Uhde – O CAMINHO DO JARDIM

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

Muitos dos artistas franceses queriam encontrar a luz na natureza, mas eu queria encontrar a luz dentro da figura que estava apresentando. Em Cristo, compreendi a incorporação da luz exterior e interior.

Hoje fiz uma coisa realmente extraordinária, como talvez nunca tenha feito antes. Trabalhar ao ar livre em tons delicados e graciosos parece seu o meu campo. (Uhde)

O oficial de cavalaria e pintor alemão Fritz von Uhde (1848 – 1911) veio de uma família de comerciantes e funcionários públicos. Seu pai era pastelista assim como sua mãe e irmãs. Iniciou seus estudos na Academia de Arte de Dresden, mas ali permaneceu por pouco tempo, retomando sua carreira de oficial. Seu estilo figurava entre o Realismo e o Impressionismo. Também criou obras religiosas retratando Jesus visitando as famílias da classe trabalhadora. Ele foi um dos precursores da arte moderna da igreja do século XX. A maioria das criações artísticas de Uhde não foi vista com bons olhos pelos críticos de arte oficiais e também pelo público, sob a alegação de que eram “ordinárias e feias”, contudo, em razão de sua grande amizade com o pintor holandês Rembrandt, ele angariou muitos admiradores. É tido, ao lado de Lovis Corinth, Max Slevogt e Max Liebermann, como uma das mais importantes figuras do impressionismo alemão.

A composição intitulada O Caminho do Jardim é uma obra do artista. As três figuras femininas presentes são filhas de Uhde. O artista usou-as como modelo em muitos de seus quadros. A mãe delas morreu quando a mais nova delas nasceu, e o pai não voltou a casar-se de novo, criando, assim, um grande elo entre eles.

As três jovens mulheres encontram-se no jardim da casa de campo da família. Vestem blusas claras de mangas compridas e longas saias. Manchas de luz, filtradas através da folhagem verde e castanha, estão salpicadas por suas vestimentas e também sobre algumas folhas e sobre o caminho. A primeira delas, usando uma saia escura, encontra-se na lateral esquerda da tela e traz o corpo voltado ligeiramente para o lado. As outras duas, atrás, caminham de braços dados, sendo que uma delas olha para trás.

Na margem inferior direita da pintura é visto um pequeno fragmento da esquina de uma casa, onde dois caminhos se encontram, conduzindo ao jardim para o qual se direcionam as moças. Um grande cão branco, com a cabeça marrom e uma grande macha da mesma cor nas costas, segue as três irmãs. Ao fundo estão árvores frutíferas. Uma proteção retangular em forma de grade serve de moldura para as árvores.  A cadeira branca encostada à grelha tem um chapéu preto com lenço vermelho sobre ela.

O artista impressionista também se preocupava com as alterações da luz – não ao longo de um dia – mas ao longo dos anos. Prova disso é que pintou o caminho do jardim nove vezes.

Ficha técnica
Ano: 1903
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 61 x 76 cm
Localização: Kunsthalle, Bremen, Alemanha

Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://en.wikiquote.org/wiki/Fritz_von_Uhde

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Zandomeneghi – PLACE D’ANVERS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Federico Zandomeneghi (1841 – 1917) foi morar em Paris, encorajado pelo amigo e crítico de arte Diego Martelli, responsável por apresentá-lo a Edgar Devas. Participou das exposições dos impressionistas, tornando-se amigo do grupo. Antes de ir para Paris, o artista havia conhecido um grupo de artistas que gostavam de trabalhar com manchas de cor, conhecidos por “Machiaioli”, aprendendo sua técnica. Assim como seu amigo Degas, ele gostava de representar mulheres jovens e belas em situações diversas. Tornou-se também um aclamado pintor de paisagens. Embora pertencesse ao grupo de impressionistas, o trabalho de Zandomeneghi que privilegiava o uso de cores intensas lembra muito o Simbolismo.

