Van Gogh – QUARTO EM ARLES e A CASA AMARELA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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                                    (Cliquem nas imagens para ampliá-las.)

Uma luz amarela de enxofre pálido, limão dourado pálido. Que belo é o amarelo! (Van Gogh)

“A minha casa aqui é pintada por fora de amarelo manteiga e tem persianas em verde forte; fica rodeada de sol, numa praça, onde também há um parque verde com plátanos, aloendros , acácias. Por dentro é pintada de branco e o chão é de azulejos vermelhos. E por cima o céu de azul luminoso. Lá dentro posso, com efeito, viver e respirar e pensar e pintar”. (Van Gogh)

O Quarto em Arles (1888) é uma das pinturas mais conhecidas de Vincent van Gogh. A primeira versão foi feita apenas duas semanas depois de o artista terminar a obra A Casa Amarela, que retrata o local onde ele morou em Arles, e onde pensava instalar a sua tão sonhada comunidade dos artistas. O quarto fazia parte da “casa amarela”, nome com que a nomeou, tamanha era a sua paixão pela cor amarela.

O pintor holandês fez três versões da pintura referente ao seu próprio quarto e, segundo ele, a obra tinha o objetivo de trazer uma sensação de repouso e descanso, conforme escreveu a seu querido irmão Theo:

Desta vez é simplesmente um dormitório; só que a cor deve predominar aqui, transmitindo, com a sua simplificação, um estilo maior às coisas, para sugerir o repouso ou o sono. Em resumo, a presença do quadro deve acalmar a cabeça, ou melhor, a imaginação. As paredes são de um violeta pálido. O chão é de quadros vermelhos. A madeira da cama e das cadeiras é de um amarelo de manteiga fresca; o lençol e os travesseiros, limão verde muito claro. A colcha é vermelha escarlate. O lavatório, alaranjado; a cuba, azul. As portas são lilases. E isso é tudo – nada mais neste quarto com as persianas fechadas. O quadrado dos móveis deve insistir na expressão de repouso inquebrantável. Os retratos na parede, um espelho, uma garrafa e algumas roupas. A moldura – como não há branco no quadro – será branca.

Sobre a mesa vista na pintura encontram-se uma bacia com um jarro em seu interior, uma garrafa, um copo, um prato com sabão e um par de frascos e de escovas. O chão está pintado em variações da cor vermelha e verde e as pinceladas parecem simular faixas de madeira. O quadro que se encontra à cabeceira da cama é a reprodução da paisagem de Árvore Balançando ao Vento. Na outra parede existe um autorretrato do artista.

O dormitório de Van Gogh é de uma simplicidade extrema, possuindo apenas as coisas que lhe são necessárias. Contudo, não passa a sensação da tranquilidade tão desejada por ele. Ao contrário, destacam-se a solidão e a pobreza material em que vivia. O enquadramento e a disposição dos móveis e objetos no quarto deixam claro que ele não se encontrava muito lúcido na ocasião. Também é incomum duas cadeiras no quarto, o que evidencia o seu desejo por companhia.

Quando Van Gogh pintou Quarto em Arles, ele se via impossibilitado de trabalhar ao ar livre, porque era a época do vento mistral (vento violento, frio e seco, que sopra no N. da região sudeste da França) que trazia muitas lufadas de ar frio. Além disto, ele se encontrava com a vista muito fraca. Recentemente esta obra foi restaurada, pois, segundo informações do Van Gogh Museum`s, as cores da pintura esmaeceram-se com o tempo. O mais interessante é que a sua restauração pode ser acompanhada através de um blog hospedado no site do museu em Amsterdam.

Van Gogh morou em Arles durante 15 meses, sendo esse um dos seus períodos mais ricos em produtividade, assim como um dos mais lamentáveis, pois foi ali que ele cortou a própria orelha. Em Arles, nos dias de hoje, é possível ter uma ideia de como era o seu quarto, ao visitar o Le Chambre de Vincent, onde existe uma réplica em tamanho real e bem fiel à época.

A Casa Amarela (1888), uma das pinturas noturnas de Van Gogh, retrata a casa em que ele morou em Arles. Embora as outras casas estejam também pintadas com a cor amarela, a casa em questão é a de janelas verdes. A cor amarela da fachada foi de escolha do próprio artista.

Fichas técnicas
Obra: O Quarto em Arles
Data: 1889
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 57,5 x 74 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Obra: A Casa Amarela
Data: 1888
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 72 x 91,5 cm
Localização: Rijksmuseum Van Gogh, Amsterdã, Holanda

Fontes de pesquisa:
Mestres da Pintura/ Editora Abril
Grandes Mestres da Pintura/ Coleção Folha
Van Gogh/ Editora Taschen

2 comentaram em “Van Gogh – QUARTO EM ARLES e A CASA AMARELA

  1. Hernando Martins

    Lu

    Muito bonitas essas duas obras do grande artista Van Gogh: O quarto de Arles e A casa amarela. Arles é um cidade do interior da Franca, onde o artista viveu um período da sua vida. Ele morreu jovem,aos 37 anos e, por incrível que pareça, mudou 37 vezes.

    A pintura O Quarto de Arles foi recriada três vezes e cada vez ia captando o momento psíquico que o artista vivia. Van Gogh era acometido por problemas psíquicos (depressão e transtorno psicótico). Seu quarto era o seu mundo, o seu refúgio, onde se encontrava e tinha a proteção imaginária. Sua janela era o portal para conexão com o mundo exterior, materializada em obras brilhantes. O Quarto de Arles foi pintado com tons coloridos e pinceladas firmes, havendo alterações nas versões da obra. Quando ele estava mais alegre, os tons eram mais coloridos, quando mais triste, os tons escureciam. Ele era extremamente sensível em suas criações. Nessa especificamente ele consegue mostrar com muita sensibilidade, os conflitos mentais e a dificuldade que um depressivo tem em encontrar luz para alimentar seu espírito que pede socorro.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Essas duas pinturas, Quarto em Arles e A Casa Amarela, retratam muito bem o que foi a vida do pintor holandês Vincent van Gogh. O quarto é como você o descreve: “Seu quarto era o seu mundo, o seu refúgio, onde se encontrava e tinha a proteção imaginária. Sua janela era o portal para conexão com o mundo exterior, materializada em obras brilhantes”. Não resta dúvida de que o artista, altamente solitário, tenha passado grande parte de sua vida isolado. É uma pena que tenha morrido tão jovem. Imagine quantas obras maravilhosas teria deixado, se tivesse vivido mais tempo. Fecho com essa frase intensa, deixada por você:

      “Nessa especificamente ele consegue mostrar com muita sensibilidade, os conflitos mentais e a dificuldade que um depressivo tem em encontrar luz para alimentar seu espírito que pede socorro.”

      Abraços,

      Lu

      Responder

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