A ARTE DO EGITO ANTIGO (Aula nº 10)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A mais duradoura e uma das principais civilizações surgidas na Antiguidade  desenvolveu-se no Egito, tendo durado cerca de 30 séculos, sendo bastante complexa em sua organização social e muito rica culturalmente. Já vimos que os mestres do Egito Antigo foram também os mestres dos gregos e esses, por sua vez, foram os professores de todos nós. Apesar das mudanças que vêm se processando na arte através dos tempos, pois a arte é dinâmica, ainda ficamos perplexos diante de muitas criações daquele povo, principalmente no que diz respeito à arte pictórica (da ou referente à pintura), uma vez que os pintores egípcios representavam a vida de um jeito diferente do nós. O que lhes importava era a totalidade da obra, ou seja, apresentar todos os seus aspectos com a maior precisão e constância possível. Suas obras de arte — desenhadas de memória — seguiam regras preestabelecidas  que tinham por finalidade retratar fatos religiosos — uma vez que a religião estava presente em toda a vida do povo egípcio.

Os artistas egípcios deviam apresentar os elementos de sua composição com perfeita clareza, não deixando ao observador a tarefa de ter que estudá-la, uma vez que toda a sua simbologia já era conhecida, sendo que grande parte das obras de arte produzidas no Egito Antigo era direcionada aos mortos. É possível que ao seguirem as regras que exigiam a inclusão de todas as características que considerassem essencial ao corpo humano, os artistas egípcios estivessem atendendo a um objetivo mágico da representação pictórica. Para eles a composição da figura humana tinha que ser completa no que dizia respeito ao método prescrito, pois se lhe faltasse um braço, por exemplo, não seria possível levar ou receber as oferendas dedicadas aos mortos — conforme rezava a religião. A literatura, as ciências médicas e a matemática estiveram presentes na vida do povo egípcio.

Os artistas egípcios tinham um perfeito sentido de ordem, dando o máximo de veracidade às figuras, tanto é que suas pinturas de animais servem de fonte de pesquisa para zoólogos. Embora tivessem que obedecer a regras severas que lhes cabia apreendê-las já nas suas primeiras aulas — o estudo somente seria concluído após dominá-las — suas obras apresentavam equilíbrio, estabilidade e harmonia ainda que severa. Possivelmente os melhores mestres deveriam ser aqueles que seguiam com maior rigidez os ensinamentos preestabelecidos. Isto explica o fato de a arte egípcia, durante um período de três mil anos ou mais, não ter mudado quase nada. Embora novos temas fossem exigidos dos artistas, o modo como representavam o homem e a natureza era essencialmente o mesmo.

O rei Amenófis IV, pertencente à 18ª dinastia (Novo Reino), foi o único soberano a mexer no até então imutável estilo egípcio. Por acreditar num único deus supremo — Aton —, exigiu que ele fosse representado com a forma de um disco solar, emitindo seus raios e cada raio contendo uma mão (ver ilustração acima). Também mudou seu nome para Akhnaton em homenagem ao deus. No seu reinado as pinturas encomendadas não traziam a imponente e rígida postura dos faraós anteriores. Existe a hipótese de que a reforma promovida por ele tenha a ver com a sua observação de obras estrangeiras, menos rigorosas e circunspectas do que as egípcias. O soberano Akhnaton foi sucedido por Tutankhamon que restaurou as antigas crenças religiosas e estéticas, fechando o contato com o mundo exterior, ou seja, voltando aos modelos de antes. A arte egípcia retomou seu estilo anterior, durando outros mil anos ou talvez mais, sem nenhum acréscimo à realização artística.

