Autoria de Lu Dias Carvalho
Fabiano decide por abreviar a vida de Baleia,
diante do sofrimento cruel do pobre bichinho.
Não é justo deixar a fiel amiga tão desvalida,
depois de tanto ajudar na dura lida da família.
Os dois meninos seguem, aflitos, o afã do pai.
Seu cenho é mais nuvioso de que noutros dias.
Limpa a espingarda, faz menção de carregá-la.
Próximo estão o chumbeiro e o polvarinho.
Seus pensamentos dizem-lhes que a boa amiga,
parceira de todas as horas, corre grande perigo.
Baleia sempre fora uma pessoa daquela família.
A bem dizer, não difere nadinha dos amigos.
Sinha Vitória, sofrente, atina o que está por vir.
Arrebanha os dois pixotes pra não ouvir o tiro.
Esconde-se com eles lá dentro da camarinha.
Deita-os e se esforça pra tapar seus ouvidos.
Prende a cabeça do mais velho entre as coxas,
calca as mãos finas nas orelhas do mais novo.
Como eles resistem, fica inda mais aperreada,
e segura os dois guris com muito mais força.
Os meninos gritam e se debatem, agoniados.
O mais velho consegue sair do agarramento.
A mãe, coa alma doída, pragueja indignada,
sem saber mais onde botar tanto sofrimento:
– Capeta dos diabos!
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