Camille Corot – RECORDAÇÃO DE MORTEFONTAINE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor parisiense Jean-Baptiste Camille Corot (1796–1875) iniciou seus estudos com Victor Bertin, pintor paisagista clássico. Além de estudar o estilo de Nicolas Poussin, também estudou obras de Charles Vernet e dos mestres holandeses. O artista passou longos períodos em Roma, o que influenciou muito a sua arte. Dedicou-se à pintura de paisagens, que chamam a atenção pela clareza da composição, além das minúcias no que diz respeito aos detalhes. Corot também adotou uma maneira própria de obter as diferenças de luz e ambiente. As suas paisagens italianas ou francesas são magistrais e muitas vezes extremamente poéticas. Os impressionistas foram influenciados por suas paisagens atmosféricas. Suas obras-primas ficaram desconhecidas até 1850, quando se tornou conhecido por meio de uma série de composições.

A delicada paisagem Recordação de Mortefontaine é uma obra-prima de Corot. Possui construção simples, mas rigorosa, traduz um clima de grande tranquilidade. Trata-se de uma cena idealizada, como diz o próprio título. Nela, o artista mistura elementos do mundo real, mas de uma forma romantizada, criando uma paisagem onírica, que aqui se parece com uma fotografia, mas com a imagem meio borrada. É por isso que seu trabalho é visto como uma ponte entre o Realismo e o Impressionismo.

Uma frondosa árvore em primeiro plano, postada à direita, inclina-se para a esquerda, dominando quase toda a tela, encobrindo o horizonte à direita, e quase tocando num tronco fino, que se abre em três galhos, abaixo do qual se encontram as três meninas. Ao fundo vê-se um lago, com suas águas paradas, como se fosse um espelho, que leva o olhar até o infinito, onde o azul une-se ao céu. Acredita-se que o artista tenha sido influenciado pelo borrão das primeiras fotografias de paisagens que ele colecionava.

Na cena de atmosfera meio nebulosa encontram-se três personagens femininas no relvado florido, colhendo flores. O pintor põe em destaque os toques de luz, vistos no primeiro plano, assim como as transparências das sombras, e a suavidade dos planos de fundo. Ele faz uso de uma gama limitada de cores, harmonizando os azuis-claros do céu e da água com os castanhos e o verde da vegetação. Este trabalho aproxima-se do Impressionismo ao trazer traços amplos e não particularizados, e também pelo modo como o pintor faz o jogo de luz.

Obs.: Mortefontaine é uma pequena aldeia fixada no norte da França.

Ficha técnica
Ano: 1864
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 89 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wikiart.org/en/camille-corot/souvenir-of-mortefontaine-1864 http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/recollection-mortefontaine

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FALAR PELOS COTOVELOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho lixo12

Minha madrinha Gena de Zeca Batista – que Deus a tenha – falava tanto que deixava qualquer um atordoado. Lembro-me dela com seu crochê na mão, com os óculos na ponta do nariz e os cabelos prateados caindo como uma cortina sobre seus trabalhos manuais. Era um ponto no crochê, um levantamento dos óculos e uma palavra verbalizada. E isso quando se encontrava extremamente silenciosa, pois, na maioria das vezes, era um ponto no crochê e uma enxurrada de arenga. Além do mais, a minha madrinha era dona de uma presença de espírito de fazer inveja a muito letrado. Para a mais inusitada das perguntas ou indiretas, tinha a resposta sempre na ponta da língua.

Um dos seus últimos diálogos com uma de suas noras, ainda me faz dar boas risadas. Acontece que Nilceia, já em fase de separação do filho de madrinha Gena de Zeca Batista, achando que a sogra só pendia para o lado do filho – o que quase toda mãe acaba fazendo –, tentou alfinetá-la:

A senhora fala tanto, que se esquece de cuidar de sua vida e de sua casa que mais se parece com um chiqueiro.