A composição intitulada Place d’Anvers é uma obra do artista que retrata a pequena praça de mesmo nome. Uma fileira de árvores no meio da pintura é responsável por dar a sensação de profundidade espacial. A luz forte do sol ilumina o pavimento de pedra, deixando-o esbranquiçado. Por sua vez, uma grande sombra toma a parte inferior esquerda da composição – com suas pedras pintadas em fortes pinceladas de azul, vermelho, amarelo e branco – agregando ali várias pessoas.

Um grupo de crianças brinca ao sol, enquanto suas mães vigiam-nas, sentadas à sombra formada pelas casas à direita. Três mulheres conversam próximas a um carrinho de bebê vazio, pois uma delas traz a criança ao colo, enquanto outra, sentada em primeiro plano, de costas para o observador, conversa com o filho. Um cachorrinho, sentado próximo ao grupo, observa as crianças brincando. Inúmeras pessoas transitam pelo local. Ao fundo é possível ver uma charrete.

Ficha técnica
Ano: 1880
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 102 x 136 cm
Localização: Galeria de Arte Moderna Ricci Oddi, Piacenza, Itália

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://it.wikipedia.org/wiki/Federico_Zandomeneghi

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CELULARES, APARELHOS AFINS E O SONO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Especialistas alertam sobre os perigos que o celular traz: a postura com a cabeça inclinada para baixo provoca problemas sérios de coluna; o uso de celular à noite, sem iluminação, provoca degeneração da mácula ocular em virtude da luz azul que é prejudicial (lembrando que o excesso de luz também interfere no sono, devido ao desequilíbrio na produção de melatonina); induz à ansiedade, pois as pessoas não conseguem relaxar, ficando conectadas dia e noite. (Hernando Dias)

Várias pesquisas nos últimos anos detectaram forte relação entre o uso de celulares e aparelhos afins com a piora na qualidade do sono. Trabalhos ingleses mostram que sete em cada dez crianças e nove em cada dez adolescentes britânicos têm pelo menos um dispositivo móvel à beira da cama e a grande maioria checa o celular no meio da noite. Este texto dedica-se ao impacto deste comportamento na vida e na saúde das pessoas.

Um grupo de pesquisadores da universidade de Harvard (EUA) comparou o efeito da leitura de livros de papel com os leitores digitais (e-readers) antes de dormir. Eles verificaram que as pessoas que haviam lido livros digitais levavam mais tempo para adormecer e tinham um sono de pior qualidade. Como consequência, elas se sentiam mais cansadas ao acordarem na manhã seguinte, com queda na produtividade e com um humor mais irritadiço.

De igual forma, as crianças e adolescentes são tão afetados quanto os adultos. Segundo um trabalho de novembro de 2016 do King’s College London, publicado no periódico “Jama Pediatrics”, os jovens parecem ter sensação permanente de estarem conectados, mesmo que os aparelhos estejam desligados à noite, e isto interfere no padrão de sono. Outra pesquisa de 2014, publicada pelo “Canadian Journal of Public Health”, relacionou que a presença desses dispositivos móveis no quarto de crianças de 9 a 11 anos provoca piora do sono e sobrepeso. Portanto, olhar Facebook, Twitter ou Instagram pelo tablet ou celular antes de dormir e depois deixá-lo na cama, ao seu lado, pode ser prejudicial para a qualidade do sono e, por consequência, da saúde. O motivo? A melatonina, hormônio que ajuda as pessoas a adormecerem, tem sua produção inibida pela luz que estes aparelhos emitem.

Para os estudiosos sobre o tema “sono”, o uso de aparelhos eletrônicos no período da noite pode não só interferir na qualidade do sono como prejudicar a rotina no dia seguinte – especialmente no longo prazo. As pesquisas publicadas nos últimos anos revelam uma forte ligação entre privação de sono e a ocorrência de doenças como obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares, enfraquecimento do sistema imunológico e até câncer. É importante lembrar que, até os 21 anos, o cérebro segue um processo muito ativo de desenvolvimento. E boa parte desse remodelamento neuronal acontece justamente à noite, ao dormir. Sem sono, nossas conexões podem deixar a desejar em termos de atenção, comportamento e memória.

