Autoria de Lu Dias Carvalho
Todos sabem que a China é o mais importante parceiro comercial do Brasil. Compra o triplo do que é vendido para os EE.UU, segundo parceiro comercial de nosso país, vindo a Argentina em terceiro lugar.Se os chineses deixarem de comprar os nossos produtos, estaremos num mato sem cachorro. Mas não vim falar de economia, mas das maravilhosas porcelanas vindas da China, bem antes de sua explosão comercial e de sua caminhada para se tornar a primeira potência mundial.
Ainda me lembro de uma ricaça, amigona de minha vó, que tinha uma cristaleira guarnecida com peças da mais pura porcelana chinesa (seu marido trabalhara num navio chinês, tendo ido várias vezes àquele país). O que mais encantava a criançada era um conjunto de chá em que predominavam o vermelho e o amarelo, tendo todas as peças o formato de um dragão. O bule era o dragão pai (ou seria mãe?) e as xícaras seus filhotes. Que lindeza! Aquilo extasiava os nosso olhos de crianças, ao voltarmos da escola. Ali perdíamos uns 30 a 40 minutos em nossa adoração aos dragões.
A senhora Deolinda, dona da família de dragões, quando se encontrava de bom humor, abria sua cristaleira, trancada a sete chaves, e permitia, para nosso deleite, que puséssemos a mão no seu tesouro. Mas ela não soltava a peça em exposição, envolta por uma flanela azul, pois “criança não é bicho de confiança”, como sempre dizia. A gente fazia fila para tocar naquelas belezuras, ciente de que todo cuidado ainda era pouco. Ninguém queria carregar o “pecado mortal” de quebrar uma delas. Tremíamos de medo e emoção, pois, apesar de pouco conhecermos sobre preços, sabíamos que não havia dinheiro capaz de pagar nem mesma a fuça de um daqueles filhotes de dragão. E ainda ganharíamos um ano de castigos, e Deus sabe lá o que viria a mais.
O tempo rodopiou, passando veloz, mas não levou a nossa saudade da família de dragões de dona Deolinda. Foi com pesar que soubemos que, após ser acometida pelo mal de Alzheimer, o seu filho mais novo, mergulhado nas drogas ilícitas, vendeu o dragão pai (ou seria mãe?) e seus filhotes por uns míseros trocados para comprar crack. Quanto sacrilégio com as nossas lembranças! E lá se foram os nossos bichinhos mundo afora, possivelmente passando de mão em mão no submundo das drogas. Embora possam ter virado cacos, eu ainda os imagino na cristaleira reluzente de dona Diolinda, aguardando a nossa volta da escola, levando-lhes o calor de nosso encantamento.
Uau! Trepei nas asas do dragão pai (ou seria mãe?) e esqueci-me de que vim aqui falar sobre a expressão “negócio da China” que se originou, segundo contam, das viagens feitas por Marco Polo ao Oriente, no século XIII, quando contava aos quatro ventos que tudo naquele país longínquo era belo e extravagante, o que despertou a atenção dos comerciantes de diferentes partes do mundo à época. Existem outras explicações para tal expressão, mas esta é a mais comum. Fazer um negócio da China significa, portanto, que a pessoa fez um excelente negócio, obtendo lucros impensáveis. Trocando em miúdos, também significa que alguém foi passado para trás, pois só assim a outra parte pode lucrar tanto. Não é mesmo?
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Lu
A expressão “negócio da China” é muito antiga, vem desde as viagens de Marco Polo, séc XIII, como você explicou. Quer dizer que é um negócio bom, cheio de vantagens, enfim, uma maravilha para os comerciantes e os compradores. Tudo por causa da narrativa do viajante europeu que correu o mundo e chegou aos ouvidos dos comerciantes ambiciosos por negócios lucrativos.
Marinalva
Muita gente anda atrás de um negócio da China, querendo vida boa sem trabalhar. Sei de gente que tenta os jogos. A culpa é do Marco Polo. Será?
Abraços,
Lu
Lu
Um dos grandes “negócios da China” que conheço aconteceu no século XVIII, quando o monarca de Portugal pagou, a preço de ouro, à Inglaterra para que protegesse seus país das investidas napoleônicas. São toneladas e mais toneladas de ouro extraídas do solo brasileiro que se encontram hoje nos cofres ingleses.
Adevaldo
A gente sente uma mágoa danada do que a corte portuguesa tirou de nosso país. Mas é assim que agem as metrópoles em relação às suas colônias: submissão e posse de suas riquezas. Foi realmente um negócio da China.
Abraços,
Lu
Lu
É bom descrever sentimentos, resgatando a beleza da essência das relações que se encontram cada vez mais perdidas, valores necessários e o valor ao desnecessário cada vez mais em alta!!! Obrigada pela essência!
Sandra
É bom saber que ainda existem sentimentos verdadeiros, amizades leais, generosidade e encantamento em pessoas como você.
Beijos,
Lu
Sandra
Que loucura!