Minha madrinha soltou o crochê das mãos, levantou o rosto branco feito cera, escorou os óculos no nariz e, encarando a atrevida, respondeu-lhe na fuça:

– Mas foi neste chiqueiro que você encontrou seu porco. E quem vive com porco, leitoa é. Melhor seria se você cuidasse de sua porquinha e de seu leitãozinho que andam de déu em déu, chafurdando com outros porquinhos, sem ter mãe para tomar conta.

E olhando para mim, que nada tinha a ver com aquela história, senão pelo fato de ali estar presente, fez um arremate enviesado:

– Eu já fiz muito para quem não merece. E nada teve valor, pois como dizem, o comido é cagado e esquecido. Mas deixe estar, jacaré, que a lagoa está secando!

Nilceia saiu batendo a porta, gritando em alto e bom som:

– Esta mulher fala pelos cotovelos! Vão para os quintos dos infernos ela e o filho!

Foi a deixa para que eu desviasse minha atenção da quizila e ficasse imaginando como teria nascido a expressão falar pelos cotovelos.

Bem, dizem que antigamente falar pelos cotovelos referia-se aos faladores incansáveis que, para exigir a atenção do ouvinte, tocava-o com um dos cotovelos, o que não deixa de ter sentido. Mas hoje significa falar exageradamente, sem dar tréguas à vítima que só faz ouvir, sendo incapaz de participar da conversa, cabendo-lhe apenas ouvir e ouvir…  Aposto que você conhece alguém que fala pelos cotovelos! Muitos o fazem por se sentirem os tais, relegando ao outro o papel de submisso.

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Domenico Fetti – HERO E LEANDRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho                                              (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor italiano Domenico Fetti (1589–1623) foi um dos fundadores do estilo Barroco no norte da Itália. Foi aluno de Ludovico Cigoli, com quem também trabalhou. Foi influenciado pela arte de Adam Elsheimer, Carlo Saraceni e pelos caravaggistas e mais tarde pelo pintor francês Peter Paul Rubens. Veio a tornar-se pintor da corte do Duque Ferdinando II Gonzaga em Mântua. A sua pintura apresenta tons fortes e belo esquema de cores. Entre as suas obras encontram-se, sobretudo, pinturas bíblicas à moda da pintura de gênero, tendo sido considerado o criador de tal estilo.

A composição intitulada Hero e Leandro é uma obra refinada e intensa do artista, tida como pertencente ao seu período inicial em Veneza, onde também morreu prematuramente. Ele representa o mito grego que narra a história de amor entre Hero e Leandro (Musaeus, séc. VI, a.D) que se tornara muito conhecida no século XVII.

Hero era uma jovem sacerdotisa de Afrodite (Vênus) – deusa da beleza e do amor – que vivia numa torre nas margens do Helesponto (atual estreito de Dardanelos). Leandro, um jovem de uma cidade vizinha, apaixonou-se por ela. Para encontrar-se com sua amada, ele atravessava o estreito a nado, todas as noites, guiado pela tocha de luz que ela acendia do alto de sua torre.

A cena mostra o momento em que o corpo de Leandro é encontrado pelas naiades (ninfas dos rios e das fontes) desesperadas. Durante sua última travessia, o jovem foi surpreendido por uma tempestade desencadeada pelo deus Netuno e que, segundo a lenda, havia apagado a tocha da sacerdotisa, deixando o jovem perdido no mar. À esquerda, Netuno é visto acompanhado de seu séquito de tritões, retirando-se em sua concha, com seu manto esvoaçando ao vento.

Hero, depois de esperar muito tempo pelo seu amado, vê na manhã seguinte seu corpo sem vida boiando nas águas. Ela se atira da torre em grande desespero, como é vista à direita, com sua túnica vermelha, despencando em direção às rochas, juntando-se a ele na morte.

