MAINO – ADORAÇÃO DOS PASTORES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Maino é um dos mais eminentes pintores de sua época, como pode ser visto em suas obras para a dita casa [San Pedro Mártir], particularmente o altar-mor daquela igreja com as quatro telas das quatro pêsames [quatro festas], nas quais existem excelentes nus e outras coisas pintadas em majestoso tamanho natural. (Antonio Palomino)

O artista mexicano Juan Bautista Maino (1580–1649) era filho de um italiano com uma portuguesa. É tido como o mais importante seguidor de Caravaggio na Espanha, uma vez que a maior parte de seu trabalho religioso diz respeito ao naturalismo tenebrista do pintor italiano que ele conheceu, quando estava em Roma. Tornou-se discípulo de Annibale Carracci e amigo de Guido Reni por ocasião de sua permanência na Itália. Ao mudar-se para Toldedo/Espanha foi contratado pelos dominicanos do mosteiro Pedro Mártir para pintar o retábulo dos “Quatro Festas” do altar-mor da igreja e os afrescos do interior do portal de entrada, debaixo do coro.  Também era admirado como retratista e por sua habilidade em miniaturas de efígies.

A composição religiosa intitulada Adoração dos Magos é uma das quatro pinturas – episódios mais importantes da vida de Jesus – que fazem parte do retábulo e também uma das obras mais famosa do artista. As demais são: “A Adoração dos Pastores”, “A Ressurreição” e “Pentecostes”, acrescidas de quatro pequenas paisagens com santos e retratos de meio corpo de Santa Catarina de Siena e de São Domingos (muitos críticos julgam que esse último seja um autorretrato do artista). A obra em destaque mostra o quanto Maino (ou Maíno ou Mayno) era fiel à arte de Caravaggio. Seu trabalho está próximo do que hoje é chamado de “superrealismo” em razão do cuidado que teve com a textura, forma e volume dos objetos. É uma obra bem mais colorida e luminosa.

A cena acontece entre as ruínas de um dos mais conhecidos edifícios de Roma – o Coliseu – que aqui é visto coberto por plantas. Apesar de ser uma composição simples em relação à estrutura espacial e à colocação das figuras e elementos, Maino conseguiu repassar calor e emoção para os personagens. Ao contrário da paleta de cores vista em “Adoração dos Pastores”, aqui o artista transforma-a numa profusão de cores com a finalidade de destacar o exotismo dos Magos – representantes dos três continentes (à época eram apenas três os conhecidos).

A Sagrada Família encontra-se à direita. A Virgem Maria – sentada em um bloco de pedra – traz o Menino sentado em seu colo, envolvendo-o ternamente em seu manto azul. Ela pressiona seu braço com os dedos de sua mão esquerda, para que ele mantenha o corpo firme e possa abençoar os visitantes, como mostra sua mãozinha direita levantada em postura de bênção, enquanto a esquerda aponta para Gaspar, ajoelhado à sua frente. São José apresenta-se à direita da Virgem com seu Menino. Ele aponta a criança para Baltazar.

O jovem à esquerda, atrás do mago, repete o mesmo gesto, como se estivesse dirigindo-se a alguém fora do espaço da composição, indicando-lhe o recém-nascido (as características faciais da figura podem ter sido as do próprio artista). Tal gesto tem em Caravaggio sua origem. O artista italiano usava-o a fim de criar mais linhas direcionais na composição. Nesta pintura três personagens fazem o mesmo gesto.

Belchior e Gaspar postam-se diante do Menino, enquanto Baltazar, de pé, aguarda um espaço para fazer o mesmo. Todos trazem presentes. Gaspar – o mago mais velho e mais próximo do observador – está realisticamente pintado. Usa uma suntuosa túnica de seda violeta e sobre ela um manto em ouro e brocado de seda. No chão está o presente que trouxe para o Menino – um cálice de ouro. Através da posição da mão esquerda da criança é possível deduzir que ele acabara de beijá-la.

Ela também se inclina em direção a ele e o abençoa.  Belchior – o segundo mago ajoelhado – oferece ao Menino um cálice dourado com incenso. Seu rosto demonstra encantamento diante do recém-nascido. Traz na cabeça um rico turbante branco. Seu cafetã colorido indica que veio do Oriente Médio. Baltazar – o mago negro – encontra-se de pé. Suas roupas são de seda e linho. Traz na cabeça um turbante enfeitado com penas coloridas. Segura um rico recipiente de madrepérola, decorado em ouro, com mirra que será presenteado à criança.

As cabeças alinhadas dos Reis Magos formam uma linha que direciona ao topo da tela, onde se encontra a estrela que os guiou até o Menino e sua família. A estrela possui oito pontas e dela irradia uma grande luz.

Ficha técnica
Ano: 1612/1613
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 315 x 174 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
Collection/art-work/the-adoration-of-the-magi/3f1f4d63-0476-4ac0-904f-776713defe78

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