, que tentei levar nosso casamento até onde eu consegui, mas eu adoeci nele. Não consigo esquecer as palavras dela pra mim, as acusações.
Eu não sabia q era uma característica dos bipolares culparem tanto a gente por tudo que dá errado na vida deles, eu me sinto até aliviada depois que comecei a ler o lado dos cônjuges, pois até então só via artigo falando da doença, mas não de como fica quem se relaciona com eles.
Muito grata por compartilharem a experiência de vocês comigo!
Rafa
Não é fácil lidar com uma pessoa bipolar. Você agiu muito bem ao acabar o relacionamento, pois a tendência era a de que ficasse cada vez mais doente e convivência turbulenta. Quanto mais o doente bipolar convive com a pessoa, mais tende a maltratá-la, imputando a ela os seus delírios. Não se atenha ao que foi dito por sua antiga companheira, pois faz parte da doença. Tampouco procure reatar tal relação, pois cada afastamento é um agravante para ambas. Passe uma borracha no passado e inicie vida nova. Não nos é possível mudar o passado, mas é possível, sim, aprender com ele. É muito comum, nesses casos, a vítima trazer para si a culpa de a relação não ter dado certo. Mas isso não passa de uma infundada vitimização. Há outros relatos neste espaço que poderão ajudá-la. Sinta-se feliz por ter conseguido se libertar de tanto sofrimento. A vida é muito curta para nos amarrarmos num relacionamento que não seja prazeroso. Vida nova, amiguinha.
Será sempre um prazer recebê-la neste espaço. Agradeço o seu depoimento e confiança. Ele será de muita valia para outras pessoas em situação semelhante.
Beijos,
Lu
Rafa
vou começar falando como você… que bom ler isso. E como é bom não estar sozinho nisso. Não que eu queira que você, ou outra pessoa passe por isso. não! Não! Mas é que a gente se sente muito, mas muito mal com tudo isso.
No início foi muito difícil ter paciência com ela. Eu não tinha ideia do que se tratava. Ela me deixava completamente transtornado e a bateção de boca era fatal. Depois, por conta própria, fui me ligando no que ocorria. E numa dos surtos dela de agressiviade internei-a. No que a mesma me culpa ferozmente por isso até hoje.
É incrível a facilidade como eles nos culpam. Eu sempre quis cuidar dela. Queria saber como marido o nome, quem era, de onde eram seus médicos psquiatras mas NUNCA, nunca me disse o nome deles. Num dos inúmeros surtos resolvi me separar de vez. Não aguentei uma relação extremamente angustiante, tóxica, penosa e dolorosa. Porque é muito ruim você ver a pessoa que (ao menos) tem muito carinho passar por situações dessas. É deplorável.
Temos um filho. Não é simples assim. Dessa vez as manias, principalmente de acusações estão demorando, mesmo com remédios, a passarem . E outra. Não sei se é verdade, mas a psiquiatra confirmou isso. O cérebro de uma pessoa que entra varias vezes em crise se desgasta e pode levar a problemas piores. É como se o cérebro com o tempo apodrecesse. A grosso modo falando. Talvez seja verdade. A expectativa de vida de gente bipolar é baixa.
Abraços
Tenho grandes suspeitas de que meu ex-companheiro sofria de bipolaridade, pois ele se irritava muito com coisas pequenas, tinha bastante ciúme e me acusava de olhar para outros caras, inventava briga do nada, não tinha muita paciência, sempre se julgava superior aos outros, tinha dias que estava calmo e em outros se irritava com tudo, ficava sempre me jogando pra baixo, dizia que eu era uma pessoa sem identidade, de repente começava a comprar coisas sem necessidade, e aí foi quando começou a se impressionar com religião e disse que queria ser pastor…
Certo dia acordou dizendo que íamos oficializar nossa união… já estava providenciando as alianças… tivemos uma pequena discussão e dias depois ele quis terminar tudo… disse que não gostava tanto de mim, que eu não era a pessoa ideal pra ele e queria que fosse embora imediatamente. Surpreendida com o que ele acabava de me falar, disse que ficaria mais uns dias, pra ver se ele mudava, mas ele ficou me ignorando. Passados alguns dias ele disse que era bom eu ir embora, porque não ia adiantar ficar lá, pois estava decidido e não ia mudar de opinião.