Ed
Os próprios governantes da China reconhecem que a fama de seus produtos, em todo o mundo, é péssima. Também acho um absurdo o modo como os amarelos vêm dominando o comércio em todo o mundo. Prefiro uma meia nacional a um uma dúzia chinesa.
Abraços,
Lu
Carlos
HAHAHAHAHHAHAHAA
Você me fez dar a gargalhada do dia.
Estou imaginando a picada de dois maribondos na mão.
Já levei uma no rosto.
Ai, que dor!
Grande abraço,
Lu
Lu
Negócio da China é comprar em brechós. Tem gente que se desfaz de tesouros, porque acha que coisa velha não tem valor.
Aninha
Os brechós possuem verdadeiros achados. Concordo com você.
Beijos,
Lu
Lu
Verdade seja dita, quem ganha salário mínimo vai comprar onde? Se nossos governantes não baixarem impostos e taxas, nossos produtos ficarão nas prateleiras e os produtos chineses espalhados pelo Brasil.
Pat
Temos que gritar contra o abuso dos impostos, para que nossos produtos sejam os procurados e tenham qualidade.
Beijos,
Lu
Magela
Atualmente, ao comprar qualquer coisa, eu olho na etiqueta.
E primo mais pelos produtos nacionais.
Conversei com senhor que vai muito a Hong Kong a trabalho.
Ela me disse que parece que as fábricas do mundo todo estão migrando para a China.
As que que têm fiscalização estrangeira, ainda salvam, mas as chinesas propriamente ditas, são uma porcaria. É lixo puro!
Sem falar que a China emporcalha o mundo com o excesso de poluição.
Abraços,
Lu
Sandrinha
Não consegui chegar até o final do vídeo.
Meu coração começou a sangrar.
Ai que horror!
Quanta mosntruosidade!
Gente miserável!
Lu
também vi o vídeo (pelo grupo da Sandra, Indiagestão), e fiquei tanto indignada com a frieza das pessoas quanto comovida com a solidariedade do cãozinho. O cachoro que tenta ajudar o companheiro atropelado é muito mais “gente” que as pessoas que ignoraram a menininha. Infelizmente há milhões de pessoas que só enxergam o que lhes afeta, e na China o problema é ainda pior, pois eles só conseguem se preocupar com a prórpia sobrevivência. Tem tanta gente lá que uma vida vale muito pouco para eles, seja de gente ou de bicho. Triste…
Cristine
Cris
Tenho andado em crise com a espécie humana.
Ando tão fragilizada que nem consegui ver o vídeo até o fim.
Será que somos gente, ou já nos transformamos em máquinas?
Não estaria na hora de se fazer uma limpeza na Terra e trazer vida nova para ela?
Já estamos por demais degenerados.
Penso que não temos salvação.
É preciso roçar a erva-daninha para que brote uma nova plantação.
Os meteoros estão aí, para amassar a nossa empáfia para sempre.
Desculpe-me o desabafo.
Grande beijo,
Lu
Querida Lu,
Recentemente me ofereceram um verdadeiro “negócio da China”, no meu caso “negócio da África do Sul”: que se eu enviasse 2 mil reais para despesas, receberia meu cheque premiado de 1,5 milhões, e pasme, não seria em reais, mas sim em dólares! Aí, veja como eu lidei com a situação:
“Pensei com meus botões”: -Eh, “quando a esmola é demais, o santo desconfia! Como não foi a primeira vez, e “gato escaldado tem medo de água fria”, aproveitei que “a noite é boa conselheira”, no dia seguinte “tirei meu time de campo” e “pus minhas barbas de molho”. Afinal, “mais vale um passáro ( meus 2 mil) na mão do que dois( os dólares) voando.”
E “é melhor prevenir do que remediar”, não é mesmo? Não adianta tentar, “desse mato não sai coelho!” Eu, heim!
Parabéns pelo texto, abração,
Rosalí.
Rose
Também já recebi esta proposta, vindo da África umas três vezes. A pessoa tinha perdido os pais e coisa e tal, sobrando-lhe uma grande herança. Pedi que doassem o prêmio para as crianças famintas do continente africano em meu nome. Se a gente for boba, acaba caindo numa fria.
Amei a sua resposta toda em provérbios e expressões populares.
Muito legal!
Beijos,
Lu
Lu Dias
Geralmente quando chega alguém pra mim e oferece um negocio da China, respondo que
negócio da China eu deixo para os chineses. Só existe duas formas de enriquecer:
Mário
Também não acredito em “negócio da China”. Fazer bom negócio num país onde se quer levar vantagem em tudo, significa passar o outro para trás. Também prefiro que tais negócios fiquem com os chineses.
Beijos,
Lu
Lu, minha amiga,
a sua infância rica em “causos”, me faz ter uma visão nítida, das crianças em
fila pra tocar os dragões.
Celita Linda
Para nós, crianças da época, ali estava o maior tesouro do mundo. Quedavamo-nos diante de tanto encantamento.
Beijos,
Lu