Quer ver seu filho dormir bem? Que tal proibir o uso e até mesmo a presença de celulares e tablets no quarto à noite? É bom lembrar que quanto mais os pais usam tecnologias dentro de casa, maior é o risco de os filhos repetirem o mesmo padrão de comportamento em seus respectivos dormitórios. Temos de dar o exemplo, reduzindo o uso destes aparelhos à noite, bem como ser mais enfático nas proibições no uso desta tecnologia na hora de ir dormir. Você pode até ficar com fama de chato, mas, provavelmente, eles agradecerão no futuro. Resumindo: celular desligado na sala e uma boa noite de sono no quarto.

Nota: imagem copiada de 180graus.com

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Sisley – O CAMINHO PARA…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Além do próprio motivo, o principal interesse na pintura de paisagens está na vida e no movimento. A animação da tela é um dos problemas mais difíceis na pintura. Tudo deve contribuir: a forma, a cor, a execução… (Sisley)

O pintor francês Alfred Sisley (1839 – 1899) era filho de pais ingleses. Em Londres ele preferia visitar museus e copiar esboços a estudar comércio, como desejava sua família. Ao retornar a Paris foi-lhe permitido entrar para o atelier de Gabriel Gleyre, onde travou amizade com Renoir, Bazille e Monet, com os quais pintava ao ar livre. Tinha grande paixão pelas paisagens, tornando-se um dos mais importantes paisagistas do impressionismo. À medida que progredia em seu trabalho artístico, passava a dar mais atenção à cor do que à forma. Como era um grande observador, tornou-se capaz de captar os matizes mais tênues da luz, como podemos vem em seus quadros sobre as estações dos anos.

A composição intitulada O Caminho para a Antiga Balsa em By é uma obra do artista que apresenta mais uma de suas paisagens rurais. No centro encontra-se um rio que vai da direita para a esquerda. Um pequeno caminho, em primeiro plano, responsável por dar profundidade à obra, leva à margem onde três pequenas figuras humanas são vistas de pé, esperando a balsa que faz a travessia. À esquerda delas encontram-se três lavadeiras em seu labor. Do outro lado do rio estão ancoradas algumas embarcações. Ao fundo está a aldeia com duas casas com telhados vermelhos em meio ao verde. Uma delas, no centro da tela, dirige o olhar do observador para os três passageiros na margem, aguardando a balsa.

Ficha técnica
Ano: 1880
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 65 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Sisley
https://www.tate.org.uk/art/artworks/sisley-the-path-to-the-old-ferry-at-by-n05144
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/alfred-sisley-the-path-to-the-old-ferry-at-

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François Gérard – MADAME RÉCAMIER

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano François Gérard (1770 – 1837) viveu em Roma até seus oito anos. Seu pai foi mordomo em várias casas ricas. Após o regresso de sua família a Paris, ele foi estudar com o pintor Jacques-Louis David, após completar 16 anos de idade, tornando-se seu aluno predileto. Ganhava a vida como retratista até que a Revolução Francesa fez com que buscasse a profissão de ilustrador, vindo a ilustrar trabalhos de Racine e de Virgílio. O artista, além de pintar retratos, era também formidável na criação de cenas históricas. Seus retratos eram tão bem elaborados, distantes do estilo clássico, que foi designado como pintor da corte do rei Luís XVIII.

A composição intitulada Madame Récamier é uma obra-prima do artista em que retrata Juliette Récamier, esposa de Jacques Récamier – um rico banqueiro quase 30 anos mais velho do que ela. O salão da família era um lugar que recebia os artistas e intelectuais opositores de Napoleão Bonaparte. Era muito influente nos círculos literários e políticos na metade do século XIX. Além disso, Juliette era uma mulher belíssima, admirada por muitos homens, sendo muito solicitada como modelo pelos pintores que trabalhavam com retratos.

