LAMÚRIA – SÍNDROME DE HARDY

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

A lamúria ou reclamação constante vai criando conexões neurais que vão estimular a produção de cortisol e adrenalina (hormônios do estresse) que provocam estados de tensão e esgotamento. (Dr. Telmo Diniz)

Segundo o dicionário Aurélio, lamúria significa lamentação, queixume ou uma sequência entediante de lástimas e desgraças. Você é um reclamador constante e diário, ou conhece alguém assim? Saiba que esse tipo de comportamento pode impactar diretamente na saúde. O texto desta semana trata do reclamador contumaz.

Na década de 1960 um personagem de desenhos animados, criado pelo estúdio de animação Hanna-Barbera, a hiena Hardy, citava o bordão: “Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”. Dá para imaginar que a personalidade de Hardy foi inspirada em pessoas com características dos reclamadores crônicos. São típicas de pessoas que vivem lamentando a falta de oportunidades e se acham incompreendidas por todos – pela família, pelos amigos, pela sociedade, pelo chefe, etc. São pessoas que não sabem como deixar de reclamar, bem como têm certeza da derrota em tudo que se propõe a fazer. São pessoas amarguradas com a vida, literalmente decepcionadas e que não têm resposta para seus dilemas.

A este espírito derrotista se dá nome de “Síndrome de Hardy”. Existem vários tipos de “Hardys” por aí, alguns são invejosos, outros fofoqueiros, outros ardilosos, etc. Entretanto, todos têm algo em comum – são extremamente insatisfeitos com tudo e com todos. Essas pessoas acham que sua felicidade sempre depende de alguém ou de algum lugar (normalmente utópico). Nunca estão cem por cento com a vida, vivem reclamando de alguma doença e acham que merecem muito mais do que têm. Sentem-se vítimas da sociedade. Suas histórias parecem novelas mexicanas regadas a lágrimas intermináveis. Não satisfeitos, relatam sua infelicidade para amigos, colegas de trabalho, para a família, etc. Haja ouvidos!

A lamúria ou reclamação constante vai criando conexões neurais que vão estimular a produção de cortisol e adrenalina (hormônios do estresse) que provocam estados de tensão e esgotamento. Consequentemente, emoções e pensamentos negativos vão gerar doenças no longo prazo. Por outro lado, quem tem o hábito de agradecer, vai criando novas conexões neurais no cérebro e segue promovendo uma sensação de bem-estar mantido, pois vai produzindo os hormônios da tranquilidade – endorfina e serotonina. É simples! Pensamentos positivos trazem boas coisas e pensamento negativos certamente vão andar de mãos dadas com frases do tipo: “Oh céus!… Oh dia!… Oh azar!”.

A atitude a ser adotada aponta para o desenvolvimento da inteligência emocional. Entre as características da inteligência emocional está a capacidade de controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, praticar a gratidão e passar a motivar as pessoas ao seu redor. Para ser otimista, treine o cérebro e seu corpo com hábitos simples:

  • Pratique meditação por 15 minutos diários.
  • Faça 30 minutos de exercícios físicos.
  • Seja uma pessoa engajada, envolva-se em atividades que tenham real significado para você, como a profissão, um hobby, esportes ou mesmo o voluntariado.

Vá e faça, mas deixe de lamuriar!

Nota: Dois advogados Conversando, obra de Honoré Daumier.

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NATALÍCIO – MENINO, PERDÃO!

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Autoria de Hila Flávia

Brilhou na árvore um vagalume. Não estava preso nos galhos. Apenasmente se encostou um pouco para iluminar. Depois veio outro; e depois outro; e mais um. Num instante mágico, pequenas luzes piscavam, de alto a baixo.

 E o menino sorriu. Um sorriso de puro encantamento.

Afinal era seu aniversário. Não sabia bem porque era ainda um menino, já que, para usar de franqueza, ele fazia mais de dois milênios. A única diferença que tinha dos bebês era que sabia sorrir. Um sorriso consciente por algo. Os pequeninos até sorriem, mas o motivo é uma barriguinha cheia ou um ataque de extremo bem-estar.

O menino, não. Sorria e sabia por que sorria. Sabia sorrir.

