VIAGEM A CITERA (Aula nº 76 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                      (Clique na gravura para ampliá-la.)

O pintor e desenhista francês Jean-Antoine Watteau (1684-1721), filho de um artesão, nasceu em Valenciennes. Aos 18 anos de idade foi para Paris, indo trabalhar no ateliê do pintor decorativo Claude Gillot. Três anos depois foi para o estúdio de Claude Audran III que também era um artista decorador e ornamental. O artista recebeu, aos 25 anos de idade, o prêmio de segundo lugar no Prix de Rome. Em Paris foi apresentado ao rico colecionador de arte Pierre Crozat que tinha dentre as suas inúmeras obras trabalhos de Peter Paul Rubens, Anthony van Dyck e de pintores venezianos. Aos 35 anos de idade o artista viu-se acometido pela tuberculose, viajando para Londres para tratamento de saúde. Também sofria de uma ansiedade crônica. Retornando a Paris no ano seguinte, passou a conviver com Edmé-Françóis Gersaint, o mais famoso marchand do início do século. Watteau morreu aos 37 anos, vitimado pela tísica pulmonar. Atribui-se a ele a criação do chamado “fête galante”, um novo gênero de pintura, uma vez que o seu trabalho “Viagem a Citera” não se enquadrava em nenhum dos gêneros existentes até então. Em sua pintura ele mostra a elite em seu momento de diversão. Sua obra foi muito importante no sentido de libertar a pintura francesa da ditadura clássica ditada pela arte acadêmica. É tido como um dos mais importantes mestres da pintura do século XVIII.Hoje vamos estudar Watteau – VIAGEM A CITERA

  1. Por que o trabalho de Watteau ficou conhecido como um novo gênero de pintura?

    1. Foi criado na França após o estilo Barroco.
    2. Não se enquadrava em nenhum gênero de pintura à época.
    3. Apresentava personagens ricos e voluptuosos.
    4. Era um gênero voltado só para a elite francesa.

  2. A composição em estudo apresenta:

    1. A aristocracia numa praça parisiense.
    2. Alunos de escola num piquenique.
    3. A nobreza a passeio a Marselha.
    4. A elite em seu momento de diversão.

  3. A importância desta obra está no fato de:

    1. Libertar a pintura francesa da ditadura clássica ditada pela arte acadêmica.
    2. Mostrar a diferença entre o estilo Barroco e o estilo Rococó.
    3. Dar destaque à nobreza francesa que se mostrava esquecida.
    4. Libertar a pintura francesa da dramaticidade vista no estilo Barroco.

  4. Na obra de Watteau, embora tida como alegre ou frívola, também é possível detectar:

    1. A suntuosidade e dandismo da vida parisiense.
    2. A fragilidade humana diante da fugacidade dos prazeres.
    3. A diferença acentuada entre ricos e pobres da época.
    4. A grande sensibilidade do artista em relação às classes pobres

  5. Trata-se de um tipo específico de pintura rococó que dá destaque às festas ao ar livre e a jovens elegantes, ou seja, diversão dos ricos ociosos ao ar livre.

    1. Belle de Jour
    2. Peinture Sacrée
    3. Peindre des Anges
    4. Fête Galante

  6. São afirmativas que dizem respeito à composição, exceto:

    1. Retrata uma festa ao ar livre, tendo como personagens membros da sociedade cortesã do século XV.      
    2. Há grande harmonia entre a natureza e as pessoas ali presentes.
    3. A obra é tida como uma das mais belas do estilo Rococó que vigorou em todas as artes na primeira metade do século XVIII.
    4. Um outro trabalho anterior a esse, com poucas alterações, encontra-se no Louvre, em Paris, ambos representando uma viagem à ilha de Citara.

  7. O tema da composição é a visita de um grupo de pessoas apaixonadas ao santuário da deusa …………….. na ilha de Citara.

      1. Flora
      2. Ceres
      3. Vênus
      4. Diana

  8. A cena é ambientada ……………., com o dourado do sol espalhando-se numa atmosfera arcadiana.

    1. num final de manhã
    2. num final de tarde
    3. à meia-noite
    4. no nascer do dia

  9. Inúmeros querubins, conhecidos como …………., espalham-se por toda a pintura, ocupando as mais diferentes posições.

    1. angeli
    2. anges
    3. puto
    4. putti

  10. O principal tema do estilo Rococó era:

      1. os deuses
      2. a ostentação
      3. a natureza
      4. a boa vida

  11. Todas as afirmativas acerca do barco estão corretas, exceto:

    1. Na parte esquerda da composição está presente o barco do amor.
    2. Está sendo preparado para a viagem de volta ao mundo dos homens.
    3. Alguns querubins conduzem os casais até o barco.
    4. Um segundo barco encontra-se à direita da composição.

