Autoria do Dr. Ivan Large
Depois do almoço, eu preciso descansar um pouco. Apago a luz da minha sala, coloco a cabeça entre os braços e apoio-os sobre a mesa. No silêncio do meu consultório, eu posso escutar as noticias saindo do meu rádio ligado no volume mais baixo. O assunto é indústria genética:
O repórter explica que uma das aplicações da clonagem é a reprodução de partes do corpo, a partir de células obtidas de um ser humano, e cultivadas em laboratório. Essas partes poderiam ser usadas como “peças de reposição” em caso da perda de uma orelha ou de um nariz, por exemplo. Recentemente, continua a reportagem, conseguiram produzir uma mão humana que foi implantada no pescoço de um porco. Mas a mão não conseguiu atingir um desenvolvimento neuromotor adequado. Decidiram então clonar, junto com a mão, um cérebro e um órgão dos sentidos. O olho foi o escolhido. Assim ficaria mais fácil estabelecer uma comunicação com a mão, a fim de treiná-la na execução das suas funções. A mão aprendeu a cumprimentar e mesmo a desenhar e a escrever. A televisão foi um recurso muito utilizado nesse treinamento. Foi com ajuda dela, por exemplo, que a mão aprendeu a linguagem dos surdos-mudos.
Mas uma noite, após a saída de todos os funcionários, a mão conseguiu abrir a porta da jaula onde o porco estava mantido preso, puxou o suíno pela coleira até o aparelho de TV, e ligou-o num canal de filmes pornográficos. Quando no dia seguinte, os funcionários chegaram ao laboratório, encontraram o porco morto de cansado. A mão tinha praticado nele, durante a noite toda, o que o olho estava assistindo. Agora são os funcionários que estão correndo dela. O clone ficou completamente tarado e só pensa “naquilo”.
“Socorro!” Sinto uma mão sobre meu ombro. Graças a Deus é minha secretária tentando me acordar, pois acabou de chegar um paciente.
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