Fui embora e ele continua firme na decisão. Achei-o super estranho, frio de sentimentos e fiquei com medo dele ficar agressivo. Já havia dito a outras vezes que queria separar, mas mudava rapidamente de opinião, só que dessa vez ele está firme, mas ainda está recente. Estou triste com tudo isso, pois não entendo como mudou tão rápido e ficou frio comigo. Não sei se voltará a me procurar, mas tudo que leio sobre bipolaridade na fase de euforia se encaixa .
Diana
Ao ler sua descrição acerca de seu ex-companheiro observo que tudo leva a crer que ele seja realmente bipolar. Se isto for realmente comprovado, a melhor coisa que lhe aconteceu foi a separação, pois todos os casos terminam assim. O convívio com estas pessoas é extremamente difícil e, quando não medicadas, passa a ser perigoso. A menos que ele faça tratamento, você jamais poderia pensar em voltar ao relacionamento. Para que agregar problemas à sua vida? Parta para uma nova relação e encontre uma pessoa que a admira e respeita. Nenhuma união sobrevive ao desrespeito. Se voltar para ele sua vida será uma roda-viva de sofrimento, a menos que o moço aceite fazer um tratamento sério.
Temos neste espaço muitos textos e comentários sobre o assunto e outros mais relativos às doenças mentais. Continue em contato conosco. Gostei muito de recebê-la aqui.
Beijos,
Lu
Eu acabei de sair de um namoro com um bipolar, durou um ano. Junto com a bipolaridade que já não é fácil, ainda tem o problema do alcoolismo.
Ele passa da fase maníaca para a depressiva no mesmo dia, as fases não são longas. Em meio ao surto a bebida, o que o deixa mais agressivo e fora da casinha; surtava e me xingava; criava histórias de que eu o trai ele; não falava nada com com nada, mentiroso, parecia uma fera na minha frente e de repente em minutos parecia uma criança. As mudanças eram muito rápidas, passei por muitos momentos difíceis. Estimulei o tratamento dele, mas o tratamento nunca durava mais que 3 semanas, parava os remédios e bebia muito com o remédio ainda no organismo, potencializando a agressividade. Nunca me agrediu fisicamente, mas estou esgotada mentalmente e não quis esperar o dia da agressão física acontecer pra cair fora.
É triste ver alguém de 29 anos assim, mas não aguentei mais e não posso querer resolver a vida dele por ele e ultimamente tinha medo dele, pois estava muito surtado. Dei a última chance quando voltou a morar com os pais, mas mesmo assim está fora de controle, nem os pais sabem mais o que fazer. Após ele surtar comigo na praça de alimentação de um shopping, xingar, gritar, falar mentiras, ser agressivo na frente de todos a ponto de chamarem o segurança, eu decidi terminar de vez. Agora me sinto triste mas é menos do que quando estava com ele, vai passar, vou me fortalecer de novo.
Mariana
Você fez muito bem ao sair dessa relação, pois, quando não tratada, a bipolaridade fica fora de controle e tudo pode acontecer. Não adianta ficar esperando melhoras, quando a pessoa não leva o tratamento a sério. Nenhum ser humano aguenta os altos e baixos de uma relação assim, como você poderá ver nos artigos aqui publicados. Parabéns pela sua decisão. Antes chorar alguns dias do que a vida inteira.
Amiguinha, será sempre um prazer recebê-la neste espaço, venha mais vezes. Temos vários artigos sobre este assunto.
Abraços,
Lu
Olá, Lu, eu sou bipolar.