François Gérard que levou em conta o romantismo do final do século XVIII, apresentou Juliette Récamier numa pose lânguida, sentada numa suntuosa poltrona “etrusca” com o corpo retorcido, voltado para o observador. Ela usa um vaporoso vestido longo branco – peculiar à época – que mal lhe cobre os pequenos seios e cujas ínfimas mangas descem-lhe pelos braços, deixando-a muito sedutora. Um enorme xale amarelo está aleatoriamente jogado sobre suas pernas. Seus finos pés estão descalços, um deles descansando sobre um banquinho. Atrás da retratada, uma cortina vermelha – funcionando como pano de fundo – repassa um tom rosado à sua pele. Ela sorri suavemente.

Para o fato de Madame Récamier ter contratado François Gérard para fazer um retrato seu, preterindo o de David (pintor neoclássico), existem muitas explicações:

  • Juliette não se sentiu satisfeita com o retrato encomendado ao pintor David, cuja representação achou fraca. Ela queria algo mais natural.
  • Juliette então solicitou a Gérard que à época era um dos mais famosos retratistas, para que lhe fizesse outro retrato.
  • David paralisou a criação da obra ao descobrir que François Gérard – seu aluno – tinha sido escolhido antes dele ,para pintar o retrato dela.
  • A busca por outro retratista por parte de Madame Récamier deveu-se à demora de David em terminar a obra contratada, o que a estava deixando impaciente.

O retrato encomendado a François Gérard foi um presente para o príncipe Augusto da Prússia, sobrinho de Frederico II, um dos admiradores de Juliette. Após a morte do príncipe, este retrato foi devolvido a Madame Récamier.  O interessante é que em razão de Juliette ter posado para Jacques-Louis David, reclinada num sofá – uma espécie de divã com cabeceira mais alta e delicadamente recurvada – é que esse tipo de mobiliário contemporâneo veio a receber o nome de “récamier”, presente hoje em muitas casas ricas.

Ficha técnica
Ano: 1802
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 225 x 145 cm
Localização: Museu Carnavalet, Paris, França

Fontes de pesquisa
Romantismo/ Editora Taschen
http://www.carnavalet.paris.fr/en/collections/portrait-de-juliette-recamier-1777-1849
https://en.wikipedia.org/wiki/Juliette_Récamier
https://www.wga.hu/html_m/g/gerard/4recamie.html

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Overbeck – ITÁLIA E GERMÂNIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor alemão Johann Friedrich Overbeck (1789 – 1869) nasceu numa família muito rica. Iniciou seus estudos artísticos com Jean Peroux, vindo mais tarde a frequentar a Academia de Viena, sendo um dos responsáveis pela criação da Guilda de São Lucas dessa cidade. Viveu em Roma juntamente com outros pintores alemães que residiam no Mosteiro de Santo Isidoro, onde produziam uma arte nacionalista, mas com temática religiosa. Esse grupo recebeu o nome de “Os Nazarenos” em razão de seus cabelos longos, sendo Overbeck reconhecido como seu líder. É também considerado o fundador da Arte Romântica Alemã.

A composição intitulada Itália e Germânia é uma obra do artista. As duas jovens mulheres, voltadas uma para a outra, numa postura de grande amizade, personificam a arte do Renascimento italiano e a velha tradição de pintura germânica. A jovem de cabelos escuros, rodeados por uma coroa de louros, à esquerda, é Itália, enquanto a da direita é Germânia com seus cabelos loiros trançados, adornados com uma grinalda de murta. A vestimenta de Germânia reporta à época de Albrecht Dürer, uma referência ao gênero nórdico, e a de Itália lembra as madonas de Perugino e Rafael Sanzio.

Os “Nazarenos” almejavam unir as características da pintura italiana e alemã da antiga Idade Média e do Renascimento, chegando até Rafael Sanzio. É interessante observar o modo como o artista criou a paisagem de fundo, indicando a união de duas nacionalidades, além de as duas figuras encontrarem-se de mãos dadas, expressando grande amizade e confiança. A da esquerda é uma paisagem italiana e à direita são vistas as ruelas de uma cidade alemã.

Ficha técnica
Ano: 1828
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 94,4 x 104,7 cm
Localização: Neue Pinakothek, Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Romantismo/ Editora Taschen

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