PAPOULAS DE ARGENTEUIL (Aula nº 83 D)

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Autoria de Lu Dias Carvalho     O tema é insignificante para mim; o que quero reproduzir é o que há entre mim e o tema. (Monet)

Claude-Oscar Monet (1840–1926) nasceu em Paris, mas viveu a sua infância e adolescência em Le Havre, cidade portuária francesa, para onde seus pais se mudaram, crescendo ele num ambiente burguês. Na sua casa apenas sua mãe, Louise, mostrava interesse pela pintura. O pai, Adolphe, não aceitava as inclinações do filho por tal arte, de modo que o relacionamento entre os dois começou a gerar conflitos. E piorou ainda mais, quando o filho deixou a escola, pouco tempo antes de concluir os estudos. Monet veio a transformar-se numa das mais importantes personagens do Impressionismo.

A composição Papoulas de Argenteuil é uma obra do pintor que apresenta vários aspectos do Impressionismo, como as pinceladas rápidas, o efeito da atmosfera na paisagem, o uso de cores complementares baseadas no vermelho, azul e amarelo. A paisagem é pintada exatamente como o artista enxerga-a, sem nenhuma preocupação com os detalhes, apenas sugere as diversas texturas e formas das figuras, flores, folhagens, gramíneas e nuvens. Monet, para dar vida às suas papoulas, pinta-as com pinceladas leves de vermelho puro. Uma linha diagonal estrutura a composição.

Em primeiro plano estão uma mulher, possivelmente a mãe, e uma criança (provavelmente Camille, esposa do pintor, e seu filho Jean), ambos levemente pintados. Ela veste um vestido cinza com xale preto e carrega uma sombrinha azul, jogada para trás. A criança, vestindo branco, leva nas mãos um ramalhete de papoulas. Mais distante, no topo da colina, uma segunda mulher, vestida de preto, desce pelo campo de papoulas, seguindo na mesma direção da primeira. Ao seu lado está uma segunda criança. Pela vestimenta das figuras é possível deduzir que se encontram próximas a uma cidade, não se tratando de camponeses.

A paisagem ao fundo possui uma ala de árvores, tendo no meio uma construção branca de telhado avermelhado. À frente estende-se um campo de vegetação alta. À esquerda predomina o vermelho das papoulas em meio ao campo verde e às flores amarelas. À direita predomina o verde azulado em meio a um nevoeiro. O céu azul está carregado de nuvens brancas. Provavelmente o sol tenha se escondido, o que levou a primeira mulher a baixar a sombrinha.

Em sua pintura Monet, assim como os demais pintores impressionistas, dava à arte da pintura uma nova visão, expressa tanto na técnica quanto na temática. Era como se a cena tivesse sido captada por um rápido olhar, sem se ater aos detalhes. Aqui, o observador desvia sua atenção das figuras para se concentrar no efeito visual das tulipas vermelhas.

Ficha técnica
Ano: 1873
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 65 cm
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
História da arte no ocidente/ Editora Rideel
http://www.visual-arts-cork.com/paintings-analysis/poppy-field-monet.htm

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O TANQUE DAS NINFEIAS (Aula nº 83 C)

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Autoria de Lu Dias Carvalho   

Estas paisagens refletidas tornaram-se para mim uma obrigação que ultrapassa as minhas forças que são as de um velhote. Mas mesmo assim, eu quero chegar ao ponto de reproduzir aquilo que sinto. E espero que estes esforços sejam coroados de êxito. (Monet)

É na água, entre as flores, todo o céu que se filtra, todo o ar que se joga através das árvores, todos os motivos das horas, todos os matizes das horas, todas as graciosas imagens da natureza circundante. (Gustave Geoffreoy)

Sou muito difícil comigo mesmo, mas é preferível isso a apresentar coisas de valor mediano. (…) Nada me impede, ao contrário, de conservar meu zelo e minha confiança para realizar obras ainda melhores. (Monet)

A casa de Giverny foi a última morada de Monet. Após comprá-la, assim como os terrenos próximos, criou no local, com a ajuda de seu jardineiro-chefe japonês, um exótico jardim com lírios, álamos, céspedes, bambus, salgueiros e uma variedade de plantas aquáticas. O que mais fascinou o artista foi o grande lago com ninfeias (ou nenúfares) vindas do Japão. Havia um jardineiro só para cuidar de suas plantas exóticas que exigiam uma temperatura mais quente. Paixão à qual o artista se dedicou por mais de meio século de vida. Chegou a produzir cerca de 250 quadros individuais com suas exóticas flores.

