Autoria de Lu Dias Carvalho
O Beijo é tido como a composição mais extraordinária de Gustav Klimt, sua obra-prima, vista como um ícone da arte do século XX, ao representar com tanto ardor o amor sensual. Ao lado de “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (presente neste site), O Beijo diz respeito ao apogeu do pintor em sua fase dourada que vai de 1903 a 1909, quando o artista fazia uso do ouro em suas obras. Trata-se de uma composição muito rica, onde se destacam a presença de folhas de ouro e de prata opacas e brilhantes e de fio de ouro (encontrados no vestido da mulher). Além disso, pó de ouro cobre o fundo marrom avermelhado da tela. A obra é também vista como um trabalho da “Art Nouveau”, estilo que veremos à frente.
Um casal encontra-se no centro da composição, ajoelhado sobre um tapete floral, numa intensa manifestação de amor, num local indeterminado, como se só existissem os dois amantes. Não se trata de um mero gesto de carinho, mas de um momento intensamente íntimo em que os sentidos estão todos direcionados para o beijo. Vemos muito pouco do corpo do casal.
O homem veste um imenso quimono que cobre todo o seu corpo, excetuando a cabeça cingida por uma coroa de hera. O pescoço e as mãos envolvem o rosto da mulher, puxando-o em sua direção, com o objetivo de beijá-la na boca. O homem encontra-se de frente, mas a posição da cabeça impossibilita a visão de seu rosto. Ele inclina o rosto da amada para beijá-lo, deixando-a ruborizada, mas seus olhos fechados denotam total entrega, submissão.
A mulher ajoelhada, com a cabeça apoiada nos ombros, tem o corpo de perfil e também usa flores nos cabelos. Ela mostra apenas o rosto, o braço direito, mãos e pés. Seu rosto, com os olhos e lábios fechados, está voltado para o observador. Seus pés estão descalços, deixando visíveis parte das pernas. Com a mão direita, ela cinge o pescoço do amante e com a esquerda afaga sua mão.
Pela decoração das túnicas é possível divisar a roupa de um e de outro. O homem veste um gigantesco quimono amarelo, cheio de retângulos e quadrados em tamanhos diversos, nas cores preta, prata e branca. A mulher usa um delicado vestido que se encaixa nos talhes de seu corpo, com círculos de vários tamanhos, representando as inflorescências. A pele dele é mais escura e a dela mais alva.
Ao contrário de outras obras, nesta Klimt dá ao homem um papel ativo, enquanto a mulher não se mostra como uma “femme fatale”, mas passiva, ajoelhada, numa entrega total ao amor, bem diferente de outras obras do artista. Há mais ternura do que erotismo na cena. As duas figuras encontram-se ricamente vestidas num espaço pictórico decorado com vários motivos de padrões geométricos e cores.
A posição das figuras é muito controversa. Alguns veem atrás das duas figuras uma poltrona de espaldar alto, outros dizem que o casal está dentro de um sino dourado, e outros que só estão presos ao espaço pelo tapete de flores, e mais outros que se trata de um halo dourado a cair em forma de cascata. Eu fico com a primeira explicação em razão da mudança da decoração que passa atrás da cabeça de ambos, descendo pelas costas da mulher, até suas pernas e pés. E você?
Ficha técnica
Ano: 1907-1908
Técnica: óleo e folha de ouro e prata sobre tela
Dimensões: 180 x 180 cm
Localização: Österrichische Galerie Belvedere, Viena, Áustria
Fonte de pesquisa
Gustav Klimt/ Coleção Folha
Arte/ Publifolha
Arte do século XX/ Taschen
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Lu
Lindíssima obra de Gustav Klimt. Eu certamente colocaria uma reprodução em minha sala. Vejo essa pintura como uma obra que retrata a sensualidade e o erotismo entre um homem e uma mulher que, abraçados, evoca a felicidade da união.
Percebe-se na obra uma fusão dos personagens com suas vestes ricamente adornadas e colocadas em um espaço estrutural e inclinado com um abismo à direita. O autor inseriu esses personagens em um quadro com quatro espaços: o do meio, onde estão as figuras centrais; o de baixo, que sustenta o do meio; o da direita, onde está a mulher; o da esquerda, onde está o homem. Ele utilizou também formas geométricas, com retângulos para o lado masculino e círculos para o lado feminino. Parece-me que Klimt quis retratar o risco de um amor proibido.
Sobre a posição das figuras, não escolho nenhuma das alternativas apresentadas. A biografia de Gustav Klimt, presente no site, diz que ele tinha relacionamentos intensos com mulheres e as pintou de várias formas. Imagino que o autor retratou seu fetiche com uma de suas amadas em um espaço imaginário, tranquilo e íntimo com sua paisagem florida em uma tarde de amor intenso e de felicidade, onde só existia o casal, envoltos por uma áurea dourada.
Adevaldo
Você está se tornando um exímio analista da arte pictórica. Achei brilhante a análise que faz dessa obra maravilhosa. Há um site onde poderá encontrar uma reprodução muito boa dela. Ele se chama Santhatela e os preços são bem acessíveis. Não deixe de ver.
Gostei da sua visão:
“Imagino que o autor retratou seu fetiche com uma de suas amadas em um espaço imaginário, tranquilo e íntimo com sua paisagem florida em uma tarde de amor intenso e de felicidade, onde só existia o casal, envoltos por uma áurea dourada.”
Abraços,
Lu
Lu
Essa obra do pintor austriaco Gustavo klimt, O Beijo, é considerada sua obra mais importante e a mais relevante na técnica a óleo sobre tela da Áustria. Encontra se no museu Belvedere em Viena. O artista é um ícone do simbolismo austríaco. Essa sua fase é tida como a fase dourada, porque ele utilizou folhas de ouro para enaltecer sua obra,desenvolvendo uma técnica original e enriquecedora. A obra simbólica de um casal se beijando, misturado com figuras geométricas remete a inúmeras interpretações, possibilitando ao espectador reflexões específicas.
Hernando
Gustav Klimt figura entre os grandes mestres do estilo Simbolista. A obra em estudo é conhecida e louvada em todo o mundo. As gravuras relativas a ela estão entre as mais vendidas, enfeitando a sala de muita gente. É uma pena que o artista tenha morrido tão novo, no auge de sua maturidade artística.
Abraços,
Lu