Autoria de Lu Dias Carvalho
O Surrealismo — surgido em Paris no começo da década de 1920 — foi inicialmente um movimento literário e político, o que não o impediu de exercer grande influência sobre a fotografia, o cinema e a arte de modo geral. No seu bojo carregava o propósito de fazer o artista repassar automaticamente para sua obra uma visão introspectiva, sem permitir qualquer controle da mente sobre ela. Sob a influência da obra psicanalítica de Sigmund Freud, objetivava revelar o inconsciente através de imagens oníricas que se opunham à percepção da realidade. Os surrealistas estavam conscientes de que a arte era um jeito de colocar-se contra as presunções burguesas no que diz respeito à natureza da realidade e, portanto, fazia-se necessário encontrar novas formas de viver e em contrapartida novas formas de arte.
O escritor francês, poeta e teórico do Surrealismo, André Breton, assim definiu o movimento: “Puro automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a expressar — seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira — o verdadeiro funcionamento do pensamento. Tudo deve ser ditado pelo pensamento, na ausência de todo o controle exercido pela razão, isento de toda preocupação estética ou moral. O Surrealismo se baseia na crença da superioridade de certas formas de associações anteriormente desenhadas, da onipotência dos sonhos, do fogo desinteressado do pensamento”.
A palavra francesa “sur-réalisme” (surrealismo, super-realidade) foi criada em 1917 pelo poeta e crítico de arte Guillaume Apollinaire. O movimento surrealista dela se apoderou, porque ia de encontro aos seus objetivos, ou seja, dizia respeito a um mundo situado além do mundo “real”. Os poetas André Breton e Louis Aragon deram à palavra um significado teórico e prático e o termo passou a existir sob a perspectiva do movimento surrealista. Os termos “surrealismo” e “surreal” passaram, portanto, a descrever fatos de natureza extravagante ou estranhamente coincidentes.
O poeta e crítico de arte André Breton deu início ao movimento surrealista na Paris de 1924. Viu-se influenciado pela psicanálise dos sonhos freudianos, pelos escritos políticos de Karl Marx e pelas teorias sobre o inconsciente reprimido. Via nisso uma causa política e psicológica. Para Breton e seus companheiros surrealistas era possível libertar a imaginação através do uso da mente inconsciente. Para tanto fizeram uso da escrita automática — processo de livre associação — em seus poemas e textos de prosa, a fim de dar origem a imagens e ideias imprevistas, ou seja, não aguardadas.
As artes visuais também serviram de amparo para as ideias de Breton. Sua admiração pelas pinturas cubistas de Pablo Picasso vinha do modo como o artista espanhol fracionava o corpo para dar origem a figuras excepcionais. Também lhe serviram de inspiração as paisagens excêntricas de Giorgio de Chirico e o uso de objetos encontrados pelos dadaístas (objets trouvés/ perdidos e achados).
O movimento surrealista teve Paris como seu centro até 1945. Os artistas Marx Ernst, André Masson e Joan Miró uniram-se a René Magritte — mais importante figura do movimento — em 1929. Salvador Dalí também chegou à capital francesa nesse mesmo ano. Enquanto Magritte produzia efeitos alucinatórios com suas obras, Dalí usava imagens oníricas para dar vida a pinturas perturbadoras. Com o surgimento da Segunda Guerra Mundial em 1939 grande parte dos artistas surrealistas migraram para Nova Iorque. André Breton chegou aos Estados Unidos em 1941 e em 1942, juntamente com Marcel Duchamp, organizou uma exposição, onde reuniu cerca de 50 artistas da Europa e dos Estados Unidos.
Nota: a ilustração O Vestido de Noiva (1940) é uma obra de Ernst Max. A noiva, vestindo uma capa vermelha, mostra-se preocupada. O homem pássaro simboliza a fertilidade.
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombric
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha
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