Pinturicchio – PENÉLOPE E SEUS PRETENDENTES

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Recontado por Lu Dias Carvalho

Peneprent

A composição Penélope e Seus Pretendentes foi encomendada por Pandolfo Petrucci, governo de Siena, tido como um déspota, em 1509, ao pintor Pinturicchio, para ornamentar o salão de seu luxuoso palácio. A obra foi pintada na parede, juntamente com outros sete afrescos de outros artistas. Infelizmente, três dessas obras não mais existem.

Em 1843, a pintura de Pinturicchio foi comprada por um colecionador francês de arte, sendo removida, separadamente, da parede do palácio de Siena. Posteriormente, passou a fazer parte de uma coleção particular inglesa. Mas em 1874, foi levada para o museu National Gallery. Seu estado de conservação era tão precário, que mesmo sendo submetida à restauração, não conseguiu a sua beleza de antes.

A obra retrata a história de Penélope, esposa de Ulisses, rei de Ítaca, que se ausentou por um período de 20 anos, lutando na Guerra de Troia. Penélope esperou fielmente por seu marido, embora tivesse que tolerar o assédio de inúmeros pretendentes, que a queriam como esposa. Ela se manteve fiel a Ulisses, confiante na sua volta. Em consequência de sua decisão, teve sua casa e rebanhos roubados. Até mesmo o filho Telêmaco, de 20 anos, foi jurado de morte, a fim de que o patrimônio real do pai caísse em outras mãos. Para livrar-se das ameaças e convites, Penélope recorreu a uma artimanha. Prometeu que assim que terminasse de tecer a mortalha para o pai idoso de seu esposo, ela faria a escolha de um dos pretendentes. Mas à noite, secretamente, desmanchava toda a parte tecida durante o dia.

Ao fundo, no afresco, Pinturicchio apresenta duas aventuras de Ulisses. Numa delas, o herói encontra-se acorrentado dentro de um barco a vela, para não ser seduzido pelo canto das sereias, que nadam à volta, disfarçadas em jovens com rabo de peixe. Na outra, está a ilha de Circe, uma temida feiticeira, que transformava homens em animais (mas no mito, o deus Hermes, para proteger Ulisses, presenteou-o com algumas ervas, que o tornam imune aos encantamentos da mulher).

À direita, numa parte mais elevada, Ulisses, de barba, encontra-se de pé, usando um chapéu, tendo na mão esquerda um pedaço de pau. Ele observa os pretendentes que se dirigem a Penélope, enquanto ela trabalha em seu tear. O pintor postou um pássaro na viga atrás do tear.

Um dos pretendentes traz pousado em sua mão direita um falcão. O outro, que se encontra à frente, faz gestos com as mãos, como se exigisse a definição de Penélope. A figura do falcão tanto pode aludir à vida luxuosa dos pretendentes, como a uma cena do texto de Homero, em que uma ave de rapina mata uma pomba. Alguns estudiosos acham, entretanto, que o afresco mostra o retorno de Ulisses, estando seu filho Telêmaco a dar a notícia a sua mãe. Contudo, na história, quem conta a Penélope sobre a volta do marido é uma velha servente. Portanto, há diferentes interpretações.

Nos afrescos da Antiguidade, as cenas exteriores eram comuns, sendo Pituricchio um dos primeiros artistas a adotar tal costume. Nesta obra, ele apresenta, na sala de tecelagem, uma enorme janela, do tamanho de uma parede, através da qual apresenta as duas aventuras de Ulisses, citadas acima. Para representar a profundidade, o pintor emprega revestimentos no chão cujas linhas convergem para o ponto de fuga. O tear também ajuda na obtenção da perspectiva.

O texto de Homero foi escrito cerca de 800 a.C., além disso, durante a Idade Média, ele foi praticamente esquecido, uma vez que, por tratar de mitos, em nada contribuía para o cristianismo. E mesmo no Renascimento, só eram conhecidos alguns fragmentos da Odisseia, explicitados em outras obras. Portanto, o quadro de Pinturicchio tem como fonte a tradição oral, sem nenhuma preocupação com os detalhes.

Ainda segundo a mitologia, ao retornar a Ítaca, Ulisses entrou em sua cidade vestido de mendigo. Os pretendentes riam dele, enquanto os servos desacataram-no. Embora a artimanha de Penélope tivesse sido descoberta, ela arranjou outra: só se casaria com aquele que melhor fizesse uso do arco de Ulisses. Mas nenhum deles conseguiu tencionar o arco. A seguir, o herói abateu todos eles, assim como os criados desleais, numa impiedosa vingança.

Ficha técnica
Ano: 1509
Técnica: afresco
Dimensões: 125 x 152 cm
Localização: National Gallery, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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