O artista, após travar contato com o colorido veneziano, quando agregou à sua arte a técnica dos tons complementares, trabalhou maravilhosamente a paisagem desta obra, de modo que a madrugada, surgindo sobre o mar, agora mais calmo, é a principal personagem. Ele também conseguiu aprender a arte da pintura atmosférica que tanto admirava nos trabalhos de Peter Paul Rubens

Ficha técnica
Ano: 1622-1623
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 42 x 96 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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BIPOLARIDADE X ABANDONO DA FAMÍLIA

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Autoria de Alex Mendes

Tenho um relacionamento de quase 10 anos com minha esposa e tivemos dois filhos, sendo uma de 9 anos e um de 2 anos. Desde o início o nosso relacionamento foi complicado pelo seu temperamento difícil e depressão. Nunca entendi o que estava acontecendo. Com o tempo a bebida se tornou minha fuga (meu maior erro) e tivemos muitas brigas.

No início da pandemia e já com dois filhos, as coisas vieram a piorar muito, com crises de “desmaios”. Ela simplesmente apagava e caia no chão, voltando a si após algum tempo. Sempre manteve acompanhamento com profissionais de psiquiatria, porém eram profissionais amigos da família. Ela sempre era descontrolada com os remédios. Nesse ano procuramos ajuda com outros profissionais, sendo detectado o TAB.

Minha esposa ficou internada por 15 dias em uma conceituada clínica psiquiatra, mas após essa internação voltou para casa no mesmo estado em que foi. Voltou de lá por opção e não deu resultado esperado. Passado algum tempo os médicos optaram por uma nova internação, só que dessa vez teria que ficar 30 dias. Sempre a apoiei para que voltasse curada para mim e parra nossos dois filhos. Mas foi aí que meu pesadelo começou. No início ela me ligava praticamente todos os, dias dizia que me amava e que estava com muita saudade. Após uns 10 a 15 dias as coisas mudaram. Era bem rápida e sucinta ao telefone e sempre desligava antes de me despedir. Ligava cada vez menos e não falava mais de forma carinhosa comigo. Achei estranho, mas imagineis que seria pelo estado dela.

Os 30 dias se passaram e ela retornou para casa. Para minha surpresa, ao vê-la, nem um abraço eu ganhei. Foi seca e fria. Perguntei-lhe se estava tudo bem e disse que sim. Ao conversamos no dia seguinte, ela me disse que estava apaixonada por um paciente que conheceu na clínica. Já estava de namoro com aliança e tudo no dedo. Hoje completa 6 dias que ela retornou da clínica, a vida dela parece estar para lá. As pessoas ligam para ela falando sobre as coisas que ocorrem lá. Até para os filhos ela parece não ligar. Duas horas foi o máximo nesses dias que ficou com a filha.

Estou sofrendo muito pela perda da pessoa que amo e resolvi ler aqui sobre o assunto e me informar sobre a situação dela. Enfim, todo o relato de gastos excessivos, libido dentre outros, ela apresenta. Hoje entendi que está na fase de mania e já me preocupo com a fase depressiva que virá, já que esse tal namorado sofre do mesmo problema que ela.

Estou sofrendo muito, pois ainda a amo e espero um dia que tudo isso possa passar e ela veja o quanto errou. Enquanto isso estou cuidando de nossos filhos e tentando me levantar. Tenho a ajuda da mãe dela e de uma funcionária que fica com o nosso filho mais novo, pois minha esposa não fica em casa, e quando está fica dormindo, ou na companhia do namorado. Rezo para tudo isso passar o quanto antes e restabelecer minha vida novamente. Não sei o que faço, além de procurar por artigos como esse. Estou com nossos dois filhos e em fase de sofrimento, pois a amo muito.

