Sem o guri, a cachorra Baleia segue à frente,
encurvada, costelas à mostra, língua de fora.
Vez ou outra interrompe, esperando o grupo
retardado sob a capa do sol fremente.
Baleia nem mais dá conta dos seis viventes:
Sinha Vitória, Fabiano, o menino de colo, ela,
o outro garoto maiorzinho, seu companheiro,
e o papagaio morto na areia do rio quente.
A esgana apertara e inda nem sinal de comida
pra desgraçada família dos famintos retirantes.
Baleia comera pés e ossos do estimado amigo,
mas nenhum lembramento trazia disso.
Baleia apenas sentia uma confusa lembrança,
ao lançar seu olhar cansado nos pertences, e
não ver a miúda gaiola sobre o baú de folhas,
onde a ave equilibrava naquela andança.
Depois da parada, a família emudeceu de vez.
O papagaio pelo menos alegrava a caminhada.
Aboiava, tangendo gado sem vivência, gritava,
e arremedava Baleia na rispidez da marcha.
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