E por falar em simbologia, as cores eram muito importantes para a arte egípcia, sendo repletas de simbolismo. O fato de não vermos hoje as cores originais nas obras que eles nos deixaram, deve-se ao fator tempo que tudo destrói. Vejamos as principais: a preta tinha ligação com a noite e a morte, mas também dizia respeito à fertilidade e à regeneração; a branca simbolizava a pureza e a verdade; a vermelha representava a energia e o poder, assim como era a representação do deus do mal “Seti”; a cor amarela simbolizava a eternidade;  a verde representava a regeneração da vida; e a cor azul era a representação do rio Nilo e do céu.

O povo egípcio não usava letras para escrever, mas desenhos. Possuía três formas de escrita: hieróglifos (tida como escrita sagrada), hierática (mais simples, usada pela nobreza e sacerdotes) e demótica (usada popularmente). Na pintura a hierarquia das pessoas era representada com o uso do tamanho. As  mais importantes eram sempre mais altas, como o faraó e os deuses. As figuras masculinas recebiam a cor vermelha e as femininas o ocre. A cor era usada uniformemente (sem claros e escuros).  A “lei da frontalidade” determinava que o tronco da pessoa fosse mostrado de frente, enquanto a cabeça, pernas e  pés deviam ser retratados de perfil.  Não havia a representação das três dimensões, havendo a ausência de profundidade.

O estudo da arte egípcia mostra-nos como é necessário o conhecimento da cultura de um povo, a fim de entendermos a linguagem de suas obras de arte. Fica também claro que o saber liberta-nos dos preconceitos e, como consequência, apresenta-nos, com maior abrangência, aspectos da vida de cada povo em sua passagem pela Terra num determinado período da história da humanidade.

Exercícios:

  1. Por que os artistas egípcios preocupavam-se apenas com a totalidade da obra?
  2. O que levou o rei Amenófis IV a mexer no imutável estilo egípcio?
  3. Cite algumas características da pintura egípcia de então.

Ilustração: Akhnaton e Nefertiti com seus Filhos, c. 1345 a. C

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Manual Compacto da Arte/ Editora Rideel

Views: 62

ARTE EGÍPCIA – PIRÂMIDES (Aula nº 9)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                

Estamos cientes de que todas as regiões habitadas do planeta possuem suas manifestações artísticas, mas existe aquele tipo de arte que é visto como um empenho contínuo, sendo repassado de mestre a discípulo e de discípulo a observador até chegar à arte de nossos dias, como aconteceu no vale do rio Nilo (Egito) cerca de cinco mil anos atrás, o que nos leva à compreensão de que os mestres egípcios foram os mentores dos gregos e esses foram mestres de todos nós. A arte do Egito Antigo, portanto, possui uma dimensão imensurável para todas as outras que vieram depois dela. É impossível, ao estudar a História da Arte, deixar esse povo de lado.

Falar sobre a arte egípcia é remeter-se à terra das pirâmides e de faraós grandiosos e imponentes que escravizaram milhares e milhares de pessoas, a fim de que essas preparassem seus gigantescos túmulos — as pirâmides. O que muitos se perguntam é como aqueles escravos desgastaram seus corpos ao longo de quase toda a sua vida, sem se rebelar contra o esforço físico extremo? A resposta encontra-se na suposta deidade dos monarcas egípcios, apregoada à época. Havia a crença de que os faraós eram divindades que, ao deixarem para trás o mundo terreno, voltavam a unir-se aos deuses dos quais vieram, cabendo, portanto, a seus súditos o dever de ajudá-los em seu retorno. Assim, tanto para os reis quanto para sua gente, as pirâmides tinham uma função divina, não havendo qualquer motivo para se revoltar.

A construção das pirâmides era extremamente penosa. Era necessário cortar pedras, arrastá-las por grandes distâncias através de meios primitivos em que a força física humana era o que mais contava. Eram levantadas em direção ao céu, a fim de ajudar o faraó em sua ascensão, além de preservar seu corpo contra a decomposição. Ainda que a viagem a outro mundo não fosse comprovada, é fato que o corpo era conservado durante muito tempo. Os egípcios antigos carregavam a crença de que o corpo físico necessitava ser poupado, a fim de ser usado pela alma no além, pois sem ele não haveria a tão buscada ascensão. Eles detinham um complexo conhecimento sobre a conservação do corpo físico, embalsamando-o e enfaixando-o para impedir sua decomposição. O corpo do rei, após passar pelos cuidados devidos, era depositado no centro da pirâmide, num esquife de pedra.