O jardim foi cuidadosamente criado, segundo as ideias de Monet, de modo que as formas e as cores das plantas se transformassem numa obra-prima. Monet mergulhou fundo no seu universo pictórico em busca de contrastes que seu olhar captava através da luz. A cada repetição acrescentava um novo efeito à sua pintura, captado através do acasalamento entre a luz e as cores.

A ponte de madeira em arco, construída em estilo japonês, foi colocada sobre a lagoa de ninfeias como uma passarela que ligava um lado ao outro. Acima dela, a vegetação é densa, destacando-se os salgueiros chorões. Abaixo da ponte está a água, quase que inteiramente tomada pelas folhas e flores das majestosas ninfeias. Como não se vê o céu, o olhar do observador é direcionado para a superfície da água.

Ao contrário de outros quadros que o pintor viria a pintar sobre o tema, é possível ver na parte superior de O Tanque das Ninfeias, composição também conhecida como A Ponte Japonesa, as copas suntuosas das árvores. Posteriormente os quadros sobre ninfeias limitaram-se à superfície da água e às flores, sob diferentes perspectivas, vistas de bem perto. Quadros de paisagens sem horizontes eram uma inovação na pintura. Os reflexos possibilitavam abrir mão do horizonte, responsável por estruturar o espaço.

Cerca de cinco meses após a morte do pintor, oito composições, somando 22 enormes painéis sobre ninfeias, passaram a decorar dois salões ovais de Orangerie, no Jardim das Tulherias em Paris. O local foi chamado pelo pintor André Masson de “a Capela Sistina do Impressionismo”. Monet gastou 12 anos de sua vida em tais composições.

Na primeira sala, dedicada às ninfeias, encontram-se os painéis: Sol Poente, As Nuvens, Manhã e Reflexos Verdes. Na segunda, dedicada às ninfeias e aos salgueiros estão os painéis: Reflexo das Árvores, A Manhã dos Salgueiros e Os Dois Salgueiros. É surpreendente como o artista conseguiu trabalhar com o mesmo tema durante tantos anos. Cada quadro trazia algo novo, quer no cultivo dos matizes quer na captação da luminosidade.

Nos seus últimos anos de vida, Monet não gostava de sair de sua casa. Isolava-se em seu jardim aquático com suas inúmeras plantas, dentre elas as suas amadas ninfeias. Ao contrário do que muitos podem pensar, o artista não era um pintor de flores, ou seja, o seu interesse não se encontrava na pintura dessas maravilhas. O que de fato ele procurava era o resultado do conjunto: água, flores e luz e outros motivos.

Os pintores surrealistas viram na série Ninfeias um prelúdio da abstração lírica de Wasily Kandisky, grande expoente do expressionismo abstrato, e de Kasimir Malevich que confessou ter recebido a influência de Monet e da série sobre Ninfeias em sua criação artística.

Ficha técnica:
Ano: 1899
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 89 x 93 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

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MULHER COM SOMBRINHA  (Aula nº 83 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Mulher com Sombrinha, também conhecido como Madame Monet e o Filho, ou O Passeio, ou ainda como Camille e Jean na Colina, está entre os quadros mais famosos do pintor impressionista Claude-Monet. Sua primeira mulher Camille e seu filho Jean servem de modelo para a composição. O mais incomum é que ambos são vistos de baixo para cima, além do grande espaço que a esposa ocupa na composição. O dia está maravilhosamente ensolarado e o céu cheio de nuvens brancas, passando ao observador uma sensação de tranquilidade e frescor, pois luz e brisa parecem ultrapassar os limites da tela.