  12. Os deuses só eram admitidos no estilo Rococó, quando vistos como divindades:

    1. românticas e brincalhonas
    2. protetoras e sisudas
    3. românticas e guerreiras
    4. protetoras e alegres

  13. Um animal divide a composição ao meio. Trata-se de:

    1. uma vaca
    2. um cavalo
    3. um cãozinho 
    4. um carneiro

  14. As afirmativas acerca do pessoal presente na viagem estão corretas, exceto:

    1. Uma mulher, cujo companheiro enlaça-a pela cintura e conduz-a ao barco, olha tristemente para trás.
    2. Um cavalheiro ajuda sua companheira a levantar-se da relva, segurando-a pelas duas mãos.
    3. O homem está se  ajoelhando aos pés da amada que se encontra ainda sentada e traz nas mãos um livro. 
    4. Um homem presenteia sua amada com rosas que são as flores consagradas à deusa do amor.

  15. Na parte inferior direita da composição, na base da estátua, encontram-se alguns objetos que representam:

    1. a guerra, as artes e a cultura   
    2. a guerra, as artes e a riqueza
    3. a guerra, as artes e a pobreza
    4. a guerra, as artes e a fauna

  16. Próximos ao barco estão os homens responsáveis por guiá-lo. Eles carregam ……….. e usam chapéus de peregrinos.

    1. remos
    2. cajados    
    3. flores
    4. bandeiras

  17.  Todas as afirmativas abaixo acerca da composição estão corretas, exceto:

    1. O pintor usou tinta de cores claras e bem rala.
    2. Em algumas partes é possível ver apenas tênues contornos.
    3. Tudo parece abstrato e irreal como o amor.
    4. O céu dourado e as árvores parecem o pano de fundo da composição ao final de uma manhã.

  18. Apesar de ser tida como a “obra-prima das obras-primas francesas” num livro sobre a arte do século XVIII, esta pintura caiu em desgraça, logo após a ……………………….., por evidenciar o estilo de vida ocioso da velha aristocracia.

    1. Segunda Guerra Mundial
    2. Primeira Guerra Mundial
    3. Revolução Francesa  
    4. Guerra dos Cem Anos

Obs.:  Alguns estudiosos de arte acham que os casais estão embarcando para Citara, enquanto outros imaginam que estejam voltando. Em razão da estátua da deusa presente no local, penso eu que estejam deixando a ilha.

Gabarito
1.b / 2.d / 3.a / 4.b / 5.d / 6.a / 7.c / 8.b / 9.d / 10.c / 11.d / 12.a / 13.c / 14.c / 15.a / 16.b / 17.d / 18.c

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Lichtenstein – NASCER DO SOL

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Autoria de LuDiasBH

O pintor estadunidense Roy Lichtenstein (1923–1997) nasceu numa família de classe média alta. Seu contato informal com a pintura teve início em sua adolescência — em casa —, época em que também passou a demonstrar interesse pelo jazz, como mostram os muitos retratos, pintados por ele, com músicos tocando seus instrumentos. Seu contato formal com arte deu-se quando tinha 16 anos de idade, ao frequentar as aulas da Liga dos Estudantes de Arte sob a direção de Reginald Marsh. Seu objetivo era ser um artista. Foi depois para a School of Fine Arts da Ohio State University — uma das poucas instituições do país que possibilitavam a licenciatura em belas-artes. Ali recebeu influência de seu mestre Hoyt L. Sherman, dando início aos seus trabalhos expressionistas.

A composição intitulada Nascer do Sol é uma obra do artista, criada em offset em vermelho, azul e amarelo. Ele iniciou seu trabalho pop, inspirado nos quadrinhos, usando inicialmente a paisagem. Ainda que viesse a tomar outro rumo em relação a esta temática, Lichtenstein jamais a abandonou, usando-a com certa regularidade. Em sua obra ele suprime os contornos pretos, deixando no lugar faixas de cor sólida e agrupamentos com o objetivo de definir o espaço pictórico composto pelo oceano, montanhas e céus.