Fórmulas mágicas e encantamentos adornavam as paredes em volta da câmara mortuária com o objetivo de encaminhar o faraó em sua longa viagem para o outro mundo. Fazia-se também necessário conservar uma imagem fiel do monarca para que se tivesse absoluta certeza de que ele viveria para sempre. Habilidosos artistas esculpiam a cabeça do faraó em granito — pedra não perecível — e ocultavam-na na tumba para que pudesse cumprir a missão de ajudar a alma a permanecer viva. Com o passar dos tempos, os ritos que antes eram primazia dos reis passaram também a ser direcionados aos nobres da casa real. Seus túmulos — bem menores — agrupavam-se em filas em torno do túmulo do faraó. Posteriormente quaisquer pessoas de posses podiam tomar as medidas necessárias para sua vida no além.

Toda essa preparação acabou se transformando em relíquias antiquíssimas para a arte, sendo que alguns desses primeiros retratos, pertencentes à era das pirâmides, encontram-se entre as mais belas obras de arte egípcia. Aos escultores responsáveis por tais obras importavam apenas os aspectos principais do retratado, como mostra a ilustração acima. Tais obras não tinham por finalidade enfeitar, pois apenas a alma do morto cabia vê-las. É sabido que num passado muito distante, fazia parte dos costumes sacrificar os servos para servir o poderoso morto no outro mundo, mas essa crueldade acabou caindo em desuso, vindo a arte a oferecer imagens de servos simbólicos (shabatis) em substituição aos coitados que deveriam ser sacrificados, como mostram as pinturas e esculturas encontradas nos túmulos egípcios, também vistas em outras culturas antigas. Os textos vistos nos links abaixo são interessantíssimos. Leiam-nos!

Exercícios

  1. A ARTE ANTIGA DOS EGÍPCIOS
  2. O LIVRO DOS MORTOS
  3. O LIVRO DOS MORTOS DO ESCRIBA ANI

Ilustração: 1. Necrópole de Gizé; 2. Cabeça c. 2551- 2528 a. C.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich

Views: 16

POVOS PRIMITIVOS E SUA ARTE (Aula nº 8)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                     

Como já vimos anteriormente e não custa nada repetir, pois se trata de uma visão equivocada que muitas pessoas ainda carregam consigo e que precisam modificar, a denominação povos “primitivos” não significa que eles sejam desprovidos de inteligência, inferiores a quaisquer outros. Nada disso! A alcunha de “primitivos” relacionada a eles diz respeito apenas ao fato de que se encontram mais próximos do estado em que, num determinado momento da história, a humanidade surgiu. Mesmo nos dias de hoje ainda encontramos muitos povos cuja arte é bem primitiva, a exemplo dos maoris da Nova Zelândia.

Ainda que a arte primitiva obedeça certas convenções de modo a atender as expectativas desse ou daquele povo, ao artista é permitido mostrar sua criatividade e domínio técnico, sendo ele capaz de criar uma arte fascinante em obras de talha e cestaria, assim como no trabalho com couro ou metais. Desse modo não cabe a avaliação de que um artista tribal tenha apenas um conhecimento tosco. Basta ver, por exemplo, as obras de talha dos maoris. Devemos ter sempre em mente que não é a habilidade artística desses povos que se diferenciam das nossas, mas tão somente suas ideias, ou seja, a maneira como compreendem o mundo.