E eu via aquele menino sorrindo. Não queria ter a presunção tamanha de dizer que ele sorriu para mim. Poderia ter sorrido de mim. Os meninos sempre riem de mim, ou para mim, sei lá. Mas, pensando bem, vou ser presunçosa e afirmar que o menino sorriu para mim.

Então fiquei pensando: como é difícil viver um dia de aniversário em que o aniversariante adota como tema a singeleza. É a mesma coisa de um adulto que tem loucura por um dia de sol e detesta se deitar tarde e os amigos lhe oferecem uma noite inteira da maior barulheira.

Dá vontade de gritar!

Só quem não quer ver e não quer ouvir e não quer perceber é que não vê, não ouve e não percebe que ele quer paz. E o que lhe oferecem?

Algazarra, loucuras, comilança, bebedeira, obrigações cumpridas de procurar parentes que não se procura o ano inteiro, votos formais, presentes acima das posses e abaixo das expectativas, confusão, correria, mau-humor, brigas, descontentamentos, desilusões, violências de toda ordem, enfim, uma festa de aniversário tendo por base um enorme fingimento, uma incomensurável hipocrisia.

Menino, perdão!

A experiência de vida vai dando à gente noção exata das coisas e a medida certa das ações. E sabemos, com o tempo, que o vazio que sente o ser humano, após uma busca frenética, vem do simples fato de que não foi preenchido o que ele tem de mais sublime, de mais doce, de mais delicado: o afeto.

Percebemos que cada pessoa do mundo é um mundo inteiro. E em cada coração cabe todo o universo e toda a solidão. E também todo o amor. E toda a esperança. É sozinho que o ser humano resolve ser ou não feliz. É decisão dele, pessoal, intransferível. Ninguém pode decidir por outro a felicidade e ninguém tem, realmente, o poder de tirá-la de ninguém, se a pessoa não quer perdê-la.

No seu aniversário, menino, compreendo, todo ano, porque você não fica velho: porque a esperança é eterna. É tão nova que renasce a cada dia, não somente a cada ano. Esse simbolismo de ano novo é só um lembrete; é só uma comemoração. O que realmente se comemora é o nascer de cada dia, é a estrela luminosa, é a lua, é o sol, são as águas, os pássaros, as cores e os sons. O que realmente se comemora é o amor, é a vida.

Quer presente melhor?

Ofereço-lhe, menino, de presente, a minha vida, a minha alegria, meu trabalho, minha lida. Meu imenso amor por você. E não faço isto por bondade não. Ofereço-lhe o que recebi de graça.

 E foi me sentindo assim, tão pequena e tão grande, tão cheia de ternura no coração, que me tornei um vagalume e me encostei também na árvore que sombreava o lugar do menino. Brilhei, pisquei, voei, dei cambalhotas, fui para lá e para cá, fiz estripulias.

 E ele sorriu para mim. Desta vez, vi mesmo!

Nota: Natividade, obra de Sandro Botticelli

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William Blake – A NATIVIDADE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A Natividade, obra do pintor William Blake, é sem dúvida uma das pinturas mais diferentes dentre as conhecidas com a mesma temática. A cena do nascimento de Jesus acontece num estábulo, com a presença de Maria, José, Isabel, João Batista e de dois bois.

A Virgem encontra-se sentada, aparentemente desfalecida, tendo o corpo seguro pelos braços de seu esposo José que a ampara com cuidado, para que possa parir o fruto de seu ventre. Ao fundo, uma pequena janela deixa entrar uma luz dourada, iluminando a cena. À direita, atrás das costas de Isabel, vê-se – ainda que estilizada – a estrebaria com seus animais. Os chifres mostram-se bem delineados.

À frente de Maria está a sua prima Isabel, esposa de Zacarias, com seu filho João Batista no colo.  Isabel abre os braços para receber o Salvador que parece voar em sua direção. Jesus não parece nascer do ventre de Maria, mas descer de uma outra dimensão, atraído pelos braços de Isabel. A sua divindade é assim apresentada pelo artista.

Ao pintar sua natividade, o pintor não quis mostrar uma visão naturalista, mas simplesmente trazer uma concepção simbólica do nascimento de Jesus. William Blake foi um poeta e pintor. Era seguidor de doutrinas esotéricas, onde se misturavam as tradições judaicas, gregas e cristãs.

