Girodet – O RETRATO DE JEAN-BAPTISTE…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Jean-Baptiste Mars Balley, ao posar para o pintor francês Girodet de Roucy-Trison, já não era mais um escravo no Haiti, colônia francesa à época. Tudo indica que o retratado tenha nascido na ilha de Gorée, no Senegal, tendo sido sequestrado por caçadores de escravos quando ainda era bebê e enviado para a colônia francesa de Saint-Domingue (atualmente República do Haiti). Acabou comprando a sua liberdade com as economias feitas, depois de muitos anos sob o jugo impiedoso da escravidão.

Balley entrou nas forças armadas, servindo no contingente das forças negras e mulatas na luta contra os britânicos na Geórgia. Como capitão da infantaria, ele se feriu seis vezes. Veio depois a ser eleito para a Convenção Nacional Francesa pela região norte de Saint-Domingue. Foi o primeiro vice negro a conquistar um assento na Convenção, continuando a lutar contra o racismo vigente. Foi muito importante na luta pela igualdade de cor, sendo reconhecido por persuadir esse órgão no sentido de abolir a escravidão na França e em suas colônias. Participou da revolta dos africanos no Haiti, com o objetivo de derrubar o regime colonial francês.

O artista francês Anne-Louis Girodet de Roussy-Trioson (1767 – 1824), ex-aluno de Jacques-Louis David e famoso por seus retratos, foi o autor do retrato acima. Em sua obra é possível notar no rosto de Balley – que tinha à época 50 anos – as tensões que vivia. Ao ser exposto em Paris nos anos de 1797/1798, este retrato acabou despertando um grande encantamento no público de então. O fato de Balley, um africano, ter sido pintado num estilo aristocrático – já naquela época –  chamou muito a atenção, pois o negro dificilmente figurava numa pintura. O busto branco ao seu lado reforça ainda mais a sua negritude, assim como sua mão negra alongada sobre a calça clara.

O retratado está de pé, recostado ao pedestal onde se encontra o busto do filósofo Guillaume-Thomas Raynal – esculpido por Espercieux – um reformador anti escravista de sua época. Os cabelos de Balley já se mostram acinzentados. Seu rosto ósseo traz um grande sulco próximo ao nariz achatado. Seus olhos, voltados para cima, são grandes. Ele usa um uniforme de membro da Convenção, trazendo na cintura as três cores republicanas. Ao fundo vê-se uma paisagem tropical com o céu meio nublado. O artista, em sua pintura, retrata uma elevação na parte direita das calças de Balley, deixando perceptível um grande pênis e seus testículos, o que leva ao ideal estético clássico, embora Girodet fosse um dos primeiros pintores românticos da arte francesa.

Alguns historiadores interpretam este retrato de Balley como uma tentativa do artista de reafirmar o princípio da igualdade, contudo, ao evidenciar as partes genitais do retratado, ele reforça a teoria clássica da selvageria e da barbárie que a população europeia da época tinha em relação aos negros, considerando-os pessoas inferiores. Era como se o artista tivesse feito o retrato de um incivilizado, o que viria a refletir a ideia do “bom selvagem”.

Ficha técnica
Ano: 1797
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 150 x 111 cm
Localização: Château de Versailles, França

Fontes de Pesquisa:
História da arte no ocidente/ Editora Rideel
https://es.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Belley
https://www.histoire-image.org/de/etudes/jean-baptiste-belley-depute-saint-doming

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Katsushika Hokusai – HODOGAYA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A ilustração intitulada Hodogaya é uma xilogravura sobre papel, obra do pintor japonês Katsushika Hokusai (1760 – 1849) que aqui tenta reproduzir uma paisagem, antes de haver o encontro concreto entre a arte japonesa e a arte ocidental.  Já se nota a preocupação do artista em fazer com que o homem seja um elemento à parte da natureza. Esta ilustração é tirada de sua série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fugi”, um grupo de xilogravuras coloridas, continuação da série “Cem Vistas do Monte Fuji” de 1817, o que mostra o quão dedicado a seu trabalho era Hokusai. Eclético, trabalhou com vários estilos.

