Autoria do Prof. Hermógenes
O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental. Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a necessidade de não ferir e não ser ferido.
Evite ser agressivo ou violento. Aprenda a não reação. Gandhi, para conquistar a liberdade da Índia, usou a mais poderosa de todas as armas contra o Império Britânico: a mansidão. Ele acreditou em Jesus que no “Sermão da Montanha” prometeu que os pacíficos herdariam a terra.
Da próxima vez, quando você tiver ímpeto de ferir, seja com gesto, seja com palavras, olhares de ira, com desejos de prejudicar alguém (um empregado, um desconhecido, um parente), procure lembrar-se de que ele é uma expressão de Deus e, assim, nem com pensamento, nem com olhar, nem com palavras, nem com os nervos você o ofenderá.
Mais eficiente do que evitar agredir é, no entanto, passar à atitude de benevolência, isto é, querer bem a todos. Transforme-se em estação emissora de vibrações benevolentes, assim não terá que reprimir nada e não terá que sufocar emoções. Se o ahimsa (não reação) em relação aos outros lhes traz tanto bem, em relação a você mesmo chega a tornar-se condição indispensável à libertação.
Se você é benevolente para com os outros, porque há de ser demasiado severo em relação a si mesmo?! Use ahimsa (não reação) para quando se reconhecer fraco e imperfeito. Digamos que você quer deixar o álcool e não consegue, apesar dos grandes esforços que tem feito. Pois bem, não seja drástico. Principalmente não diga coisas negativas de si mesmo a si mesmo. Não se agrida. Isto complica tudo, pois é autossugestão negativa. Diante de suas capitulações ou quedas, use ahimsa. Relaxe. Você vai deixar de beber, mas sem violência. “Deixe cair a casca da ferida.” Não cometa a imprudência de arrancá-la à força.
O que foi dito em relação ao alcoolismo é válido em relação a uma recidiva da “coisa” (crise do pânico), aos comportamentos compulsivos, obsessivos, irracionais e tudo quanto você chamaria de debilidades. Tenha ahimsa para si até mesmo quando não conseguir ter ahimsa para alguém que o ofendeu, quando não puder reprimir ou frustrar um revide à agressão sofrida. Mantenha os olhos no objetivo que quer alcançar. Mesmo que pareça difícil agora, com paciência você conquistará a não reação.
Outra coisa muito importante. Aprenda a ser benevolente para si mesmo, mas defenda-se de cair no exagero de autocomplacência e autojustificação. Ahimsa significa não morder, não impede, no entanto, que se mostre os dentes. Jesus, que se deixou mansamente pregar na cruz, quando se encontrava no templo, numa demonstração de ira santa, virou as mesas dos imorais. O yoguin sabe que a ira é uma das emoções mais destruidoras e, por isto, evite-a, mas aprende a irar-se estrategicamente, isto é, por fora, conservando ahimsa, por dentro.
Dose ahimsa. Seja enérgico quando necessário e na medida necessária. Para chegar a não ferir ninguém aprenda a não se deixar ferir por ninguém. Suba a montanha até não ser alcançado pelas pedradas das crianças e pauladas dos tolos. Um ahimsa ilimitado também é imprudente. Não ofender é uma coisa. Não se defender da agressão é outra. Ramakrishna lembra que “a ira no sábio dura tanto como um risco que se faz na água”.
*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF.
Nota: imagem copiada de Blogs e Colunas – O Povo Online
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