Autoria de Lu Dias Carvalho
A arte costuma refletir os gostos e a idiossincrasia de cada tempo. Os estilos transmitem o perfil da essência do mundo em que se desenvolveram. Costumam ser a fotografia de seu tempo, de seus gostos ou de suas ideologias. Desde as pinturas rupestres das cavernas até hoje, o homem oscilou entre o mais e o menos, entre a exuberância das formas ou sua estilização. (Juan Arias)
Nesta nossa viagem pela História da Arte já passamos por diferentes épocas da história da humanidade. Iniciamos pela Pré-História (Período Paleolítico/ Período Neolítico/ Idade dos Metais). Seguimos depois pela Antiguidade, quando nos defrontamos com a arte do Mundo Antigo (Egito/ Grécia/ Roma) e fechamos esse portal do tempo com a Arte Bizantina. Na Idade Média tivemos contato com dois importantes estilos: Românico e Gótico. Na Idade Moderna travamos contato com os seguintes estilos: Renascimento, Maneirismo, Barroco e Rococó. E hoje adentramos na Idade Contemporânea — esta em que vivemos e que se iniciou no século XVIII, continuando até os nossos dia —, responsável por um grande leque de estilos que se abre maravilhosamente diante de nós. Iniciaremos nossa viagem pelo estilo conhecido como Neoclassicismo. Vamos lá!
O Neoclassicismo foi um estilo de arte que dominou o fim do século XVIII, indo até o início do século XIX. Ao contrário do que acontece com a maioria dos estilos de arte, o impulso inicial para o seu surgimento não veio de artistas, mas de pensadores (filósofos) — os portadores do “Iluminismo” na França. Nomes como Denis Didorot e Voltaire lideraram o movimento, ao fazer críticas ao relaxamento moral do estilo Rococó e, consequentemente, ao regime que o abrigava. Exigiam uma arte que fosse racional, moral e intelectualizada. Achavam que um reexame das artes da Antiguidade traria novos ares às normas criativas que vigoravam até então. Tais exigências podiam ser encontradas na cultura do mundo clássico.
Ao inspirar-se na arte clássica greco-romana, os neoclassicistas buscavam sobretudo suas qualidades de “nobre simplicidade e calma grandeza”, segundo o alemão Johann Joachim Winchelmann, responsável pelas sementes do renascimento clássico em Roma, que trabalhava para o cardeal Alessandro Albani, colecionador de antiguidades. Os escritos de Winchelmann apregoavam a superioridade da arte grega e conclamavam os artistas a “mergulharem seus pincéis no intelecto”. É interessante saber — até mesmo para a compreensão dos estilos que virão a ser estudados — que foi na época do Neoclassicismo que surgiu o termo “academicismo” em razão da adoção dos princípios da arte greco-romana tomados como base para o ensino nas academias de arte europeia, o que resultou em grandes contendas ao longo dos anos.
O estilo Neoclássico, ao enfatizar a ordem e a clareza, criticando os exageros, mostrava-se em sintonia com a “Era do Iluminismo” — descrição dada ao século XVIII. Alguns artistas — principalmente Jacques-Louis David — fizeram de sua obra um instrumento de suas convicções morais. Em seu aspecto mais puro, o Neoclassicismo tratava-se de uma arte austera e nobre, na maioria das vezes ligada aos mais caros ideais políticos da época, o que não a impossibilitou de também apresentar aspectos intimistas e decorativos. O novo estilo artístico primava por usar formas e cores simples de modo que toda complicação inútil fosse eliminada, o que resultou numa arte de formas geométricas e austeras que refutava cores brilhantes. Sua popularidade não tardou a espalhar-se por quase toda a Europa nos mais diversos campos: pintura, arquitetura, escultura, mobiliário, tecidos e cerâmica.
O Neoclassicismo, como é comum acontecer em quase todos os estilos de arte, apresenta em seu seio certas variações. Alguns artistas defendiam que a arte devia trabalhar apenas com temas considerados sérios, enquanto outros apegavam-se à literatura heroica do passado, usando como modelo as antiguidades gregas e romanas para ilustrar essas histórias. E foi exatamente a busca pela exatidão histórica a responsável por diferir o Neoclassicismo da ideologia convencional do Renascimento clássico. Enquanto o segundo se apoiava nos estilos tradicionais, oriundos dos conceitos de beleza e adequação estabelecidos por artistas do Alto Renascimento, o novo estilo, embora não tenha deixado de lado tais ideais, procurou fazer reconstruções exatas de antigas obras, o que não se tratava de plágio, mas levava em conta certas normas específicas que deveriam ser seguidas. Quando se tratava de obras históricas, por exemplo, os elementos apresentados deveriam estar em consonância com a época do acontecimento.