O pequeno Jean, bem distante da mãe, aparece mais ao fundo, à esquerda, com seu chapeuzinho redondo e com suas mãozinhas nos bolsos, como se a sua presença fosse apenas acidental, sendo a mãe a personagem mais importante da cena. Embora seus traços sejam apenas esboçados, ele se mostra bastante sério, mantendo um olhar distante. A vegetação cobre-lhe quase que metade do corpo, enquanto ele parece focar algo distante.

A presença do vento na pintura pode ser percebida através do esvoaçar das vestes de Camille e do dobrar da vegetação. Seus pés não são vistos, pois estão encobertos pela relva e flores. Mesmo assim, Camille mostra-se vaporosa e parece flutuar, levada por sua sombrinha delicada, mas firme, postada à direita de seu corpo. Seu olhar parece dirigir-se ao observador. O efeito luminoso no quadro é perceptível através do delicado resultado dégradé colorido da sombra que a sombrinha de interior verde joga sobre o corpo da modelo, e as sombras espalhadas pela vegetação, onde se fundem vários tons de verde e o amarelo de pequenas flores. Vários matizes estão refletidos no vestido volateante de Camille, assim como os diferentes azuis do céu.

Observando o céu e a relva, notamos que o artista usou longas e rápidas pinceladas, principalmente ao pintar as nuvens, como se não tivesse tempo a perder, se quisesse captar aquele momento, pois a presença do vento ainda torna as nuvens mais fugidias. O vento agita a roupa da modelo, assim como seu véu, balança a sombrinha, dobra a vegetação e brinca com as nuvens. Monet em seu quadro dá um show de luz, cor e brisa, transmitindo ao observador todas essas sensações visuais. E é isso que faz de O Passeio, Mulher com Sombrinha, um resumo do Impressionismo e um dos quadros mais belos do grande mestre.

Doze anos após a pintura em que Camille e Jean serviram de modelo (e sete anos após a morte de Camille), Monet voltou ao mesmo tema, só que dessa vez sem a presença de um garoto. Suzanne Hoschedé, uma das filhas de sua companheira Alice, serve de modelo. Com ela, fez duas composições: Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Direita e Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Esquerda. Mas a natureza presente nesses quadros não nos passa a mesma leveza e o mesmo frescor sentidos na observação da pintura de Camille e Jean. Também não existe a mesma expressividade vista no rosto da esposa. As obras são incomparáveis.

Ficha Técnica:
Ano: 1875
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100 x 81 cm
Localização: Nattional Gallery of Art, Washington, Estados Unidos

Fonte de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

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VISTAS DA CATEDRAL DE ROUEN (Aula nº 83 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

            

     

Todos os dias eu capto e me surpreendo como alguma coisa que ainda não tinha sabido ver. Que difícil de fazer é essa catedral! Quanto mais avanço, mais me fatiga restituir o que sinto; eu me digo que aquele que diz ter terminado uma tela é um terrível orgulhoso. (Monet)

Na verdade, neste monumento gótico, está o extremo da sólida realidade que, mediante a observação e habilidade de Monet, transformou-se em evanescente fantasia. (Perry T. Rathbone)

Monet fez vários quadros paisagísticos em que inseriu igrejas e catedrais. Mas nesta série, ele pegou como tema único a Catedral de Rouen. Foram pintadas cerca de trinta telas, nas quais o artista reproduz o jogo de luz e as inúmeras mudanças na atmosfera em vários momentos do dia, através da fachada da catedral. Aqui o tema central não é a catedral, pois sua arquitetura é quase imperceptível, mas a variação da luz sobre sua fachada em diversos momentos do dia. Essa série é famosa no mundo inteiro.

