Os provérbios não entram em consonância depois que se realiza o casamento, pois uma das excentricidades dos adágios é não ter concordância, ou seja, temos máximas para todos os gostos. Cada um que puxe a brasa para a sua sardinha, escolhendo o ditado que lhe aprouver, de acordo com o andar de sua carruagem.
“Marido e mulher são como a língua e os dentes”, mas, como os dentes costumam cair ou serem arrancados, pelos mais diversos motivos, é bom cuidar bem da união. Se a convivência é boa, o casal pode tomar para si o provérbio chinês: “O casal apaixonado diz mil coisas sem trocar uma palavra”, ou seja, eles conversam apenas através do olhar. E um lituano ainda é mais enfático: “O casal apaixonado desenvolve tal grau de harmonia, que entre eles não escorre nem água”. Também não é preciso exagerar, pois ambos possuem a sua individualidade. E um provérbio tâmil diz na bucha: “Se o boi e a carroça andam juntos, que importam os obstáculos?”.
Em quase todas as culturas existe o alerta para que não se entre na vida do casal. A vida é de ambos e ninguém tem o direito de meter o bedelho, pois quem se mete sai com o dedo queimado. Um sisudo provérbio árabe aconselha: “Não tentes penetrar entre a árvore e a casca”, e um brasileiro, já afeito à rima diz: “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Contudo, em razão das leis que hoje protegem a mulher por causa do feminicídio (crime configurado quando a mulher é morta por uma questão de gênero. O homem poderá pegar de 15 a 30 anos de prisão) que grassa por todas as culturas, é preciso meter a colher, sim.
Segundo os adágios, o casamento não é aquele mar de rosas com que sonham os enamorados, logo que se casam. Um provérbio finlandês ensina que “O amor é um jardim maravilhoso, mas o terreno do casamento é semeado de urtigas”, ou seja, é cheio de contratempos. Portanto, não se pode ir com muita sede ao pote. Alguns há que, decepcionados, até acham que “O casamento é o túmulo do amor”. Mas é claro que não é bem assim, como explica certo provérbio: “Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher).
Também é comum enaltecer o dinheiro em vez do amor, como afirma um provérbio chileno: “Quem se casa por amor vive penando”, e também um francês: “Quem se casa por amor tem dias ruins e noites boas”, enquanto outro diz que “Só com amor a chaminé não fumega”, ou seja, o casal poderá morrer de fome e a vida a dois ir para o brejo. O fato é, segundo certos ditos populares, que “Quando a pobreza entra pela porta, o amor sai pela janela“. Mas um provérbio estoniano dá o xeque-mate, declarando o que é uma união sem amor: “O casamento sem amor é um tormento”. E bota tormento nisso!
Os adágios intrometem-se em tudo. Dão palpite até na intensidade do amor. Tanto é que um provérbio esloveno adverte: “Uma mulher sensata casa-se com o homem que a ama e não o inverso”, no que conclui o polonês: “Quando amas, és escrava; quando és amada és rainha”. Em assim sendo, é preferível ser rainha!
Perdoe-me o leitor, se tomo partido no tumultuado mundo dos adágios, mas concordo plenamente com o provérbio polonês, acerca de ser rainha ou escrava. O ideal é que numa união, os dois amem-se e se respeitem mutuamente, mas, quando as duas taças não podem ser cheias com igualdade, o melhor mesmo é ser mais amada, carregando o cetro de rainha. Concordam comigo? Deixe o seu comentário.
Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel
Nota: A imagem representa a arte popular do Vale do Jequitinhoha/MG
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