Autoria de Lu Dias Carvalho
Nas unhas do homem, nas mangas do seu paletó, nos seus sapatos, nos joelhos da calça, nos calos do seu polegar e do seu indicador, na sua expressão, nos punhos da sua camisa, nos seus movimentos – em cada um desses traços a ocupação de um homem se revela. É quase inconcebível que todos esses traços reunidos não sejam suficientes para esclarecer, em qualquer circunstância, o investigador competente. (Sherlock Holmes)
O mal é que tendemos a julgar uma pessoa muito mais por suas palavras do que pelo seu modo de ser e agir, sem levar em conta a linguagem que nos repassa seu corpo. E ainda temos a empáfia de dizer que conhecemos X ou Y como “a palma de nossa mão”. Como é vã a nossa filosofia, pois a maioria de nós nem mesmo sabe como comporta o nosso próprio corpo do pescoço para baixo, quanto mais o de outrem.
Na sua linguagem o corpo não finge acreditar no que não crê e tampouco dá o dito pelo não dito. Jamais se coloca como lacaio da mente, fazendo sempre o que ela quer. Ele é um insubordinado que não se presta ao agrado servil. De modo que, para os bons observadores, o corpo é um excelente parceiro, pois retrata com fidelidade os pensamentos que viajam pela mente, sem se preocupar com a emissão de palavras que, segundo um dito popular, o vento leva.
A leitura das atitudes e do pensamento do homem foi o primeiro sistema de comunicação a ser usado, antes mesmo que aprendêssemos a falar. Mas a modernidade foi embotando tal preciosidade e dando, cada vez mais, espaço para a palavra oral, colocando o gestual do corpo em segundo plano. E no blá-blá-blá, na verborragia, na logorreia e na verbiagem nós fomos nos atolando, achando que dominamos o ó do borogodó. Nossos olhos tornaram-se menos sagazes, enquanto os nossos ouvidos tornaram-se senhores absolutos da verdade, mas sem muita sabença. Olhos e ouvidos deixaram de ser parceiros na análise e, consequentemente, contamos com menos testemunhas nas ações observadas. Vivemos na ditadura das palavras.
A mensagem corporal é tão rica, que mesmo a linguagem oral e escrita está cheia de expressões que indicam a nossa relação com o corpo. Observem algumas:
Levante a cabeça!
Não mais aguento o fardo que carrego nos ombros!
Abra os olhos, meu amigo!
Não tem vergonha na cara?
Está sempre empurrando com a barriga!
Ficou com dor de cotovelo!
Aquilo foi um soco na boca do meu estômago!
Assim, temos que ficar mais atentos, como nos ensina o famoso investigador Sherlock Holmes, personagem de ficção da literatura britânica, criado pelo escritor Sir Arthur Conan Doyle. E como nos diz o detetive: Os pequenos detalhes são sempre os mais importantes. Portanto, abram os olhos, minha gente, e deixem de levar em conta apenas as palavras! Analise o conjunto todo: palavras, gestos corporais e ações.
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Lu Dias
Não ouvimos, não observamos e falamos pelo cotovelo sem o mínimo de entendimento do que estamos a expor e depois sofremos.
Mário
É verdade! Como temos necessidade de falar e muito pouco de ouvir.
Abraços,
Lu