Em sua composição ele mostra uma rua com oito árvores altas e de troncos finos. Seis figuras humanas ali são vistas. Ao fundo vê-se o famoso Monte Fuji* com seu cone perfeito. Na frente do grupo seguem dois carregadores levando um palanquim com uma pessoa sentada. Eles interromperam a caminhada, puseram a carga no chão para que um deles amarre o sapato, enquanto o outro limpa o suor de sua cabeça. Mais atrás, um servo puxa um cavalo com um homem montado sobre ele, parecendo embevecido com a visão do Monte Fuji. Outro homem caminha em direção à cidade.

*O Monte Fuji é o mais alto do Japão. Desde o século VII é venerado pelos japoneses. Por ser tido como sagrado, até 1872 as mulheres não tinham permissão para escalá-lo. O ponto alto das escaladas é no verão – de julho a setembro. Muitos devotos de seitas que cultuam o vulcão também o sobem em longas procissões. Do alto do vulcão, à noite e com bom tempo, é possível ver o nascer do sol no oceano Pacífico. Um número sem conta de estampas de todas as épocas traz o Monte Fuji reproduzido.

Ficha técnica
Ano: 1823/1831
Autor: Katsushika Hokusai
Período Edo
Dimensões: 25,5 x 37,8 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Turner – ANÍBAL E SEU EXÉRCITO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Turner se empenhava para que seus quadros ficassem na parede na altura correta. Ele desejava que este fosse pendurado baixo, para que o observador pudesse ser atraído visual e emocionalmente para o centro da imagem. (Robert Cumming)

O Sol é Deus! (Últimas palavras de Turner)

O inglês Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) nasceu em Londres. Aos 14 anos de idade passou a trabalhar com o desenhista arquitetônico Thomas Malton que chegou a concluir que o garoto jamais seria um artista, mas ele foi no mesmo ano aceito na Escola da Academia Real de Artes, em Londres, onde ganhou a admiração de seus colegas. Aos 15 anos, Turner expôs suas primeiras aquarelas na referida academia. Aos 25 anos já era membro associado, período em que visitou, pela primeira vez, outros países do continente europeu, estudando em Paris – no Louvre – os Antigos Mestres, dando destaque às paisagens holandesas e composições de Claude Lorrain. A visita de Turner a outros países, inclusive à Itália, mudou radicalmente seu estilo, quando passou para as criações visionárias.

A composição intitulada Aníbal e seu Exército Cruzando os Alpes é uma obra do artista, tendo sido exibida numa época muito conturbada da história, quando Napoleão batia às portas de Moscou, dando a impressão de que toda a Europa cairia sob a tutela francesa, coisa que o rigoroso inverso russo não permitiu.

O quadro trata da invasão da Itália – através dos Alpes – pelo exército cartaginês liderado por seu líder Aníbal. Contudo, Turner não se atém à façanha bélica do líder cartaginês, transformando a ferocidade da natureza no verdadeiro tema de sua obra, ao retratar o exército de Aníbal enfrentando uma impetuosa nevasca e posteriormente sendo derrotado. Para muitos, o quadro de Turner foi o prenúncio do que viria a acontecer com Napoleão.

A maior parte da composição é tomada pela natureza bravia. Uma avalanche de neve desce pela extrema direita sobre o exército cartaginês que eleva seus escudos, estandartes e lanças num gesto de contenção da nevasca. É possível ver uma figura com os braços abertos, amedrontada com o que vê. Mais ao longe – na parte inferior central da composição – estão os famosos elefantes do líder que, diante das forças da natureza, tornam-se imperceptíveis em sua grandeza. As montanhas também se mostram amedrontadoras, assim como as nuvens e a luz formada por enormes cones.