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A MULHER E O CASAMENTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

amueoca

Não te iludas com o vestido de noiva, menina, pois ele esconde muito sofrimento. (Prov. árabe)

 Até mesmo nas núpcias fica explícito o caráter machista da cerimônia em algumas culturas, o que leva a crer que seja a mulher a parte beneficiada com o matrimônio, como se o homem fizesse-lhe um grande favor. Ela se torna o centro das atenções, recebendo muitos olhares, às vezes de inveja e noutras de pena, dependendo de quem seja o  futuro marido. A sua aparência é também motivo de muitos comentários. Diz um provérbio holandês que “Noiva feia gasta muito no véu”, enquanto um espanhol reza que “As pérolas da noiva são as lágrimas que irá derramar depois”.

São tantas as apreensões da futura esposa que, segundo um provérbio porto-riquenho, “Na boda, quem menos come é a noiva”. E um ditado chinês tem o atrevimento de dizer que “A noiva é respeitada por um dia”. E um dito russo, mais insolente ainda, reza que “Toda noiva nasce para o bem do noivo”. Um provérbio hindi parece ser mais realista em relação à escolha de certas famílias, uma vez que a noiva não apita na sociedade indiana, quanto à escolha do parceiro, ao dizer que “A moça sai de casa numa carruagem e só regressa num caixão”, isso porque ela é tirada do contato com sua família, passando a fazer parte do clã de seu marido.

Muitas culturas esperam que toda noiva chore de alegria no dia do casório, ainda que se case com alguém que possa ser seu avô. Suas lágrimas são tidas como um sinal que prenuncia sua felicidade por ter conseguido um marido. Um provérbio chinês avisa que “A noiva terá azar, se não chorar no dia da boda”. Além disso, até o tempo que se faz no dia das núpcias entra na dança quanto aos augúrios, como relatam os provérbios: “Chuva na boda é um bom sinal” (russo); “Se chover no colo da noiva, ela em breve engravidará” (holandês); “Se os noivos molharem os pés, em menos de um ano serão três” (francês). Mas o sol também é festejado pelos ingleses: “Feliz a noiva que é iluminada pelo sol”. Observem que nada faz menção ao noivo. Ele é o tal!

Os ditos populares deixam claro que o homem não é confiável, podendo dar o fora até mesmo no dia do casório, pois não é afeito à fidelidade. Um provérbio vietnamita avisa: “Basta uma mulher se insinuar que a jovem perde o noivo”. E se a noiva não tem pai ou irmão, a coisa é pior ainda, conforme explica um dito oromo: “Filha sem pai, boda fora de casa”, aludindo ao fato de que a noiva pode ser raptada, pois esse é um costume em várias culturas. E um provérbio árabe reforça, como sendo natural tal procedimento: “Nem mesmo quando se veste para a boda, a noiva sabe com quem se casará”, e ainda: “O primo tem o direito de tirar a noiva do lombo da égua”. Outro insulto!

Dentre as preocupações da noiva está o fato de ter que conviver com a família do marido, como manda a maioria das tradições. Um provérbio japonês chega a adverti-la de que “Não se alimenta quem foi pescado”, e um provérbio iraniano afirma que “A casa do marido tem sete barris de bile”. O casamento entre uma jovem e um homem velho também é aconselhado em algumas sociedades. Um provérbio holandês afirma que “Uma jovem e um velho libertino enchem o berço durante anos”. Outros, porém, ironizam esse tipo de união, pregando: “Um homem rico nunca está velho para uma jovem” (francês), ou “A juventude do ancião está na sua carteira” (porto-riquenho). Outros ditos populares são ainda mais ironistas:

  • Velho casado com mulher nova compra um livro para outro ler. (Brasil)
  • Velho casado com mulher jovem não se afasta de casa. (Porto Rico)
  • Homem velho e mulher nova resultam em corno ou cova. (Brasil)
  • Um velho é uma cama cheia de ossos. (Reino-Unido)
  • As jovens são os cavalos em que os velhos cavalgam para o inferno. (Polônia)
  • A jovem é o ataúde do velho. (Frísio)
  • Quando um velho casa-se com uma jovem, a morte desata a rir. (Israel)