O Prof. E. H. Gombrich afirma em seu livro “A História da Arte” algo que jamais poderá ser esquecido por um amante da arte: “A história da arte em seu todo não é uma história de progresso na competência técnica, mas uma história de ideias, conceitos e necessidades em permanente evolução”. Um artista tribal, por exemplo, pode criar uma obra que represente tão bem a natureza, quanto um exímio mestre ocidental. A descoberta de uma série de cabeças de bronze (primeira ilustração à esquerda)  na Nigéria mostra o quão são bem feitas e persuasivas, considerando-se a época e os meios disponíveis ao artista (ou artistas) no que diz respeito à época em que foram feitas.

Ao compreendermos que são as ideias, os conceitos e as necessidades em constante evolução que impulsionam a arte, estaremos livres de quaisquer formas de preconceito direcionado a ela. Artistas nativos da América do Norte, por exemplo, ainda que possuam um conhecimento aprimorado das formas naturais, não se atêm àquilo que achamos ser a aparência natural disso ou daquilo. Muitas vezes apenas uma das características de um animal já é o suficiente para que  possam demonstrá-lo, ou seja, apenas isso lhes basta. Eles podem achar, por exemplo, que ao criar uma máscara apenas com o bico de uma águia estarão representando toda a ave, o que não quer dizer que não saibam representá-la por inteiro. Podemos ver isso principalmente nos mastros totêmicos de tribos ou clãs, lembrando que o totem pode ser um animal, planta ou objeto que serve como símbolo sagrado de um grupo social e é considerado como seus ancestrais ou divindade protetora (terceira ilustração à direita).

Ao analisarmos a ilustração central, representando uma estátua originária do México, possivelmente pertencente ao período asteca — o último antes de esse povo ser derrotado pelos espanhóis —, conhecida como Tlaloc, temos a prova de que a arte primitiva respondia a uma finalidade. Para os estudiosos do assunto, Tlaloc representava o todo poderoso deus da chuva para aquele povo, uma vez que essa era fundamental para a vida daquela gente, ao garantir-lhe as colheitas que a impedia de morrer de fome. E, se esse deus tão enérgico e eficiente era capaz de dominar chuvas e trovoadas, não poderia ser um fracote qualquer, daí sua forma de demônio.

O deus Tlaloc tem a boca formada por duas cabeças de cascavel, uma de frente para a outra. De suas mandíbulas saem seis venenosas presas. Tanto o nariz quanto os olhos assemelham-se a corpos retorcidos de répteis. Está claro o porquê de terem formado a cabeça de Tlaloc, tomando por base o corpo das serpentes sagradas, capazes de unirem-se à força do raio. Na imaginação daquele povo o raio era uma gigantesca e perigosa serpente. Como podemos perceber, a criação de imagens nessas remotas civilizações tinha como finalidade servir à magia e à religião, assim como era também a primeira forma de escrita. E, para finalizar, não nos esqueçamos de que “imagens e letras são parentes consanguíneos”, como ensinava o Prof. E. H. Gombrich.

Exercício:
Para o enriquecimento deste texto/aula os participantes deverão responder às questões abaixo:

  1. O que significa “povos primitivos”?
  2. O que é um totem?
  3. O que o Prof. E. H. quis dizer com “imagens e letras são parentes consanguíneos”?

Ilustração: 1. Oni, Nigéria (bronze), séc. XII-XIV / 2. Tlaloc, o Deus da Chuva (pedra), séc. XIV-XV/ 3. Exemplos de totem.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich

Views: 13

PINTURAS RUPESTRES E ESCULTURA (Aula nº 7)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                  

Antes mesmo da invenção da escrita, acontecida por volta de 4.000 a. C., o homem já produzia arte. Até agora as pinturas e desenhos mais antigos encontrados datam do Período Paleolítico, também conhecido como Idade da Pedra Lascada, quando os instrumentos usados eram de pedra lascada, osso e madeira. As pinturas “rupestres” — termo que intitula as representações artísticas pré-históricas criadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre —, portanto, são o exemplo do vestígio humano mais antigo, tendo varado muitas eras até chegar aos nossos dias. A pintura rupestre mais antiga do mundo, com cerca de 73 mil anos de idade, descoberta até agora, foi encontrada na caverna Blombos, na África do Sul.

