Autoria de Lu Dias Carvalho
Que pena, minha terra sem alegria, vestida de andrajos, carregada de sabedoria decrépita. Orgulhas-te de haveres compreendido os enganos da criação. Sentada indolentemente em teu canto, tudo o que fazes é afiar tuas confusões metafísicas. (Rabindranth Tagore)
Mantras – são considerados como sílabas sagradas ou uma série de sons cantados, normalmente em sânscrito. A repetição contínua dos mesmos tem como objetivo parar a mente e imobilizá-la, levando-a ao estado de meditação até chegar à contemplação. Os mantras originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no budismo e jainismo. Alguns psicólogos ocidentais acreditam que o mantra possui uma energia sonora, que movimenta outras energias, que circundam quem o entoa. Outra explicação seria a mesma energia usada para o efeito dos mudras: um gesto repetido por tantas pessoas, durante tantos séculos, acabou criando um tipo de caminho energético – que podemos chamar de marca no akasha ou no inconsciente coletivo – que é rapidamente seguido pela psique da pessoa que o executa.
Os mantras nem sempre possuem um significado claro e muitos deles são compostos por sílabas aparentemente ininteligíveis. O mantra mais conhecido é OM (AUM), palavra que dizem conter a chave do universo. OM corresponde às três principais divindades hindus – Brahma, Vishnu e Shiva.
Mudra – é um termo que tem diversas conotações de acordo com o seu uso, significando gesto no Yôga, no budismo e na dança indiana. Os mudras, como gestos, a cada dia são mais numerosos, incorporando-se ao folclore e ao inconsciente coletivo de diversas civilizações. São também usados em algumas técnicas marciais.
Mandalas e yantras – são formas circulares e figuras representativas, padrões geométricos, onde os hindus atribuem estarem encerrados os códigos sagrados da existência. Funcionam como auxílios visuais, para ajudarem os olhos na meditação. São tão importantes na cultura da Índia, a ponto de seus desenhos influenciarem os tecidos e o artesanato do país. Sendo que suas cores definiram os estados psicológicos induzidos pela pintura indiana.
A palavra sânscrita “mandala” significa círculo, uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. É a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e atualização de um tempo divino.
Yantra – representação simbólica do aspecto de uma divindade, normalmente a Deusa Mãe ou Durga. Trata-se de uma matriz interconectada de figuras geométricas, círculos, triângulos e padrões florais que formam um padrão fractal de elegância e beleza. Embora desenhado em duas dimensões, um yantra deve representar um objeto sagrado tridimensional. Acredita-se que yantras místicos revelam a base interna das formas do universo. A função dos yantras é ser símbolo de revelação das verdades cósmicas.
Ioga – o corpo inteiro é o campo da ciência da ioga. As asanas, ou posições, destinam a liberar energia. Sendo que o controle da respiração é a prática mais importante da ioga, pois na respiração está a origem da vida. Pregam os mestres iogues que o domínio da técnica de respiração consegue reduzi-la, a ponto de levar o indivíduo a se aproximar da morte.
A Ioga é um conceito que se refere às tradicionais disciplinas físicas e mentais originárias da Índia. A palavra está associada com as práticas meditativas tanto do budismo quanto do hinduísmo. Há dezenas de linhas diferentes de ioga no mundo, que propõem não necessariamente caminhos contraditórios, mas diversos meios para alcançar os mesmos objetivos. Os principais ramos da ioga incluem a raja-ioga, carma-ioga, jnana-ioga, bacti-ioga e hata-ioga. A palavra sânscrita yoga tem diversos significados, tais como “controlar” ou “unir”.
Ayurveda – vê o ser humano na sua integralidade. Afirma que o sofrimento humano possui três aspectos:
- o físico – aliviado com plantas medicinais;
- o mental – deve ser tratado com uma série de meditações que levem o indivíduo a encontrar a harmonia consigo mesmo, controlando seu desassossego destruidor.
- o espiritual – só é possível libertar-se dele, buscando compreender a interdependência entre todas as formas de vida.
Ayurveda é o nome dado à “ciência” médica desenvolvida na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dela um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade. Continua a ser a medicina oficial na Índia e tem-se difundido por todo o mundo como uma técnica eficaz de medicina tradicional. É conhecida como a mãe da medicina, pois seus princípios e estudos foram a base para, posteriormente, o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, árabe, romana e grega. Houve um intercâmbio de informações com o Japão, que tinha a mesma necessidade dos indianos: criar uma medicina barata para atender às suas populações muito pobres, e, por essa razão, existe muito da medicina japonesa nos conceitos de ayurvédica. As duas desenvolveram técnicas muito eficientes e de baixo custo para o tratamento.
A doença, para a Ayurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida. A Ayurveda, como ciência integral, considera que a doença inicia-se muito antes de chegar à fase em que ela finalmente pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do tempo, se não forem corrigidos, originando a enfermidade muito antes de podermos percebê-la.
Vastushastra – o conjunto de tratados indianos de arquitetura que ajuda o homem a viver no mundo exterior, partindo do princípio que o ato arquitetônico original é a Terra, lar de todas as formas de vida. Assim como o Feng Shui da China, o Vastushastra indiano dá-nos a técnica de como harmonizar o ambiente, influenciando nossas vidas e indica a harmonia que se deve ter entre os elementos fora e dentro do corpo, no ambiente de residência ou de trabalho.
Mantras, mandalas e ioga sempre foram usadas, na Índia, com o intuito de levar a pessoa à auto realização. No entanto, nos dias de hoje, a sabedoria milenar vem se reduzindo, cada vez mais, dando lugar às preocupações narcisistas, meramente estéticas, sem levar em conta o conceito do universo como integralidade harmoniosa.
Segundo a escritora Gita Metha, a filosofia anteriormente íntegra e unificadora foi reduzida a práticas fragmentárias, embora o homem devesse ser o guardião de um organismo vivo, responsável pela manutenção de seu frágil equilíbrio, e o resultado é o cenário de desarmonia em que vive a Índia.
Nota: Imagem copiada de http://www.cantodofengshui.com
Fonte de pesquisa:
Escadas e Serpentes/ Gita Mehta
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