As paisagens pintadas originaram dos cenários de desenhos animados, como mostra este nascer exuberante do sol. Nela estão presentes os pontos de meio-tom duráveis — conhecidos como o pontilhado de Benday — que veio a tornar-se uma característica de sua arte. Essa obra representativa ainda se encontra longe dos trabalhos totalmente abstratos que o artista viria a criar.

Ficha técnica
Ano: 1965
Técnica: litografia em offset
Dimensões: 46,7 x 62 cm
Localização: Museu Ludwing, Colonia, Alemanha

Fontes de pesquisa
Lichtenstein/ Editora Taschen
https://www.roylichtenstein.com/sunrise.jsp

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UM NOVO ESTILO – ROCOCÓ (Aula nº 76)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Rococó teve como origem a França, no século XVIII, onde surgiu como um estilo meramente decorativo e um desdobramento do Barroco. O termo é tido como uma combinação bem-humorada da palavra “rocaille” (palavra francesa que pode ser traduzida como “concha”) e “barroco”. Segundo alguns estudiosos do assunto, foi atribuído a um aluno do pintor Jacques-Louis David, logo após a Revolução Francesa, no intuito de zombar do rebuscamento do estilo burguês. Artistas da época achavam que tal estilo não passava de uma diminuição cômica do Barroco, objetivando apenas expressar sentimentos aprazíveis. Esse sentido pejorativo prosseguiu até metade do século XIX, perdendo toda a conotação negativa daí para a frente. O Rococó — estilo decorativo surgido na França no reinado de Luís XV — foi o último estilo da Idade Moderna.

Dentre as principais características da arte do Rococó podem ser citadas: o nivelamento e a falta de tridimensionalidade na decoração; o excesso de elementos curvos de rocaille, enroscando-se em anéis assimétricos de curvatura oposta; desenhos assimétricos; e a representação da vida profana e da futilidade da aristocracia que buscava na arte apenas o prazer. Além disso, muitas de suas formas foram influenciadas pelas características arquitetônicas do Barroco francês, porém niveladas e de proporções menores, sem a monumentalidade desse.

O período de dominância do Rococó foi responsável pelo aparecimento de uma grande atividade no campo da decoração, com a predominância de objetos pequenos, feitos de prata ou de porcelana. É dessa fase o conhecido “estilo Luís XV”, datado de 1730 a 1760, visto em mobiliários e decorações durante o reinado do monarca que lhe deu tal nome. As cenas pastorais também se encontravam presentes. Nelas as figuras aristocráticas cediam lugar a pastoras e pastores em jogos de sedução. Nos temas narrativos, os putti (anjos ou cupidos) reforçavam a história. Nas artes uma profusão de arabescos, motivos de conchas, linhas curvas e desenhos assimétricos davam destaque à decoração.

O Rococó foi de certa forma uma reação ao estilo Barroco. Dominou a arte europeia durante a maior parte do século XVIII, dando destaque à elegância, à futilidade e à beleza decorativa. Contudo, não se desenvolveu da mesma maneira nos países europeus, para onde foi levado por artistas expatriados e também através de gravuras. Na Inglaterra esteve mais ligado ao desenho mobiliário. No sul da Alemanha tornou-se um aperfeiçoamento do estilo Barroco e na Itália foi um avanço decorativo do Barroco italiano. A partir da década de 1770 foi, aos poucos, cedendo lugar ao Neoclassicismo.

Muitos temas encontrados na arte barroca estiveram presentes no Rococó, a exemplo de temas simbólicos e mitológicos, mas que não mais detinham um conteúdo de seriedade. Muitas das vezes não passavam de pretexto para as apresentações eróticas do nu feminino. A temática sobre o amor era, sem dúvida, a mais popularizada. O fête galante — tema que aludia a jovens casais ricos e elegantes, passeando alegremente por parques idílicos — teve em Jean-Antoine Watteau seu pioneiro, sendo a composição intitulada O Embarque para Citera, concluída em 1717, sua obra-prima.

O estilo Rococó teve grande influência sobre a arquitetura, a pintura e a decoração de interiores. Era ao mesmo tempo uma reação ao Barroco e um aprimoramento deste. A diferença fundamental estava na rejeição ao excesso de pompa e na grandiosidade apresentadas pelo estilo anterior. A arte do Rococó pecava, sobretudo, pela ausência de um conteúdo sério, uma vez que as obras carregavam um estilo excessivamente decorativo. Dentre os grandes nomes desta arte estão Jean-Antoine Watteau, François Boucher, Jean-Honoré Fragonard e Canaletto pintando cenas de Veneza. Na escultura o estilo Rococó eliminou o vigor das linhas retorcidas do Barroco, tendo como principal nome o escultor francês Jean-Antoine Houdon.

