Autoria de Lu Dias Carvalho
Apesentou-se-nos um jovem brasileiro de 11 a 12 anos, Pedro Américo de Figueiredo Mello, que tem para o desenho as mais notáveis disposições. Executa diante de nós com grande rapidez desenhos que nos espantam. (Carta de Jacque Brunet ao governo provencial)
Tenho vontade de seguir a pintura histórica. Não sei se faço bem. (Pedro Américo)
O pintor brasileiro Pedro Américo de Figueiredo e Mello (1843-1906) nasceu na cidade de Areia, no estado da Paraíba, e morreu em Florença, na Itália. Vinha de uma família artística, sendo o avô, Manoel Cristo Mello, músico, assim como o filho Daniel Eduardo de Figueiredo Mello, pai do futuro pintor, que desde pequeno já mostrava seu talento no teatro, no canto e na música, época em que também produzia seus primeiros desenhos, com o objetivo de ornamentar as festas de igreja.
O naturalista Louis Jacques Brunet, que estudava cientificamente o país, e o pintor Bindseil, companheiro de expedição, ao conhecerem o trabalho do garoto, pediram ao governo da província a sua participação como desenhista, no projeto em execução. Também instaram o governo a tomar para si a sua educação, tamanho era o seu talento. E assim agiu o governo imperial, indo o garoto para o Rio de Janeiro, em 1854, aos 11 anos de idade, estudar na Academia Imperial de Belas Artes (Aniba). No ano seguinte, apesar de sua pouca idade, Pedro Américo recebeu duas medalhas de prata e uma de ouro, reafirmando o seu talento.
Depois de quatro anos no Rio de Janeiro, onde foi inclusive apelidado de “papa-medalhas”, pelo número de honrarias obtidas, era tempo de o artista buscar a Europa para aperfeiçoar seu talento. Encontrando-se suspenso temporariamente o Prêmio de Viagem ao Exterior, Pedro Américo escreveu ao imperador, falando-lhe sobre sua vontade de viajar para o exterior, e pedindo ajuda financeira, sendo prontamente atendido. E assim, chegou à França, em 1859, quando contava 16 anos, indo morar no pensionato de Victor Meireles, que viria a ser também um grande pintor. Na cidade luz, ele recebeu lições de Jean-Hippolyte Flandrin, Léon Cogniet, Joseph-Nicolas, Robert-Fleury e Sébastien Cornu, entre outros mestres. Ávido pelo saber, também estudou no Instituto de Física do sr. Ganot e na Sorbonne, frequentando aulas de filosofia e ciências naturais. Ao final do tempo de estudo ganho, esse foi prolongado por dom Pedro II, atendendo o pedido do artista. Enriquecido intelectual e artisticamente, Pedro Américo retornou ao Brasil, em 1864.
No Rio de Janeiro, o pintor passou no concurso para a cadeira de desenho figurado, na Academia. Mas pediu licença e retornou à Europa pouco tempo depois, fato que aconteceu inúmeras vezes durante sua carreira acadêmica. No continente europeu, ele aproveitou para conhecer inúmeros países, em busca de mais conhecimento. Na Bélgica, recebeu o título de doutor em ciências naturais da Universidade de Bruxelas, e, posteriormente, o de professor-adjunto.
Pedro Américo parecia ter predileção pela temática histórica, sendo valorizado pelo governo brasileiro, que queria ter seus feitos lembrados através da pintura, principalmente após sua vitória sobre o Paraguai. A Victor Meirelles também eram encomendadas telas históricas, sendo os dois artistas muitas vezes comparados. Mas também foi vítima de muitas críticas e polêmicas, principalmente na execução da tela Batalha do Havaí, sendo criticado por plágio. Chateado, viajou para a Itália.
O consagrado pintor brasileiro passou a gostar muito dos temas religiosos, talvez pela influência de sua viagem à Itália, tendo feito diversos quadros com tal temática. Também gostava do exercício literário, tendo escrito cerca de quatro romances, vários deles escritos sobre o mundo das artes e das ciências. Mas embora tenha ficado famoso através de suas pinturas históricas, o pintora também compôs várias alegorias, retratos e pinturas de temática religiosa e literária.
Pedro Américo de Figueiredo e Mello, após a proclamação da República, tornou-se deputado pela província da Parahyba do Norte, mas continuou viajando para o exterior. Ao término de seu mandato, voltou à Florença, na Itália, morrendo nessa cidade, aos 63 anos.
Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha
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