Autoria de Suedro Potiele
Certa vez um fazendeiro
Contratou como empregado
Um índio muito dócil
Porém não modernizado,
Até que um dia, para curtir
A folga de um feriado,
O fazendeiro foi à cidade
Do nativo acompanhado.
Na cidade, os dois chegando,
O fazendeiro se sentou
No banco de uma praça
E pro índio assim falou:
– Vai buscar água pra mim
Porque com este calor
Minha goela tá tão seca
Que até se esturricou.
O índio, obediente
Apesar de ignorante,
Munido de um caneco
Lá se foi no mesmo instante
À procura de água fresca
Até que, após andar bastante,
Apenas por intuição
Veio parar num restaurante.
O índio neste recinto
Não sabia o que fazer
Até que um dos garçons
Resolveu lhe atender
Perguntando gentilmente:
– O que você vai querer
– Água fresca – disse o índio –
Que é pro meu patrão beber.
Uma vez que vivia
Ocupado o tempo inteiro
O garçom só lhe indicou
A direção do banheiro
E o nativo agradecendo
Foi mais do que ligeiro
Apanhar a dita cuja
Que levou ao fazendeiro.
Após salvar o líquido
Sem ao menos desconfiar
Que de onde ele viera
Não convém nem relatar,
O homem ainda sedento
Não hesitou em ordenar
Que o índio fosse outra vez
Da mesma água, buscar.
Só que o índio desta vez
Apenas foi e retrocedeu.
Vendo o índio sem a água
O patrão o repreendeu:
– Por que não trouxe a água?
O que foi que aconteceu?
Ao que o índio esbravejando,
Deste jeito respondeu:
– Patrão, me desculpe,
Mas tô aqui pelo pescoço
Porque aqui na cidade
Tem cada sujeito grosso.
Eu não pude apanhar a água
Foi por causa de um moço.
O mal-educado tava
Sentado em cima do poço.
Nota: ilustração do autor
Extraído do livro: Cordel Engraçado
Contato com o autor:
Celular: 8711-3714
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Bom dia Lu, este escritor é meu tio, ele acabou de falecer ontem devido complicações referente a uma diabetes, muito obrigado pela mensagem de apoio à sua obra!
José Carlos
Que pena! O bom é que ele deixou muita história de cordel para alegrar a nossa vida. Sua passagem pela Terra não foi em vão. Sua obra ficou para enriquecer a vida cultural de nosso povo.
Agradeço a sua atenção. Um abraço para você extensivo a toda a família.
Abraços,
Lu
Lu
Sensacional!
Abraços
Marcos Vidinha
Marcos
Trata-se da obra de um artista mineiro, desconhecido, que vende seus livretos na rua. É uma tristeza saber que talentos como esse não chegam ao grande público. Vou editar uma série de seus cordéis, para lhe dar mais destaque. Ele já tem até um livro publicado. Ainda irei falar sobre ele.
Abraços,
Lu