GUEIXA (II) – A INICIANTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

  gueixa II

Na época da grande recessão econômica japonesa, muitas menininhas eram vendidas por suas famílias, que não as podiam manter, para casas especializadas (okiyas) em preparar gueixas. Depois de compradas, as pequeninas eram levadas normalmente a uma mulher idosa, com muita tarimba no ramo, que as punha nuas e examinava-as dos pés à cabeça, como se fossem um ser inanimado. Mexia-lhes no seio, apalpava-lhes as nádegas e terminavam com o golpe fatal: afastava-lhes os joelhos, metia as mãos entre as pernas e, com os dedos, realizavam a prova do toque, para certificar-se de que eram virgens. Aquelas, que não passavam no teste para ser gueixas, eram encaminhadas para os bordéis.

Uma vez no okiya, a criança era submetida aos serviços mais rudes, até que se iniciasse o seu treinamento para a futura profissão. Nunca podia desobedecer à dona do okiya, a quem chamava de mamãe e apanhava por qualquer coisa. Seu treinamento consistia em frequentar a escola, onde teria aulas de música, dança, canto, cerimônia do chá, etiquetas e tudo aquilo que viesse a transformá-la numa companhia perfeita para os homens, pois a função de uma gueixa era entretê-los. Deveria, sobretudo, aprender a tocar um instrumento de cordas chamado shamisen.

A aspirante a gueixa era registrada num cartório e, além das aulas, deveria observar a gueixa da casa, para aprender a usar maquilagem e vestir o quimono, que obedecia a um ritual todo especial. E, por falar em maquilagem, houve uma época em que as gueixas usavam uma espécie de maquilagem branca, conhecida como “argila chinesa”, que tinha chumbo na base. Descobriu-se, tempos depois, que essa argila era venenosa. O estrago estava feito. As usuárias de tal argila ficaram com a pele arruinada, o pescoço amarelo e enrugado.

A garotinha, candidata a gueixa, era um investimento em longo prazo. Todos os gastos eram debitados em sua conta, até mesmo um objeto que quebrasse. Tudo, no futuro, deveria ser pago, acrescido de juros altos. Caso infringisse uma das regras abaixo, teria a vida arruinada, passando a ser serviçal do okiya:

  • tentar fugir;
  • tornar-se impopular com suas professoras;
  • não praticar as várias artes que lhe iam sendo ensinadas.

Quando a aspirante a gueixa torna-se uma gueixa aprendiz, ela pinta o rosto de branco pela primeira vez e passa a ser oficialmente conhecida com um novo nome. Seu cabelo passa a ser arrumado com o estilo conhecido como “pêssego partido”.

A dança é a mais importante das artes de uma gueixa. Talvez só a cerimônia do chá pode se comparada à riqueza da tradição da dança. Por isso, todas as gueixas aprendizes têm de estudar dança. Mas nem todas têm talento para dançar, por isso, só as mais promissoras e bonitas serão encorajadas a se tornar dançarinas, em vez de serem cantoras ou tocadoras de shamisen. Quando dançam, o rosto precisa permanecer inexpressivo, como se fosse uma máscara usada no teatro . Também precisam aprender a mover a parte superior do corpo, independente da inferior.

A maquiagem de uma gueixa é um capítulo à parte. Sem essa, ela não passa de uma mulher comum. Rosto e pescoço são pintados com uma pasta branca. Mas um pedacinho da pele nua, em torno da linha do couro cabeludo, não é maquiado. Dizem que os japoneses sentem grande atração pelo pescoço de uma mulher, assim como os ocidentais sentem atração pelas pernas, seios ou nádegas. Normalmente as gueixas deixam as golas de seus quimonos escancaradas atrás, para que os homens vejam seus pescoços. Quanto mais a maquiagem parecer uma máscara, mais erotizados ficam eles.

Colocar o quimono não é tarefa fácil, pois todos eles possuem o mesmo comprimento, não importando o tamanho da usuária.  Por isso existem pessoas especiais, cuja função é ajudar a vesti-los, de modo que o traje adapte-se aos contornos do corpo, o que demanda muito tempo.

Em razão dos elaborados penteados, as gueixas não lavam os cabelos todos os dias, sendo as caspas um grande problema entre elas, que possuem um jeito especial de dormir, para não desmanchar o penteado. Usam um suporte para a base do pescoço, de modo que o cabelo fica suspenso no ar. As gueixas também são extremamente supersticiosas. Nada fazem antes de consultarem um almanaque, onde buscam as datas auspiciosas.

Nota: Imagem copiada de
http://comunidademib.blogspot.com.br/2010/12/verdade-sobre-as-gueixas.html

Fonte de pesquisa:
Memórias de uma Gueixa/ Arthur Golden

 

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