DINAMISMO DE UM CICLISTA (Aula nº 99 A)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                 (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor italiano Umberto Boccioni (1882-1916) mudou-se para Roma, onde estudou o básico da pintura, ali trabalhando como pintor de cartazes. Juntamente com Gino Severini estudou com o pintor pontilhista Giacomo Balla. Após viajar para Paris e Rússia, ele voltou para Veneza, onde fez aulas de desenho. Conheceu em Milão Filippo Tommaso Marinetti e outros participantes do movimento Futurista, transformando-se no principal teórico do grupo. Também trabalhou com a escultura cubista. Alistou-se para servir a Itália na Primeira Guerra Mundial, morrendo um ano depois, após cair do cavalo durante um treinamento militar.

A pintura intitulada Dinamismo de um Ciclista é obra de Boccioni que tinha por objetivo, como futurista, repassar a noção de velocidade a suas criações. Isso só foi possível após conhecer os planos fragmentados do Cubismo analítico, quando sua obra atingiu uma grande sensação de dinâmica. Vemos, portanto, como o movimento cubista contribui com o surgimento dos novos estilos.

A composição em estudo é parte de uma série de pinturas dedicadas ao “dinamismo”, criadas em 1913 pelo artista. Ao primeiro olhar, o quadro parece abstrato, mas aos poucos é possível ao observador descobrir o vulto de um homem e de uma bicicleta. A obra também repassa a sensação de que o ciclista encontra-se em alta velocidade.

Uma faixa verde e um traço curvo cor-de-rosa são vistos à esquerda, próximos à borda superior, sugerindo uma paisagem montanhosa, indicativa do passeio do ciclista — uma estrada na montanha. A faixa e o traço, portanto, dão indícios do panorama topográfico da obra. O artista justapõe as cores: roxo, azul, vermelho, amarelo, laranja e verde. Ao usar cores complementares tão vivas, acaba repassando à composição uma sensação de modernidade e uma noção de luz artificial forte.

O quadro da bicicleta é composto por formas cônicas alongadas em laranja e a linha escura mais fina em ângulos retos. Atrás da bicicleta também são vistas linhas semelhantes, traçadas de maneira mais solta. A roda e seus raios girando velozmente são representados por traços brancos, curtos e circulares, misturados com cinza e índigo. As linhas diagonais criam o ritmo através de padrões e repetições.

A cabeça do ciclista tem a forma de uma curva cônica preta e aponta para a esquerda, oferecendo ao observador uma noção clara de direção. O deslocamento de planos de cor e contrastes estruturais, faz com que a figura se misture com o seu entorno, repassando a ideia de um ciclista movendo-se no espaço e no tempo.

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 70 cm x 95 cm
Localização: Acervo particular

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

Views: 64

NOVOS ESTILOS – FUTURISMO, ORFISMO E RAIONISMO II (Aula nº 99)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

     

Os anos que vieram antes da Primeira Guerra Mundial assistiram às mudanças que ocorreram nas nações e diziam respeito à distância e ao tempo em razão da chegada do aeroplano, dos automóveis e das comunicações sem fio. Foi nesse período que apareceram diversos movimentos artísticos – Futurismo, Orfismo e Raionismo – inter-relacionados que tinham por objetivo mostrar, através da arte, o ritmo inimaginável da tecnologia e de suas consequências para a sociedade. Assim como os futuristas, os orfistas e os raionistas pensavam que ao mudarem a forma da arte também se mudaria a sociedade. Embora não abraçassem as mesmas teorias, todos eles direcionavam a pintura para uma arte totalmente abstrata.

O termo “Orfismo” é derivado do poeta e músico da mitologia grega Orfeu, tendo sido cunhado pelo poeta, escritor e crítico de arte francês Guillaumee Appolinaire em 1912, para descrever o estilo de Robert Delaunay e o de seus adeptos, no intuito de descrever um Cubismo mais colorido e abstrato, ligado à música. Estava voltado principalmente para obra de Delaunay e de sua esposa Sonia. Ambos se inspiraram na teoria das cores complementares para criar pinturas abstratas, tendo como base blocos e discos coloridos. O Orfismo teve grande relevância para o grupo “Cavaleiro Azul” na Alemanha.

O Raionismo – breve movimento russo – foi criado por Mikhail Larionov e sua parceira Natália Gontcharova numa tentativa de resumir as descobertas do Cubismo, do Futurismo e do Orfismo em um estilo artístico único. A sua importância foi grande ao transformar-se no passo fundamental para o desenvolvimento da arte abstrata russa. As pinturas raionistas têm como características raios de cores contrastantes em uma interação rítmica.

