CHICO XAVIER E O CAPIM

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Autoria de Lu Dias Carvalho

capim

A busca pelo saber não possui um único caminho, ao contrário, é uma via de muitas mãos, onde o preconceito não pode ser barreira. Diz o nosso amado Aurélio que a sabedoria é “o conhecimento justo das coisas”. Toda opção deve nascer da possibilidade de escolhas. Assim é a democracia. Assim deve ser direcionada a vida das pessoas livres.

Cresci com um grande fascínio pelo viver das gentes e pela cultura dos povos. E quanto mais diferentes são certas filosofias da forma de como concebo minhas verdades, mais tento conhecê-las, até mesmo como meio de combater algumas, como é o caso da situação humilhante vivida pelas mulheres entre os islâmicos fundamentalistas, onde valem menos de que um cachorro. Muitos sectários buscam o saber num único caminho, sem olhar para os lados, como mulas com bridão. Pensam que fazem escolhas, mas são apenas objetos do conhecimento e da vontade de outrem. Não são livres, portanto.

No início do ano 2000, quando estávamos em vias de entrar no século XXI, lembro-me de uma pesquisa espalhada pelas Minas Gerais, com forte apoio popular, com a finalidade de escolher o Mineiro do Século que findava. Todos os concorrentes eram pessoas de grande penetração na vida de nosso Estado e do país: Chico Xavier, Santos Dumont (segundo colocado), Pelé, Betinho, Carlos Drummond de Andrade e Juscelino Kubitschek. Ao votar, escolhi Chico Xavier por sua grande obra social ao longo de sua jornada, com centenas de instituições de caridade fundadas, assim como por seu exemplo de vida. E, para minha alegria, ele foi o eleito.

Chico Xavier ficou conhecido por seu espírito de extrema humildade. Nem mesmo, quando sua fama ultrapassou as fronteiras nacionais, ele modificou seu comportamento. Sua meta era servir o próximo e assim agiu até o final de seus dias, mesmo vivendo num mundo extremamente materialista, onde a absoluta maioria das pessoas carrega consigo uma mentalidade mercantilista. Podemos conhecer um pouco do espírito de humildade de Chico nos diálogos que travava com as pessoas. Se lhe diziam que era um “porta-voz de Deus”, rebatia:

Sou uma besta encarregada de transportar documentos espíritas.

Se o chamavam de “iluminado”, minimizava:

Não. Sou uma tomada entre dois mundos.

Se o chamavam de “Chico Xavier, o apóstolo”, transformava o nome num humilde trocadilho:

Nada disso. Cisco Xavier.

Em 1981, Chico Xavier foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, com mais de 2 milhões de assinaturas. Estava em toda a mídia nacional. O assédio era uma constante em seus dias. Mas conhecedor das armadilhas da fama, que traz no seu bojo a vaidade, ele simplesmente respondia:

Sou um nada. Menos do que um nada.

Ao ser consultado pelas pessoas, receitava o mesmo remédio do qual fez uso ao longo de sua vida:

Ajudai-vos uns aos outros. Ajude e será ajudado.

O médium legou à doutrina espírita uma vasta obra, produzida durante sua extensa caminhada: 412 livros escritos pelos espíritos, segundo ele:

Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. “Eles” escreveram.

Já foram vendidos mais de 25 milhões de exemplares da obra de Chico. Toda a renda foi doada por ele, em cartório, a várias instituições caritativas.

Conta o jornalista Marcel Souto Maior, autor de AS VIDAS DE CHICO XAVIER, livro que deu origem ao filme sobre o médium, que numa das poucas conversas que teve com ele, delicadamente tocou na sucessão, perguntando se haveria um novo Chico Xavier. Ao que ele respondeu:

Morre um capim, nasce outro.

Não é preciso ser seguidor da doutrina espírita para admirar a trajetória dos 92 anos de vida de Chico Xavier pela Terra. Ele foi um mestre do amor e do perdão. Mesmo que muitos não acreditem em reencarnação, seguir os conselhos e o exemplo de Chico é caminhar rumo à evolução aqui na Terra. É se tornar uma parte melhor do todo que aninha em cada um de nós e em todas as formas de vida.

Fonte de pesquisa:
As Vidas de Chico Xavier/ Marcel Souto Maior/ Editora Planeta do Brasil Ltda.

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