Segall – INTERIOR DE INDIGENTES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Lasar Segall (1891-1957) era o sexto dos oito filhos do casal Abel Segall e Ester Segall, tendo nascido em Vilna, na Lituânia, quando o país ainda se encontrava sob o jugo do império russo. No decorrer da Primeira Guerra Mundial, Vilna foi invadida pelos alemães que ali permaneceram três anos e, após esse período, os russos retomaram à cidade. Segundo o próprio pintor, houve lutas entre lituanos, poloneses e russos pelo domínio de Vilna que ora ficava nas mãos de uns, ora nas mãos de outros, até ser incorporada à Polônia definitivamente. E, por isso, ele sempre se sentiu como um apátrida. Sua família era judia e, como as demais, vivia à margem da sociedade, no gueto. Ele foi ali instruído pelo pai escriba do Torá (livro sagrado do judaísmo), com quem viveu até os 15 anos de idade.

A composição intitulada Interior de Indigentes é uma obra do artista que era muito sensível às questões sociais, dono de uma vocação humanitária e religiosa. Encontra-se no acervo do MASP desde 1950. O quadro em questão pertence ao seu período expressionista em que ele exterioriza os estados íntimos de sofrimento, usando uma dramática simplificação das linhas e das tonalidades principais da composição.

O casal encontra-se numa casa muito humilde com o chão assoalhado. Em primeiro plano está a mulher, encarando o observador, como se lhe mostrasse sua miséria, trazendo o filho nos braços. Em segundo plano encontra-se o homem sentado diante de uma pequena mesa, com o braço esquerdo descansando sobre ela, perdido em seus pensamentos, sem saber o que fazer da vida.

A mulher é magra e seus olhos díspares repassam um grande sofrimento. Seus seios caídos são perceptíveis através do vestido de mangas compridas. Sua boca fechada traz a sensação de que não tem mais voz para alardear sua pobreza. Ela apenas mostra o filho raquítico, talvez morto, enquanto faz um gesto com a mão direita.

O homem traz o rosto sério, mergulhado na sua própria impotência, aniquilado diante da miséria. Seu olhar de desesperança está voltado para a direita. Sua postura é de conformismo, como se não houvesse mais nada a fazer, senão aceitar e aceitar até que seu fim chegasse.

A sensação repassada ao observador é a de que ele também faz parte deste drama, caso traga consigo um rasgo de sensibilidade, capaz de ser tocado pelo sofrimento dos desvalidos, impotentes diante da crueza do mundo.

Ficha técnica
Ano: 1920
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 83,5 x 68,5 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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