Ilustração: 1. O Baloiço, 1767, Jean- Honoré-Fragonard

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SRA. ELIZABETH DELMÉ E SEUS FILHOS (Aula nº 75 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor inglês Joshua Reynolds (1723-1740) era filho do reverendo Samuel Reynolds que almejava que ele fosse médico, mas o garoto, já aos oito anos de idade, mostrava sua forte propensão pela arte, reproduzindo pinturas e gravuras. Prometeu ao pai que seria um pintor de talento. Foi para Londres aos 17 anos de idade, onde estudou com Thomas Hudson, um retratista conservador. Tomou conhecimento dos retratos do escocês Ramsay que se atinha à variação cromática das superfícies e gostava de mudar sempre a posição dos retratados. Reynolds sempre instruía seus colaboradores (a pintura inglesa do século XVIII trabalhava com ajudantes) que ficavam com as paisagens e panejamentos, enquanto ele fazia os desenhos, pintava rostos e mãos da figura e retocava o que fosse necessário.  E foi esse tipo de colaboração que lhe permitiu pintar mais de uma centena e meia de retratos por ano. Estudou a obra de Michelangelo e Rafael e conheceu o trabalho de Guido Reni, Ticiano, Tintoretto e Veronese. Em Londres passou a produzir quadros para a elite. Tinha predileção pelos ambientes requintados. Era sempre frequente nos meios literários e culturais. Contudo, sua vida privada era impenetrável. Foi um pintor paparicado pelos nobres e poderosos. Hoje estudamos uma de suas obras intitulada Reynolds – SRA. ELIZABETH DELMÉ E…

  1. A composição Sra. Elizabeth Delmé e seus Filhos é uma obra do pintor e retratista inglês Joshua Reynolds, um dos mais importantes e produtivos retratistas do século:

    1. XVI
    2. XVII
    3. XVIII
    4. XIX

  2. Em sua obra, o artista preocupava-se sobretudo com:

    1. a técnica
    2. o desenho
    3. a coloração
    4. a luz

  3. O artista, nesta obra gigantesca, retratou membros de uma família aristocrática inglesa:

    1. em segundo plano e ao ar livre
    2. em primeiro plano e ao ar livre      
    3. embaixo de uma palmeira imperial
    4. embaixo de um caramanchão

  4. Como pano de fundo, Reynolds criou uma pitoresca paisagem, com cores ricas e quentes, em que uma luz suave espalha-se pelos caminhos do bosque e reflete-se na vegetação. Em relação à luz no grupo de pessoas podemos afirmar que:

    1. Não se encontra iluminado.
    2. Apenas a Sra. Elizabeth Delmé está iluminada.
    3. Só as crianças estão iluminadas.
    4. Todo o grupo encontra-se iluminado.  

  5. Elizabeth Delmé está sentada, tendo à sua esquerda os filhos John e Isabella Elizabeth, ambos de pé. O trio com suas bochechas rosadas forma uma composição:

    1. piramidal  
    2. oval
    3. quadrangular
    4. retangular

  6. O garotinho está recostado na mãe e a irmãzinha encostada nele. A senhora Delmé envolve ternamente os dois filhos com seu braço esquerdo e também segura a mão do garoto. Ela traz os olhos fixos:

    1. na paisagem
    2. nas crianças
    3. no observador  
    4. no cãozinho

  7. O artista apresenta as crianças:

    1. com formalidade
    2. sem nenhuma formalidade
    3. em pose aristocrática
    4. excessivamente eretas

  8. Esta pintura lembra as madonas renascentistas do pintor italiano Rafael Sanzio.

    1. Michelangelo
    2. Botticelli
    3. Caravaggio
    4. Rafael Sanzio

  9. Um ponto de grande beleza, idealizada pelo artista, diz respeito:

    1. às dobras do manto de cetim
    2. ao laço do vestido da menina
    3. ao pelo do cãozinho
    4. à vestimenta do menino.

  10. Acerca da figura de Lady Delmé não se pode afirmar que:

    1. Possui um rosto longo e elegante.
    2. Os olhos mostram-se pesados.
    3. Os cabelos baixos caem-lhe pelas costas.
    4. Usa um vestido branco e uma capa de cetim.