Nota: 1.a ilustração à esquerda, acima, é uma obra orfista de Robert Delaunay, de 1910/1912, intitulada La Ville de Paris. O artista reuniu a Torre Eiffel — símbolo da modernidade — e as Três Graças de um antigo afresco. 2. A ilustração à direita trata-se de uma obra raionista de Natália Gontcharonova, intitulada O Ciclista (1913).

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 1

VÁ PLANTAR BATATAS!

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

batata

Dias atrás presenciei uma discussão que, pelo tanto de batatas plantadas, daria para alimentar toda a população do país. Os dois contendores discutiam por causa de uma vaga na rua, motivo mais do que comum nos dias de hoje em razão do aumento excessivo de veículos nas grandes cidades e a consequente falta de espaço.

 – Vá plantar batatas! – dizia um dos brigões.

 – Vá plantar batatas, você! – dizia o outro.

 – Mande todo mundo plantar batatas e vamos embora, meu bem! – dizia a mulher de um dos dois rusguentos.

 – Vá você e sua família toda plantar batatas! – gritou a acompanhante do outro.

O guarda teve dificuldades para se aproximar dos rixentos, pois parecia haver batatas por todos os lados. Mas por que tanta batata numa contenda? Como nasceu tal expressão? Vejamos.

O trabalhador rural foi sempre menos valorizado se comparado ao operário da cidade. Fato que já é sentido desde a metade do século XIX, em Portugal, quando o trabalho numa fábrica era considerado uma função moderna e prestigiosa, enquanto o trabalhador na agricultura era sempre visto como uma pessoa simplória e sem qualificação, sujeito que nenhuma mãe citadina queria como genro.

Pela pouca valorização que tinha (e ainda tem) o trabalhador rural, “Vá plantar batatas!” não poderia ser uma expressão elogiosa. Ao contrário, mandar alguém plantar batatas era o mesmo que dizer que a pessoa era ignorante, sem valor algum e que só servia para plantar batatas. O mais interessante é que a expressão chegou à cidade, onde é praticamente impossível plantar batatas em razão da falta de espaço. Não deveria ser “Vá ensacar poluição!” ou “Vá lavar automóveis!”?

Outra versão é a de que a expressão “Vá plantar batatas!” originou-se em Portugal, quando o tubérculo não era visto com bons olhos. Plantar batatas era uma atividade mal vista pelos lusitanos. Mas, quando a indústria despencou, foi recomendado aos funcionários desempregados que plantassem batatas. A danadinha da batata venceu e ganhou mundo. Nos dias atuais substitui uma expressão mais grosseira que é “Vá pro inferno!” ou “Vá pros quintos dos infernos!”.

Views: 17

QUEM CALA CONSENTE?

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Rosali Amaral

ziper

Este é mais um provérbio que faz parte da sabedoria popular e que merece uma reflexão. Significa que aquele que não toma uma posição diante de uma atitude concorda com a mesma. A expressão “Quien calla, otorga” foi cunhada pelo 193º papa, Bonifácio VIII, (aquele que conflitou com Dante Alighieri retratado por ele no inferno, em sua “Divina Comédia”), no século 13, entre 1294 e 1303, através de uma de suas decretais ou bulas em que respondia às consultas populares.

Nos textos bíblicos era costume o fato de que bastava o silêncio de um pai para a aceitação e a homologação de um voto feito pela filha sob sua tutela. Se alguém escutasse uma blasfêmia no meio do povo e não denunciasse, tornava-se cúmplice e poderia ser morto. No nosso meio jurídico existem várias situações para a interpretação do silêncio. Algumas são vistas como conivência, consentimento ou tolerância para com alguém ou ato. Por exemplo, quando um réu, que está sendo acusado por algum delito, e mesmo tendo provas contra si, permanece calado, é considerado culpado. Temos também as leis que são validadas por excesso de prazo legal. Outro exemplo é o do pai que se recusa a fazer o teste de DNA. Tal recusa, perante a lei redunda na confissão de que realmente é o pai.

Em certos ambientes de trabalho, funcionários são punidos por omissão e conivência, se souberem de fatos que possam causar prejuízos à empresa e não denunciarem. Muitos, no entanto, preferem se calar por medo de represálias e perseguições e até atentados contra suas vidas. Quando alguém usa um subterfúgio considerado imoral, que é a exploração da boa vontade das pessoas, algumas delas não se manifestam por medo de serem severamente castigadas pelo explorador ou por incapacidade de se manifestarem, é o caso das crianças, dos idosos, dos doentes, ou dos mentalmente incapacitados.

No âmbito psicológico cada ser humano tem um tipo de tolerância para verbalizar ideias, sentimentos e opiniões. E o calar tem várias facetas. Muitas vezes, quem cala é porque concorda, mas pode ser também por falta de argumentos para se contrapor. Outras vezes, quando os fatos são óbvios e transparentes, não há necessidade de respostas nem explicações.