Alguns médicos me dão laudo de esquizofrenia. O divórcio foi difícil pra mim, já faz três anos que me separei e não me recupero. Nas crises quebrava tudo em casa. Achava que minha ex estava me traindo, mas depois de uma semana queria voltar. Ela foi embora e não voltou mais. Não aceitava o tratamento. Fui internado duas vezes, à força pela minha mãe, hoje tomo os remédios. Estou recebendo auxílio doença do governo. Vou no Caps uma vez por semana e estou vivendo de boa sem crises, só sinto muita falta do meu casamento e das minhas filhas, mas peço a Deus todo dia pra superar isso.
Sérgio
Seja bem-vindo a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinho, as doenças mentais aumentam cada vez mais em todo o mundo. A velocidade com que as coisas acontecem neste nosso mundo tão imprevisível têm deixado sequelas em todos nós. São muitos os tipos de transtornos mentais e dentre eles o de bipolaridade. Saiba que você não é único, há uma porção de companheiros lutando nesta mesma batalha.
Sérgio, o mais importante é que você aceitou o tratamento, sem ele o sofrimento é muito grande. Para ter uma vida com qualidade jamais abra mão dele, custe o que custar. A ausência das crises está ligada ao uso da medicação. Lembre-se disso. E quanto mais melhorar, mais poderá contar com a proximidade de sua ex companheira e filhas. Sei que você passou por um período muito difícil e somente quem já vivenciou isso poderá ter a real noção de seu sofrimento. O fato de encontrar-se em tratamento mostrará à sua família que quer ter uma vida o mais normal possível. Não sei a idade de suas filhas, mas quanto mais adultas ficarem, mais compreenderão o problema pelo qual você passou e irão lhe dar todo o apoio necessário. Pense nisso! Portanto, tenha calma e dê tempo ao tempo. Você irá superar tudo e ter uma vida cada vez melhor.
Sérgio, continue visitando este cantinho. Venha sempre conversar conosco.
Abraços,
Lu
Magdaline
A definição de “bipolar” pra mim sempre foi algo muito próximo aos sentimentos de um ser humano comum, entre altos e baixos. Digo isso porque só mesmo quem passa pela terrível experiência de conviver com um bipolar sabe o que realmente significa.
Eu me relacionei com um bipolar por 5 anos e nos últimos 6 meses ele surtou e até agora continua “fora da casinha”. Confesso não ter notado, até o surto desencadear esse quadro que, pra mim, ficou claro, mesmo porque ele já tem um histórico de familiares com bipolaridade. Minha filha já presenciou um surto psicótico que foi horrível e traumático, espero que não surja tantos traumas pra ela.
Resolvi escrever porque existe um outro ponto que, acho que ninguém comentou, é a famosa “culpa cristã”. Por alguns momentos em que ele estava mais ameno por conta dos medicamentos (ele tomou por um tempo e, como é muito comum acontecer, já largou), eu queria me livrar desse pesadelo de viver na opressão e de receber ataques e agressões verbais diariamente, mas ao mesmo tempo me vinha a famosa frase “na saúde e na doença”. Ele mesmo me pedia perdão e me pedia pra voltar alegando que estava doente e, por isso me agredia, portanto eu devia perdoar, porque não era ele, era outra pessoa (!?).
A bipolaridade é uma doença que não tem cura mas pode ser tratada. O problema é que, como já sabemos, é bem mais difícil um homem admitir o transtorno e aderir ao tratamento do que uma mulher. Portanto, resolvi por um fim no relacionamento, por mim em primeiro lugar, pois estava me matando viver nessa opressão, nessa prisão (entrava muda e saia calada para não ativar nenhum gatilho dele) e pela minha filha que já tinha assistido a vários ataques verbais dele comigo. Bom, atualmente não está tudo resolvido ainda, porque ele pediu a separação, saiu, só que um mês depois pediu pouso, eu cedi por uns dias e já faz um mês e meio que esta infernizando minha vida. Estou orando e torcendo muito pra que ele saia o mais rápido possível, minha vida está um inferno com a presença dele. Vai passar…
Lala
Eu também só me dei conta do que se tratava após o surto e só porque o médico deu o diagnóstico. Antes disso também tinha a mesma visão de bipolaridade que você. Acho que não comentamos a “culpa cristã” porque essa culpa está em qualquer caso de separação, não só nesses casos de conflitos por um dos dois ter alguma doença psiquiátrica.
