Autoria de Lu Dias Carvalho
A idade de ouro do humanismo italiano possui em Veneza, com Giorgione, um realizador de suprema poesia pictórica. (Antonio Morassi)
Giorgione Barbarelli da Castelfranco (c.1478?–1510) era um pintor italiano de retábulo e obras sacras, também conhecido por Zorzon. Quase nada se sabe a respeito de sua vida, embora suas poucas obras conhecidas tenham exercido grande influência sobre a arte dos séculos XVI e XVII. Segundo o pintor e historiador italiano Giorgio Vasari, ele veio de uma família muito humilde. Ainda novo partiu para Veneza, onde foi aprendiz no ateliê de Giovanni Bellini — pintor famoso no uso da cor e da luz. Frequentou a alta sociedade daquela cidade, onde conviveu com os valores do helenismo. É tido como fundador da pintura veneziana, tendo influenciado muitos artistas, dentre eles Sebastiano del Piombo e Ticiano. Era um artista de grande inclinação poética, cujos temas não se sujeitavam ao gosto dos mecenas da época, mas à sua própria escolha.
Giorgione foi o primeiro a pintar paisagens com figuras e nus reclinados. Às suas formas suaves de paisagens, ele uniu as figuras numa relação íntima e familiar. Sua influência foi considerável para as futuras gerações de artistas que têm se preocupado com a cor, forma, harmonia e sentimento. O artista dava à paisagem uma importância especial. Ela era a parte mais importante de sua composição, agregando-se às figuras humanas, vistas como elementos da natureza. Distanciando-se de uma pintura essencialmente religiosa, sua obra está imbuída pelo amor à natureza e pela beleza do corpo humano. É tido como o primeiro pintor a:
- acrescentar figuras nas suas paisagens;
- abrir mão da finalidade devocional, alegórica ou históricas em suas obras;
- usar as cores com a intensidade, o que se tornou típico da escola veneziana;
- e um dos primeiros a usar a técnica do sfumato e do chiaroscuro, o uso de tons de cor para evidenciar a perspectiva e a luz, um dos motivos de sua fama.
As obras de Giorgione são cheias de mistérios em relação à sua temática. No máximo cinco pinturas podem ser atribuídas a ele, sem que levante qualquer sombra de dúvida. Mas, embora poucas, elas foram suficientes para darem-lhe fama de talentoso pintor. Sua obra era pequena, mas de altíssima qualidade. Suas composições eram sempre originais. Ao contrário de muitos pintores da época, ele dava grande importância às cenas em segundo plano, colocando paisagens nelas, o que foi mais tarde imitado por outros artistas venezianos. E, seguindo os ensinamentos do mestre Bellini, Giorgione obteve resultados revolucionários no trato da cor e da luz na sua pintura.
Giorgione morreu aos trinta e dois anos, vitimado pela peste que assolava Veneza na época do verão, tendo sua carreira de pintor durado apenas quinze anos. Fala-se também que morreu em razão de uma doença venérea resultante de sua vida boêmia. Presume-se, pelas poucas obras que deixou que se tivesse vivido mais tempo seria um dos grandes nomes da pintura ocidental, assim como foi seu amigo Ticiano, com quem trabalhou em muitos projetos. Depois dele a pintura era muito mais do que a soma de desenho e colorido. Infelizmente ele morreu muito jovem para colher os louros de sua breve passagem pela arte.
Nota: Autorretrato do pintor
Fontes de pesquisa:
A arte em detalhes/ Publifolha
Giorgione/ Abril Cultural
Isto é arte/ Sextante
501 artistas/ Sextante
A história da arte/ E.H.Gombrich
http://web-archives.mansfield.edu/~art/papyrus1_kate_boyle.htm
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