Autoria de Lu Dias Carvalho
Dizem que um segredo deve ser guardado a sete chaves, pois uma vez que alguém toma conhecimento do mesmo, o sigilo acaba caindo na boca do mundo, espalhando-se como penas ao vento. Benjamin Franklin, cientista e filósofo norte-americano, dizia que “somente três pessoas são capazes de guardar um segredo, caso duas delas estejam mortas”, mas, como o planeta encontra-se cada vez mais globalizado, com o WhatsApp a todo vapor, guardar confidências tornou-se cada vez mais difícil, ainda mais para os de língua solta. A confissão acaba virando segredo de polichinelo.
É muito comum alguém nos contar algo e pedir segredo absoluto, que façamos boca de siri. Engraçado, se o sujeito, senhor daquilo que não pode ser revelado, não consegue guardá-lo para si, como pode querer que outrem o faça? E como diz o meu amigo Alfredo Domingos, ainda vem acompanhado do “só contei pra você, hein?!”. Se a língua do depositário de tamanha confiança coça, lá está a confidência espalhada pelos quatro cantos do mundo. Sem falar que quem guarda um segredo precisa ter memória de elefante, ou seja, lembrar-se sempre de que é preciso manter sigilo sobre o assunto a si confiado, trancando-o a sete chaves. Quanta responsabilidade! Dizem alguns mexeriqueiros que quem guarda segredo é padre e terapeuta.
O que viria a ser a expressão “a sete chaves”? Que mistérios são esses? Onde se encontram as tais chaves? Em tempos idos, quando algo era muito valioso nas terras portuguesas, o tesouro era guardado em arcas de madeira. Mas não se tratava de qualquer arca. Deveria ter quatro fechaduras. E daí — poderá indagar o leitor —, se é possível abri-las ao mesmo tempo? Calminha, amigo, vamos devagar que o santo é de barro. Não abusemos da inteligência do dono das preciosidades.
Após fechada a arca em questão, quatro pessoas da maior confiança do dono recebiam a incumbência de guardar as quatro chaves, ficando cada uma delas com uma das tais. Muitas vezes o rei era o guarda de uma delas. A arca só poderia ser aberta com a presença dos quatro portadores das chaves, juntos. Mas, com o passar do tempo, o número “quatro” perdeu o seu status, entrando o “sete” no lugar, pois se trata de um número místico e, segundo alguns, muito poderoso. Se um tesouro guardado a quatro chaves já era seguro, imagine a sete… Vixe Maria!
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