O pintor chegou a duvidar de sua capacidade de poder transferir para a tela as diferentes mudanças cromáticas, ao pintar a Catedral de Rouen em diferentes momentos. Ele desabafou dizendo que “tudo muda, inclusive a pedra”. A série foi pintada durante os meses de inverno de 1892 e 1893, como ele via a catedral da janela de onde se encontrava (num quarto alugado em cima de uma loja do lado oposto da praça fronteiriça com a catedral) em diferentes momentos do dia. Em todas as pinturas a fachada da Catedral de Rouen ocupa sempre o primeiro plano. É possível ver como a luz, ao incidir sobre aquelas formas complexas, altera a forma e a cor, num jogo de imensa beleza. Ele trabalhou seu olhar, não para ver o modelo, mas, sim, a luz que o envolvia e a atmosfera que se mostrava entre ele e o objeto de sua atenção.

Para pintar os inúmeros quadros da série, Monet submeteu-se a um grande número de sessões, indiferentemente da hora do dia e do tempo. Ele pintou sob o sol, sob a névoa, ao amanhecer, ao entardecer… O método empregado era a substituição de telas de acordo com as variações da luz. Ele trabalhou no tema em dois períodos distintos, havendo um intervalo de cerca de um ano. Antes de iniciar a sua pintura, estudou a construção e os efeitos luminosos. O seu ateliê foi montado de frente para a catedral.

De um total de trinta telas da Catedral de Rouen, apresentada como se fosse imaterial, foram expostas vinte em 1894. Na época, o jornalista Georges Clemenceau que viria a ser primeiro-ministro da França e também responsável pela doação das “Ninfeias” ao Estado francês, mostrou a sua preocupação no sentido de que as telas viessem a ser vendidas separadamente, pois, para ele, todo o bloco constituía um único trabalho, ou seja, uma única obra dividida em vinte sequências, além de ser a prova da fascinação e dedicação do artista ao Impressionismo.

Artistas e críticos acolheram muito bem essa série de Monet, pois se tratava de um grande acontecimento. Como escreveu Georges Clemenceu, ela dizia respeito a “uma forma nova de olhar, de sentir, de expressar uma revolução”. Tanto é que artistas como Picasso, Braque ou Lichtenstein viram a série de pinturas sobre a Catedral de Rouen como “de importância fundamental na história da arte”, pois “obrigaria gerações inteiras a mudar suas concepções”.

Nota: A primeira gravura trata-se da reprodução de uma foto da catedral.

Ficha técnica: (catedral azul)
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 106 x 73 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

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Botticelli – A NATIVIDADE MÍSTICA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Natividade Mística de Jesus, também conhecida apenas como Natividade, refere-se ao nascimento do Salvador. Esta é uma obra do mestre renascentista italiano Sandro Botticelli. É cheia de grande simbologia. O pintor combina o nascimento de Cristo com a sua segunda vinda. Esta obra, cheia de figuras alegóricas, símbolos e inscrições, tem levado os estudiosos a muitas discussões.

A pintura foi realizada um milênio e meio depois do nascimento de Jesus, época em que as modificações políticas e religiosas tornaram-se responsáveis por admoestações proféticas sobre a proximidade do final mundo. Nela, o artista traz à tona as dúvidas e os problemas  de sua juventude, como podemos notar na profética  inscrição grega:

“Esta pintura, do fim de 1500, durante as perturbações na Itália, eu, Allesandro, pintei-a no intervalo após essa época, durante o cumprimento do Capítulo XI de S. João, na segunda calamidade do Apocalipse, e segunda liberação do demônio por três anos e meio, o qual será novamente encadeado no Capítulo XII e nós o veremos […] como nesta pintura.”.

A cena da pintura, portanto, trazem à tona os sermões do monge Savonarola.

O Menino Jesus nasceu. Reunidos no estábulo, José, Maria, reis, pastores e uma legião de anjos celebram seu nascimento com grande alegria. Na parte superior da pintura doze anjos, vestidos nas cores da fé, esperança e caridade, dançam graciosamente em círculo, carregando nas mãos vistosos ramos de oliveira. Sobre eles, o céu abre-se numa maravilhosa cúpula cor de ouro, simbolizando o paraíso que, assim como o ouro, é eterno. Amarradas aos ramos, três coroas douradas balançam. Os pergaminhos presos aos ramos celebram Maria: “Mãe de Deus”, “Noiva de Deus”, “Rainha única do mundo”.