A arte rupestre pode ser dividida em dois tipos: pintura rupestre — composta por pinturas feitas com pigmentos nas paredes e em outros espaços; gravura rupestre — imagens feitas com incisões na própria pedra. É possível encontrar registros dessa arte espalhados por todo o planeta. Algumas pinturas e gravuras mais bem preservadas estão localizadas em Portugal, Itália, França, Alemanha, Sibéria, Balcãs (norte mediterrâneo da África), Espanha e Austrália. No Brasil, o Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí (Nordeste) abriga o maior e mais antigo acervo rupestre da América e o Parque Nacional do Catimbau em Pernambuco (Nordeste) também possui registros de pinturas rupestres, sendo ao todo 27 sítios arqueológicos só nessa região. Esse parque é considerado o segundo maior do Brasil. Além dos sítios mencionados, existem muitos locais no Brasil e no mundo com registros de arte rupestre e, sem dúvida, muitos outros ainda não descobertos (ilustração à direita).

Mesmo os arqueólogos, ao depararem-se com as pinturas rupestres, tiveram dificuldades para acreditar que muitas daquelas representações (imagens de bisões, mamutes ou renas) criadas com tanto realismo, imitando a natureza, pudessem remeter à última Era Glacial. Contudo, ao encontrarem objetos rudimentares feitos de ossos nesses locais, concluíram que as pinturas tinham sido gravadas ou pintadas por homens que, por serem caçadores, conheciam bem aqueles animais. Usavam cores vibrantes para pintá-las, feitas a partir de gordura e sangue de animais, vegetais, argila e carvão das fogueiras. Eram pintadas com pincéis toscos feitos de pelos de animais, soprando com a boca ou fazendo uso dos próprios dedos. O homem do Período Paleolítico também criou esculturas em pedra, cuja maioria trazia a figura feminina estilizada.

Muitas pessoas especulam sobre qual é o real motivo de alguém ter se arrastado até as escuras entranhas da terra — em muitos casos — e ali deixar sua obra. O certo é que ninguém empreenderia uma viagem tão perigosa apenas para ornamentar esse local. Segundo a compreensão do Prof. E. H. Gombrich em seu livro “A História da Arte”, “A explicação mais provável para essas pinturas rupestres ainda é a de que se trata das mais antigas relíquias da crença universal no poder produzido pelas imagens: dito em outras palavras, parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem de sua presa — e até a espicaçassem com suas lanças e machados de pedra — os animais verdadeiros também sucumbiriam ao seu poder”. Sua análise baseia-se no uso da arte entre os povos primitivos do nosso tempo que ainda vivem em conformidade com seus antigos costumes, ou seja, que vinculam à maior parte de sua produção artística a ideias semelhantes sobre o poder das imagens. Há também aqueles que dizem ser elas o resultado de ervas alucinógenas.

Exercício:

  1. O que são pinturas rupestres e como se subdividem?
  2. Quais são os dois principais parques de arte rupestre no Brasil?
  3. Suponhamos que você seja um daqueles que deixaram sua pintura na caverna de Blombos, na África do Sul. O que o levou a fazer isso?

Ilustração: 1. Pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara; 2. Vênus de Willendorf ou Mulher de Willendorf encontrada na Áustria.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Manual Compacto da Arte / Editora Rideel
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/arte-rupestre

Views: 48

TUDO TINHA FINALIDADE (Aula nº 6)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                    (Clique nas imagens para visualizá-las melhor)

Não se sabe como a arte teve origem. O que se tem como certo é que nenhum povo jamais se privou de ter a sua própria arte. Sabe-se também que a visão que se tem hoje sobre arte (artigo de museus, objeto de exposições ou decorações, etc.) diz respeito a um desenvolvimento relativamente recente na história da humanidade, uma vez que no passado a arte era meramente utilitária. As pinturas e as estátuas, por exemplo, não eram vistas como meras obras de arte, mas, sim, como objetos com uma função utilitária específica. Quanto mais a humanidade retroceder em sua história, mais evidentes (e muitas vezes bizarras) serão as provas das funções definidas encontradas nas obras de arte de tempos atrás.

