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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na Idade Média, após o século X, a Europa Ocidental foi responsável por dois importantes estilos de arte: o Românico e o Gótico. O primeiro foi sendo sucedido aos poucos pelo segundo, de modo que é impossível precisar com clareza o aparecimento de um e de outro, pois durante certo tempo eles chegaram a coexistir. A arte românica teve início no século XI, quando as cidades europeias começaram a prosperar e as expressões artísticas dos diferentes povos passaram a unificar-se em razão das peregrinações e das Cruzadas — movimento militar de caráter cristão que objetivava retomar a Terra Santa —, alcançando até o século XIII. O termo “românico” está relacionado às influências do Império Romano. Para entender melhor a arte românica, faz-se necessário um pouco de conhecimento sobre História. Vamos lá!
O Reino da Inglaterra foi dominado em 1066 (século XI) por um exército normando que contava com a participação de bretões e franceses, sendo comandado pelo duque Guilherme II da Normandia (região histórica situada no norte da França), descendente dos vikings e também primo do rei da Inglaterra, Eduardo, o Confessor (descendente de anglo-saxões). Ao aportar na Inglaterra, os normandos levaram consigo um estilo de construção bem desenvolvido. Os novos senhores feudais das terras conquistadas, no intuito de assegurar poder e grandeza, puseram-se a edificar abadias, mosteiros e igrejas de acordo com o estilo levado que na Inglaterra recebeu o nome de “estilo normando” e no continente europeu foi chamado de “estilo românico” que teve seu ponto alto na construção de igrejas.
A igreja era uma edificação que possuía um imenso significado para as pessoas da época. Normalmente era o único edifício grandioso em toda a redondeza, servindo seu campanário de ponto de referência para os que chegavam à localidade. Servia de ponto de encontro para os habitantes da cidade e da região. Era o orgulho de toda a comunidade, sem falar que a construção de templos agregava muitos trabalhadores, revolucionando a vida do lugar de um modo geral. A labuta tinha início com a extração de pedras e seu transporte. A segunda etapa dizia respeito à colocação dos andaimes e daí por diante à execução da obra que gerava um grande acontecimento para a cidade. Muitos artífices vinham de outras localidades do reino para ali trabalhar.
A planta fundamental das igrejas ainda estava ligada às edificações dos romanos — uma nave central com uma abside (abóbada) ou coro e duas ou quatro naves laterais. Alguns arquitetos gostavam de edificar igrejas no formato de uma cruz (ver última ilustração à direita), mas, para isso, era preciso adicionar uma galeria transversal entre o coro e a nave, à qual se deu o nome de transepto. Arcos arredondados eram assentados em massudos e resistentes pés-direitos. Possuíam poucas janelas, sendo que suas paredes e torres inteiriças lembravam as fortalezas medievais, daí o nome de “fortalezas de Deus”. Essas igrejas eram robustas e compactas tanto interna quanto externamente. Não é difícil imaginar o poder que essas monumentais construções de pedra exerciam sobretudo sobre a gente simples e analfabeta. A Igreja poderosa reforçava, assim, sua pregação de que representava na Terra o poder de Deus ao combater as forças do mal até que o Juízo Final acontecesse.
Os arquitetos normandos, na edificação dessas igrejas, lidavam com um problema — o telhado. Sabiam que os telhados de madeira eram muito comuns, sucumbiam com facilidade ao fogo, ao vento e aos cupins. Era fato que os romanos foram capazes de construir edificações com abóbadas, o que exigia muitos cálculos de natureza técnica, mas a maior parte desse conhecimento havia se perdido com o tempo. Era preciso muito estudo e experimentos para chegar ao que se pretendia. Após anos de estudos, eles chegaram à conclusão de que era necessário construir paredes e pilares bem fortes para sustentar as abóbadas. O melhor a fazer era construir arcos (ou nervuras) transversalmente entre os pilares e depois encher as seções triangulares entre eles (ver terceira ilustração da esquerda para a direita). A primeira aplicação de tal técnica deu-se na catedral normanda de Durham (ver ilustração central). Essa ideia genial para a época foi responsável por transformar os métodos da construção.
A pintura românica, feita através da técnica do afresco — pintura muito utilizada por gregos e romanos que consiste em pintar sobre gesso ou argamassa ainda molhados —, estava agregada à religião, objetivando decorar o interior de igrejas e monastérios com passagens bíblicas, cuja finalidade era a de instruir os devotos, cuja imensa maioria era analfabeta. Esse tipo de arte, conhecido como pintura parietal (feita em paredes) estava associada à arquitetura, marcada pela monumentalidade e pela força da pedra. Existiam também as iluminuras (pinturas decorativas nas letras iniciais dos capítulos de pergaminhos) feitas pelos monges. A escultura também dependia da arquitetura, sendo feita em baixos e altos-relevos de pórticos e arcadas (as primeiras esculturas surgiram nas igrejas francesas).
Dentre as características da arquitetura românica podemos citar: construções monumentais feitas em pedras; predomínio de estruturas pesadas e sombrias; presença de abóbadas; criação de novos métodos referentes à construção; pouca decoração interna e mais externa; arcos em 180 grau (semicircular); presença da cruz nas plantas arquitetônicas; e caráter religioso.
Exercício
- Cite algumas características do estilo românico.
- Como os arquitetos resolveram o problema do telhado?
- IGREJA DE ST. TROPHIME D’ARLES
Ilustração: 1. Igreja Beneditina de Murbac, c.1160 / 2. Catedral de Durham, 1093-1128 / 3. Nave da Catedral de Durham / 3. Planta da Catredal Santiago de Compostela.
Fonte de pesquisa
A Manual compacto de arte/ Editora Rideel
História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
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