Ficha técnica:
Ano: c. 1799
Técnica: têmpera sobre cobre
Dimensões: 27 x 38,2 cm
Localização: Philadelfia Museum of Art, Filadélfia, EUA.

Fonte de pesquisa:
Cristo na arte/ Manuel Jover

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Vídeo – A ANUNCIAÇÃO – Fra Angelico

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Fra Angelico (1384-1455) tinha  A Anunciação como tema constante na sua obra. A história bíblica que narra o encontro do anjo Gabriel com a Virgem Maria para dizer-lhe que fora escolhida como mãe do Salvador, foi retratado pelo frade diversas vezes.

A Virgem e o anjo encontram-se num pórtico iluminado e colorido, inclinados, numa posição de extrema modéstia e submissão. Acima da coluna central do pórtico, situada entre Maria e o anjo, está presente Deus Pai, que a tudo presencia.

Obs.: Conheça mais sobre a pintura A Anunciação, acessando o texto completo no link:
http://virusdaarte.net/fra-angelico-a-anunciacao-2/

e depois assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=xidF8FGCJaE

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O MUNDO DE HOJE E O NATAL

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Autoria de Celso Lungaretti

famintos

O que o mundo realmente celebra no Natal? A saga de um carpinteiro que trouxe esperança a pescadores e outras pessoas simples de um país subjugado ao maior império da época. Os primeiros cristãos eram triplamente injustiçados: economicamente, porque pobres; socialmente, porque insignificantes; e politicamente, porque tiranizados. Jesus Cristo nasceu três décadas depois da maior revolta de escravos enfrentada pelo Império Romano em toda a sua existência.

As mais de seis mil cruzes fincadas ao longo da Via Ápia foram o desfecho da epopeia de Spartacus, que, à sua maneira rústica, acenou com a única possibilidade então existente de revitalização do império: o fim da escravidão. Roma ganharia novo impulso caso passasse a alicerçar-se sobre o trabalho de homens livres, não sobre a conquista e o chicote. Vencido Spartacus, não havia mais quem encarnasse (ou pudesse encarnar) a promessa de igualdade na Terra. Jesus Cristo a transferiu, portanto, para o plano místico: todos os seres humanos seriam iguais aos olhos de Deus, devendo receber a compensação por seus infortúnios num reino para além deste mundo. Este foi o cristianismo das catacumbas: a resistência dos espíritos a uma realidade dilacerante, avivando o ideal da fraternidade entre os homens.

Hoje há enormes diferenças e uma grande semelhança com os tempos bíblicos: o império igualmente conseguiu neutralizar as forças que poderiam conduzir a humanidade a um estágio superior de civilização. A revolução é mais necessária do que nunca, mas inexiste uma classe capaz de assumi-la e concretizá-la, como o fez a burguesia, ao estabelecer o capitalismo; e como se supunha que o proletariado industrial fizesse, edificando o socialismo.

As ameaças de Catástrofes e o fantasma do retrocesso

O fantasma a nos assombrar é o do fim do Império Romano: ou seja, o de que tal impasse nos faça retroceder a um estágio há muito superado em nosso processo evolutivo. O capitalismo hoje produz legiões de excluídos que fazem lembrar os bárbaros que deram fim a Roma; não só os que vivem na periferia do progresso, mas também os miseráveis existentes nos próprios países abastados, vítimas do desemprego crônico.

E as agressões ao meio ambiente, decorrentes da ganância exacerbada, estão atraindo sobre nós a fúria dos elementos, com consequências avassaladoras. Décadas de catástrofes serão o preço de nossa incúria. No entanto, como disse o grande jornalista Alberto Dines, “criaturas e nações cometem muitos desatinos, mas na beira do abismo recuam e escolhem viver”. Se a combinação do progresso material com a influência mesmerizante da indústria cultural tornou o capitalismo avançado praticamente imune ao pensamento crítico e à gestação/concretização de projetos alternativos de organização da vida econômica, política e social, tudo muda durante as grandes crises, quando se abrem brechas para evoluções históricas diferentes.

Temos pela frente não só a contagem regressiva até que as contradições insolúveis do capitalismo acabem desembocando numa depressão tão terrível como a da década de 1930, como a sucessão de emergências e mazelas que decorrerão das alterações climáticas. O sofrimento e a devastação serão infinitamente maiores se os homens enfrentarem desunidos esses desafios. Caso as nações e os indivíduos prósperos venham a priorizar a si próprios, voltando as costas aos excluídos, estes morrerão como moscas.