O Neoclassicismo foi o primeiro estilo da arte a fazer parte da Idade Contemporânea. Embora tenha tido a sua origem em Roma, não foi ali que apresentou suas mais famosas obras, criadas em outros países, especialmente na França. Os neoclassicistas inspiraram-se nas narrativas literárias e históricas e criticavam a visão do mundo clássico feita pelo estilo Rococó que se alimentava apenas de fantasias eróticas. A pintura intitulada “O Juramento dos Horácios” de autoria de Jacques-Louis David é tida como a primeira obra-prima do Neoclassicismo (ilustração acima), obra a ser estudada. A obra à direita trata-se de “O Rapto de Helena” de Gavin Hamilton.
Os artistas neoclássicos buscaram inspirações sobretudo na história, na literatura e na mitologia greco-romana, mas também fizeram usos de outros temas, como o dos tradicionais retratos e paisagens, assim como temas inovadores, inspirados nos fatos sociais e políticos da época em que viviam. Eles buscaram adaptar os principais clássicos à modernidade, usando técnicas apuradas, harmonias de cores e contornos precisos, cultuando a teoria de Aristóteles e o ideal da democracia. Com a desintegração do governo revolucionário na França e a ascensão de Napoleão, o ideal do Neoclassicismo mudou, passando a ganhar mais importância o esplendor do Império Romano ao invés do caráter moral da República.
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha
Views: 6
Lu
Ao longo de nossos estudos, vimos que a arte não é estática. Está sempre mudando de acordo com os acontecimentos de seu tempo. Novos artistas, novas ideias, novos estilos. Como o Neoclassicismo, com influência da arte clássica greco – romana, valoriza o que já existe e acrescenta leveza, simplicidade e beleza. Novos estilos são importantes e necessários, pois trazem mudanças , aperfeiçoam, ensinam coisas novas. Acrescentam ao já existente. A arte está sempre em evolução. . .
Marinalva
A arte é realmente mágica em sua evolução, quando a gente pensa que nada mais existe a ser acrescentado, eis que um novo panorama se descortina diante de nós.
Abraços,
Lu
Lu
O período do enfeitado estilo Rococó durou pouco. Como arte reflete os gostos e comportamento das pessoas, chegamos ao estilo Neoclássico. A história mostra que a partir 1783 surgiu a mania da arqueologia com escavações em Pompeia e Herculano, entre outros sítios arqueológicos e descobertas de ruínas e estátuas bem preservadas que certamente serviram de inspiração para os artistas neoclássicos. Minha expectativa é grande para conhecer essa arte politicamente correta, com seu estilo sóbrio e nobre, para atender a nova burguesia europeia após a Revolução Francesa.
Adevaldo
Esse foi realmente um estilo comprometido com o momento político da época. O mais interessante é que o seu surgimento deveu-se, não aos artistas, mas aos intelectuais, a pessoas realmente comprometidas com as mudanças de seu tempo. Nós iremos estudar algumas obras muito interessantes.
Abraços,
Lu
Lu
O Neoclacissismo foi o primeiro estilo de época da Idade Contemporânea. Interessante notar que a arte presente, passado e futuro se misturam, porque ela se reinventa de acordo com o pensamento do momento. Especificamente, o estilo neoclássico teve grandes influências dos filósofos iluministas e também dos filósofos greco-romanos. Houve um resgate da moral, do equilíbrio e da política na arte, ressaltando que o estilo anterior,o Rococó que tinha cunho erótico e menos equilíbrio. Ao contrário do Neoclássico que seguia os padrões greco-romanos, mas com uma influência dos filósofos da época e dos grandes filósofos gregos.
Hernando
O que fica patente é a influência da cultura greco-romana na arte, embora repaginada e com novos objetivos. Vimos a sua presença no Renascimento e agora no Neoclassicismo sob a condução de pensadores. Ainda que pertencente à Antiguidade, a cultura daqueles povos foi capaz de atravessar o tempo com sua beleza e maestria.
Abraços,
Lu