  11. A pintura em questão pertence ao gênero:

    1. da natureza-morta
    2. do retrato  
    3. da pintura de gênero
    4. da paisagem

  12. Sobre o artista Joshua Reynolds não se pode afirmar que:

    1. Fazia os desenhos, pintava rostos e mãos da figura e retocava o que fosse necessário.
    2. A ajuda dos colaboradores permitiram-lhe pintar mais de uma centena e meia de retratos por ano.
    3. Tinha predileção pelos ambientes requintados, e estava sempre presente nos meios literários e culturais.
    4. Embora vivesse em meio à elite, o artista preferia pintar seus quadros junto às pessoas simples das vilas inglesas.  

Gabarito
1.c / 2.a / 3.b / 4.d / 5.a / 6.c / 7.b / 8.d / 9.a / 10.c / 11.b / 12.d

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Ticiano – NOSSA SENHORA COM SANTOS E…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Ticiano Vecellio deixou visível a sua marca através de sua acuidade psicológica, de seu desenho seguro e da riqueza do seu colorido tanto em seus personagens reais como em suas figuras mitológicas ou religiosas. Foi o mestre renascentista da cor e o maior pintor da escola veneziana. Segundo alguns de seus estudiosos, a manipulação que fazia da tinta igualava a mestria de Michelangelo no desenho. Foi também um dos primeiros pintores a assinar a sua arte. Ficou famoso pelo uso da cor, tornando-se o colorista mais original de seu tempo. Tal habilidade permitiu que ele ignorasse todas as regras da composição edificadas pelo tempo ao criar a unidade de suas pinturas. Usava muito o ultramarino, cor feita com lápis-lazúli. À época, tal calcário que contém o mineral de nome lazurita era mais caro do que o ouro. Como trabalhava para uma clientela rica, o pintor podia comprar a tinta vinda das mais caras fontes.

A composição intitulada Nossa Senhora com Santos e Membros da Família Pesaro é um retábulo do artista, sendo uma grande marca do período renascentista. Tinha por objetivo ser doado à igreja de Santa Maria dei Frari (Veneza) pelo nobre veneziano Jacopo Pesaro, líder de um grupo militar, como uma prova de sua gratidão pela vitória obtida contra os turcos. Esta pintura repassa ao observador a ilusão de que, ao entrar na igreja e a vir acima do altar lateral à sua esquerda, ele está subindo e entrando nela. Esta obra foi responsável por uma evolução nas técnicas de pintura. A habilidade técnica e inovadora de Ticiano deu um impulso ao mundo da arte e uma notável contribuição para a Renascença.

Observem como o artista quebra uma regra da pintura cristã, ao retirar a Virgem Maria e seu Menino do centro do quadro, postando-os à direita. O lugar é ocupado por São Pedro que usa uma túnica azul e um manto dourado, sentado diante da Virgem e da Criança. Sua chave — simbolizando sua dignidade — foi postada nos degraus do trono. São Francisco, com seu hábito de monge e braços abertos, encontra-se próximo de Maria e Jesus. Os estigmas (chagas da cruz) em suas mãos são seus atributos. Atrás dele se vê outro irmão de ordem. Eles ali se encontram como participantes ativos da cena. Jesus, a Virgem Maria e os santos são mostrados como seres humanos normais, em vez de serem aumentados e proeminentes, como acontecia antes.

Os doadores encontram-se ajoelhados aos pés do trono. Jacopo Pesaro encontra-se de joelhos em frente à Virgem e seu Menino, à esquerda, demonstrando grande fervor. Ao seu lado esquerdo e próximo a São Pedro está um alferes porta-bandeira, usando uma armadura e levando um prisioneiro turco que usa um imenso turbante branco. É possível que a presença do homem turco simbolize que o nobre veneziano esteja levando os turcos para o cristianismo (representado pela Virgem e Jesus) e para a Igreja Católica (representada por São Pedro, o primeiro chefe da Igreja Católica). O restante da família encontra-se ajoelhada à direita, sendo que uma criança de roupa prateada traz os olhos fixos no observador. A Virgem e São Pedro olham com compassividade para o nobre, enquanto o Menino brinca com o véu branco de sua Mãe e São Francisco, com o rosto voltado para ele, chama a sua atenção para o restante da família Pesaro.