Seja lá qual for o motivo do nosso sofrimento na relação, fica aquela culpa. “Você tem que lutar pelo seu casamento”, diziam-me muito. Tanto que no primeiro surto que foi bem feio, eu acabei voltando mesmo sem querer muito. Ele não pode alegar que não era ele. Não se muda de personalidade na bipolaridade. Se for um bom homem, vai querer se tratar corretamente para não magoar os que o amam. A bipolaridade não é um demônio que invade o corpo de alguém. Ele continua com a personalidade dele, com o gênio, o temperamento. E pode optar por se tratar para não ferir vocês novamente.
Meu ex também era assim. Pedia pra separar e um ou dois meses depois, ou até semanas ou dias depois pedia para voltar, sofria, etc. E eu me permitia fazer parte desse ciclo, deixava-o decidir nosso relacionamento. Até que um dia não voltei mais. Temos que parar de deixar eles decidirem o rumo de nossas vidas. A escolha é nossa também, parar de sofrer ou continuar nesse vai e vem de sofrimento. Ele ficou mal, sofreu, mas hoje, dois anos e meio depois já está até casado, graças a Deus… E eu fazia anos que não me sentia tão bem. Tirei um peso enorme das minhas costas.
Torcendo por você, força e coragem por você e por sua filha.
Beijos
Magdaline
É exatamente igual a minha história, mas não dei conta de voltar. No meu caso, ele tomava os medicamentos certinho, mas bebia muito álcool sempre, então não devia fazer efeito corretamente. O que dá no mesmo de não se tratar.Tivemos um filho juntos, e só o vejo nas visitas. Acho que se não fosse esse vínculo não o veria mais.
Luciana Silva
Não fico feliz com separações, porém se uma das partes tem problemas e não quer se cuidar corretamente, não é justo a outra parte passar a vida sofrendo por sua causa. Com certeza o álcool corta o efeito do medicamento e piora os sintomas da doença e ainda causa mais dependência, porque se alcoolizar torna-se uma fuga dos sintomas da doença. Fica um ciclo vicioso: a pessoa toma o remédio que não faz efeito devido ao álcool, então ela piora, daí quer beber pra “fugir”… Se não deixar o álcool, não adianta fazer tratamento.
Meu ex consumia muito álcool e cigarro nas crises de euforia ou depressão. A coisa mais estranha do mundo é você ver quem nunca foi de beber e fumar, bebendo e fumando compulsivamente. Verdade, a melhor coisa para os dois seguirem em frente é não ter contato mais, só o que for necessário mesmo.
Amiga estou vivendo uma fase assim meu marido a cerca de 5 meses acabou o casamento de 12 anos pelo “whatsapp”. só percebi que tinha algo errado depois que me vi fora da relação ele gasta rios de dinheiro com coisas inúteis está sempre…
Amiga, seu comentário será transformado num texto (AUTOESTIMA X BIPOLARIDADE).
Abraços,
Lu
Magdaline
Como você conseguiu se reerguer depois de uma relação traumática dessas? Fiquei por 7 anos com um bipolar e estou há 3 anos nesse processo de auto reconstrução. A presença dele ainda me agride de inúmeras maneiras. Como foi seu processo pós separação? Grata pelo seu texto e pelo acolhimento que ele trouxe por conta da identificação. Só quem passa por essa experiência sabe o que é e o que causa.
Beijo grande!
Mel
Perdoe-me pela demora em responder. Essas últimas semanas foram muito corridas para mim e não gosto de responder na correria, gosto de parar e dar atenção à resposta.
Bem, Mel, eu cheguei em um nível em que estava tão esgotada, cansada, saturada que sabia que se ele fosse embora eu não ia querê-lo mais e até já havia prometido isso a mim mesma. Como de praxe, dois meses depois ele pediu para voltar, dessa vez eu estava me sentindo inexplicavelmente tão livre, tão leve, com tanta vontade de me reerguer e ter uma vida plena, sem amarras, sem dores de cabeça, que foi fora de cogitação voltar pra ele. Fiquei bem triste por saber que ele estava sofrendo, preferia que ficasse bem e não pedisse pra voltar. Mas eu aprendi a me amar primeiro, exercitei isso até com a ajuda da terapia.
