Diferentes tipos de cereais enchiam o celeiro de certo fazendeiro. De uma feita, ele notou que um rato andava zanzando por ali, porque muitas espigas de milho encontravam-se roídas. Era preciso pegá-lo antes que proliferasse, aca- bando com suas valiosas provisões. Aqueles bichinhos procriavam logo após o terceiro mês de vida, sendo que o tempo de gestação era curto, durando em média 22 dias, podendo a fêmea parir entre cinco e 12 filhotes por vez — o que não era pouco.
O homem comprou na cidade uma potente ratoeira. Em casa armou-a com um pedaço de queijo e botou-a próxima ao balaio com milho.
O rato que não era tolo, ficou a espreitar a entrada do fazendeiro no celeiro, pois sentira de longe o cheiro do queijo — guloseima que muito apreciava — e pôs-se a espiar seus passos. Ao notar que o objeto deixado era uma ratoeira — armadilha muito conhecida de sua espécie —, sentiu-se amedrontado. O roedor tinha ciência de que era preciso contar aos bichos sobre o que avistara, antes que algum deles caísse na esparrela. E foi exatamente o que o espertinho fez:
– Amigos, um grande perigo nos ronda na figura de uma maldita ratoeira. Temos que dar um jeito de eliminá-la, antes que nos mate. Unamo-nos e tratemos de dar a ela um fim imediatamente.
– Uma ratoeira não é um problema para mim — falou a galinha.
– Tampouco para mim! — exclamou o porco.
– O que uma ratoeira poderá me fazer de mal? — inquiriu a vaca.
– O rato quer salvar a pele às nossas custas — debochou a ovelha.
O roedor nada pode fazer, senão voltar para casa abatido com a omissão dos companheiros de fazenda. À noite, porém, a mulher do fazendeiro ouviu um barulho e correu para ver se o rato fora preso na armadilha, mas ali estava uma cobra venenosa presa pelo rabo e que acabou por picá-la.
As criadas deram à mulher uma canja de galinha, pois ela se encontrava acamada e fraca. Para suprir a fome dos amigos visitantes, mataram o porco. E com a morte da desafortunada mulher que não resistiu ao veneno da víbora foram sacrificadas a ovelha e a vaca para alimentar todas as gentes que vieram participar do funeral.
Moral da História:
O problema de um pode estar fortemente atrelado ao dos demais.
Livro à venda
Capa dura, 545 páginas, 170 fábulas (incluindo apólogos)
Contato para compra: Lu Dias Carvalho e-mail: ludiasbh@virusdaarte.net
Obs.: 10% do preço de capa que recebo por direito autoral é doado a uma instituição que cuida de animais de rua.
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Lu
Acabei de ler o seu livro “Historiando Fábulas”. Parabenizo-a pelo livro maravilhoso. Contém muito ensinamento e grande sabedoria. Você é uma escritora com muito talento, pois ama e dedica-se ao que faz. Desejo-lhe muito sucesso e que venham mais livros.
Marinalva
Agradeço a sua atenção e carinho. Estou muito feliz com o caminhar de HISTORIANDO FÁBULAS. A resposta tem sido maravilhosa. Um novo livro já se encontra a caminho.
Beijos,
Lu
Lu
Adorei! Bem retratado os tempos em que vivemos!
Maria Cláudia
O egoísmo permeia os nossos tempos. As pessoas não estão se dando contar de que, muitas vezes, o mal de um também poderá ser o delas, a exemplo do que acontece com o nosso planeta.
Beijos,
Lu
LU,
você descreve exatamente como o mundo se encontra hoje, sejamos mais empáticos. Você, como sempre, nos levando a nós mesmo!!
Sandra
Vivemos tempos difíceis, não é mesmo? Mas temos que tocar o barco para frente.
Beijos,
Lu
Lu
Esta fábula é um exemplo do que estamos vivendo. Querem que caiamos em armadilhas, bem armadas para nos pegar. E elas estão em todos os lugares. Mas nós seremos tão espertos quanto os personagens da história.
Marinalva
Muitos de nós imaginam que o que atinge outros brasileiros não diz respeito a nós. Que ledo engano. E é exatamente isso que a fábula nos ensina. Vivemos numa rede. Se romper um fio, estaremos todos no mesmo buraco.
Beijos,
Lu