A cena acontece num pátio aberto, tendo ao fundo duas imensas colunas que se perdem de vista em direção ao céu, ultrapassando uma nuvem escura onde dois pequeninos anjos tentam levantar uma cruz, numa referência à Paixão de Cristo. Mais distante, ao fundo, nuvens brancas perambulam por um céu azul. Embora Ticiano não tenha usado simetria em sua obra, a composição é harmônica em seu conjunto e extremamente animada. O projeto arquitetônico emoldura a cena. O ar, a luz e as cores são responsáveis pela uniformização da cena. Um estandarte com cores ricas e quentes contrabalança com a figura da Virgem Maria. Sua presença traz grande beleza à composição. Também chama a atenção a cor e a textura do manto cor de vinho do homem ajoelhado em primeiro plano e que contrasta com o manto dourado de São Pedro.

Ficha técnica
Ano – 1519/1526
Dimensões – 478 cm x 266 cm
Técnica – óleo sobre tela
Localização – Igreja de Santa Maria dei Frari, Veneza, Itália

Fontes de pesquisa
A História da Arte/ E.H. Gombrich
https://sites.google.com/site/pesaromadonna156/a-background-of-the-pesaro-madonna

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Lorenzo Lotto – MATRIMÔNIO MÍSTICO DE S. CATARINA…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A pintura Matrimônio Místico de Santa Catarina de Alexandria é uma obra do pintor, desenhista e ilustrador italiano Lorenzo Lotto (c.1480 -1556) que usou este mesmo tema em outra obra. O artista serviu de ponte de transição entre os velhos mestres de Veneza e a arte do Barroco tardio no norte da Itália. Dentre os pintores que exerceram influência em sua obra estão Giovanni Bellini, Antonello da Messina, Giorgione, Ticiano e Rafael. Ele pintou altares, obras religiosas e retratos.

O Matrimônio Místico de Santa Catarina de Alexandria faz parte das primeiras obras do artista, já deixando em evidência sua perfeição formal e as inúmeras influências recebidas. O grupo em primeiro plano forma uma rigorosa composição piramidal, esquema muito usado por artistas como Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio, sendo a cabeça da Virgem o ápice da pirâmide. São quatro os personagens presentes na composição: a Virgem Maria, o Menino Jesus, Santa Catarina e São José, seu esposo e pai adotivo de Jesus Cristo.

A Virgem encontra-se sentada num plano superior, trazendo ao colo seu Menino. Ela veste um suntuoso vestido vermelho com muitas pregas e um manto azul, sobre o qual se senta seu filho. Sobre os cabelos escuros divididos ao meio, ela usa um lenço branco que também lhe cobre parte do peito. À sua esquerda, e mais atrás, saindo da zona de sombra, encontra-se São José e à sua direita está Santa Catarina. Maria traz a mão esquerda próxima ao corpo do filho, protegendo-o para não cair, e a direita sobre o pescoço da santa.  Sua cabeça está inclinada para baixo e seus olhos acompanham atentamente o desenrolar da cena.

O Menino Jesus, banhado pela luz, encontra-se nu, como prova de sua inocência. Ele inclina o corpinho para Santa Catarina, sob os cuidados atentos de Maria. Segura um anel com os dedos indicador e polegar da mão direita, enquanto, com a esquerda, retém o dedo anelar da mão esquerda da santa, onde será encaixada a joia. Ao lado da Virgem Maria, São José, já bem mais velho, traz nos braços um livro de capa esverdeada. Ele inclina a cabeça para sua esquerda e curva o corpo ligeiramente para frente para enxergar o que se passa. Seus olhos estão voltados para baixo em direção ao Menino Jesus e à nubente.

Santa Catarina, ajoelhada diante de Jesus, tem os olhos voltados para o chão e a mão direita sobre o peito em sinal de humildade e respeito. Muito bem vestida, pois, segundo a lenda, ela era uma princesa, traz os cabelos loiros presos em três grandes tranças que circundam sua cabeça. Uma fina corrente cinge sua testa e cabeça, com as pontas descendo sobre seu delicado rosto. Usa também um colar e brincos de pérolas e uma pulseira de ouro.

Uma cortina verde, centralizada atrás da Virgem, serve de fundo para ela e seu Menino. Ao fundo, às costas de Santa Catarina, desdobra-se uma paisagem com uma estrada, um rochedo e uma mata.  Na estrada em direção ao grupo vê-se um homem montado a cavalo e parte de um burro imediatamente atrás, levando uma carga. O céu mostra-se meio escuro, sendo que o alaranjado visto no horizonte repassa a sensação de que se trata da hora do crepúsculo.

Ficha técnica
Ano: 1506/07
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 71 x 91 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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