SAÚDE E FILOSOFIA – O HOMEM COMO UM TODO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz hip.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde, por definição, é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Já a filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e éticos, à mente e à linguagem, ou seja, é literalmente “amor à sabedoria”. Portanto, filosofar a saúde é procurar meios e formas de conhecer tudo sobre o tema, prevenção de doenças e, principalmente os meios sociais e econômicos para um atendimento mais humanizado.

A relação entre a medicina e a filosofia se inicia com Hipócrates, pois as duas têm origens similares. Hipócrates buscava a compreensão do todo do ser humano e das partes integrantes deste todo, de modo que o foco do cuidado está centrado no ser humano e, não, na patologia do corpo. A saúde é, então, resultado do equilíbrio dessas partes. Com o advento da medicina moderna, ocorre a cisão do corpo e da mente, e o ser humano passa a ser visto de forma fragmentada, analisado apenas suas partes componentes. Por isso, é preciso retomar a concepção integral do ser humano e o caráter terapêutico da filosofia, enquanto cuidado, equilíbrio e saúde do ser humano, resgatando as relações entre filosofia e medicina.

A “atual” medicina integrativa, baseada no pensamento hipocrático, é a prática que reafirma a importância da relação entre médico e paciente, com foco na pessoa como um todo, embasada em evidências, e que usa de todas as abordagens terapêuticas apropriadas para alcançar saúde e cura. Somos uma engrenagem completa e complexa, onde não podemos ver nosso organismo como um coração doente, um rim que não “filtra” o sangue de forma adequada, uma veia entupida etc.

Acordo

Mantendo o pensamento filosófico, se somos todos iguais perante a lei, onde o Estado diz que tem de assegurar os direitos elementares dos cidadãos, como saúde, educação e segurança, e estando vivendo em um “estado democrático de direito”, significa, teoricamente, que fizemos um “acordo” com esse Estado. Abrimos mão de prover os meios de nossa própria segurança, educação e saúde e confiamos ao Estado a responsabilidade de viabilizar a satisfação destas necessidades. Em contrapartida, nos comprometemos a pagar impostos, como forma de compensação. Porém, o que vemos na prática é que este contrato é uma via de mão única. Temos que, além dos impostos, pagar escola para nossos filhos, temos que investir em segurança privada, seguros diversos, pagar plano de saúde.

Como todo contrato que não é cumprido por uma das partes, cabe à outra parte reclamar seus direitos. Mas reclamar a quem, se o reclamado é o “todo poderoso Estado”? Se a democracia é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), teríamos teoricamente a possibilidade de destituir este Estado que aí está. Mas isso é só teoria, não é mesmo? Porém, apesar de tudo, me mantenho firme no propósito Hipocrático de uma saúde que realmente vê o outro de uma forma integrada, e não fragmentada, como nos tempos atuais. É tempo pra pensar!

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