O desprendimento, substituindo a ganância; a cooperação, em lugar da competição; e a solidariedade, ao invés do egoísmo, terão de dar a tônica do comportamento humano nas próximas décadas, se as criaturas e nações escolherem viver. E há sempre a esperança de que os mutirões, criados ao sabor dos acontecimentos, acabem apontando um novo caminho para os cidadãos, com a constatação de que, mobilizando-se e organizando-se para o bem comum, eles aproveitam muito melhor as suas próprias potencialidades e os recursos finitos do planeta.

Então, para além deste Natal mercantilizado, que se tornou a própria celebração do templo e de seus vendilhões, vislumbra-se a possibilidade de outro. O verdadeiro: o Natal cristão, dos explorados, dos humilhados e ofendidos. Se frutificarem os esforços dos homens de boa vontade.

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El Greco – A ANUNCIAÇÃO

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

baleia12

Não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai se chamar Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai lhe dar o trono de seu pai Davi, reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reinado não terá fim.(Lucas)

O pintor espanhol El Greco pintou diversos quadros sobre a Anunciação, tema presente ao longo de toda sua trajetória artística. A pintura em questão encontra-se no Museu de Arte de São Paulo, ou seja, em nosso país. O artista representou em sua obra as figuras mais importantes dentro da temática da “Anunciação”: a Virgem Maria, o arcanjo Gabriel e a pomba branca que simboliza o Espírito Santo.

A Virgem Maria, bela e tranquila, com a cabeça virada em direção ao anjo, está ajoelhada diante do altar, segurando com a mão esquerda um livro aberto que se encontra sobre o genuflexório, enquanto ergue a mão direita acima de seu ombro, como aceitação do que acabara de ouvir. Seu vestido vermelho alude à Paixão de Cristo. O manto azul que desce sobre esse simboliza proteção e fidelidade. Sua cabeça está envolta num véu branco, simbolizando a modéstia e outras virtudes. Umas das orelhas descobertas possivelmente é uma referência ao ato de ouvir a mensagem divina.

Fugindo à maioria das representações sobre tal temática, o anjo mensageiro encontra-se à esquerda da Virgem e não de frente para ela. Ele possui as feições de um menino e flutua sobre uma pesada nuvem. Seu corpo está levemente inclinado em direção à Virgem. Usa uma vestimenta amarela, cor da eternidade, com mangas brancas, cor da pureza. Na mão esquerda, que desce sobre o corpo, traz um ramo de lírios brancos, símbolo da pureza e da inocência de Maria. Ele a saúda com a mão direita erguida. Suas asas escuras estão abertas, como se ainda estivesse em voo.

A pomba branca paira entre a Virgem e o arcanjo em meio a um grande feixe de luz no centro da composição. Ela está voltada na direção de Maria e sua luz também se reflete sobre ela, iluminando seu rosto e suas vestes. Aos pés da Virgem encontra-se um cesto de costura com um tecido branco e uma tesoura. Refere-se ao “tecer do véu do Templo”, mencionado pelo Evangelho de João e também à sua modéstia.

Na parte inferior do quadro, à direita, está um vaso com um ramo dentro, queimando em chamas que não o consomem, tal qual a sarça ardente de Moisés, elemento raro em representações da Anunciação. O segundo plano da composição, indefinido, sugere a forma de nuvens entrecortadas por luzes místicas. É bastante escuro, o que confere mais destaque e dramaticidade ao lampejo divino e à iluminação que dele se origina.

O observador fica com a sensação de que está contemplando a obra de baixo para cima, como se a Virgem e o arcanjo estivessem flutuando. As duas figuras longilíneas, se olhadas separadamente, parecem com a forma e o movimento de uma vela. Neste quadro o artista mostra a beleza de seu expressionismo fulgurante de luzes e cores.

Ficha técnica:
Data: c.1600
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 74 cm
Localização: Museu de Arte de S. Paulo, SP, Brasil

Fontes de pesquisa:
El Greco/ Editora Girassol
Pintura na Espanha/ Cosac & Naify Editora
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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