Quando alguém magoa uma pessoa, ao ponto de extrapolar seus limites, ela reprime as emoções e não consegue extravasar os sentimentos e dor, devido ao seu temperamento introspectivo, então surgem a tristeza e a angústia. Neste caso, não seria melhor conversar com o responsável, colocando tudo em pratos limpos? Nem sempre. Às vezes é melhor se calar, pois discutir pode significar trair valores morais e, com isso, sofrer mais ainda do que com a mágoa ou a dor reprimidas. Há também vezes em que não vale a pena gastar energia à toa.

Trabalhar o interior e autoestima, perdoar, liberando-se dos sentimentos ruins pode ser mais vantajoso, principalmente quando certas pessoas já carregam dentro de si um preconceito e uma maldade na sua forma de encarar as pessoas e o mundo, antecipando suas conclusões e julgamentos errôneos e injustos. Aí o diálogo torna-se inviável. E se ele ocorrer será interminável, transformando-se numa briga acirrada em que cada um irá defender seus interesses e opiniões e não haverá vencedor.

Quando a pessoa se cala, qualquer argumento bate no vazio. Sinal de fraqueza, fuga ou medo de encarar o adversário? Não, muitas vezes o silêncio é a melhor resposta, demonstrando o domínio do próprio eu. Quantas vezes já ouvimos o ditado de que “Quando um não quer dois não brigam“? Ou mesmo, “Em boca fechada não entra mosquito“? O silêncio pode servir como remédio que cura as duas partes, possibilitando uma avaliação de pensamentos, acusações e ações e o rumo que isso nos leva.

Nos dias de hoje, diversas vezes somos chamados a abraçar uma causa, uma campanha, seja ela política, social, moral, religiosa ou outra qualquer. Não é certo evitar o erro e se opor a ele, denunciando e combatendo-o ativamente? E quem permanece calado torna-se conivente com tal erro ou injustiça e ajuda o mal a triunfar? Quem cala consente, é conivente, é covarde, é prudente, é passivo, é medroso, ou quem cala não consente, não desmente, não se manifesta, não se envolve, não se compromete ou compromete-se? A decisão é de cada um, de acordo com a maneira como enxerga a vida.

Fontes de Pesquisa:
Revista Aventuras na História – Abril Cultural
Catholic Encyclopedia – New Advent – Erica 1913.

Views: 25

MESTRE DESCONHECIDO – LÓ E SUAS FILHAS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição do mestre flamengo desconhecido, criada por volta do ano1530 ou antes disso, intitulada Ló e Suas Filhas, tem como inspiração uma passagem bíblica (Gênesis). Ela acontece em dois planos diferentes. O primeiro apresenta Ló, sobrinho de Abraão, e suas duas filhas em Sodoma. O segundo mostra o mundo vitimado pela destruição. Os dois cenários são moldados por duas composições triangulares (uma à esquerda e outra à direita), ambas do mesmo tamanho, com ângulos agudos que se localizam na diagonal. Estão unidos por uma semiescuridão. Uma grande árvore parece ter o objetivo de delimitar os dois acontecimentos.

Ló e suas duas filhas, presentes em primeiro plano, são apresentados em tamanho grande. Já em segurança, o grupo encontra-se diante de uma luxuosa tenda vermelha, com duas outras atrás, rodeados por três moringas bojudas de bebida e farta comida, ali se vê inclusive ossos de animal. De acordo com o texto bíblico, as filhas de Ló criam que toda a humanidade havia perecido, exceto eles. Por esta razão a mais velha argumenta com a mais nova: “Não há mais nenhum homem na Terra que entre em nós segundo o costume. Venha, deixe nosso pai beber vinho e durmamos com ele e preservaremos a geração de nosso pai”. E assim, agiram sem que Ló percebesse.

O pintor não mostra o incesto na sua obra, mas insinua que a iniciativa foi do pai, ao mostrar a postura rígida e passiva da filha abraçada, o que não significa falta de maestria, uma vez que ele apresenta a filha que serve o vinho graciosamente. O artista ignora em sua criação a narrativa de que as filhas enganaram o velho e piedoso pai. Apenas transforma a dor das fugitivas numa cena de amor convencional com matizes bucólicos, convencional também no sentido de que é o homem quem toma a iniciativa e não uma de suas filhas, de acordo com a postura de Ló, abraçando a filha.

O homem e suas duas filhas são vistos bem pequenos em segundo plano, caminhando calmamente sobre uma frágil e estreita ponte de madeira, erguida sobre paus. Uma das moças leva uma trouxa sobre a cabeça. Atrás do pequeno grupo segue um jumento carregado com seus pertences. Apesar da periculosidade do local, eles caminham lado a lado e não em fila única. A esposa de Jó e mãe das moças é vista atrás, à direita, transformada numa estátua de sal. O pequeno grupo parece caminhar tranquilamente, sem demonstrar terror com o acontecido.