Em muitas partes do nosso planeta é possível encontrar povos cujo modus vivendi ainda é muito semelhante ao de nossos ancestrais bem distantes, conhecidos como povos “primitivos”. Contudo, a palavra “primitivo” não significa que sejam inferiores ao homem atual, mas, sim, que se aproximam mais do estado em que, num determinado momento, a humanidade teve origem. Para os povos primitivos todas as coisas criadas possuíam uma utilidade, uma serventia. As imagens (estatuetas), por exemplo, tinham por objetivo protegê-los contra os poderes da magia que consideravam tão real quanto as forças da natureza, as quais reverenciavam. Assim, tanto as pinturas quanto as estátuas estavam ligadas à magia. Aos povos primitivos não importava a beleza de sua criação, mas apenas que ela cumprisse uma determinada finalidade.

Algo que parece inverossímil para muitos de nós é a crença que possuíam os povos primitivos de que aquilo que se impingia à representação de uma pessoa era também transmitido ao indivíduo representado. É impossível dizer que não haja culturas — mesmo nos dias de hoje — na quais não exista a presença de feiticeiros, videntes, pajés e bruxos, Algumas delas usaram (ou ainda usam) pequenas imagens do inimigo para dele se vingar, como faziam nossos remotos antepassados.  O Vodu — crença surgida no século 4 a.C —, por exemplo, usa os famosos bonecos espetados tanto como amuletos para atraírem a sorte, saúde, dinheiro e amor, como também para afastar alguém, só que o fato de espetar as agulhas no suposto inimigo não o faz sentir dor, como apregoa o cinema de terror. Não seria a “Queima de Judas” também um remanescente de tais superstições a prevalecer em nossos dias?

O Prof. E. H. Gombrich em seu livro “A História da Arte” conta que de uma feita um artista europeu, ao visitar uma aldeia africana, ali fez desenhos de animais domésticos em suas anotações, o que deixou seus habitantes confusos e nervosos. Eles achavam que o artista, ao levar os desenhos consigo na volta para seu país,  também estaria levando os animais da aldeia, ou seja, a mera representação desses já era capaz de transportá-los para um lugar diferente. Ao tomarmos conhecimento de fatos como este, a nossa compreensão sobre as pinturas antigas e estatuetas de nossos antepassados que resistiram bravamente ao tempo, ficam imbuídas de um maior significado e também nos faz mais compreensivos em relação à arte daquele tempo.

Exercícios

1. Qual a diferença entre a arte primitiva e a arte de nossos dias?
2. Como você explica o uso da palavra “primitivo” na arte?
3. Que objetivo possuíam os povos primitivos em relação às suas criações?

Ilustração: Arte no Paleolítico e Neolítico.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich

Views: 6

ARTE CRISTÃ E O PRECONCEITO (Aula nº 5)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

     arte12   arte1234

A imagem de Cristo com seus cabelos longos e loiros, pele branca e grandes olhos azuis, mesmo sendo um galileu, está tão enraizada na mente dos cristãos que a grande maioria deles se esquece de que nada se encontra na Bíblia que se refira à aparência física de Jesus. Os Evangelhos não o descrevem.  Segundo Isaías, é possível dizer que Cristo era feio, mas o Salmo 45 refere-se a ele como “a mais bela das crianças dos homens”. Na arte vista nas catacumbas Cristo era representado por figuras simbólicas: o monograma formado pelas duas primeiras letras de seu nome grego (Kristos), o peixe, o cordeiro, o pescador de almas, o Bom Pastor.