Logo abaixo dos anjos dançarinos, sobre o telhado, estão três anjos ajoelhados, segurando o livro sagrado do cristianismo – a Bíblia. Vestem roupas de cores branca, vermelha e verde e têm asas vermelhas.

A Virgem Maria, ajoelhada em adoração diante de seu Filho, usa um manto azul sobre um vestido vermelho e tem ao lado o boi, deitado, e o jumento, de pé, que também observam o Menino, enquanto José cochila atrás da criança. A Virgem Mãe e seu filho Jesus apresentam-se em escala superior à dos demais personagens. Maria é tão grande que, se ficasse de pé, bateria no telhado do estábulo. O destaque dado pelo artista mostra que eles são as pessoas mais importantes e santas presentes na composição.

O Menino repousa sobre um tecido branco que lembra o mesmo lençol em que seu corpo será enrolado um dia, enquanto a gruta é uma menção ao seu túmulo. Os pastores, à direita, com suas roupas curtas, presentes no lado direito da pintura, louvam a criança que acaba de nascer. Todos estão coroados com ramos de oliveira, símbolo da paz. Um anjo com roupa branca conversa com eles, enquanto outro, meio encoberto pelos ramos e trazendo um ramo de lírios na mão, está de frente para o grupo.

Na parte inferior da pintura em primeiro plano, três anjos, usando vestes verde, branca e vermelha, abraçam afetuosamente três homens que vêm visitar o Menino. Os seres alados carregam consigo um ramo de oliveira e, preso a estes estão pergaminhos com frases em latim que dizem: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.” Atrás do grupo quatro demônios, em escala bem reduzida, fogem aterrorizados, alguns empalados em suas próprias lanças, para buracos no chão.

À esquerda estão os reis, despojados de suas insígnias, usando vestes longas. Também estão usando coroas de oliveira. O anjo que, junto aos três reis, à esquerda da pintura, aponta a mão para o Menino, segura a inscrição “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Em frente à estrebaria vários caminhos cruzam em zigue-zague. As paredes da rocha parecem lanças. Inúmeras árvores verdes estão atrás do local onde acontece a cena.

Esta obra de Botticelli não é convencional ao representar os acontecimentos tradicionais do nascimento de Jesus Cristo. O artista inspirou-se nas profecias do Apocalipse de São João para pintar tais eventos. No topo da obra podemos ver a inscrição de um texto. Vemos ali a influência do monge fanático e pregador Savonarola sobre Botticelli.

Ficha técnica:
Data: c. 1501
Técnica: têmpera e óleo sobre tela
Dimensões: 108, 5 x 75 cm
Localização: National Gallery, Londres, Reino Unido

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obra de arte/ Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia

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UM NOVO ESTILO – IMPRESSIONISMO III (Aula nº 83)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Impressionismo era essencialmente uma nova forma de pintar, ainda assim é difícil obter uma definição que abrace toda a gama de telas que se inserem dentro do termo “impressionista”. Contudo, um tipo de quadro é inequívoco: a paisagem impressionista por excelência — a exemplo de A Regata de Argenteuil de Monet, ilustração acima, criada em 1874 — uma vez que suas características são bem fáceis de serem identificadas: 1- possuía um tamanho relativamente pequeno e irregular no que diz respeito à composição; na maioria das vezes era feita ao ar livre; as cores usadas eram quase sempre brilhantes e contrastantes; e a pincelada era livre e intuitiva.

Quase todos os paisagistas, antes dos impressionistas, ao criar suas obras de grandes dimensões e dar-lhes um acabamento impecável para serem exibidas, faziam uso do estúdio, tomando como referência pequenos estudos preparatórios feitos ao ar livre, portanto, não foram os impressionistas os primeiros a usar as pinturas a óleo realizadas ao ar livre. Os paisagistas franceses, desde os finais do século XVIII, já faziam esboço a óleo ao ar livre, como parte de seu aprendizado, como mostram os pequenos estudos de Pierre Henri de Valenciennes, feitos na década de 1780, hoje presentes no Louvre.