A destruição de Sodoma é mostrada de forma dramática, com casas desmoronando e caravelas afundando. O fogo, representado na forma de projéteis, despenca do céu devorando a cidade que traz uma parte em chamas. A chuva de projéteis desce de um buraco no céu sobre a cidade. Os prédios inclinam-se e tombam. A cidade desgoverna-se para a esquerda, sendo engolida pelo mar. A igreja, mais ao fundo, tem a sua torre quebrada, prestes a tombar. As caravelas presentes no mar parecem rachar ao meio e afundar. Uma cidade situada ao longe, bem próxima à linha do horizonte, recebe projéteis vindos de outro buraco aberto no céu.  Uma segunda cidade que se eleva à esquerda na parede rochosa não é atingida pela catástrofe, assim como a torre presente na margem direita da pintura. A água mostra-se inalterável, trazendo sua superfície tranquila.

A composição apresenta o contraste entre a planície e a paisagem montanhosa, entre o fogo e a água. A árvore solitária corta quase toda a tela na vertical em direção ao céu. A existência de catástrofe e de tranquilidade, presentes nas duas cenas principais e também dentro da própria cena de destruição, reforça o sentimento de inquietação e incompreensibilidade sobre o que está a ocorrer.

Curiosidade: Os geólogos creem poder datar a destruição de Sodoma e cidades vizinhas em 4350 a.C, aniquiladas por um violento terremoto que sacudiu a região ao redor do Mar Morto. O hidrocarboneto que brotou das profundezas ardeu e o dióxido de enxofre ocasionou uma chuva ácida que matou pessoas, animais e plantas. As grossas nuvens negras tornaram a paisagem morta, podendo ser vista à distância.

Ficha técnica
Ano: c.1530
Dimensões: 58 cm x 34 cm
Técnica: óleo sobre painel
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

 

Views: 15

CORTANDO O NÓ GÓRDIO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

midas.1png

Alguém disse, certa vez, que viver é um ato de coragem. Não resta dúvida que sim. Não há uma só semana em que não tenhamos que tentar desatar um nó górdio. Talvez seja este desafio o que nos empurra na nossa caminhada neste planeta chamado Terra, que se mostra cada vez mais conturbado, com uma humanidade mesquinha, cada vez mais centrada em si. E, na impossibilidade de desatar o nó górdio das maldades humanas, muitas vezes é preciso cortá-lo nas estranhas, pois não há tempo a perder, senão o caos instala-se. O inimigo nunca dorme no ponto, mas um dia quebrará a cara.

A expressão nó górdio tem sua origem na mitologia. Conta o mito que na Frígia (Ásia Menor), após a morte de seu rei, o povo foi consultar o Oráculo sobre qual seria o próximo soberano. O tal oráculo vaticinou que o futuro monarca entraria na cidade conduzindo um carro de bois. Assim, quando o humilde camponês de nome Górdio, adentrou na cidade, trazendo na sua carroça, mulher e filho, foi logo aclamado como rei pelo povo que ainda comentava sobre a decisão do Oráculo.

Górdio, em agradecimento pela sua repentina mudança de vida, e também para não se esquecer de que deveria continuar humilde, ofereceu sua carroça à maior de todas as divindades mitológicas – Zeus, o pai dos deuses. Ela foi amarrada a uma coluna do templo, com um nó tão bem feito e complexo que se tornou impossível desatá-lo. O soberano reinou por muitos anos, sendo imbuído de grande sabedoria. Após sua morte, seu filho Midas (aquele mesmo que queria que tudo virasse ouro) ocupou seu lugar, fazendo crescer o império deixado pelo pai. Mas ao morrer, não deixou nenhum herdeiro. E de novo o trono viu-se sem um rei.

O povo recorreu novamente ao Oráculo que vaticinou que quem conseguisse desatar o nó de Górdio, seria o novo rei da Ásia Menor. Todas as tentativas foram infrutíferas, pois aquela tarefa era impossível para um humano. Muitos e muitos anos passaram-se, até que foi ter à Frígia o conquistador Alexandre Magno. Ao tomar conhecimento do vaticínio do Oráculo, tentou desesperadamente desatar o nó, sem lograr êxito. Mas como a espada pode tudo (ou acha que pode), na sua impaciência e exaltação, o conquistador cortou o nó, vindo depois a dominar toda a Ásia. Como os poderosos contam suas verdades a bel-prazer, espalhou-se o boato de que Alexandre Magno desatara o nó de Górdio, quando, na verdade, ele apenas o cortara.

Nota: não foi encontrada a autoria da pintura que ilustra o texto.

Views: 2