As imagens conhecidas hoje tratam, na verdade, de meras criações dos artistas do passado que tiveram como fonte unicamente a imaginação. Apesar disso, qualquer mudança nas imagens tradicionais leva muitos religiosos a qualificar o artista como ímpio e profanador. Como veem os leitores, é nas pinturas bíblicas que residem os mais arraigados preconceitos. Não se aceita que outros artistas possam ter uma visão diferenciada da que tiveram os do passado, num impiedoso conservadorismo. O Prof. E. H. sempre afirmava que “Não existe maior obstáculo à fruição de grandes obras de arte do que a nossa relutância em descartar hábitos e preconceitos”.

O grande mestre italiano Caravaggio (1571–1610) foi vítima de uma dessas formas de preconceito que ocasionou, na sua época, um grande escândalo, quando recebeu a encomenda de um quadro de São Mateus — um dos quatro evangelistas — que deveria ornamentar o altar de uma igreja romana. Na sua obra o santo deveria ser representado enquanto escrevia o Evangelho.  O objetivo do quadro era ensinar aos fiéis que os Evangelhos eram a palavra de Deus e, para que a composição ganhasse maior veracidade, um anjo deveria também estar representado na obra, como fonte de inspiração para a escrita do evangelista.

Caravaggio representou São Mateus como se fosse um velho e pobre trabalhador (ilustração à direita), já com a cabeça calva, a testa enrugada, denotando preocupação e dificuldade na escrita, com os pés descalços e sujos de terra, ou seja, em sua real condição humana, inclusive sem o uso da auréola que denotaria sua santidade. O santo escreve com o caderno escorado sobre a perna esquerda na falta de uma mesa. A seu lado, o artista pintou um anjo que docemente conduz sua mão, ajudando-o a contornar a dificuldade encontrada na transposição do Evangelho para o papel, tarefa  que lhe parece árdua. Observem que o anjo não desce do céu, mas se encontra humildemente no chão, recostado ao santo, numa atitude bem infantil.

Após a entrega da obra encomendada, Caravaggio foi duramente criticado por autoridades eclesiásticas e pessoas de alto poder aquisitivo que viram na sua pintura uma total falta de respeito para com a Igreja e para com o evangelista. A obra foi imediatamente devolvida ao pintor, cabendo-lhe a incumbência de pintar outra com a mesma temática. O artista prontamente obedeceu, pois precisava do dinheiro.

Na segunda pintura de Caravaggio, São Mateus encontra-se bem vestido, embora descalço, empunhando com facilidade a pena e um pouco surpreso com o anjo que vem do alto e que não o toca, como se interrogasse sobre qual seria o motivo de ele se encontrar ali. Agora ele escreve sobre uma enorme mesa, tendo a perna esquerda recostada num banco. Sua cabeça está cingida por um halo para demonstrar a sua divindade. Enquanto o anjo do primeiro quadro parece ensinar o santo a escrever, o do segundo parece apenas lhe dar explicações sobre os assuntos teológicos, enumerando-os com os dedos. A nova pintura foi plenamente aceita.

A humildade e a compaixão estão bem mais visíveis na primeira composição de Caravaggio, enquanto na segunda o que se destaca é a surpresa com a chegada do anjo, como se a sua presença fosse desnecessária. Portanto, o primeiro quadro suplanta o segundo em sensibilidade, energia, amor e verdade. Enquanto na primeira obra o belo alia-se à simplicidade e à pobreza do retratado, na segunda o belo diz respeito à sua condição de homem bem vestido e versado nas escrituras.

Exercícios

1. Por que é nas representações bíblicas que residem os mais arraigados preconceitos?
2. Muitos artistas representam Cristo de acordo com a sua própria raça (negra, asiática, indígena, etc). O que você pensa sobre isso?
3. Qual dos dois quadros mais o emociona? Por quê?

Fontes de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Cristo na Arte/ Manuel Jover

Views: 5