Como era um relacionamento abusivo, minha autoestima estava bem abalada. Eu me apeguei a minha família que me deu todo um suporte. Meus pais são maravilhosos e como eu estava recém desempregada, comecei a dar aula particular aos meus sobrinhos, o que me fez muito bem esse contato com as crianças. Reaproximei-me de amigas que eu não tinha contato fazia tempo. Comecei academia, que era algo que eu sempre começava, mas parava por causa dele. Comecei a fazer dança que eu amo. Foquei na faculdade que estou terminando, era algo também que eu sempre parava por causa dos altos e baixos do nosso relacionamento.
Quando você fala que a presença dele ainda te agride de inúmeras maneiras o que quer dizer? Você precisa vê-lo? Vocês têm filhos juntos? Trabalham juntos ou algo assim? Porque não tivemos filhos, só precisei vê-lo quando eu dei entrada no divórcio (para a surpresa dele também, aquela mulher que sempre voltava foi a que não quis mais voltar e ainda deu entrada no divórcio).
Mel, eu não tive muito o que superar, porque já estava bem saturada, a separação foi um alívio inexplicável que eu nunca tinha sentido antes em nossas separações. Acredito que o fato dele ter sido diagnosticado também ajudou, porque é algo que sei que não tem cura, tem tratamento, porém ele não queria se tratar, ou seja, não mudaria, porque todas as vezes que voltei foi com a esperança dele mudar, dessa vez eu não tinha mais esperança. Ele também teve a iniciativa de me bloquear em tudo e isso também foi ótimo pra mim. Ele mesmo me evitava. Não foi no aniversário do sobrinho porque eu estaria, não foi no casamento da prima porque eu fui madrinha, enfim, sem querer ele me ajudou bastante… rs
Estou há 2 anos e 3 meses separada, ele até já se casou inclusive (mas isso é outra história rs) e só consigo agradecer a Deus por até hoje eu ter esse sentimento de alívio, por ter me feito entender que mereço ser feliz sozinha ou com outra pessoa, mas que mereço ser feliz! Também estou no processo de reconstrução, porque saímos de um relacionamento abusivo perdidas de nós mesmas, sobre o que queremos e o que não queremos, se fazíamos algo porque gostávamos ou por causa deles, o que realmente gostamos ou não, o que é bom para nós ou não, o que é certo para nós ou não, enfim, precisamos nos reencontrar e nos reconstruir realmente, é um processo longo de conhecimento, talvez até infinito… rs, mas muito necessário e descobrimos o quão valiosa somos, únicas e que merecemos alguém a nossa altura.
Aconselho que você faça terapia, isso vai fortalecer seu emocional e ajudar no seu psicológico, apegue-se a pessoas que te fazem bem, família, amigos e nesse processo de reconstrução descubra coisas que você ama fazer e permita-se fazê-las. Lembre-se que você não deve nada a ele e às pessoas, você só deve a você mesma, você deve e merece ser feliz.
“Você nasce sem pedir e morre sem querer, aproveite o intervalo.”
Espero ter ajudado, qualquer coisa estou aqui. Um abraço e tudo de melhor na sua vida. Vai dar tudo certo!
Lu
Obrigada pelo carinho. O meu -ex até hoje me acusa de ter destruído sua vida, mas não entro em conflito porque sei que só quis ajudar, mas agora cabe a ele encontrar seu caminho…
Beijo grande
Vanessa
Trata-se de uma acusação injusta, você sabe disso, mas que é normal partindo do estado de saúde dele. O que pode fazer é sempre aconselhá-lo a buscar tratamento para que possa ter uma vida com qualidade.