 Fontes de pesquisa
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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Cano – VIRGEM DO ROSÁRIO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor, arquiteto e escultor espanhol Alonso Cano (1601 – 1667) teve as primeiras lições de desenho arquitetônico e de talha de madeira com seu pai, um famoso fabricante de retábulos, demonstrando ainda novo o seu grande talento. Em Sevilha foi aluno de Francisco Pacheco del Río – mestre de Velázquez, estudando escultura com Juan Martínez Montañés. O artista estimulou a pintura de Granada/Espanha – sua terra natal – ao voltar de Madri. Suas obras figuravam entre o maneirismo italiano e o barroco. Embora vivesse numa época em que o tenebrismo de Caravaggio estivesse no auge, foi capaz de ser colorista em seus trabalhos. Recebeu o título de Mestre Pintor. O artista deixou um importante legado de belas obras para a catedral de Granada e também um grupo de seguidores responsável por levar seu estilo até o final do século XVII, tais como Juan de Sevilla, Pedro Bocanegra e Juan Niño de Guevara.

A composição intitulada Virgem do Rosário é uma obra-prima de cunho devocional, pintada pelo artista um ano antes de sua morte, sob a encomenda do bispo Dom Alonso do Santo Tomás em Málaga/Espanha. Mostra a influência da pintura renascentista (especialmente na simetria da composição, pincelada solta e intervalo cromático) na obra do pintor. Feito nos últimos anos de vida do pintor, quando ele se encontrava na sua maturidade criativa. É tida como uma pintura harmoniosa e terna – com formas suaves, refinada gradação de cores e uso prodigioso de luz – na qual a Virgem, o Menino Jesus e os putti formam um triângulo quase perfeito, tendo abaixo um grupo de santos.  É considerada uma das melhores composições de Cano e também da pintura espanhola do século XVII .

A Virgem, vestida com uma túnica avermelhada e um manto azul, encontra-se sentada sobre um trono de nuvens, apoiado em duas colunas caneladas, trazendo seu filho no colo. A mão esquerda da Virgem e o pé esquerdo do Menino sustentam o globo terrestre e um anjinho abraça-o. Os seis pequenos anjos em meio às nuvens que formam o assento do trono fazem a ligação entre o plano terreno e o divino.

Quatro putti entregam aos santos seus atributos. Dois deles faz a entrega de um rosário e uma cruz a São Domingos Guzmán e a São Francisco de Assis (abraçados). Além dos dois citados são eles (a começar da esquerda para a direita): Santa Tereza de Jesus (recebe a caneta), Santo Ildefonso (recebe o cajado), Santa Catarina de Siena (recebe a coroa) e São Tomás de Aquino (recebe a caneta). Os santos, postados no plano terreno, mostram-se espantados com a visão divinal. É provável que o cliente tenha sido o responsável pela escolha dos santos que deveriam aparecer na pintura.

O artista fez um grande contraste entre a cena divina e a terrestre. A primeira é representada em uma atmosfera de tons vibrantes e dourados em que se destacam a túnica vermelha e o manto azul da Virgem, enquanto na segunda os tons escuros prevalecem. A instituição milagrosa do Rosário tinha especial importância para os dominicanos. O rosário é visto como um instrumento de salvação, através do qual a Virgem dá sua ajuda aos fiéis.

Alonso Cano não se atém às representações comuns, trazendo novos elementos iconológicos relacionados a questões marianas de grande transcendência na época, como a intercessão de Maria junto a Jesus Cristo ou à doutrina da Imaculada Conceição. O artista possuía grande formação humanista.

Ficha técnica
Ano: 1665/67
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 350 x 213 cm
Localização: Catedral, Málaga, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/birth-virgin&prev=searchhttps://es.wikipedia.org/wiki/Virgen_del_Rosario_(Alonso_Cano)
https://www.enriquecastanos.com/cano_rosario.htm
https://cvc.cervantes.es/actcult/cano/pintor/pintor09.htm


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