As figuras que se encontram atrás da rocha, em primeiro plano, são pouco notadas, pois a preocupação do artista não era com o emocional ao retratar um fato, mas com o efeito dramático da cena, privilegiando as forças da natureza, por isso, ele elimina os detalhes, deixando o resto por conta do observador. Mais ao centro, na base da composição, um grupo de salassos (habitantes de tribos locais) busca levantar uma pesada rocha para jogá-la abaixo, provocando um deslocamento de pedras sobre o inimigo. Já à esquerda, guerreiros salassos são vistos despojando suas vítimas de seus bens.

Em sua obra o artista usou uma forte paleta de cores, com a predominância de tons escuros (azuis, marrons e verdes) que, apesar do brilho da luz solar, cria ainda mais um clima de dramaticidade. Turner, um apaixonado pelo impacto visual do sol e de sua simbologia, é tido como um dos poucos artistas que o pintaram, ao invés dos efeitos provocados por sua luz. Na composição, o astro-rei parece lutar para vencer as nuvens tempestuosas e trazer vida em vez de desespero.

Ficha técnica
Ano: 1812
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 146 x 237 cm
Localização: Tate Gallery, Londres, Grá-Bretanha

Fontes de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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Jacopo Bassano – A ÚLTIMA CEIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Jacopo Bassano (c. 1517 – 1592), cujo nome de batismo era Giacomo Ponte, estava entre os mais famosos nomes de artistas no final da Renascença. Por ter nascido numa família de pintores, sendo ele o mais importante, estudou inicialmente com o pai Francesco Bassano, o Velho e depois com Bonifazio Veronese, em Veneza. O artista foi influenciado por Ticiano, Lorenzo Lotto, Tintoretto e também pelos pintores maneiristas, entre ouros. Suas obras destacam-se por uma grande luminosidade, exatidão nos detalhes e o uso de elementos narrativos simples.

A composição intitulada A Última Ceia é uma obra-prima do artista. Na cena Jesus Cristo está rodeado por seus apóstolos. Eles se mostram agitados, gesticulando energicamente após o aviso de que o Mestre seria traído por um deles. Contudo, o discípulo João, o mais novo de todos, parece dormir, sentado na frente de Cristo, em meio a toda aquela confusão. Enquanto alguns parecem ganhar grande espaço na tela, outros são mostrados numa perspectiva reduzida. Apesar de ser um tradicional tema religioso, elementos da pintura de gênero também são apresentados. Ao apontar para o pão partido, enquanto eleva os olhos para Jesus, o apóstolo sentado na extrema direita, faz uma alusão ao Redentor.

Jesus Cristo de pé  – evidenciado por raios de luz que saem de sua cabeça – divide a composição ao meio. Alguns apóstolos estão sentados, outros recostados na mesa e outros de pé. Uma toalha branca cobre a mesa retangular. Pés desnudos são vistos debaixo da mesa, inclusive os do Mestre, juntos, em meio ao do apóstolo dorminhoco.

A cena acontece no interior modesto de uma habitação. Os rudes pescadores descalços e com suas roupas grosseiras, muitos deles já com barbas brancas, discutem fervorosamente. Para dar mais realidade à cena doméstica, o pintor inseriu um gato na parte inferior, à direita, e um cãozinho no centro, dormindo perto de uma bacia com água e de um recipiente com vinho.  São muito intensos os tons vistos na tela: verdes, amarelos, vermelhos, etc.

Ficha técnica
Ano: c. 1547
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 168 x 270 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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O QUE É MINDFULNESS?

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Também conhecido pelos termos “atenção plena” ou “consciência plena”, mindfulness é um estado mental que se caracteriza pela autorregulação da atenção, ou seja, é um estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências do presente. Neste texto vamos ver quais são os benefícios para a saúde com o desenvolvimento desse tipo de meditação e como praticá-la.