Beijos,
Lu
Lu
Namorei dois anos um biopolar. Era um namoro instável, pois ele terminava e voltava. Eu vivia insegura, mas sempre que ele me procurava eu o tratava com carinho e nem questionava seus sumiços… Ele se queixava muito dos seus pais e dizia que só seria feliz no dia que saísse de casa e tivesse a sua própria vida.
Surgiu uma casa para alugar, ele adorou a ideia e fomos morar juntos.
Ele sempre bebeu, mas dizia que era só nos momentos de folga. Quando passei a viver com ele, descobri que além da bipolaridade ele era alcoólatra e a minha vida virou um inferno. Eu nunca sabia como estava o humor dele e com a bebida a irritabilidade ia ao extremo. Logo começou a me tratar com berros, implicância e um ciúme fora do comum.
Eu pedia com educação e carinho que deixasse a bebida; ele prometia parar, mas no dia seguinte começava a beber assim que acordava. Eu sofri muito, até que percebi que meus pedidos não surtiam efeito, pois tanto a bipolaridade quanto o alcoolismo precisam ser tratados por profissionais e eu estava esgotada.
Terminei a relação, ele voltou a morar com seus pais e eu tinha a esperança de que ele finalmente se tratasse, mas continua do mesmo jeito, bebendo diariamente… Sei disso porque às vezes me procura, fala coisas lindas para me envolver, mas em seguida me acusa, diz que eu destruí a vida dele. Sofro muito porque ainda gosto dele e preocupo-me com ele, mas infelizmente sem tratamento não tenho condições de levar avante o relacionamento.
Vanessa
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, posso entender o que você passou, pois conviver com a bipolaridade é uma tarefa muito árdua. É difícil o relacionamento com alguém que nunca sabemos em que fase se encontra, sem dizer que todas elas são dificílimas. Por desconhecimento, sempre imaginamos que somos capazes de mudar uma pessoa que amamos apenas com a nossa companhia e com a força que lhe repassamos. Isso, contudo, nem sempre acontece. Primeiro porque toda mudança vem de dentro para fora, segundo porque só muda quem assim o deseja. Quando se trata de uma doença mental a tarefa é hercúlea, ainda que lutemos com todas as nossas forças, pois a pessoa precisa passar por um tratamento com especialistas, inclusive fazendo uso de remédios.
O importante é que você tentou segurar o relacionamento, fazendo o melhor que podia, ainda que não compreendesse que seu companheiro deveria passar por um tratamento médico. É uma pena que não tenha tido consciência da doença dele, pois assim não teria sofrido tanto. Se a bipolaridade prima pela instabilidade emocional, imagine o que acontece quando ela se junta ao alcoolismo. Fico a imaginar o tamanho de seu problema que envolvia até mesmo a sua segurança física e pela dele, pois o bipolar, quando sem tratamento, pode ficar extremamente agressivo.
Vanessa, você agiu corretamente ao separar-se dele. A menos que ele faça um tratamento sério, não volte, pois a barra ainda será mais árdua, pois sua tendência, sem tratamento, é só piorar, adoecendo você também. Nenhum relacionamento resiste aos altos e baixos da bipolaridade quando sem medicação.
Um grande abraço,
Lu
Magdaline
Tenho a certeza de que seu texto servirá de alerta tanto para homens quanto para mulheres que convivem com tal transtorno. Você foi de uma clareza e sinceridade a toda prova, ao desvendar o abismo do relacionamento em que um dos cônjuges sofre de bipolaridade, mas recusa o tratamento. Ao vivenciar tal relação, pode reproduzir fielmente as consequências nefastas que tomam conta da vida a dois, sobrecarregando, sobretudo, a parte que tem que carregar nas costas o peso das consequências de um transtorno sério não tratado. É mais do que compreensível que o fim seja a separação, pois para tudo há limites.
Fica aqui o seu alerta. Espero que sirva de espelho para os casais que vivenciam, de uma forma ou de outra, as consequências de tal transtorno, quando colocam em segundo plano a ajuda médica. Parabéns pela sinceridade de seu texto e por ter se predisposto a ajudar os que passam por situação parecida.
Abraços,
Lu