Autoria de Lu Dias Carvalho
(Clique nas gravuras para ampliá-las.)
Deixamos para trás a Idade Média e entramos na Idade Moderna que abrange um período conhecido como “Renascença”, palavra que significa “nascer de novo” ou “ressurgir”. Teremos mais aulas relativas a esta fase em razão de seus muitos acontecimentos e transformações políticas, econômicas, religiosas, sociais e culturais. Esse foi um período marcado pelo fim do feudalismo e pelo o início do capitalismo. Foi assinalado sobretudo pelo desejo de revisitar o ideal artístico greco-romano, desejo esse que se iniciou na Itália e depois se expandiu pelo resto da Europa.
Voltando no tempo, lembremo-nos de que o artista italiano Giotto di Bondone — um gênio da arte — foi o responsável por dar uma nova visão à pintura, ao romper com o conservadorismo da arte bizantina, buscando reportar para a pintura as figuras realistas da escultura gótica, inaugurando, assim, uma nova fase na arte pictórica. Ele havia redescoberto a arte de dar vida à ilusão de profundidade numa superfície plana. Foi a partir daí que a ideia do “Renascimento” passou a ganhar vida na Itália. Nessa época, quando as pessoas queriam exaltar o trabalho de um artista, diziam que “a sua obra era tão boa quanto a dos antigos”. As obras de Giotto, portanto, eram comparadas com as dos melhores mestres da Grécia e da Roma antigas.
A ideia de que a arte antiga de gregos e romanos era admirável foi ganhando terreno na Itália, tornando-se cada vez mais popular. Os italianos estavam cônscios de que, num passado distante, a Itália que teve Roma como capital, chegara a ser o centro principal do mundo civilizado, até que tudo teve fim com a invasão das tribos germânicas (os godos) que destruíram o grandioso império. Os romanos ainda sonhavam com o poder e a glória da Roma de outrora, mostrando-se sempre comprometidos com a ressurreição de sua grandeza. Traziam os olhos voltados para a idade clássica e para uma esperançosa nova renascença.
Os sonhos dos italianos, contudo, careciam de uma avaliação mais real sobre como acontece o nascimento de um estilo. Nada se faz ou surge de uma hora para outra. As transformações vão se maturando aos poucos, acontecendo paulatinamente. Só para se ter uma ideia, os godos — acusados de serem os responsáveis pela queda do Império Romano — estavam distantes cerca de 700 anos da arte gótica (chamada de “bárbara” pelos italianos). Também não se pode negar que o “ressurgimento” da arte, após as inúmeras turbulências vividas na Idade Média (também conhecida como a Idade das Trevas, ainda que muitas vezes injustamente), aconteceu gradualmente, tendo o período gótico presenciado o alvorecer dessa ressurgência. Nada apareceu num piscar de olhos como desejavam os adeptos do Renascimento.
Os italianos mostravam-se menos conscientes desse processo gradual que acontece com a arte do que os povos que viviam mais para o norte da Europa. Qual a razão de tal comportamento? Em aulas anteriores nós vimos que a Itália demorou a aceitar o estilo gótico, ao contrário da Alemanha, da Inglaterra e da criativa França onde tal estilo teve origem. E mesmo as realizações Giotto só foram aceitas por algumas cidades italianas que as consideraram uma grande inovação, vendo nelas o que havia de mais nobre e grandioso na arte. Outros centros italianos persistiram com o estilo bizantino, acrescentando-lhes algumas mudanças, só vindo a abraçar as inovações do celebrado Giotto di Bandone muito tempo depois.
Os italianos do século XIV mostravam-se inconformados com a falência de Roma como centro cultural do mundo. Acreditavam que tudo aquilo (arte, ciência e saber em geral) que havia florescido no período clássico — tendo sido destruído e erradicado pelos povos bárbaros do Norte (povos que não faziam parte do Império Romano) em especial os godos — haveria de voltar. Imaginavam que lhes cabia a incumbência de ressuscitar esse glorioso passado, reintroduzindo, assim, um novo tempo.