Há exemplos de Valenciennes esboçando o mesmo tema sob diferentes condições meteorológicas, como Monet viria a fazer. Também na Inglaterra, no início do século XX, esse mesmo tipo de estudo foi realizado, como pode ser visto nos esboços a óleo de John Constable.  A diferença é que essas pequenas pinturas a óleo feitas ao ar livre não eram tidas como acabadas, tratando apenas de apontamentos sobre a luz e o ambiente que os pintores viriam a usar para fazer suas grandiosas pinturas no estúdio.  

A admiração dos artistas pelas pinturas obradas ao ar livre foi aumentando com o passar dos anos. O pintor francês Jean-Baptiste Camille Corot expôs no Salão alguns estudos exteriores, ao invés de usar composições feitas em estúdio. E Charles-François Daubigny, aluno da escola de Barbizon, começou a expor, entre as décadas de 1850 e 1860, imensas paisagens que possuíam grande parte delas trabalhada ao ar livre. Assim, tal tradição francesa antecedeu as obras ao ar livre dos impressionistas, mas não é provável que esses tenham tido ciência das tentativas anteriores que lograram êxito ao comporem obras exteriores.

Os impressionistas mostravam-se cada vez mais obstinados a compor ao ar livre, fazendo uso de telas menores. Consideravam os seus pequenos óleos, feitos ao ar livre, como obras terminadas, nas quais o que contava era a sua tendência natural e o frescor do registro da natureza. Ao criar um quadro paisagístico, primeiro buscavam por um ponto de vista que definisse de que maneira as formas que apareciam diante dos olhos deveriam interagir entre si e com os limites do quadro, embora usassem diferentes perspectivas. Monet e Cézanne gostavam das composições que não eram captadas de maneira direta, enquanto Sisley, Renoir e Pissarro optavam por uma estrutura de perspectiva simples e claramente definida.

Imagina-se que a maioria das paisagens de dimensões reduzidas, criadas e expostas pelos impressionistas na década de 1870, tenha sido totalmente pintada ao ar livre, ou ao menos em sua maior parte. Do grupo composto por eles, apenas Degas não pintou externamente. É possível também que Camille Pissarro tenha usado seu estúdio na década de 1870, quando criou grandes óleos. O fato é que a partir de 1870 a maioria das paisagens impressionistas diferenciavam-se no uso da cor das paisagens francesas pintadas anteriormente.

Os impressionistas, contudo, após 1880, passaram a compreender que as pinturas feitas ao ar livre eram muito limitantes e consistiam num paradoxo, uma vez que tais obras externas adornavam ambientes internos. Também compreenderam que a fugacidade dos efeitos da luz impossibilitava-os de fazer um registro real e imediato do que viam. Em razão disso passaram a trilhar caminhos diferentes. Renoir, nos seus últimos anos de vida, passou a usar pequenos esboços feitos ao ar livre para trabalhar em seu estúdio. Pissarro voltou ao trabalho no estúdio. Embora Monet desse a impressão de que seu trabalho continuava sendo executado totalmente ao ar livre, suas correspondências provavam o contrário, ou seja, ele usava o estúdio para dar acabamento às suas telas. A partir da década de 1890 ele revisou a maior parte de sua obra na quietude de seu estúdio.

Os paisagistas impressionistas não se ativeram apenas aos temas declaradamente modernos. Também pintaram paisagens que deixavam evidente o trabalho humano (estradas, pontes, campos, aldeias, etc). Monet e Cézane retrataram a natureza em seus aspectos mais rústico (montanhas e rochas). Monet também se viu atraído pelas forças bravias dos elementos (neve e gelo, mar e vento contra as escarpas), mostrando a insignificância do homem diante das forças da natureza.

O Impressionismo foi o movimento artístico que – durante a história da arte até então – que mais valorizou o trabalho ao ar livre. Os paisagistas impressionistas foram responsáveis por trazer consigo uma utilização livre, espontânea e sincera, mostrando as diferentes texturas da natureza e destacando o valor de cada pincelada.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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