OS PROVÉRBIOS NA IDADE MÉDIA

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Autoria de Lu Dias Carvalhotu

Os egípcios, no terceiro milênio a.C., são as primeiras fontes conhecidas sobre provérbios, tidos entre os hebreus e os aramaicos como a palavra do sábio. No século VI a. C., tornaram-se conhecidas as Palavras de Aliqar e no século IV a. C., os Provérbios de Salomão. Entre os gregos, as máximas aparecem nas obras de Platão, Aristóteles e Ésquilo, por exemplo. Na China e entre os sumérios, os adágios são frequentemente encontrados. Na Antiguidade Clássica, vamos encontrá-los nas obras de Aristóteles, Demócrito, Sófocles, Catão, Cícero e Publílio Siro, entre outros.

Através do estudo dos clássicos gregos e latinos, a Idade Média foi um rico celeiro para o cultivo dos provérbios, cujo prestígio fez com que eles servissem de base para os exercícios gramaticais nas escolas da época.  A partir de então grande número deles foi transmitidos por autores ligados ao cristianismo. A base de todo o pensamento medieval foi a Bíblia.

Os provérbios atravessam gerações, como uma herança cultural de conselhos práticos sobre a vida, tendo por base a experiência e a sabedoria dos antigos. Por isso, são usados sempre no presente, sugerindo atemporalidade. Abaixo, alguns provérbios da Idade Média, do mestre Raimundo Lúlio* (Ramon Llull) que nasceu no ano de 1232 e morreu em 1313:

  1. Aquele que briga com Deus é vencido.
  2. Ao acusarem-te com o mal, responde com o bem,
  3. Ama teu patrão para que o possas servir sem esforço.
  4. Não creias em parentes que amam mais teus bens que tua pessoa.
  5. Confia mais em teu parente pelo bom costume que pelo parentesco.
  6. Ama mais em tua mulher a bondade que a beleza.
  7. Com amor sê íntimo da boa mulher e com temor da má.
  8. Não faças companhia ao homem avarento e orgulhoso.
  9. Não faças companhia ao homem que rapidamente muda de opinião.
  10. O companheiro que louva teu vício não é leal.
  11. Com o bom vizinho sê íntimo em tua casa e com o mau, no caminho.
  12. Não digas a teu vizinho o que comes em tua casa.
  13. Não fales mal daquilo que teu vizinho ama.
  14. Que o mau vizinho não conheça os segredos de tua casa.
  15. Não sejas íntimo do inimigo de teu amigo.
  16. Quem possui um bom amigo, tarda a ter necessidade.
  17. Quem sempre se lembra do inimigo, frequentemente tem paixão.
  18. Não multipliques o poder e a ira de teu inimigo.
  19. Torna teu inimigo estranho aos teus olhos e aos teus ouvidos.
  20. Não tenhas inimizade por pouca coisa.
  21. Acostuma teus pés aos bons costumes e as mãos às boas obras.
  22. A justiça e a injúria estão todo tempo em guerra.
  23. A prudência e o caráter são parentes.
  24. Com a prudência conheces a ti mesmo.
  25. Quando fores convidado, convide a temperança.
  26. Coloca a temperança em todos os teus feitos.
  27. Não deixeis ocioso o dom que possuis.
  28. Não podes ter melhor riqueza que a caridade.
  29. Quem vende caridade não compra nada.
  30. Não desejes ter honra sem a verdade.
  31. Todas as mentiras não valem uma verdade.
  32. Quem não crê na consciência não crê em si mesmo.
  33. A humildade que existe pela força não é sã.
  34. Com a humildade humilhará o orgulhoso.
  35. A piedade desculpa e não acusa.
  36. O homem paciente não é vencido.
  37. A obediência injusta faz doente a tua alma.
  38. Não obedeças a teu corpo sem o conselho da tua razão.
  39. O homem desleal pouco se desculpa.
  40. Não does a quem não doa.
  41. Doa, porque doar multiplica.
  42. Quem não persevera não caminha.
  43. Se fizeres descortesia te assemelharás a uma besta.
  44. Sem a humildade não podes ser cortês.
  45. A cortesia tem amigos em muitos lugares.
  46. Quem não tem caridade é avaro.
  47. Todo homem avaro é ladrão.
  48. O homem avaro inveja todos os seus vizinhos.
  49. Não sejas glutão e serás sadio.
  50. Todo glutão vive pouco.
  51. A mulher do luxurioso não tem paz.
  52. O homem orgulhoso ao mentir jura que diz a verdade.
  53. A alma ociosa no bem é diligente no mal.
  54. Quando a diligência come, a ociosidade jejua.
  55. A inveja não dá de graça.
  56. Não confies no homem invejoso.
  57. Não confies teus bens a um invejoso.
  58. O invejoso ama mais o que não tem do que o que tem.
  59. A ira afasta a prudência do homem.
  60. Se repreenderes o homem irado tu te tornarás irado.
  61. Com o homem irado é melhor calar que falar.
  62. Foge do homem irado e fugirá do mal.
  63. Considera muito e fala pouco.
  64. Pensa na finalidade da palavra antes de dizê-la.
  65. A palavra é a imagem da semelhança do pensamento.
  66. Não fales muitas palavras de ti.
  67. Se fores rico faze os outros ricos.
  68. A riqueza de Deus é o bom homem.
  69. Podes ser mais rico dando do que tomando.
  70. Bons costumes são grandes riquezas.

*Raimundo Lúlio ou Raimundo Lulo (Ramon Llull em catalão; Raimundo Lulio em espanhol; Raimundus ou Raymundus Lullus em latim) foi o mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Foi um prolífico autor também em árabe e latim. É beato da Igreja Católica. (Wikipédia)

 Fonte de pesquisa:
O Livro dos Mil Provérbios / Raimundo Lúlio

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2 comentaram em “OS PROVÉRBIOS NA IDADE MÉDIA

    1. Lu Dias Carvalho Autor do post

      Mário

      É para rir, pois as mulheres hoje não mais aceitam tal jugo. É sempre bom contar com a sua presença e comentário.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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