Existem vários benefícios para quem pratica o mindfulness, como:

  • melhora de forma substancial da concentração;
  • redução do estresse;
  • melhora da função cognitiva e da memória;
  • melhora dos quadros de insônia;
  • desenvolvimento da chamada “inteligência emocional”;
  • melhora da criatividade;
  • melhora das relações interpessoais, etc.

Claro que, reduzindo o estresse, conseguimos melhorar os níveis de pressão arterial e as taxas de açúcar no sangue – benefícios mentais gerando benefícios orgânicos.

Existe um passo a passo prático para iniciar o mindfulness. Comece por utilizar sua respiração como um ponto de referência. A maneira mais fácil para se começar a meditar é sentado numa cadeira. Escolha uma cadeira normal, idealmente com assento plano, encosto reto e sem os braços. Apoie as plantas dos pés no chão, formando um ângulo de 90º. As mãos podem ficar apoiadas sobre as coxas, com a palma das mãos relaxadas.

É recomendável que a pessoa mantenha os olhos fechados para não se distrair com a visão. Entretanto, os olhos podem ficar semiabertos com o passar do tempo ou se houver muita sonolência. Inicie fazendo uma ou duas respirações mais profundas para levar a atenção ao corpo e, aos poucos, comece a notar as sensações do momento, como o contato do corpo com o chão ou com a cadeira, a temperatura da pele ou qualquer outra sensação naquele período. Esse passo pode durar por volta de um minuto.

Aos poucos, comece a tomar consciência da respiração. Pode-se levar a atenção aos movimentos do tórax e do abdômen durante a inspiração e a expiração e/ou às sensações da passagem do ar que entra e sai pelas narinas durante a respiração. Entra um ar mais frio na inspiração, e sai na expiração um ar mais quente. De forma alternativa, você pode contar as respirações, indo do número um ao dez, e daí recomeçar.

É muito comum e esperado que a mente divague em algum ponto, quando surgir alguma distração com um tipo de pensamento, sentimento ou preocupação, por exemplo. Isso é normal e faz parte do exercício. Caso isso ocorra, volte a se concentrar na respiração. Esse processo pode ocorrer várias vezes e faz parte do aprendizado. Inicie a sessão com duração de cinco minutos mais ou menos e vá aumentando gradativamente com o tempo, podendo chegar até 20 ou 30 minutos diários. A regularidade é fundamental. Praticar o mindfulness todos os dias produz mais benefícios do que práticas muito intensas, porém feitas de forma irregular. Importante saber que já existem aplicativos para smartphones que ajudam nesse processo.

O professor norte-americano Jon Kabat-Zinn, estudioso do tema, assim explicou: “você não pode parar as ondas, mas pode aprender a surfar”.

Nota: obra de Di Cavalcanti

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Kitagawa Utamaro – RETRATO DE MULHER

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição (xilogravura sobre papel) intitulada Retrato de Mulher faz parte de “dez estudos de expressão feminina”, obra do artista Kitagawa Utamaro (1754 – 1806), que foi um dos grandes nomes da arte do ukiyo-e e um renomado mestre de retratos femininos.

Inicialmente, o artista retratava apenas atores, mas depois acrescentou a seus retratos jovens cortesãs, influenciando-se pelo trabalho de Torii Kiyonaga. Contudo, ele não demorou a encontrar seu próprio estilo, como é possível ver na sua série de trabalhos conhecidos como okubi-e, em que as imagens são esboçadas com bustos e faces em primeiro plano, acompanhadas de pomposos penteados.

A gravura acima é okubi-e – característica da composição figurativa , conforme estilo do artista que dá ênfase à expressão, caráter e detalhes de atitude e vestuário. A retratada é uma mulher jovem e sensual, cujas mãos seguram o tecido da roupa – uma bela seda com figuras de aves voando. Ela usa um requintado penteado, preso no alto da cabeça, com pentes e enfeites, contrastando com a delicadeza de sua face, ombro e seio à vista.

Ficha técnica
Ano: c.1791
Autor: Torii Kiuonaga
Período Edo
Dimensões: 37,7 x 24,3 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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