O sentimento de esperança e de certeza na possibilidade da criação de uma nova era foi mais forte especialmente em Florença — berço de Dante Alighieri (tido como o maior poeta da língua italiana, autor de “A Divina Comédia”) e de Giotto. E foi exatamente nessa cidade, nas primeiras décadas do século XV que um grupo de artistas se propôs, deliberadamente, a tentar cortar os laços com as ideias do passado e a criar uma arte nova, comprometida com a cultura clássica — o Renascimento.
Exercício
Responda as duas questões e acesse o link abaixo:
1. O que levou os italianos a desejarem o Renascimento?
2. Em que parte da Itália teve início o Renascimento?
3. Giotto – APRESENTAÇÃO NO TEMPLO
Ilustração: 1. Apresentação no Templo, Giotto di Bondone ()/2. Obra de Dante Alighieri/ 3. Mapa da Itália.
Fontes de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento/ Nicholas Mann
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Lu
Aprendemos que a arte ficou estagnada por um tempo e que no Renascimento ela deu um salto enorme. O Renascimento foi importante para todos: artistas e pessoas, não só naqueles tempos, mas até os dias de hoje. Basta ver as obras belíssimas espalhadas em vários países e em especialmente pela Itália.
Marinalva
Realmente houve um grande salto na arte durante o Renascimento, a começar pelas descobertas de Giotto pintura, no final da Idade Média, permitindo que o observador participasse e se comovesse com a cena pintada, técnica absorvida pela Renascença italiana e, depois, propagada por grande parte da Europa. As consequências do Renascimento são vistas até os dias de hoje, sem dúvida alguma.
Abraços,
Lu
Lu
Causa-me surpresa o aprisionamento artístico nas diferentes épocas mesmo que justificado por ser o “ganha pão” de muitos artistas à época. Na realidade bastou Giotto abrir uma janela, isto é, criar a arte em profundidade para abrir caminho para outras maravilhosas criações, da qual se apoderou o grupo da Renascença cheio de motivações, mas faltava algo para conduzi-lo – até se apoderarem da arte em profundidade.
Antônio
Já vimos em aulas anteriores que aos artistas da Idade Média, principalmente os pintores, não interessavam buscar modificações naquilo que faziam. Além de satisfeitos, seguir os padrões estabelecidos pela religião era muito mais fácil e demandava menos trabalho. Não é que eles fosse tão toscos, mas era aqui que lhes encomendavam. Giotto foi uma luz a brotar nas trevas do comodismo. Ele não desafiou a Igreja, apenas lhe mostrou que a extrema simplicidade não era capaz de chamar para si os fiéis. Era preciso botar emoção, fazer o observador participar da cena, comovê-lo. E acabou por mudar a história da pintura.
Abraços,
Lu
Lu
O surgimento do Renascimento foi um divisor de águas na concepção da arte como um todo, foi uma explosão de talentos em todas as facetas artísticas, tanto na arte pictórica como na escultórica, musical, literária,etc.
O feudalismo,com seu conservadorismo e exploração da mão de obra dos camponeses, impediu o desenvolvimento artístico. O aparecimento dos burgos que mais tarde transformaram-se em cidades e concentração de trabalhadores em diversos ofícios, contribuiu para a expansão do comércio e surgimento do mercantilismo, favorecendo o aparecimento de uma nova classe social que era a burguesia. Tudo isso foi importante para o surgimento do capitalismo.
A arte reflete o momento vivido de um povo numa determinada época. Então, o ambiente foi favorável ao surgimento do Renascimento na Itália, especificamente em Florença que foi o berço de todas essas inovações. Ele veio para resgatar a beleza e a harmonia, elementos imprescindíveis para o enriquecimento da arte. A tridimensionalidade e a perfeição dos trabalhos artísticos foram características ímpares desse momento da história, deixadas como legado para toda a humanidade.
Hernando
O Renascimento foi um grande celeiro de artistas por toda a Europa. Vamos, ao longo do curso, conhecer as obras de alguns deles. O fim do feudalismo (coronelismo para nós) foi fundamental para que a arte caminhasse com as próprias pernas, investisse em mudanças e ampliasse seu campo de conhecimento. A burguesia foi a mais favorecida, o que não significa que não houvesse uma classe miserável que não conseguiu atingir um patamar satisfatório. Mas veremos isso ao longo do curso.
Abraços,
Lu