Autoria de Lu Dias Carvalho
Tudo aquilo que nos causa uma crise é uma oportunidade única de definirmos novas perspectivas de vida. (Maria Cristina de Stefano)
A busca pelo autoconhecimento é uma possibilidade de tirar proveito dessa experiência. (Sérgio Lima)
Nunca é demais afirmar que a depressão é o transtorno mental mais preocupante, ainda mais quando se sabe que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 2020 e 2030 será o transtorno mais recorrente. Apesar dos danos que a depressão causa, pois, quando num grau elevado traz um grande sofrimento ao doente e, além de anular sua vida, impede-o até mesmo de sair de casa e, consequentemente muitas vezes impossibilita-o para o trabalho, alguns estudiosos do assunto ainda encontram um lado positivo em tal transtorno.
A fim de justificar a assertiva de que a depressão possui um lado positivo, a psiquiatra Maria Cristina de Stefano afirma: “Muitas vezes, doenças como a depressão desencadeiam alterações na ‘zona de conforto’ do existir e provocam reflexões, sentimentos e novas decisões de como viver. O fato de ser possível superar dificuldades, doenças graves ou perdas importantes, inclusive da saúde mental, em geral, eleva a pessoa a outro grau de compreensão, de sentido da vida e proporcionar desapegos necessários”.
Não resta dúvida de que ao sair de um quadro extremo de depressão, a pessoa mostra-se tão aliviada que muda muitas de suas condutas em relação a várias esferas de sua vida, como afirma a terapeuta Stela Kill: “Pode ser em relação às suas crenças, atitudes, comportamentos em sociedade, alimentação, espiritualidade (que nem sempre está envolvida com religiosidade, mas, sim, encontrar um caminho de contato com seu interior)”. A psiquiatra Gilda Paoliello acrescenta: “Há uma revisão nos valores e uma nova forma de relação com a vida, com as pessoas e consigo próprio”.
Tais mudanças recebem o nome de “síndrome do sobrevivente”. Ao deixar para trás um quadro grave de saúde, capaz de colocar a vida em risco, a pessoa sente que precisa mudar alguns padrões de sua vida. Muita coisa que antes parecia desconhecida torna-se clara, como se a percepção ganhasse um jato de luz. A “síndrome do sobrevivente” também acontece em outras situações de perigo (sequestro, assalto, desastre, etc.).
A depressão, sem dúvida, oferece uma oportunidade para que a pessoa entenda melhor como cérebro e corpo funcionam como um todo. Não são poucos as histórias de pessoas que usaram a depressão para expressar seus dons. Dentro da arte podemos citar Francisco Goya (pintor), Ludwig van Beethoven (músico), Machado de Assis (escritor), Vincent van Gogh (pintor), Ernest Hemigway (escritor), Edvard Munch (pintor), Clarice Linspector (escritora), Sylvia Plath (poetisa), Virginia Woolf (escritora), Joanne Kathleen (autora da série Harry Porter), etc.
Nota: Autorretrato com Chapéu, obra de Van Gogh.
Fonte de pesquisa
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1
Views: 0