À medida que a população das grandes cidades brasileiras cresce desordenadamente, maiores são os problemas enfrentados por seus moradores. Dentre eles está o transporte público que vem sendo um Deus nos acuda, um salve-se quem puder. Não consigo entender como um país tão grande como o nosso pode se dar ao luxo de não possuir trens e metrôs em grande quantidade. É preciso ter paciência à beça para não pirar em meio ao caos do trânsito das metrópoles, onde andar a pé, sempre que possível, tornou-se a melhor solução. Países continentais jamais podem abrir mão dos trens e metrôs, sob o risco de sua população ter que comer o pão que o diabo amassou. No mínimo deve haver alguma maracutaia com as empresas de ônibus.
Esquecendo, enquanto é possível, a loucura do trânsito, passei a matutar sobre a expressão “paciência à beça”, que não diz respeito a uma paciência pequenina qualquer, mas a uma gigantesca, imensurável, colossal e babilônica paciência. Trocando em miúdos, é uma conformação para ser humano algum botar defeito. É a paciência de Jó, a resignação extrema, é o engolir sapo, o não se importar com o tranco.
Contam as fontes pesquisadas que a expressão “à beça” tem sua origem na rica argumentação do jurista alagoano Gumercindo de Araújo Bessa que, quando debatia, deixava os presentes de queixo caído, tamanha era a sua sabença. Numa discussão com Rui Barbosa – na disputa pela emancipação do então território do Acre – ele deu um show de erudição e conhecimento jurídico, deixando muita gente embasbacada. Tornou-se muito admirado por sua oratória. Dizem que certa vez um político, ao elogiar um colega por sua brilhante atuação, disse-lhe:
– O senhor tem argumentos à Bessa!
O tal colega estava sendo comparado com o jurista Gumercindo Bessa. Mas o tempo que em tudo mete o bedelho, encarregou-se de retirar a inicial do nome (Gumercindo) e os dois “esses” foram transformados em “ç”. De modo que “à beça” significa: em grande quantidade, fartamente, excessivamente…
Views: 0
Lu
A escolha da alternativa de transporte rodoviário foi definida para atender os interesses de empresários, sendo escolhida pelos militares na década de 60, quando vários estradas de ferro foram desativadas. Hoje temos que ter “paciência a beça” para várias situações, principalmente em relação às negacionistas em relação aos problemas que assolam nosso país.
Adevaldo
Que decisão estúpida! Países continentais precisam de trens, como acontece na China, EUA e na Índia. Veja agora nas enchentes, como as poucas ferrovias existentes praticamente não sofreram danos.
Abraços,
Lu
LuDias
Há setenta anos aproximadamente, a zona rural tinha uma população bem maior do que a urbana, ou seja, mais de 60% da população vivia na zona rural, o restante na zona urbana. Com o advento da nova agropecuária ocorreu o êxodo rural que inchou as cidades e, infelizmente, com um urbanismo mal planejado e inconcebível, legou-nos problemas insolúveis. Hoje a população rural, se tanto, atinge a 10% da população. Os demais vivem nas cidades que estão cada vez mais superpovoadas, repletas de problemas como enchentes, mobilidade urbana, poluição, falta de habitação, serviços de saúde e de educação ruins, violência, criminalidade, desigualdade social, falta de saneamento básico, etc.
Não vejo solução nem para o campo e nem para o urbano, sem uma mudança na zona rural, repovoando-a com uma agricultura familiar e com a diminuição da abominável agropecuária dos novos tempos, proporcionando a desinchação das cidades e o repovoamento gradativo das zonas rurais. Precisamos repensar profundamente nossos rumos e caminhos. Sem destruir, mas diminuir o tamanho da agropecuária atual, que se fecha em monocultura e que, da forma com que está se projetando destrói o meio ambiente, trazendo-nos a falta de água. É imperativo o retorno de brasileiros que vivem de forma desumana nas periferias das cidades para o campo, buscando uma agricultura orgânica, o respeito à flora, à fauna, à biodiversidade, muita educação, muita paz e saúde para todos.
Ed
O seu comentário destaca com exatidão nossos problemas mais sérios. Concordo plenamente com você em todos os pontos.
Abraços,
Lu
Lu Dias
O assunto mobilidade urbana é um problema de utilidade pública, e todos temos que cobrar de nossos representantes as transformações necessária para sairmos deste marasmo. É preciso haver melhorias como saneamento, segurança e mobilidade.
Mário
São inúmeros os problemas existentes em nosso país que afetam diretamente os mais pobres. Precisamos de governantes competentes em todas as áreas.
Grande abraço,
Lu