Dalí – O JOGO LÚGUBRE

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Autoria de Lu Dias Carvalho dali4

Toda a minha ambição no campo pictórico é materializar as imagens da irracionalidade concreta com a mais imperialista fúria da precisão. (Dalí)

O Jogo Lúgubre é tido como uma das primeiras composições totalmente surrealistas de Dalí, onde evidencia a ideia fixa que o artista tinha pela masturbação, castração e o efeito que tinham sobre si. Na tela, ele escancara suas obsessões e fobias, impressionando os surrealistas ao pintar um homem com as cuecas sujas de excrementos. Nesta composição, o pintor mistura a colagem de elementos recortados com pintura, o que traça uma divisória entre o sonho e a realidade. É também considerada pelo próprio pintor como uma das suas mais importantes obras.

Uma cena estranha acontece diante de uma escadaria. A figura central da tela, com o corpo ensanguentado, simboliza a castração. Logo acima dela está o perfil do artista, cujos olhos, adornados por longos cílios, estão fechados. Um imenso gafanhoto encontra-se pousado em sua boca, representativo de seus medos.

Um amontoado de sonhos paira sobre a cabeça do pintor, como se esses fossem liberados pelo grande ovo que explodiu: cabeças de pássaros, sombrinha, cálice com hóstia, chapéus, conchas marinhas. Nos pedaços de corpos humanos estão presentes: cabeças humanas, dedo, rostos, seios, glúteos, lábios em forma de vulva. Imagens masculinas e femininas. Um dedo aproxima-se das nádegas com formigas, evidenciando o seu medo da sexualidade.

No lado esquerdo da composição, existe uma estátua de mármore, assentada sobre uma enorme base, que estende a mão direita, gigantesca, numa alusão à masturbação. A mão esquerda tampa o rosto envergonhado, possivelmente por ter perdido o pênis. Abaixo dela, à direita, assentados sobre o pedestal, uma estátua cinza ergue um membro, como se fosse um substituto do que foi retirado. Aos pés das duas estátuas encontra-se um leão, que simboliza o desejo sexual. Na sua frente encontra-se uma figura minúscula, apoiada numa bengala, outro símbolo sexual.

A presença de um cálice com uma hóstia, misturada a imagens sexuais, mostra uma atitude sacrílega e iconoclasta, também presente em outras obras do artista, estarrecendo até os próprios surrealistas, que não eram agressivos em suas pinturas, e, que chegaram a dizer a Gala que Dalí era coprófago. Mas, quanto mais escândalo uma obra sua fazia, mais isso agradava o pintor. Ele se orgulhava de ser tido como o pintor mais escatológico, iconoclasta e sacrílego dos surrealistas.

Curiosidade:
No pedestal da estátua está escrito: Grama, Centigrama e Miligrama, evidenciando uma obsessão que Dalí tinha pela medida.

Ficha técnica
Ano: 1929
Técnica: óleo e colagem sobre cartão
Dimensões: 44,4 x 30,3
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções
Dalí/ Coleção Girassol

Views: 79

5 comentaram em “Dalí – O JOGO LÚGUBRE

  1. Mário Mendonça

    Lu Dias
    Acredito que tenha sido sacrílego e iconoclasta, mas coprófago não, a coprofagia ele introduzia em suas obras para mostrar o lado escatológico do seres humanos, e o mais estarrecedor é ele ter exposto isto em 1229. Será que ele sentiu nossos modernistas de 1922?
    Quem teria tal ousadia, a não ser gênios como ele?
    E aí eu pergunto:
    Medos e ousadias não são palavras rivais?
    Perfeita sua narrativa, sobre o Mestre do Surrealismo, principalmente na introdução.

    Abração

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Realmente era preciso muita coragem para se expor tanto como fazia Dalí.
      Não sei se era por necessidade de autopromoção ou para desabafar, o falto é que o pintor jogava tudo para fora e, quanto mais polêmica a coisa causasse, melhor.
      Eu não acredito que Dalí tivesse medo de coisa alguma.
      Ele gostava mesmo era de ser o centro das atenções.

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Mário Mendonça

        Lu Dias
        Acho que era um pouco de tudo: coragem, desabafos, fobias, loucuras, polêmicas e, logicamente, autopromoção.
        Não sei como durou tanto. Mozart durou tão pouco.

        Mário Mendonça

        Responder
        1. LuDiasBH Autor do post

          Mário

          É verdade!
          Em Dalí estava presente um pouco de tudo.
          Sem falar que tinha atrás de si a esperta Gala.

          Abraços,

          Lu

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