ILUSTRAÇÕES – O LIVRO DA CASA MEDIEVAL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os cavaleiros lutavam nessas guerras privadas […] arruinar o inimigo, matando e mutilando o maior número de seus camponeses e destruindo o máximo possível das colheitas, vinhas, ferramentas, celeiros […]. Em consequência, as principais vítimas dos beligerantes eram seus respectivos camponeses. (Barbara Tuchman)

 O Livro da Casa Medieval (Das MIttelalterliche Hausbuch – 1475-1480) trata-se de um manuscrito alemão do século XV, que traz uma série de ilustrações, como as que vemos acima, mostrando o dia a dia sob a perspectiva de um cavaleiro da Idade Média. É, portanto, um inusitado documento para conhecermos a vida naquela época.

Segundo o escritor Steven Pinker, os cavaleiros da Europa feudal agiam como os chefes militares. O rei era visto apenas como o mais importante dos nobres, não possuía exército permanente, exercendo pouco controle sobre seus domínios. Em contrapartida, os feudos eram controlados por barões, cavaleiros e nobres, tendo os camponeses, que moravam em suas terras, além de serem responsáveis pela colheita, também responder pelo serviço militar, ou seja, defender o feudo e atacar outros, a mando do senhor feudal.

As duas gravuras que ilustram este texto, presentes no manuscrito denominado Livro da Casa Medieval, mostram a violência que exista na época dos chamados cavaleiros medievais. Na primeira, à esquerda, muitas cenas de selvageria acontecem ao mesmo tempo:

  • Um homem debruçado sobre  um cavalo morto, que traz a barriga voltada para cima, faz a retirada de suas vísceras. Ele tem uma faca na mão, enquanto uma espécie de machadinha jaz no chão, à sua direita. Atrás de si, um porco fareja seu traseiro nu, em razão de ter suas calças levemente arreadas.
  • À esquerda, um homem e uma mulher estão sentados na entrada de uma caverna, presos a um tronco, antigo instrumento de tortura, feito de madeira e com buracos, onde a vítima era presa pelos pés, mãos ou pescoço. O homem  está encarcerado pelos pés e mãos, enquanto a mulher tem apenas a mão esquerda presa, mas encontra-se acorrentada pelos pés e mão direita.
  • Em cima da caverna encontra-se uma forca já com um cadáver. Num plano inferior, à direita, um sujeito está sendo encaminhado para a forca, ladeado por um padre, com um crucifixo na mão, e um soldado. Atrás vem uma comitiva.
  • Próximo ao cadafalso, um corpo, cujos ossos foram quebrados na roda em que se encontra, está sendo bicado por um corvo.
  • O homem, montado num cavalo ornamentado, trazendo a bandeira de seu feudo, representa o cavaleiro medieval. Toma a parte superior central da composição.
  • Uma cabra, à esquerda da composição, logo acima do patíbulo, representa o signo de Capricórnio, que é regido por Saturno, nome dado à ilustração.

Na segunda ilustração, à direita, há também inúmeras cenas de violência acontecendo:

  • Um grupo de soldados ataca um vilarejo, quatro deles a cavalo. Os camponeses do feudo tentam resistir.
  • Na parte inferior esquerda, um velho camponês é seguro pelos cabelos e esfaqueado por um dos soldados.
  • Mais acima, um camponês, de costas, é agarrado pela camisa, enquanto uma mulher tenta contra-atacar com um pote de barro, e uma segunda grita levantando os braços.
  • Na parte inferior direita, um camponês é esfaqueado dentro de uma igreja, por um indivíduo que o segura pelo pescoço, enquanto outro saqueia seus bens.
  • Próximo à igreja, um soldado, montado em seu cavalo, açoita um camponês que traz os punhos amarrados por uma corda.
  • Acima, em segundo plano, dois soldados incendeiam casas, enquanto um terceiro toca o gado e bate na mulher do fazendeiro que tenta se defender.
  • O homem, montado num cavalo ornamentado, trazendo a bandeira de seu feudo, representa o cavaleiro medieval. Toma a parte superior central da composição.
  • Um carneiro, à esquerda da composição, logo acima do cavaleiro, representa o signo de Áries, que é regido por Marte, nome dado à ilustração.

Fonte de pesquisa
Os anjos bons da nossa natureza/ Steven Pinker/ Edit. Companhia das Letras

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